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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Prevenir os acidentes na agricultura - Um desafio por vencer

Nos setores agrícola e florestal, no nosso país, ocorrem muitos acidentes de trabalho graves e mortais. Entre 2001 e 2011 foram objeto de inquérito pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) 161 acidentes de trabalho mortais ocorridos naqueles setores. Este ano, já ocorreram pelo menos 18 acidentes de trabalho mortais nestes setores.  
O sector agrícola apresenta características próprias e, por vezes, muito diferentes da maioria dos outros sectores económicos. Tal constatação prende-se com as características das atividades desenvolvidas, à dispersão dos locais de trabalho, e à dimensão e características socioeconómicas das empresas agrícolas e florestais.

É, pois, uma atividade em que existem muitas empresas familiares e trabalhadores por conta própria, sendo que o trabalho se desenvolve maioritariamente ao ar livre, em que são utilizados uma grande variedade de máquinas e equipamentos de trabalho, registando-se igualmente um grande contato com animais, com todos os riscos biológicos daí decorrentes, e em que se utilizam uma vasta gama de produtos químicos.
A toda esta multiplicidade de riscos profissionais acresce, ainda, o carater sazonal das atividades, o que tem como consequência a necessidade de contratação de pessoal não especializado nos “picos” de trabalho, recorrendo-se, várias vezes, a mão-de-obra estrangeira.
Estas características traduzem-se, muitas vezes, por um trabalho não formal, pouco qualificado, sendo que os riscos profissionais são potenciados fortemente pela insuficiente informação e formação dos trabalhadores.
No âmbito das doenças profissionais a situação é, igualmente, preocupante na medida em que uma percentagem substancial dos casos são clinicamente avaliados como doença natural, não sendo estabelecida a relação de causalidade entre o problema de saúde e a atividade profissional desenvolvida, que terá exposto o/a trabalhador/a doente a determinados riscos que originaram a doença.

A Organização Internacional do Trabalho tem insistido na necessidade de se atuar no sector agrícola, no que diz respeito à aplicação de medidas de prevenção de riscos profissionais. Essa prevenção terá que atuar, fundamentalmente, em quatro fontes de risco:
*      A utilização de tratores, máquinas e ferramentas agrícolas;

*      A utilização de produtos químicos;

*      A movimentação de cargas;

*      A exposição a riscos biológicos.

Trata-se, pois, de uma matéria de grande preocupação e, tendo em conta que é um dos sectores onde ocorrem maior número de acidentes mortais ou graves, a Assembleia da República recomendou ao Governo a redução da sinistralidade mortal no meio rural, mediante o seguinte conjunto de medidas e ações:

1 — Campanhas de alerta e sensibilização;

2 — Programa de renovação e reequipamento das explorações agrícolas;

3 — Programa de formação e aconselhamento

4 — Campanha de rastreio e acompanhamento médico de condutores e ajudantes;

5 — Programa de informação e prevenção de outros acidentes;


 Recomendação da Assembleia da República  n.º 139/2010




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