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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O futuro do trabalho: robots


Quais as implicações das inovações robóticas e inteligências artificiais ao nível da segurança e saúde ocupacional? Este artigo descreve o actual uso de robots e máquinas inteligentes, analisa as suas implicações para a SST e esboça previsões futuras do uso da tecnologia robótica numa era em que os robots poderão tornar-se assistentes e até mesmo, a longo prazo, colegas de trabalho.

Ao pensar no futuro do trabalho, é importante ponderar até que ponto os robôs poderão substituir ou complementar e reforçar o trabalho humano. Um futuro no qual os robôs continuassem a ser desenvolvidos acima de tudo para funções complementares traria desafios menos complexos à sociedade, uma vez que os seres humanos não teriam de competir com robôs e autómatos e os papéis 3 Análise sobre o futuro do trabalho:: robótica tradicionais seriam, em grande parte, preservados. 

No entanto, a produtividade e as pressões económicas são suscetíveis de resultar, ao invés, numa lógica de substituição, em que indivíduos e grupos seriam substituídos nos respetivos postos de trabalho pela robótica e a automação. Em geral, serão necessários menos trabalhadores para empregos rotineiros ou com tarefas claramente definíveis, pois passarão a ser preenchidos por robôs industriais e de serviço. 

Uma das consequências desta mudança técnica será um aumento relativo na procura de trabalhadores altamente qualificados e uma redução na procura de trabalhadores menos qualificados, que tradicionalmente realizam tarefas cognitivas e manuais de rotina. Este denominado «esvaziamento» dos trabalhadores com qualificações intermédias pode levar, nas próximas décadas, à perda de cerca de um terço da totalidade dos atuais postos de trabalho. 

Este dilema entre a complementaridade e a substituição e o equilíbrio entre a conservação de emprego e o desemprego provocado pela tecnologia é uma questão exigente para os decisores políticos, as empresas e a sociedade civil em geral. As implicações mais vastas das mudanças que a robótica introduzirá no mercado de trabalho, na economia e na sociedade levantam questões sociais e políticas difíceis. 

A discussão sobre máquinas inteligentes e o impacto da robótica e da tecnologia ubíqua na sociedade, na economia e no emprego tem sido, até agora, bastante passiva, sendo escassas as ideias bem estruturadas sobre o desenvolvimento de uma sociedade robotizada e automatizada. O receio do desemprego provocado pela tecnologia é tão antigo quanto, no mínimo, os protestos dos trabalhadores têxteis britânicos no Século XIX, os «Luditas», contra a perda dos seus postos de trabalho devido às novas tecnologias da revolução industrial. 

No entanto, os receios de que o desenvolvimento da tecnologia possa substituir uma grande parte do trabalho humano e conduzir a um desemprego estrutural permanente têm vindo sucessivamente a relevar-se infundados, sendo que para numerosos economistas não passam de uma ideia inconcebível. 

Com efeito, o progresso tecnológico trouxe, em geral, um aumento da riqueza e dos postos de trabalho, pelo menos no longo prazo, e as novas tecnologias e invenções científicas têm sido geralmente consideradas muito positivas. 

No entanto, a nova era da robótica e da inteligência artificial pode representar uma mudança numa escala nunca antes conhecida; e, nesse cenário, o eventual impacto no emprego, na destruição de emprego e na economia tem sido muito pouco debatido. Muitos economistas convencionais acreditam que os mecanismos de mercado voltarão a repor o equilíbrio a longo prazo. Mas será esse, de facto, o caso em qualquer circunstância? 

Fonte: A robótica e o futuro do trabalho


A versão portuguesa deste artigo pode ser consultada aqui.


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