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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

brochura - Agentes físicos e suas implicações no Ambiente de Trabalho: Iluminação

 




A qualidade da iluminação dos locais de trabalho é um fator muito importante para garantir o bem estar, o conforto e a produtividade dos trabalhadores e trabalhadoras. No sentido de ser assegurada a qualidade da iluminação nos locais de trabalho há que atender às caraterísticas do trabalho a desenvolver e ao grau de acuidade visual que é exigido, proceder à distribuição adequada das lâmpadas e à harmonização da cor da luz com as cores do local.

 

 Quando falamos de iluminação no local de trabalho, importa sobretudo avaliar se esta se encontra adequada ao tipo de trabalho realizado. Diferentes profissões apresentam diferentes exigências no que toca à visão, e, sendo esta um aspeto fundamental para o desempenho da esmagadora maioria das atividades humanas, é também fundamental para o bom desempenho no trabalho.

 

Além de afetar a sua segurança e de aumentar o risco de acidente, uma iluminação deficiente ou inadequada pode provocar tensões psíquicas e fisiológicas, que se traduzem em determinados sintomas, tais como, a dificuldade de concentração na execução das tarefas, stresse, dores de cabeça, fadiga física e nervosa, tendo como consequência final o absentismo.

 

Esta brochura destina-se a informar e a sensibilizar para a importância da iluminação e para os riscos que tipicamente se encontram relacionados com a iluminação inadequada ou deficiente nos locais de trabalho.

 

Aceda a esta publicação Aqui.

Conclusões do Webinar sobre a Prevenção do Cancro relacionado com o Trabalho

 



 

Contextualização      

                  

A UGT tem sido pioneira na discussão e na abordagem sindical da problemática do cancro relacionado com o trabalho.


A defesa da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras constitui-se como um objetivo prioritário da ação sindical, pelo que não podemos aceitar que o cancro continue a ser a primeira causa de mortalidade associada ao trabalho na UE.


Não podemos aceitar que 53% das mortes relacionadas com o trabalho na UE continuem a estar associadas à exposição a agentes cancerígenos no trabalho (informação difundida pelo Roteiro dos Agentes Cancerígenos).


Não podemos aceitar que  trabalhadores e trabalhadoras estejam expostos a agentes cancerígenos no seu trabalho e que por isso, desenvolvam um cancro de origem profissional.


Estamos cientes desta realidade que tanto sofrimento causa a inúmeros trabalhadores e trabalhadoras e suas famílias e, sabemos que temos um papel ativo a desempenhar, não só na promoção da informação, sensibilização e prevenção dos riscos inerentes à exposição a agentes cancerígenos, bem como no apoio aos trabalhadores que se encontram a passar por esta situação e àqueles que regressam ao trabalho depois de uma vivência de um cancro.


Ciente das suas responsabilidades nesta matéria, a  UGT tem vindo a desenvolver  um conjunto de ações,  a começar pela publicação, em 2018 , de um Guia Sindical sobre Cancro no Local de Trabalho: Riscos, Efeitos na Saúde e Prevenção em que pretendemos informar e sensibilizar os trabalhadores e seus representantes para os riscos associados à exposição a agentes cancerígenos no local de trabalho.


Mais recentemente, desenvolvemos uma Campanha de Prevenção do Cancro relacionado com o Trabalho, na qual foram disseminados um conjunto significativo de materiais, dos quais destacamos a concretização de um Plano de Ação Sindical para a Prevenção do Cancro relacionado com o Trabalho, bem como um conjunto significativo de propostas com vista à eliminação do Cancro relacionado com o Trabalho.


Esta Campanha culminou no desenvolvimento de um Webinar Internacional que teve lugar no dia 5 de novembro de 2020 e,  para o qual foram convidados peritos nacionais e internacionais que muito contribuíram para a discussão desta problemática.


O Departamento de SST vai publicar, brevemente, uma brochura digital que pretende ser o registo das principais informações e conclusões, bem como de algumas pistas de ação para o futuro, com vista a travar este verdadeiro flagelo que afeta a saúde e a vida de tantos trabalhadores e trabalhadoras. 


Neste âmbito – combate ao cancro relacionado com o trabalho – importa, hoje, estender ao mundo do trabalho medidas e intervenções de fundo, sobretudo ao nível da prevenção e da substituição das substâncias cancerígenas nos locais de trabalho.


Combater o risco de exposição a agentes cancerígenos nos locais de trabalho deve ser a nossa MISSÃO

 

Palavras proferidas pelo Secretário Geral da UGT, Carlos Silva, na sessão de abertura do Webinar Internacional

 

Mensagens comuns


- A exposição a agentes carcinogénicos ameaça a saúde e a vida dos trabalhadores, mas também a sua participação no trabalho e na produtividade, com efeitos adversos para as empresas e para os empregadores. Por conseguinte, a exposição profissional a agentes cancerígenos deve ser prevenida ou reduzida. Se forem tomadas medidas adequadas no local de trabalho, o peso dos cancros poderá ser significativamente reduzido.


- É prioritário serem encetados esforços para substituir as substâncias potencialmente cancerígenas que se encontram nos locais de trabalho e às quais os trabalhadores estão expostos.


- A prevenção é a chave para termos locais de trabalho seguros e saudáveis.


- Seria possível eliminar todas as mortes  relacionadas com o trabalho  causadas pela exposição a agentes cancerígenos, caso se eliminasse e  se substituísse todos os agentes cancerígenos no local de trabalho.


- Para a maioria dos agentes cancerígenos, não há exposição segura. Mesmo níveis muito baixos de exposição podem causar cancro. Em contrapartida, a minimização dos níveis de exposição reduz os riscos. Este é o principal objetivo dos VLE para carcinogéneos. Isto significa que os VLE devem ser estabelecidos a um nível claramente inferior ao valor atual. E mesmo que a exposição não exceda o VLE, as empresas deverão tentar reduzi-lo, caso não seja possível encontrar um produto que o substitua.


- Apoio generalizado do "Princípio da Precaução", o qual consagra que se houver uma possibilidade razoável de que uma substância possa causar danos, então deve haver uma presunção de que irá causar e, portanto, deve ser controlada de forma adequada.


- São necessários esforços a todos os níveis: melhor aplicação da legislação, estratégias de sensibilização para melhorar a perceção de risco de todas as partes interessadas, especificações de medidas preventivas abrangentes para todos os processos de trabalho que envolvam esses fatores de risco, melhor execução e controlo do cumprimento da legislação.

 

Reivindicações do Movimento Sindical Europeu

Reivindicação que se traduz na fixação de novos valores limite de exposição vinculativos para 50 substâncias, em 2024

 

Atualmente encontram-se incluídas 25 substâncias cancerígenas na Diretiva CMD, o que vai melhorar indiscutivelmente as condições de trabalho de milhões de trabalhadores europeus, protegendo-os da exposição a agentes cancerígenos no trabalho. O objetivo é atingir-se mais 25 substâncias, conseguindo-se cobrir assim cerca de 80% das situações de exposição nos locais de trabalho.

 

Reivindicação que se traduz na inclusão das substâncias reprotóxicas  na quarta revisão da Diretiva CMD

 

As substâncias reprotóxicas são substâncias químicas que, se inaladas, ingeridas ou se penetrarem na pele, representam uma grave ameaça à fertilidade em homens e mulheres, podendo também alterar gravemente o desenvolvimento do feto durante a gestação e após o nascimento. Essas substâncias estão amplamente presentes em ambientes de trabalho, pois são utilizadas em plastificantes, biocidas e na fabricação de, entre outras, ligas, baterias e vidro.


Embora seja difícil estimar quantos trabalhadores na UE sejam afetados pela exposição a reprotoxinas, alguns estudos têm mostrado que as vítimas são encontradas especialmente em determinados setores ocupacionais, nomeadamente, na agricultura, serviços de assistência, limpeza e manutenção, metalurgia e petroquímica, cabeleireiros e cosmetologia.


De acordo com as estimativas da CES, um mínimo de 1% da força de trabalho, em cada país da UE, encontra-se exposta a, pelo menos, uma substância tóxica para a reprodução no trabalho, o que representa mais de 2 milhões de trabalhadores na UE-28.


De referir que existem já sete Estados-Membros europeus que representam 46% da força de trabalho da UE (Áustria, Bélgica, República Checa, Finlândia, França, Alemanha e Suécia) que alargaram o âmbito da Diretiva Carcinogénicos e Mutagénicos a substâncias tóxicas para a reprodução ao transpô-la para a legislação nacional.


É chegada a hora da CE proteger eficazmente todos os trabalhadores da UE que entram em contacto com substâncias tóxicas para a reprodução e alargar o âmbito da diretiva.

 

Reivindicação que se traduz na inclusão dos medicamentos perigosos (MP) e, em particular, dos medicamentos citotóxicos, citostáticos e antineoplásicos na quarta revisão da Diretiva CMD

 

Importa proteger os trabalhadores expostos a substâncias cancerígenas ou mutagénicas resultantes da preparação, administração ou eliminação de medicamentos perigosos, designadamente medicamentos citostáticos ou citotóxicos, bem como protegê-los do trabalho que implique a exposição a substâncias cancerígenas ou mutagénicas no âmbito da limpeza, do transporte, da lavagem de roupa e da eliminação de resíduos de medicamentos perigosos ou de materiais contaminados por medicamentos perigosos, bem como no quadro dos cuidados pessoais prestados a doentes tratados com medicamentos perigosos.


Tais fármacos requerem manipulação individual para cada paciente antes de serem administrados como infusões ou injeções, o que pode levar a erros, derrames, lesões na agulha e contaminação, que representam riscos claros para a saúde dos trabalhadores afetados pelo fármaco através da absorção dérmica.


Quase 13 milhões de trabalhadores estão expostos a medicina ou a medicação citotóxica, pelo que importa proteger os trabalhadores na preparação, administração e posterior tratamento com esta medicação.

 

Alguns Caminhos a percorrer, Prioridades e Compromissos para o futuro

 

- Possibilidade de metodologia para o estabelecimento dos valores limites de exposição ser utilizada por outros países.

 

- Revisão Urgente do VLE Amianto

 

- Necessidade de um trabalho contínuo na adaptação e na atualização da legislação europeia para garantir níveis de proteção superiores.

 

- Desenvolvimento de uma Campanha de Informação, dirigida a trabalhadores e empregadores que de uma forma simples e clara expliquem a legislação sobre os agentes cancerígenos e mutagénicos.

 

- Registos Nacionais que monitorizem as exposições a agentes químicos cancerígenos

 

- Necessidade de ser  conferida mais atenção aos Grupos Vulneráveis, em particular as mulheres e os jovens.

 

- Reforçar o Controlo da Inspeção de Trabalho nas empresas que utilizam agentes cancerígenos.

 

- Desenvolvimento de Campanhas de Sensibilização e Informação sobre agentes cancerígenos, no sentido de tornar visíveis os danos causados por estes.

 

- Estabelecimento de Mecanismos para assegurar a adequada comunicação e informação sobre os riscos de exposição a agentes cancerígenos.



Módulo ad hoc “Acidentes de Trabalho e Problemas de Saúde Relacionados com o Trabalho”

 

Os resultados que a seguir se apresentam foram obtidos através do módulo ad hoc “Acidentes de Trabalho e Problemas de Saúde Relacionados com o Trabalho” do Inquérito ao Emprego no 2.º trimestre de 2020. É a terceira edição deste módulo ad hoc, já realizado em 2007 e 2013.


O módulo ad hoc “Acidentes de Trabalho e Problemas de Saúde Relacionados com o Trabalho” incluiu três temas:


(1)         Acidentes de trabalho ocorridos nos doze meses anteriores à entrevista;

(2)         Problemas de saúde relacionados com o trabalho sofridos nos doze meses anteriores à entrevista;

(3)         Fatores no trabalho que podem afetar o bem-estar mental ou a saúde física.

 

Aceda a esta publicação do INE Aqui.


 

Principais resultados – Acidentes de Trabalho:

 

- De acordo com os resultados do módulo, 165,1 milhares de pessoas, dos 15 aos 74 anos, tinham tido pelo menos um acidente de trabalho nos doze meses anteriores à entrevista, representando 3,2% da população empregada, menos 54,3 milhares de pessoas e 0,8% que em 2013.

 

- Em 2020, a ocorrência de pelo menos um acidente de trabalho continua a ser referida por mais homens (3,7%) que mulheres (2,6%), no entanto a diferença entre sexos reduziu-se em relação a 2013.

 

- Os acidentes de trabalho ocorreram principalmente em pessoas dos 35 aos 44 anos (3,5%), menos 0,6 % que em 2013 (4,0%). Foi na faixa etária dos 45 aos 54 anos que a percentagem de acidentes de trabalho mais diminuiu (de 4,6% em 2013 para 3,2% em 2020).

 

- No 2.º trimestre de 2020, ao contrário de 2013, os trabalhadores da construção não foram os que mais referiram a ocorrência de acidentes de trabalho nos doze meses anteriores à entrevista, registando-se uma diminuição do risco de acidentes nesta atividade, de 5,8% em 2013 para 4,0%.

 

- Em 2020, o risco de acidente afetava principalmente os trabalhadores da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca e os das indústrias extrativas, transformadoras e produção e distribuição de eletricidade, gás e água, com 4,3% em ambos os casos.

 

- O risco de acidente de trabalho, no 2.º trimestre de 2020, atingiu principalmente os operadores de instalações e máquinas e trabalhadores de montagem, tendo sido 5,3%, e os trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices, 4,7%.

 

Principais resultados – Problemas de saúde relacionados com o trabalho:

 

- Perto de meio milhão de pessoas dos 15 aos 74 anos (482,5 milhares) referiram ter tido algum problema de saúde causado ou agravado pelo trabalho, representando 6,9% da população empregada, menos 56,7 milhares de pessoas que em 2013.

 

- Os problemas de saúde continuam a afetar principalmente, e de forma crescente, as mulheres: 7,8%, em comparação com 5,9% no caso dos homens, e agravamento da diferença entre sexos, de 1,5 % em 2013 para 1,9 % em 2020.

 

- A existência de problemas é mais frequente a partir dos 55 anos de idade: 10,7% das pessoas dos 55 aos 64 anos e 9,4% das que tinham 65 ou mais anos.

 

- No conjunto dos problemas relacionados com o trabalho, os problemas ósseos, articulares ou musculares no seu conjunto (os que afetam principalmente as costas, o pescoço, os ombros, os braços, as mãos, as ancas, as pernas e os pés) foram identificados em 2020, como sendo os mais graves por 59,9% da população com pelo menos um problema, mais 6,0 % que em 2013.

 

- Neste conjunto salientam-se os problemas ósseos, articulares ou musculares que afetam principalmente as costas, referidos como o problema mais grave em 2020 por 25,4% da população em análise, mais frequentemente pelos homens (31,2%) que pelas mulheres (21,4%).

 

- Os problemas musculosqueléticos do pescoço, ombros, braços e mãos afetavam 19,5% da população, mais frequentes no caso das mulheres (23,7%) que no dos homens (13,3%).

 

- A maior frequência dos problemas de saúde relacionados com o trabalho foi reportada pelo grupo profissional agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta (10,1%).

 

Principais resultados - Fatores no trabalho que podem afetar o bem-estar mental ou a saúde física

 

- Do total de pessoas empregadas na semana de referência, 82,2% indicaram que estavam expostas a fatores que podiam afetar a saúde física no seu local de trabalho, mais 6,6 % que em 2013.

 

- Estes fatores continuam a afetar mais frequentemente os homens (83,5%) que as mulheres (80,8%) e de forma bastante semelhante os grupos etários até aos 55 anos.

 

- 54,0% das pessoas empregadas indicaram que estavam expostas a um fator de risco para a saúde mental no seu local de trabalho, mais 17,2 % que em 2013.

 

- Estes fatores afetavam em 2020 ligeiramente mais mulheres (54,8%) que homens (53,3%) e mais frequentemente os grupos etários dos 35 aos 54 anos.

 

- Os fatores que foram identificados com maior frequência foram a forte pressão de prazos ou sobrecarga de trabalhos (43,1%) e o contacto com pessoas problemáticas, mas não violentas (clientes, pacientes, alunos, cidadãos, etc.) (37,1%).

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Eliminação do cancro ocupacional na Europa e em todo o mundo - parte IV e final

 


(imagem com DR)


Recomendações,  política  e  prática

 

Temos de influenciar  e  defender  uma  redução   mensurável  e  contínua  das exposições causadas  pelo  trabalho  a nível mundial   e em todas as  regiões,  a fim de eliminar o cancro ocupacional.

 

Deve ser  lançado  um  programa  internacional  sobre  a eliminação do cancro ocupacional, na sequência  do modelo da OMS  de  eliminação da varíola  do  mundo  e    de programas atuais    para eliminar as doenças relacionadas com o amianto e eliminar a  silicose.


A UE deve  ser  um  factor-chave  para  esse  programa,  enquanto  a  OIT e  a  OMS e todas as  organizações relevantes-  incluindo organizações profissionais -  devem  estar  ligadas .

 

Isto  poderia  ser  feito  através   da plena aplicação  do   programa  REACH, priorizando a substituição  de  substâncias cancerígenas,    mutagénicas  e  reprotóxicas  nos  processos de  autorização  e  restrição.  Também  é  aconselhável rever a legislação relativa à  proteção  dos trabalhadores,   estabelecendo limites de exposição  profissional  vinculativos  e  garantindo a  aplicação da legislação relativa  à  exposição específica  de  agentes cancerígenos,  tais  como  sílica cristalina, gases de escape a gasóleo  e    poeiras de madeira.

 

A  União  Europeia  tem  um papel fundamental como um grande  produtor mundial  de  produtos químicos. A  UE  também tem um  poder  regulamentar  relativamente  forte e pode definir  modelos políticos  para  a eliminação do cancro no trabalho.

 

No  Relatório Europeu do Observatório Europeu dos Riscos sobre a Exposição a Agentes cancerígenos e ao cancro relacionado com o trabalho (Observatório Europeu dos Riscos)  é  dado  um  conjunto  abrangente de  conclusões  e  recomendações  sobre a  exposição  a  agentes cancerígenos  e  relacionados com o trabalho  (OMS).

 

Saídas e métodos imediatos

 

- Apresentar  provas científicas  unificadas  da  magnitude  dos problemas, níveis  de  exposição  e  número  de trabalhadores   expostos, bem  como   dados credíveis   sobre os resultados negativos previstos.  

 

- Fornecer recomendações  sobre  soluções baseadas  em evidências  que  sejam  adaptáveis  a  diferentes  tipos  de  circunstâncias,  culturas,  países,  sectores  e  dimensões de locais de  trabalho.

 

- Partilhar as conclusões  através de relatórios  e artigos bem preparados publicados    em  revistas de alto  impacto.

 

- Mobilizar as    instituições europeias  e os Estados-Membros europeus para que atuem    sobre  a    eliminação do cancro  relacionado com  o trabalho e  aumentem  gradualmente  esta  ação  através da OIT e do  seu  programa  "Segurança    e  Saúde"  no trabalho  atualmente  estabelecido, e  através  da rede de centros de colaboração da OMS e dos seus" centros de colaboração", apoiando os esforços  da  IARC  neste  domínio e mobilizando a ação  global  através das partes interessadas nacionais. .

 

Métodos

 

- Estabelecer uma colaboração  aberta e  transparente a partir  de fontes de  informação credíveis  e  fidedignas ,  incluindo  organizações internacionais,   associações,  instituições  e  investigadores.

 

- Criar  uma  fundação  e  outras  fontes  de financiamento para a investigação e  ações para eliminar  o  cancro relacionado com o trabalho.

 

- Identificar as principais  provas cientificamente  fundamentadas  e  geralmente  aceites, bem  como divergências  ou  informações  contraditórias.

 

- Reveja criticamente, compile e  produza documentos amplamente apoiados, relatórios  e provas científicas relacionadas com o problema.

 

- Divulgar e  promover o conhecimento  de uma forma facilmente  compreensível  e  convincente, através de  organizações credíveis, dos meios de comunicação, das publicações e de fontes de dados  facilmente acessíveis.

 

- Proibir o uso de amianto globalmente. 

 

- Restringir radicalmente   outros usos   de  materiais cancerígenos,  mutagénicos  e  reprotóxicos, parar  processos críticos e  modificar  postos de trabalho.

 

- Gerir  e  regular  de perto  o amianto em edifícios existentes,  estruturas  e  dispositivos.

 

- Utilizar redes globais e regionais para  convencer a OIT,  a  OMS e a UE e  os seus    Estados-Membros  a   adotarem  e a apoiarem  o  programa.

 

Próximos passos

 

Esta  colaboração  proposta pretende reunir  as partes  interessadas  para: 

 

- Criar um  programa de ação  internacional ,  incluindo ações regionais –por  exemplo, na UE – para  eliminar o  cancro  no  trabalho  através  da  identificação  e  eliminação  das exposições a  substâncias  e  agentes cancerígenos,  mutagénicos  e  teratogénicos,  e  modificação  dos processos de trabalho  conexos. 

 

- Mobilizar a OIT, a OMS e  os Estados-Membros da UE para a criação  de programas de países semelhantes  em  colaboração  com  todas as partes interessadas relevantes  e, em particular,envolvendo  trabalhadores  e  empregadores  e  respetivas  organizações.

 

- Persuadir a OIT  e a OMS a aderirem ao programa  utilizando os mesmos  modelos  que  os programas anteriores  da OIT/OMS. 

 

- A Agência  Europeia  para a  Segurança  e a Saúde no Trabalho  e  a  Comissão  Europeia  devem  apoiar  conjuntamente  essa  ação   na  UE.

 

- Elaborar documentos científicos,  orientações  e  relatórios  sobre  o cancro  ocupacional  e  formas  de  reduzir  e  eliminar  exposições. Em  vez de  contar com   investigadores  individuais  de  instituições,  deve  ser  criada uma rede  de  colaboradores .

 

Uma vez concluídas as conclusões, estas devem ser apoiadas  por   organismos de investigação  credíveis, autoridades  e  organizações, a título de apoio suficiente  para  novas  ações. Estes  incluem  institutos-chave,      administrações governamentais,  trabalhadores  e  suas  organizações,  incluindo  sindicatos,  organizações patronais,  associações  sectoriais  do sector, e atores internacionais  e regionais,  ONG   ambientais  e  associações,  tais  como ICOH, IOHA, AIHA, ISSA, IOSH, IALI.

 

- Será  necessário um grupo  de pontos  focais  e  organismos interessados e peritos  para  participar  na  elaboração  e/ou  revisão  pelos pares  dos  resultados. Qualquer  interessado pode  identificar esses membros da  rede.

 

Conclusões para zero  cancro  no  trabalho

 

A exposição ao amianto é  uma  demonstração  de  como decisões  fracas  e lentas  no  passado   relacionadas  com as exposições a  agentes cancerígenos  criaram  uma  epidemia grave.  São necessárias  metas mais ambiciosas  para  o  futuro,  porque  uma  grande  percentagem  de  trabalhadores continua  exposta  a agentes cancerígenos,  mesmo em países  onde o amianto  foi  proibido.

 

A UE  tem  oportunidades únicas  porque    tem  poderes  legislativos  em  diversos domínios interligados ,  como  os    relacionados com  a  produção e comercialização  de  produtos químicos, a proteção dos   trabalhadores e  as questões ambientais. .

A cooperação internacional  pode  ajudar   muito  a  evitar  perder  tempo. Se quisermos   promover  um  programa  ambicioso para o cancro "zero relacionado com o trabalho", a  cooperação  entre a UE, a OMS,  a  OIT e  outras  instituições  seria  crucial.  É vital evitar  exportar os riscos  do  desenvolvimento  para    os países em  desenvolvimento.


Nota: este artigo técnico foi traduzido pelo departamento de SST da UGT, pelo que pode aceder à versão original Aqui.



quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Eliminação do cancro ocupacional na Europa e em todo o mundo - parte III

 

(imagem com DR)


Exposição ao amianto é  a  maior causa de morte


Figura 5: Mesotelioma  e  mortalidade relacionada com o cancro  do pulmão relacionado com  o amianto e  grupos propostos




Provável subestimação da magnitude dos problemas de saúde relacionados ao amianto

 

Sobre a mortalidade relacionada com o amianto, há alguns anos a OMS deu uma estimativa de 107.000 casos, enquanto a OIT e a UE avançaram com a estimativa de 100.000 e 112.000 mortes por ano, respetivamente.

 

Usando o mesotelioma como um substituto para a exposição ao amianto, McCormack et al. demonstraram que, dependendo do tipo de amianto usado, o número de cancro de pulmão em relação ao mesotelioma é entre 2 e 10 vezes maior do que os casos de mesotelioma, sendo o ponto médio de 6,1 cancros de pulmão para cada morte por mesotelioma.

 

Em alguns países - por exemplo, a Finlândia - a proporção entre o mesotelioma e o cancro de pulmão causado pelo amianto foi estimada em cerca de 1: 4 devido ao amianto antofilita. Em 2001, a estimativa pontual era de 42 mesoteliomas relacionados ao trabalho e, ao todo, 59 mesoteliomas.


Estes números incluem o cancro de pulmão: 208 mortes por cancro de pulmão e 42 mesoteliomas, totalizando 250 mortes. No entanto, em 2010, o número registado na Finlândia foi de 91 mesoteliomas. Comparando o número estimado de todas as mortes por cancro ocupacional na Finlândia com o Reino Unido, a Finlândia tem uma população ativa ligeiramente inferior a 10% da do Reino Unido.


A estimativa de Rushton para o Reino Unido, em 2005, foi de 4.216 para todos os cancros ocupacionais relacionados com o amianto, dos quais houve 1.937 mesoteliomas e 8.010 mortes por cancro ocupacional, no total.


O mesotelioma é muito mais comumente aceite como compensável, enquanto os cancros de pulmão causados ​​pelo amianto não são registados ou compensados ​​devido a causas múltiplas e à menor fração atribuível relacionada ao trabalho.


A proporção entre o mesotelioma e o cancro de pulmão relacionado com trabalho, comumente usado no passado, era de 1: 1. Por exemplo, Rushton estimou que houve 1.937 mortes por mesotelioma e 2.223 registros de cancro de pulmão relacionados ao amianto e mortes causadas por amianto no Reino Unido, em 2004, e que esses números ainda estão a crescer.

 

Se os números de cancro de pulmão são radicalmente maiores - como parece que são - as estimativas de cancro de pulmão causado apenas pelo amianto vão muito além dos números causados ​​por carcinógenos, conforme relatado pelo processo Carga Global de Doenças e Lesões apresentadas pelas visualizações do IHME.


Um indicador razoável para a exposição ao amianto será o consumo de amianto em toneladas de amianto usado em um país ou região. O consumo de amianto tem sido surpreendentemente semelhante na maioria dos países e cerca de dois terços do amianto têm sido usados ​​para produtos de cimento-amianto, como telhados, materiais de parede e canos de água. O resto do amianto foi usado para pastilhas de freio, isolamento térmico, juntas e assim por diante. A comparação internacional mostrou que, em média, cada 170 toneladas de amianto usadas em um país causa uma morte por mesotelioma.

 

Os dados mais recentes com base nas taxas de mortalidade brutas da OMS, compilados pela equipado Prof. Ken Takahashi da Universidade de Saúde Ocupacional e Ambiental no Japão, UOEH, indicam que a taxa de mortalidade bruta, CMR, a estimativa de ponto médio é 8,0 por milhão para a mesotelioma globalmente.

 

No entanto, o CMR para os Estados-Membros da União Europeia UE28 seria de 18,50 mortes por milhão de habitantes com base em 27 Estados-Membros (faltavam dados gregos nos dados da OMS). [37] Embora o uso desse número possa causar superestimação e subestimação devido à extrapolação de dados para toda a população da UE - 501 milhões em 2010 - o resultado seria suficientemente confiável se os países fossem divididos em dois grupos: (i) países com mesotelioma alto (Reino Unido, Holanda e Itália) usando seus mais recentes CMR específicos para taxas de mesotelioma e população, e (ii) todo o resto tendo CMR médio de mesotelioma.

 

Globalmente, pode haver um ou mais grupos de taxas de mesotelioma relativamente baixas, como os da Ásia (exceto no Japão, que tem uma taxa média de mesotelioma).

 

Como resultado, haveria:

 

- 4.306 mortes por mesotelioma totais no Reino Unido (2.423), Holanda (481) e Itália (1.402), usando o número real de mortes por mesotelioma relatadas nesses países, uma taxa de 31,5 por milhão de habitantes, e


- 6.062 mortes por mesotelioma no resto da UE28, com base em 501 milhões da população da UE28 e uma taxa média da UE27 de 16,6 por milhão de habitantes (8.191 mortes na população da UE27 de 492.118.400; os dados da Grécia estão ausentes dos dados da OMS, mas incluídos nos 501 milhões Dados da UE), totalizando 10.368 mortes por mesotelioma na UE28. As mortes globais por mesotelioma foram estimadas em uma faixa de 31.000–39.000,35, enquanto o último estudo da Carga Global de Doenças em 2013 estimou 33.700 mortes.

 

As mortes por cancro de pulmão relacionadas ao amianto para os dois grupos são:

 

- 15.180 mortes por cancro de pulmão relacionadas ao amianto no Reino Unido, Holanda e Itália, e

- 21.371 mortes por cancro de pulmão relacionadas ao amianto no resto da UE28, totalizando 36.551 mortes por cancro de pulmão relacionadas ao amianto na UE28 em 2010.

 

O número combinado de mortes chegará a 46.919 mortes por cancro de pulmão e mesotelioma causadas pelo amianto, que ainda não inclui outros cancros relacionados com o trabalho, como a laringe e os ovários, e possivelmente cancro de estômago, colorretal e faringe. A taxa de mortalidade bruta tradicionalmente baixa entre mesotelioma e ARLAC usada no Reino Unido no passado resultaria em um número total de 26.000 mortes por câncer de pulmão e mesotelioma relacionados ao amianto na UE28. Outros cancros e asbestose estão a  aumentar o número de mortes causadas pelo amianto.

 

Deve-se ter em mente que não é apenas a exposição no passado que cria problemas. O amianto, em particular, estará presente na vida profissional europeia durante décadas no futuro, exigindo medidas regulamentares adequadas e gestão de estruturas, dispositivos e equipamentos existentes e operações de remoção.


Nota: este artigo técnico foi traduzido pelo departamento de SST da UGT, pelo que pode aceder à versão original Aqui.