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sexta-feira, 29 de maio de 2020

A capacitação dos jovens contra as grandes empresas tabaqueiras é uma estratégia para locais de trabalho mais saudáveis




 
(imagem com DR)

Dia Mundial sem Tabaco , comemorado em 31 de maio no âmbito da Semana Europeia contra o Cancro , lança o repto de proteger os jovens da manipulação da indústria do tabaco.

Dotar a juventude de conhecimentos sobre o efeito devastador do tabaco sobre a saúde é também um passo importante na construção de uma cultura sólida de ambientes de trabalho sem fumo. À semelhança dos anos anteriores, a EU-OSHA vai aderir à campanha mundial contra o tabaco lançada pela Organização Mundial da Saúde destinada a sensibilizar para os efeitos nocivos do consumo de tabaco no local de trabalho.

Dê o seu contributo para o Dia Mundial sem Tabaco encontrar expressão todos os dias!

Explore recursos que ajudam a promover e assegurar locais de trabalho sem fumo

Veja Napo em...os pulmões no trabalho  e saiba como lidar com o fumo do tabaco


FONTE: OSHA

A DOENÇA PROFISSIONAL COVID-19: MAIS UMA INFEÇÃO TRANSMITIDA A PROFISSIONAIS DE SAÚDE ATRAVÉS DE GOTÍCULAS DO TRATO RESPIRATÓRIO


Divulgamos no nosso Blog este interessante artigo de opinião da autoria do Professor Dr. António de Sousa Uva - A DOENÇA PROFISSIONAL COVID-19: MAIS UMA INFEÇÃO TRANSMITIDA A PROFISSIONAIS DE SAÚDE ATRAVÉS DE GOTÍCULAS DO TRATO RESPIRATÓRIO



" Os fatores de risco microbiológicos foram, nos últimos cinquenta a sessenta anos, fatores de risco de natureza profissional muito pouco valorizados em profissionais de saúde tendo, no entanto, a propósito do vírus de imunodeficiência adquirida identificado há cerca de 40 anos, despertado mais a nossa atenção, e de forma muito marcada e, mais recentemente, também o risco da tuberculose multirresistente. A gravidade das doenças e o seu desfecho são, portanto, fatores determinantes na percepção desses riscos profissionais numa perspectiva comum do conceito de risco.

De facto, a exposição a fatores de risco dessa natureza na prestação de cuidados de saúde e a manipulação de produtos biológicos constituem situações de risco assinaláveis. A principal via de transmissão (transmissão por via aérea) faz-se através de gotículas provenientes das secreções respiratórias que têm tendência a sedimentar rapidamente devido ao seu peso.

O coronavírus SARS-Cov2 transmite-se através de gotículas provenientes da árvore respiratória de um indivíduo infetado quando tosse, espirra ou fala, as quais se depositam nas mucosas de um indivíduo suscetível. São essas as principais razões (agora por vezes denominadas o racional) da necessidade imperiosa de evitar a proximidade entre pessoas (distanciamento físico também denominado distanciamento social), a permanência em ambientes fechados e pouco arejados, assim como a higiene das mãos deficiente que também é muito facilitadora do contágio.

Contrariamente à gripe (existem muitas diferenças …) a vacinação não está disponível na prevenção da doença. Quando (e se) existir, naturalmente que os profissionais de saúde serão um dos grupos prioritários para essa vacinação, com o duplo objetivo de se protegerem, mas também de minimizarem a transmissão do vírus aos seus doentes.

A parotidite infeciosa (ou papeira) também causada por um outro vírus, hoje muito pouco frequente devido à vacinação (VASPR – que contém antigénios específicos do vírus do Sarampo, da Papeira e da Rubéola) era muito frequente na altura, por exemplo, do baby boom após a segunda grande guerra. E poderíamos falar também do sarampo e de outras doenças infecciosas com vias de transmissão semelhantes.

A Lista Portuguesa de Doenças Profissionais não inclui no seu capítulo quinto (Doenças Infeciosas e Parasitárias), a COVID-19 por razões óbvias, mas o seu reconhecimento como doença profissional poderá ser feito dada a natureza mista do nosso sistema de reparação de danos emergentes de doença profissional.

São muitos os agentes microbiológicos que se transmitem por gotículas e incluem os vírus ou as bactérias que são responsáveis por quadros clínicos diversos, muito frequentemente envolvendo o aparelho respiratório.

Enquanto não dispusermos de vacina (ou de uma terapêutica eficaz) a tranquilização dos profissionais de saúde será uma tarefa árdua (mas indispensável) que passa, para além da mais robusta formação e informação, pelo recurso a medidas (organizacionais e outras) de gestão do risco e pelo recurso, complementarmente às medidas de protecção colectiva, aos equipamentos de proteção individual (adequados!) e à sua mais correcta utilização.

Os Serviços de Saúde Ocupacional, com profissionais competentes e com formação específica adequada e recursos igualmente adequados, são indispensáveis para que essas tarefas sejam cumpridas pelo que se torna inadiável um maior investimento na sua implementação e na sua valorização no seio das organizações (também hospitais e agrupamentos de centros de saúde). É essa a diferença entre o cumprimento de disposições normativas (custo) e a promoção e proteção da saúde de quem trabalha (investimento).

Médico do trabalho, Imunoalergologista e Professor catedrático da NOVA (ENSP)

 FONTE: conteúdo retirado do site da HEALTHNEWS - Informação em saúde


Teletrabalho e Saúde Ocupacional



Divulgamos no nosso Blog este questionário sobre a temática do teletrabalho e que se encontra a ser desenvolvido pela Escola Nacional de Saúde Pública.

O presente questionário, elaborado pelo Barómetro COVID (Saúde Ocupacional) da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (UNL), deverá ser preenchido apenas por pessoas que se encontram (ou já se encontraram), nesta fase da pandemia por COVID-19, em teletrabalho. 

Pretende-se conhecer melhor as condições de trabalho de quem exerce a sua actividade em teletrabalho e os seus potenciais efeitos para a saúde. 

O tempo de preenchimento é de cerca de 8 minutos e os resultados serão divulgados no site https://www.ensp.unl.pt 





Os dados deste estudo são anónimos e confidenciais e serão utilizados apenas pela equipa de investigação.



Quando o trabalho afeta a saúde de uma geração para a outra - parte III

UGT : Segurança e Saúde no Trabalho

(imagem com DR)


Ignorância tóxica

A falta de prevenção é muitas vezes resumida à ausência de dados, mas esta explicação é inadequada. Mesmo no caso das substâncias cuja reprotoxicidade há muito é reconhecida, a prevenção está longe de ser suficiente. A ausência de dados é, por si só, o resultado da falta de prevenção.

A falta de um quadro jurídico suficientemente rigoroso para a prevenção significa que os dados não foram recolhidos. A ignorância não é inevitável. A toxicologia estuda substâncias através de testes laboratoriais, muitas vezes realizados em animais, mas muitos efeitos passam despercebidos se os testes não forem prolongados ao longo de duas gerações.

O regulamento da UE é obrigatório apenas para os volumes de produção mais elevados (10 000 toneladas por produtor por ano), pelo que a grande maioria das substâncias no mercado estão isentas desses ensaios. A epidemiologia toma a saúde registada como ponto de partida e procura as suas causas.

Estabelece se uma condição é mais comum num grupo exposto a um fator de risco do que num grupo de controlo. É necessário desenvolver uma investigação epidemiológica sobre o efeito dos fatores de trabalho na saúde reprodutiva.

O estudo da PELAGIE realizado em França mostra o potencial dessa investigação. Trata-se de um estudo longitudinal que tem acompanhado o estado de saúde de uma população específica em diferentes pontos durante um longo período.

Foi criada na Bretanha em 2002 e incluiu 3 421 mulheres grávidas. O seu objetivo é avaliar as consequências a longo prazo para a gravidez e para o desenvolvimento infantil da exposição pré-natal e infantil a vários contaminantes ambientais e no local de trabalho.

As crianças foram avaliadas com idades entre os dois e os seis anos e estão agora a ser acompanhadas como adolescentes. Um subgrupo de crianças é objeto de um estudo mais detalhado do desenvolvimento cognitivo e psicológico e da função cerebral.

Entre vários resultados relacionados com os efeitos da exposição ao local de trabalho materno, o estudo encontrou ligações entre solventes orgânicos e defeitos congénitos, e entre pesticidas organofosfatos e problemas respiratórios e alérgicos infantis. Há uma terceira fonte de dados com grande potencial, mas depara-se com o problema da divisão da saúde pública e local de trabalho.

As autoridades que mantêm registos de defeitos congénitos não recolhem informações sobre o trabalho dos pais. Os registos de cancro tornam simples identificar cancros infantis, mas os dados não estão ligados ao histórico do emprego parental. A recolha de dados de diferentes fontes resolveria isto.

Estudos pioneiros mostraram até que ponto o conhecimento está a ser retido por não fazer uso destes registos. Investigadores finlandeses publicaram um estudo em 1980 com base numa análise do registo de defeitos congénitos do seu país. Concentraram-se em defeitos do sistema nervoso central e realizaram entrevistas detalhadas com as mães para investigar as suas condições de trabalho.

O seu estudo revelou o risco colocado pelos solventes orgânicos e pela poeira industrial. Mais de 40 anos depois, uma equipa dinamarquesa trabalhou em registos de cancro e estabeleceu uma ligação entre o cancro infantil e ter um pai que trabalhava na indústria da pintura. Uma outra equipa dinamarquesa mostrou uma ligação entre a exposição materna às emissões dos motores diesel e a incidência dos seus filhos de cancros do sistema nervoso central.

A Comissão Europeia afasta a questão

Na legislação da UE, as reprotoxinas são classificadas na mesma categoria que os agentes cancerígenos e os mutagénicos. Em questões relacionadas com a proteção dos consumidores ou do ambiente, os regulamentos da UE consideram, com razão, que as mesmas regras devem ser aplicadas às substâncias que partilham duas características essenciais: o seu risco para a saúde humana é particularmente elevado e muitas vezes irreversível, e os seus efeitos podem não se apresentar durante anos, o que as torna menos visíveis.

 Esta é a abordagem adotada pela REACH (Registo, Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos Químicos), o principal instrumento regulamentar para a forma como as substâncias químicas são colocadas no mercado, e por muitas regulamentações específicas para coisas como pesticidas, cosméticos, biocidas e resíduos.

A única exceção é a saúde no local de trabalho. Existe desde 1990 uma diretiva da UE sobre os agentes cancerígenos. Em 1999, o seu âmbito foi expandido para incluir mutagénicos (substâncias que causam mutações no genoma humano). Em 2002, a Comissão Europeia iniciou uma nova revisão da presente diretiva com o objetivo de introduzir reprotoxinas no seu âmbito de aplicação.

Já existia uma diretiva geral sobre agentes químicos datados de 1998. As medidas preventivas especificadas foram marcadamente menos rigorosas do que os de agentes cancerígenos. Continha apenas uma reprotoxina obrigatória OEL, para chumbo. Este OEL foi fixado a um nível tão elevado que não oferecia proteção contra os riscos para a saúde reprodutiva.

O tratamento das reprotoxinas através das disposições da Diretiva relativa aos agentes químicos vai contra a abordagem geral do direito comunitário, que reconhece que estas substâncias são uma fonte de grande preocupação e precisam de ser sujeitas a uma legislação mais rigorosa.

O bloqueio geral da revisão da diretiva sobre carcinogénicos e mutagénicos durante a presidência da Comissão de José Manuel Barroso (2004-2014) desperdiçou uma década. Por diversas vezes, o Parlamento Europeu votou a favor de uma revisão da diretiva e de introduzir reprotoxinas no seu âmbito de aplicação.

As organizações sindicais e alguns Estados-Membros 3 apoiaram esta proposta. No entanto, quando a Comissão Europeia reiniciou finalmente o processo de revisão em 2016, realizou uma surpresa na questão dos riscos reprodutivos.


Em maio de 2016, Marianne Thyssen, comissária europeia para o Emprego e Assuntos Sociais, declarou na altura que o estudo de impacto solicitado pela Comissão "não esclareceu suficientemente os custos e potenciais benefícios" do alargamento da OCM para incluir reprotoxinas.

A utilização de um estudo de impacto custo-benefício para justificar uma decisão política desta magnitude é especialmente chocante, uma vez que o estudo em questão estava obrigado a reconhecer a grande incerteza em torno dos seus cálculos.

Na realidade, os riscos reprotóxicos afetam tanto as mulheres como os homens. Não resultam de uma suscetibilidade no indivíduo, mas de decisões tomadas no processo produtivo.

Em 2017, no âmbito da primeira fase da revisão da diretiva, o Parlamento Europeu aprovou uma alteração que aprovou algo que a própria Comissão tinha proposto cerca de 10 anos antes: a expansão do âmbito de aplicação da diretiva para incluir reprotoxinas. O texto final aprovado, fruto de um compromisso entre o Parlamento Europeu e o Conselho de Ministros, foi menos claro.

Exigiu que a Comissão tomasse uma decisão sobre a possível inclusão de reprotoxinas até 31 de março de 2019. Entre 2017 e 2019, a posição da Comissão endureceu, em parte, devido a divergências internas. As Direções-gerais responsáveis pela regulação dos riscos químicos (DG GROW e DG Ambiente) consideraram lógico assegurar que os trabalhadores beneficiem da legislação da UE, que aplica o mesmo regulamento aos agentes cancerígenos do que às reprotoxinas.

Só a Direção-geral do Emprego se opôs a isso. Perante um prazo firme do Parlamento e do Conselho, a Comissão afastou-se de uma decisão. Na data marcada, publicou apenas um segundo estudo de impacto fortemente tendencioso e online para justificar a sua inércia.  

Esta posição é ainda mais intrigante, uma vez que não houve qualquer pressão por parte da indústria contra a inclusão de reprotoxinas. Longe disso, na verdade. A indústria química é a favor dela, desde que existam derrogações às substâncias para as quais um OEL baseado na saúde foi tornado obrigatório a nível europeu. Para outras questões que seriam submetidas à revisão da diretiva, como as emissões dos motores diesel e a sílica cristalina, tem havido um intenso lobby da indústria, mas não sobre as reprotoxinas.

Uma mentalidade patriarcal

Para além do funcionamento do poder burocrático, o que fez com que a DG Emprego estivesse muito descontente com o facto de o Parlamento Europeu não ter apoiado a sua posição, há uma questão maior sobre o que está subjacente à banalização dos riscos para a saúde reprodutiva no local de trabalho.

Desde finais do século XIX, a preocupação com os efeitos de algumas toxinas industriais nas gerações futuras produziu leis em que a exclusão permanente ou temporária das mulheres tem tido precedência sobre a eliminação da causa. A legislação da UE continua, em parte, a basear-se nesta lógica.

A saúde reprodutiva no local de trabalho só se apresenta explicitamente numa diretiva, a que se aplica às mulheres grávidas. De acordo com esta diretiva, as medidas preventivas só são desencadeadas quando a mulher diz ao seu empregador que está grávida. Este mecanismo é ineficaz do ponto de vista da prevenção e cria discriminação contra as mulheres.

Uma mulher grávida, não o risco no local de trabalho, torna-se o problema. Como as medidas preventivas dependem atualmente da comunicação antecipada das mulheres, raramente são implementadas antes da décima semana de gravidez. É precisamente durante este período de gestação que o embrião em desenvolvimento está em maior risco.

Um estereótipo poderoso perdura, que vê os riscos reprotóxicos como um problema feminino: a reprodução humana, consignada ao domínio privado, não deve criar obstáculos à produção industrial, diz o pensamento. A banalização do risco reprotóxico difunde-o dentro da massa geral dos riscos químicos.

Ninguém diria que o nascimento de uma criança com graves defeitos de nascença é comparável a uma irritação cutânea, mas tais problemas de saúde são considerados uma tragédia pessoal, e muitas vezes experimentados sem apoio e mesmo com um sentimento de culpa.

 Na realidade, os riscos reprotóxicos afetam tanto as mulheres como os homens. Não resultam de uma suscetibilidade no indivíduo, mas de decisões tomadas no processo produtivo. A gravidez em si é um momento de risco particular para alguns tipos de exposição, mas isso não significa que os períodos anteriores sejam isentos de riscos.

A introdução de agentes reprotóxicos no âmbito da diretiva relativa aos agentes cancerígenos permitiria uma melhor prevenção. Porá igualmente a subordinação da reprodução humana aos imperativos da produção. Esta é a principal lição dos casos lycra e Teflon.

Figuras duvidosas prolongam paralisia legislativa

Em 12 de dezembro de 2017, a primeira fase da revisão da diretiva sobre os agentes cancerígenos no local de trabalho concluiu com um compromisso entre o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia. A Comissão foi chamada a considerar a inclusão de substâncias reprotóxicas no âmbito da presente diretiva.  O prazo foi fixado para 31 de março de 2019.

A resposta da Comissão foi cavalheiresca. Não assumindo uma posição oficial aprovando uma comunicação ou uma declaração. Em vez disso, colocou um estudo no seu site de um consórcio de consultores que deixou imediatamente claro que "não representava necessariamente o parecer oficial da Comissão".

O estudo não tem em conta os recentes desenvolvimentos do conhecimento científico. Limita-se a examinar seis opções políticas que vão desde "não fazer nada", a um plano legislativo, ao alargamento da diretiva relativa aos agentes cancerígenos para incluir todas as substâncias reprotóxicas.

Foram consideradas opções intermédias, tais como a inclusão com determinadas derrogações e a fusão das diretivas existentes. A metodologia foi uma análise custo-benefício.

O relatório concluiu que a opção mais atrativa, do ponto de vista económico, seria incluir várias reprotoxinas na diretiva, mas com múltiplas derrogações automáticas. Esta opção é uma solução cosmética: introduziria substâncias reprotóxicas no âmbito da diretiva apenas para as excluir das medidas preventivas mais significativas.

Seria necessário um comité científico para determinar se uma reprotoxina tem um efeito sem limiar antes de os requisitos preventivos serem plenamente aplicados. Este seria um processo moroso e não seria capaz de ter em conta o efeito cocktail que resulta de múltiplas exposições.

A solução negociada entre organizações sindicais e organizações patronais da indústria química foi chamada de "a mais eficaz em termos de redução do risco reprodutivo", mas seria a opção mais dispendiosa para as empresas.

O estudo continha múltiplos enviesamentos que o levaram a esta conclusão.

Em primeiro lugar, teve de começar por avaliar o número de trabalhadores que beneficiariam de uma prorrogação da diretiva para incluir reprotoxinas, para as quais não existem dados europeus.

O consórcio utilizou dados do inquérito Sumer realizado em França em 2010. Constatou que 1,5% dos homens e 0,6% das mulheres estavam expostos no trabalho a pelo menos um dos seis agentes reprotóxicos. Para compensar que este inquérito se limitasse a apenas seis agentes (ou grupos de agentes), o consórcio duplicou as percentagens. No entanto, houve ainda uma grave subestimação dos números reais afetados.

Por exemplo, o inquérito Sumer não considerou a exposição a pesticidas, o que explica porque é que o seu valor para a exposição a reprotoxinas agrícolas é de 0%. Também não há qualquer menção a substâncias citostáticas e outros medicamentos cujos efeitos reprotóxicos estejam amplamente documentados.

 O inquérito indicou que 13% dos trabalhadores estão expostos a solventes. Alguns destes solventes são reprotóxicos, tais como N-Metil-2-pyrrolidone (NMP) e DMF (N, N-Dimetilformamide), mas embora o consórcio reconhecesse a importância dos disruptores endócrinos, não os influenciou nos seus cálculos.

A segunda extrapolação deles é ainda mais problemática. Para extrapolar os dados franceses para toda a UE, os consultores reduziram drasticamente os números. Decidiram dividir o número de mulheres expostas por um fator de 90 (em comparação com o inquérito Sumer) e os homens por um fator de 25*.

De acordo com o consórcio, o número de homens expostos a um risco de saúde reprodutiva em toda a União Europeia situa-se entre 22 000 e 61 000, e para as mulheres o número situa-se entre 3 000 e 8 000. Estes números são significativamente inferiores aos registados em França para apenas seis agentes.

No entanto, nenhum dado de campo apoiou o que parece ser uma manipulação dos números. O inquérito Sumer contém informações sobre a intensidade da exposição, a frequência e a adoção de medidas preventivas. Os consultores decidiram que apenas as situações mais graves constituíam um risco. Por conseguinte, concluíram que a grande maioria dos trabalhadores expostos a reprotoxinas na Europa não corria qualquer risco para si ou para os seus filhos. Este raciocínio foi baseado na crença e manipulação.

Acreditava-se que as substâncias reprotóxicas são "substâncias limiares" e, por conseguinte, a exposição não teria qualquer efeito prejudicial para a saúde se permanecesse abaixo do limite de exposição profissional. O exemplo do chumbo é suficiente para mostrar a inexatidão deste pressuposto: no que diz respeito ao seu efeito neurotóxico no embrião, não existe um limiar abaixo do qual o efeito seja zero. A manipulação foi que o inquérito sumer não mediu a exposição.

O consórcio apresentou estimativas diferentes para os potenciais benefícios financeiros da inclusão das reprotoxinas na diretiva, que considerou marginais. A estimativa mais generosa calculou que a prevenção de danos no desenvolvimento representava um benefício inferior a 100 milhões de euros por ano, e que a prevenção de danos à fertilidade e à gravidez (incluindo abortos e nados-mortos) ascenderia a menos de 300 milhões de euros por ano.

Vale a pena recordar as palavras de Irving Selikoff, um dos pioneiros na pesquisa do amianto: "Nunca esqueçam que os números nas vossas mesas são destinos humanos, embora as lágrimas tenham sido apagadas." Será que este aviso será adotado para dar uma resposta eficaz a um grande problema de saúde no local de trabalho?

* Este é o fator de redução para a estimativa mais alta. Para a estimativa mais baixa, os consultores aplicaram um fator de redução de 200 para as mulheres e 80 para os homens.

 Nota: Tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT


Aceda à versão original Aqui


quinta-feira, 28 de maio de 2020

OMS inclui «burnout» na lista de doenças



 OMS inclui “burnout” na lista de doenças
 ( imagem com DR)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou ontem, dia 27 de maio de 2019, que passou a incluir na lista de doenças o «burnout», estado de esgotamento físico e mental causado pelo exercício de uma atividade profissional.

A entrada do «burnout» (ou stress profissional) na nova classificação internacional de doenças da OMS, que vigorará a partir de 1 de janeiro de 2022, baseia-se nas conclusões de peritos de saúde de todo o mundo e foi adotada pela Assembleia-Geral da OMS, que decorre em Genebra, na Suíça.

«É a primeira vez que o ‘burnout‘ entra na classificação», afirmou aos jornalistas um porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.

Na classificação internacional de doenças da OMS, que serve de base para as estatísticas de saúde, o «burnout» surge na secção consagrada aos «problemas associados» ao emprego e desemprego, sendo descrito como «uma síndrome resultante de ‘stresse‘ crónico no trabalho que não foi gerido com êxito».

A doença, de acordo com a OMS, caracteriza-se por «um sentimento de exaustão, cinismo ou sentimentos negativistas ligados ao trabalho e eficácia profissional reduzida».


Fonte: SNS

Relatório da OIT «Garantir a Segurança e Saúde no Trabalho durante a pandemia»


UGT : Segurança e Saúde no Trabalho : OIT - Parar a pandemia ...
(imagem com DR)

Ao longo das últimas duas décadas, o mundo tem assistido a uma série de surtos de doenças infeciosas, que demostram uma elevada velocidade de transmissão.

Este relatório destaca os riscos de segurança e saúde no trabalho (SST) decorrentes da propagação da COVID-19. Explora também medidas para prevenir e controlar o risco de contágio, riscos psicossociais, riscos ergonómicos e outros riscos de segurança e saúde no trabalho associados à pandemia.


" Ao longo das últimas duas décadas, o mundo tem assistido a uma série de surtos de doenças infeciosas, que demostram uma elevada velocidade de transmissão. Atualmente, a preocupação é crescente com o aumento contínuo das infeções COIVID-19 em algumas partes do mundo e a capacidade de sustentar os seus níveis de declínio noutras partes. Governos, empregadores, trabalhadores e suas organizações enfrentam desafios no combate à pandemia de COVID-19 e para proteger a segurança e a saúde no trabalho. 

Para além da crise, existem também preocupações em retomar a atividade de uma forma que mantenha os progressos realizados na supressão da transmissão. Este relatório destaca os riscos de segurança e saúde no trabalho (SST) decorrentes da propagação da COVID-19.

Explora também medidas para prevenir e controlar o risco de contágio, riscos psicossociais, riscos ergonómicos e outros riscos de segurança e saúde no trabalho associados à pandemia. 

A Declaração do Centenário da OIT, aprovada em junho de 2019, estabeleceu que "condições de trabalho seguras e saudáveis são fundamentais para um trabalho digno". Isto é ainda mais significativo atualmente, uma vez que garantir a segurança e a saúde no trabalho é indispensável na gestão da pandemia e na capacidade de retomar o trabalho."


Fonte: Introdução do Relatório


Consultar:




Participação em estudo de avaliação do Plano Nacional para a Redução dos Comportamentos Aditivos e das Dependências



 Comportamentos Aditivos e Dependências | Direção-Geral da Educação

(imagem com DR)

O Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), em parceria com a NOVA-IMS, da Universidade Nova de Lisboa, está a realizar um estudo de avaliação do Plano Nacional para a Redução dos Comportamentos Aditivos e das Dependências (PNRCAD 2013-2020) e, simultaneamente, de identificação de prioridades para o futuro Plano Nacional.

Um dos elementos centrais deste estudo é o presente inquérito. O objetivo é obter uma visão, tão abrangente quanto possível, sobre a situação portuguesa em termos de comportamentos aditivos e das dependências e os aspetos a serem aperfeiçoados ao nível das medidas/estratégias adotadas.  

Assim, agradece-se o preenchimento do inquérito, entre os dias 22 de maio (6ª feira) e 8 de junho (2ª feira).

A equipa de projeto está disponível para esclarecer qualquer questão através do email: estudo_PNRCAD@novaims.unl.pt. No caso de pretender usufruir da possibilidade de preenchimento do inquérito em vários momentos, efetuando a sua gravação antes de estar terminado, também o poderá solicitar através deste email.

Fonte: Retirado do site da ACT 

Todas as respostas serão confidenciais e anónimas.


Inquérito sobre experiências pessoais e comportamentos associados à bebida durante a pandemia do COVID-19


OMS pede a governos que limitem acesso a bebidas alcoólicas ...

(imagem com DR)

A Technische Universität Dresden e o Hospital Clínic de Barcelona, com o apoio de vários institutos de saúde pública e de pesquisa na Europa, lançaram um breve questionário de resposta rápida, dirigido à população em geral, para estudar experiências pessoais e comportamentos associados à bebida (e abstenção) durante a atual pandemia do COVID-19.

Com este surto na Europa, as ações políticas dos governos nacionais conduziram a mudanças no comportamento diário e a vida pública em muitos lugares, incluindo possíveis mudanças no consumo de álcool e impactos na saúde e segurança. Os dados desta pesquisa contribuirão para uma melhor compreensão dos padrões de consumo e resultados de saúde durante períodos de pandemia ou eventos similares envolvendo restrições e quarentena, e servem para apoiar ações e decisões políticas baseadas em evidências em tempos de crise para proteger a saúde e o bem-estar.

O inquérito anónimo está disponível em 15 idiomas, e leva apenas 10 minutos para ser preenchido.

Por favor, contribua para esta pesquisa preenchendo este inquérito (beba ou não álcool).

Preencha o inquérito Aqui.

FONTE: Retirado do site da ACT

Quando o trabalho afeta a saúde de uma geração para a outra - parte II



UGT : Segurança e Saúde no Trabalho
(imagem com DR)

Limites de exposição para evitar substituição

Romy e Astrid estão longe de ser as únicas mulheres afetadas, e os homens também sofreram problemas de saúde reprodutiva. O sindicato passou quatro anos a tentar convencer a DuPont a indemnizar as vítimas antes de iniciar um processo judicial. DuPont não podia desconhecer a literatura científica que mostrava a reprotoxicidade do DMA.

A empresa sustentou que tinha cumprido os limites de exposição profissional (OELs) e, por conseguinte, não tinha qualquer responsabilidade. No caso da água contaminada com PFOA na Virgínia Ocidental, tinha sido fixado um valor máximo de concentração tão elevado que nem humanos nem animais estavam protegidos. Vários aspetos ligam estes casos para além do facto de ambos envolverem a DuPont.

Porquê investir na prevenção quando a origem do risco no local de trabalho permanece invisível para as pessoas afetadas? A indústria conhecia a toxicidade destas substâncias, mas alegou que cumpriam os OELs. As autoridades públicas mantiveram-se passivas. Atribuíram aos OELs um poder mágico para proteger a saúde, sem considerar o papel fundamental da indústria na sua definição.

As vítimas eram da classe trabalhadora ou, no caso dos residentes locais, pertenciam a grupos de baixos rendimentos. Foram precisos anos para que casos individuais que tinham sido experimentados como tragédias pessoais se ligassem uns aos outros. Uma causa química foi então identificada no local de trabalho.

Mas quando se descobriu que os estudos toxicológicos existiam há anos e mostravam que a substância era reprotóxica, era preciso reconhecer que a causa era também social e política. A saúde dos trabalhadores tinha sido sacrificada pelo lucro da empresa. Tanto a Teflon como a Lycra são usadas para fazer produtos de mercado de massas.

A indústria química parece totalmente poderosa, melhorando a vida com produtos inovadores. Lycra é considerado um símbolo de modernidade e inovação. É promovido não como um tecido, mas o ingrediente mágico que garante "um grande ajuste, conforto e liberdade de movimento".

Três gerações postas em risco através de uma única exposição

A Demeter, base de dados do Instituto Nacional de Investigação e Segurança francesa para a Prevenção de Acidentes e Doenças Profissionais (INRS), fornece informações sobre quase 200 substâncias reprotóxicas utilizadas nos locais de trabalho, esta lista está longe de ser exaustiva.

De acordo com a classificação harmonizada da União Europeia, existem 27 substâncias classificadas como reprotóxicas na categoria 1A (comprovadamente tóxicas para os seres humanos), 234 na categoria 1B (presumivelmente tóxicas) e 150 na categoria 2 (suspeita-se que sejam tóxicas).

Esta classificação inclui apenas uma pequena fração das substâncias no mercado; existem mais 4 700 substâncias notificadas como reprotóxicas pelos fabricantes ou importadores numa destas três categorias. A classificação fica muito aquém da realidade do mercado.

Nas últimas décadas, muitas substâncias foram trazidas para o mercado sem testes suficientemente sensíveis para determinar a sua reprotoxicidade. O mercado foi inundado com novas substâncias, cujo risco que não foi adequadamente avaliado.

As nanopartículas podem, por exemplo, atravessar a barreira placentária que protege o embrião. Os investigadores chineses observaram-no em ratos expostos a nanopartículas de dióxido de titânio, uma substância amplamente utilizada para muitas aplicações diferentes (em tinta, creme solar, alimentos, medicamentos e pasta de dentes).

Um efeito semelhante foi observado em pontos quânticos, pequenas partículas de semicondutores usadas em painéis solares e imagens médicas. Os desreguladores endócrinos também prejudicam a saúde reprodutiva, mas apenas uma minoria deles foi classificado como reprotóxico.

Os procedimentos são lentos e dificultados pela influência da indústria química nos organismos reguladores. Identificar os desreguladores endócrinos é difícil porque o sistema de classificação europeu não reconhece esta categoria

Existe uma discrepância entre a atenção dada a estas questões na área da saúde pública e a sua negligência na saúde no local de trabalho.

Estas substâncias podem ter um impacto em todo o ciclo reprodutivo humano. Podem afetar a fertilidade e a gravidez (causando, por exemplo, nados-mortos, aborto ou parto prematuro). A exposição parental também pode afetar o embrião e pôr em perigo a saúde de uma criança antes do nascimento, aumentando os riscos de doenças como cancro, problemas do sistema imunitário, desenvolvimento neurológico e intelectual, problemas comportamentais e obesidade.

O dietilstilbestrol hormonal (DES), geralmente prescrito durante a gravidez, tem efeitos mais graves nos filhos que tinham sido expostas a esta substância do que as suas mães. Michael Skinner, um investigador epigenético, explica: "Quando uma mulher grávida ingere DES, o seu bebé também o assimila.

É assim que três gerações vêm a ser expostas à hormona simultaneamente e instantaneamente." Skinner diz que a estrutura de DES se assemelha à do bisfenol A, e funciona da mesma forma que o DDT.

Por outras palavras, este medicamento funciona de forma semelhante aos desreguladores endócrinos que têm sido muito utilizados na indústria e na agricultura. Existe uma discrepância entre a atenção dada a estas questões na área da saúde pública e a sua negligência na saúde no local de trabalho.

No entanto, a exposição no local de trabalho é um fator importante para prejudicar a saúde reprodutiva. Não existe uma estimativa precisa do número de trabalhadores expostos na UE: dois milhões parece ser a estimativa mais baixa.

A probabilidade de exposição à reprotoxina é a mais elevada entre os mais desfavorecidos, o que reproduz desigualdades em saúde de uma geração para a outra.


 Nota: Tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT

Aceda à versão original Aqui.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Quando o trabalho afeta a saúde de uma geração para a outra - parte I


UGT : Segurança e Saúde no Trabalho

(imagem com DR)

Recentemente divulgado pela ETUI, este interessante artigo que faz parte da revista HESAMEG n.º 21, publicação deste instituto, da autoria de Laurent Vogel, dedica atenção a uma temática bastante atual no mundo laboral: a utilização de substâncias reprotóxicas que afetam gravemente a saúde dos trabalhadores e cujos efeitos atravessam gerações.

Intitulado Quando o trabalho afeta a saúde de uma geração para a outro vale a pena ser lido e ser objeto de reflexão por cada um de nós. Por essa razão procedemos à sua tradução e iremos publicá-lo faseadamente neste Blog.







A utilização de substâncias prejudiciais à saúde reprodutiva ("reprotoxinas") é generalizada nos locais de trabalho europeus. A legislação da UE regula os seus impactos sobre os consumidores, tratando-os como semelhantes aos cancerígenos. Mas não tem a mesma abordagem quando se trata de proteger os trabalhadores.

Coincidências sugerem um significado mais profundo: duas histórias de dois países diferentes juntam-se e revelam algo fundamental sobre o nosso mundo. Em 24 de fevereiro de 2020, iniciou-se um julgamento nos Países Baixos, interposto por 14 trabalhadores femininos e apoiado pela Federação Holandesa de Sindicatos (Federatie Nederlandse Vakbeweging, FNV), contra o seu antigo empregador DuPont.

Tinham trabalhado numa fábrica de Lycra em Dordrecht e vivido anos de exposição ao dimethylacetamide (DMA), um solvente que é reprotóxico.

Uma pequena perda para os acionistas

No mesmo mês, em fevereiro de 2020, o filme Dark Waters de Todd Haynes estreou nos cinemas. Conta a história de uma série de processos contra a DuPont nos EUA. Centenas de trabalhadores foram expostos ao ácido perfluoroctanóico (PFOA), uma substância com propriedades antiaderentes também conhecida como C8, numa fábrica que fez frigideiras teflon em Parkersburg, Virgínia Ocidental. A DuPont sabia da elevada toxicidade da PFOA desde 1961, mas a produção continuou – embora, a partir de 1981, alguns trabalhadores tivessem bebés com defeitos congénitos.

A empresa simplesmente tirou as mulheres daquela linha de produção. Em 1989, a DuPont tomou conhecimento de que um elevado número dos seus trabalhadores morriam de leucemia. Alguns meses depois, a incidência do cancro renal também foi notada. Além dos trabalhadores, as pessoas que viviam perto da fábrica também foram afetadas por elevadas concentrações de PFOA no abastecimento de água.

O advogado Robert Bilott iniciou um primeiro processo contra a empresa em 1998, pedindo uma indemnização a um agricultor cuja manada de gado tinha sido dizimada. As pessoas começaram a partilhar as suas experiências, e foi organizado um estudo epidemiológico em larga escala.

Encontrou uma alta incidência de cancros testiculares, renais e hepáticos entre aqueles que sofreram exposição, e defeitos congénitos entre os seus filhos.

 O filme acompanha a história até 2015. Nessa altura, apesar de alguns processos ainda estarem em curso, centenas de vítimas já tinham recebido uma compensação substancial.

O mercado foi inundado com novas substâncias que não foram adequadamente avaliadas em riscos.

Em fevereiro de 2017, a DuPont pagou 671 milhões de dólares a um grupo de 3 550 vítimas, um montante que representava apenas uma pequena perda para os acionistas. Nos seus melhores anos, teflon gerou um bilião de dólares por ano para a empresa. E assim, começa um julgamento na Holanda, assim como um filme sai retratando as dificuldades de uma saga legal que dura há 20 anos do outro lado do Atlântico.

 "A minha vida teria sido diferente se não tivesse trabalhado no departamento de embalagem da fábrica de Lycra da DuPont em Dodrecht", diz Romy Hardon, funcionária de 1977 a 1988. Sofreu um nado-morto e ainda visita a sepultura do filho todos os meses. Tinha graves problemas de fertilidade que eventualmente requeriam uma histerectomia.

Romy começou a trabalhar para a DuPont aos 17 anos. O pai trabalhava na mesma fábrica desde 1962. Começou a produzir tecido sintético orlon e foi depois transferido para trabalhar na produção de Teflon. Morreu de cancro aos 46 anos. Na Europa, a DuPont nunca foi investigada sobre a sua produção teflon.

Outro empregado, Astrid Musig, é mais jovem que Romy; Trabalhou na fábrica entre 1989 e 2001, onde foi exposta à DMA. O marido dela produziu teflon. A sua filha Sandrina nasceu gravemente incapacitada. Mal consegue andar por causa da fraqueza muscular e tem dificuldade em falar. O seu desenvolvimento mental é o de uma criança de quatro anos.

 Nota: Tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT

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