Subscribe:

Pages

quarta-feira, 31 de março de 2021

Novo programa UE4Health – para uma Europa pós-pandemia mais segura e saudável



A pandemia COVID-19 mostrou-nos a necessidade de aumentar a capacidade da União Europeia de responder eficazmente aos riscos globais para a saúde.

 

Com base nas lições aprendidas com esta crise, a Comissão Europeia propõe uma nova e ambiciosa iniciativa de saúde para o período 2021-2027 – o Programa UE 4Health. Com um investimento de 5,1 mil milhões de euros, o programa  UE 4Health tornou-se o programa de saúde mais extenso de sempre em termos monetários e irá financiar os países da UE, as organizações de saúde e as ONG.

 

As áreas de ação do programa passarão pela disponibilização de medicamentos para todos os doentes e sistemas de saúde, pela prevenção da doença e promoção da saúde numa população envelhecida.

 

O financiamento estará aberto para candidaturas em 2021.

 

O programa UE 4Health tem como objetivos:

 

•      Tornar os sistemas de saúde mais resistentes para lidar com ameaças transfronteiriças para a saúde, como o COVID-19 e melhorar a capacidade de gestão de crises;

•      Tornar a União Europeia da Saúde uma realidade investindo nos cuidados com o cancro, numa melhor preparação pandémica, na disponibilidade de medicamentos e na inovação; e

•      Impulsionar a saúde digital e a prevenção da doença.

 

Nos primeiros anos do programa, haverá uma clara aposta na recuperação e na resiliência, em particular na preparação e na resposta pandémicas.

 

Além disso, o trabalho da Comissão sobre as prioridades urgentes em matéria de saúde será reforçado e alargado, tais como iniciativas bem sucedidas como as Redes Europeias de Referência para doenças raras, a luta contra o cancro, a redução do número de infeções antimicrobianas e a prossecução da cooperação internacional em matéria de ameaças e desafios globais para a saúde.

 

 

Saiba mais sobre o programa EU4Health

https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/ip_20_2420

 

 

Fonte: Site da UE-OSHA

 

Nota: Tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT

 

OIT - Cursos de Segurança e Saúde no Trabalho para 2021

 

O Centro Internacional de Formação  da  Organização  Internacional  do  Trabalho  (OIT)  organiza  um  novo  conjunto  de cursos  on-line na  área  da  Segurança  e  Saúde  ocupacionais para  2021.

 

Uma  vasta  gama de cursos de  SST ministrados  em  inglês e espanhol    dirigidos a  instituições, parceiros sociais e   a outras  partes interessadas.

 

Esta iniciativa  da OIT  pretende colocar  a  Segurança  e a Saúde dos  trabalhadores na agenda internacional  para  eliminar os acidentes de trabalho  e as doenças  e lesões  relacionadas com o trabalho.

 

Veja a  listagem  completa  dos  cursos

 


 

Pandemia e o Teletrabalho - Alerta Digital





SABIA QUE? Durante um surto pandémico como a #COVID19, muitas pessoas são obrigadas a trabalhar temporariamente a partir de casa.

De acordo com um estudo recentemente realizado pela Eurofound e pela OIT, 41% dos trabalhadores que desenvolviam a sua atividade em casa consideravam-se muito stressadas, contra 25 % dos que trabalhavam apenas no local de trabalho.

Com efeito, trabalhar a partir de casa pode originar uma sensação de isolamento, representar mais horas de trabalho e esbater os limites entre o trabalho e a vida familiar, sendo que a ausência de interação social pode tornar-se uma fonte de stresse e de ansiedade para os trabalhadores e trabalhadoras.

Estabelecer fronteiras entre o trabalho remunerado e a vida pessoal pode ser particularmente difícil quando se trabalha a partir de casa, especialmente para as mulheres que continuam a assumir as responsabilidades e as tarefas domésticas.

 


Desigualdades no Trabalho e variáveis de saúde - Publicação da ETUI

 Tradução da secção n.º 4 da publicação da ETUI - "Work, health and Covid19: a literature review"




imagem com DR


Distanciamento social

Um desafio semelhante surge quando se trata de manter a distância física de mais de um metro.

 

Bavel et al. (2020) notam que certos grupos de pessoas podem não ter o espaço necessário para isso, como em prisões, campos de refugiados, centros de detenção de imigrantes.

 

Condições semelhantes afetam aqueles que dependem de transportes públicos e/ou que trabalham em postos de trabalho em que o trabalho remoto não é possível. Nas fábricas com trabalho em linha de produção, o distanciamento pode significar uma perda de lucros. Os trabalhadores das fábricas de transformação de carne relatam que o distanciamento físico no trabalho é difícil, enquanto estudos indicam que os turnos longos e os espaços de trabalho partilhados tornam a exposição ao Covid-19 muito mais provável.

 

 Muitas profissões, especialmente as que envolvem muitos trabalhadores, não têm múltiplas cantinas ou salas de descanso, o que significa que os trabalhadores se reúnem em grupos, muitas vezes sem cumprir as medidas de prevenção.


Medidas de higiene no local de trabalho

 

A limpeza regular e a desinfeção dos espaços de trabalho e dos espaços partilhados também são um desafio, especialmente se resultarem numa redução da produtividade. Embora a OMS tenha sugerido que os trabalhadores devem ter acesso a casas de banho adequadas, contudo sabemos que várias profissões não têm as infraestruturas necessárias para isso, tais como os condutores.

 

Vários estudos também indicam que as condições frias e húmidas, por exemplo nas atividades de embalamento e fábricas de transformação de carnes, apresentam as condições ideais para o vírus sobreviver (Middleton, Reintjes e Lopes 2020), especialmente quando não é possível ocorrer uma desinfeção regular.

 

Rosemberg (2020) nota que as empregadas de limpeza dos hotéis, pertencem aos trabalhadores deste setor que se encontram mais vulneráveis, uma vez que estão expostos a infeções durante as atividades de limpeza. Os trabalhadores do saneamento e os trabalhadores da recolha de resíduos também estão vulneráveis, uma vez que o vírus pode permanecer infecioso durante muito tempo e em diferentes superfícies de resíduos domésticos (Ngheim et al. 2020).


 Acesso a equipamento de proteção

A maioria dos países da Europa relatou a escassez de máscaras faciais e equipamentos de proteção médica, mesmo para os profissionais de saúde nas semanas imediatamente após o primeiro surto. Num estudo sobre a resposta aos cuidados de saúde em Itália, Sorbello et al. (2020) observou que vários médicos da linha da frente foram infetados ou expostos ao risco devido à escassez de EPI.

 

De acordo com o inquérito da Eurofound, 44% dos inquiridos da UE27 "acreditam estar mais em risco de contrair o Covid-19 devido ao seu trabalho" (Eurofound 2020).  

 

O risco percecionado era maior para os trabalhadores em profissões com contacto físico regular. Um dos fatores-chave para o risco percecionado foi a disponibilidade de EPI’s. Neste caso, verificou-se uma clara diferença setorial.

 

Quando questionados sobre se eram obrigados a usar EPI, apenas 24% dos trabalhadores da construção civil responderam afirmativamente.  Cerca de 78% da área da saúde disseram afirmativamente.  Quase três em cada 10 trabalhadores declararam que o seu empregador lhes forneceu “por vezes” ou “não forneceu”.


4.2 Condições de trabalho: contratos precários e falta de participação dos trabalhadores

 

Nesta secção, exploramos a forma como as condições de trabalho se cruzam com outros fatores estruturais, dificultando a priorização da saúde. Veremos também como as políticas de contenção pandémica podem funcionar contra as normas de segurança no trabalho, criando um ambiente onde as medidas básicas são ignoradas, mesmo durante a pandemia.

 

Estas medidas são uma questão privilegiada para uma grande parte da mão de obra. Como escreve Yancy (2020): "Ser capaz de manter o distanciamento social enquanto se trabalha a partir de casa e ceder à multidão de eventos sociais virtuais são questões privilegiadas.”

 

Em toda a Europa, enfermeiros e profissionais de saúde relataram ter sido mal pagos, muitas vezes com contratos de curta duração, e confrontados com falta de pessoal. Enquanto os serviços de entregas cresceram em termos empresariais, os trabalhadores de entregas eram maioritariamente trabalhadores da plataforma gig sem condições de segurança no emprego e de apoio inadequado à saúde (Braun, Kayali e Tamma 2020; Duque 2020a; Eurofound 2020).

 

Estes padrões de desigualdade desempenham um papel significativo numa crise de saúde, uma vez que determinam quem corre maior risco de infeção e também quem terá acesso a cuidados de saúde e a circunstâncias atenuantes (Bavel et al. 2020; Khalatbari-Soltani et al. 2020).

 

Analisando alguns estudos de caso de vítimas de Covid-19, Khalatbari-Soltani et al. (2020) salientam que "as pessoas com posições socioeconómicas desvantajosas devem ser consideradas populações de alto risco, no momento de qualquer surto de doença infeciosa, uma vez que o seu contexto social pode afetar a ocorrência e a gravidade de uma doença infeciosa através de várias vias".

 

Este tipo de "padrão social da saúde" é marcado por indicadores individuais de ocupação, rendimento e de educação. Na subsecção seguinte, começamos por analisar os níveis de rendimento e a natureza do emprego nos setores mais afetados em termos de saúde dos trabalhadores.

Em seguida, passamos a considerar as implicações pandémicas específicas destes fatores, ou seja, a falta de licenças médica, o presenteeismo, etc.

 

Níveis de rendimento mais baixos

 

As profissões que exigem uma presença física e um interação pessoal  envolvem, frequentemente, empregos com baixos salários (Lu 2020). Além disso, como os casos anteriormente discutidos indicam, existe uma ligação clara entre os empregos de baixa qualificação/baixos salários e as taxas de mortalidade Covid-19 mais elevadas.

 

Excluindo os médicos, a maioria dos trabalhadores em setores essenciais ganha menos do que a média nacional, nos seus vários países.

 

Analisando a "angústia dos trabalhadores" em tempos de Covid-19, entre os trabalhadores em 52 distritos da Califórnia, e utilizando dados do Census e dados da população central, Flores e Padilla (2020) encontraram "uma relação forte entre o trabalho de baixos salários e a positividade do Covid-19".

 

A maior angústia dos trabalhadores foi registada em setores de atividade, como a agricultura, a gestão de resíduos, o armazenagem e comércio a retalho, setores onde a maioria dos trabalhadores, nos EUA, não tem direito a baixas médicas (Flores e Padilla 2020). Estes resultados estão de acordo com os setores mais afetados na UE.

 

Isto não é coincidência. Como vimos nos estudos de caso, há uma 'divisão de classe coronavírus' (Williams 2020). Os postos de trabalho com maior número de mortes são realizados pelos menos favorecidos do ponto de vista económico – os que recebem menos salário, menos licenças por doença e com contratos precários.

 

O trabalho pouco qualificado é frequentemente acompanhado por contratos precários e/ou salários e horários desajustados (Williams 2020). Colon (2020) refere que quem trabalha nos supermercados, em condições em que "a sua segurança não é prioritária", ganha menos 25% do que os rendimentos medianos. "44% dos trabalhadores deste setor [na Irlanda] são mal remunerados e, tal como muitos trabalhadores do setor privado, dificilmente receberão salário por doença, uma vez que não existe qualquer requisito legal para o fazer". (Colon 2020: 46).

 

Muitos destes fatores são determinados pelas políticas nacionais. Na Irlanda, por exemplo, a licença por doença é uma "regalia" deixada à discrição dos empregadores, ou seja, não é um direito legalmente garantido (Bambrick 2020).

 

Mesmo no caso dos trabalhadores qualificados, como enfermeiros e cuidadores, há uma elevada incidência de contratos de curta duração ou contratos precários em muitos países da UE.

 

Os trabalhadores sem direito a licença por doença/baixa médica e com contratos precários não têm escolha a não ser continuar a trabalhar, independentemente das condições de trabalho e independentemente da sua própria condição de saúde: "Há também questões sociais complexas em torno dos trabalhadores que estão doentes, mas sentem que têm de trabalhar por razões económicas ou outras e, assim, aumentam os riscos para os colegas e para o público" (Semple e Cherrie 2020). 


Precariedade laboral e falta de proteção social

 

Num inquérito realizado em março de 2020 entre trabalhadores no Reino Unido (3.974 pessoas) e nos EUA (4.003 pessoas), Adams-Prassl et al. (2020) concluiu que o impacto da situação foi severo para os jovens trabalhadores e para os trabalhadores precários, bem como para os indivíduos que trabalham na economia gig.

 

 "A pressão sobre as pessoas, nestes segmentos da sociedade, é alavancada pelo seu medo de não poderem fazer face às suas contas. A pressão é tão alta que muitos relatam que vão trabalhar com sintomas semelhantes à gripe, o que representa um risco para a saúde de todos. Constatamos que este comportamento é particularmente provável para aqueles que não têm direito a baixa remunerada por doença”.

 

Wispelaere e Gillis (2021) argumentam que o Covid-19 expôs uma ligação clara entre o trabalho não declarado e a SST: o "incumprimento das regras e regulamentos de SST deve ser considerado uma parte essencial do conceito de trabalho não declarado". Uma análise das políticas de baixa por doença que foram pagas em 192 países, concluiu que 27% dos países não garantiram uma licença por doença remunerada, embora os números fossem mais elevados para os trabalhadores com contratos permanentes (Heymann et al. 2020).

 

Cerca de 58% dos países não tinham disposições explícitas para os trabalhadores independentes e para os da economia gig. Isto também acontece frequentemente nos países mais desenvolvidos. Os autores também destacaram alguns estudos que mostram como os trabalhadores sem direito a baixa por doença, têm 1,5 vezes mais probabilidade de ir trabalhar doentes e têm menos probabilidades de consultar um médico. Isto é particularmente problemático no caso do Covid19, uma vez que a licença por doença remunerada é uma forma eficaz de conter a propagação da doença a colegas de trabalho, clientes, clientes e assim por diante (Heymann et al. 2020).

 

«Quando os trabalhadores não têm direito a licença remunerada por doença, muitas vezes precisam de fazer escolhas insustentáveis entre ir trabalhar doentes e poder pagar as suas necessidades básicas para si e para as suas famílias» (Heymann et al. 2020: 925).

 

Berger et al. (2020) defendem que as instituições de saúde devem dar o exemplo a todos os outros setores de atividade, garantindo uma licença por doença remunerada para todos os trabalhadores, enquanto os governos devem reembolsar as despesas das baixas por doença dos principais profissionais de saúde.

 

Outro problema que se coloca é que o trabalho perigoso que é muitas vezes incentivado através do recebimento de salários ou benefícios extras. Nos estudos de caso acima discutidos, constatamos que os empregadores ofereciam bónus aos trabalhadores que apareciam para trabalhar, independentemente das condições.

 

Apesar do autoisolamento obrigatório quando estão doentes, os trabalhadores continuaram presentes, quer por medo de perder o trabalho, quer porque o seu setor estava com falta de pessoal.

 

Em outubro de 2020, 10 hospitais na Bélgica pediram alegadamente ao pessoal médico para continuar a trabalhar, mesmo que tivessem Covid19 (e eram assintomáticos) uma vez que um quarto do pessoal médico estava doente (BBC 2020).

 

É provável que os trabalhadores independentes enfrentem ainda mais complicações durante a pandemia. De acordo com os dados do Eurostat (2018), os trabalhadores independentes representam 14% da força de trabalho da UE, sendo que uma grande percentagem deles trabalha nos setores mais afetados pelas medidas de confinamento. Na maioria dos países da UE, os trabalhadores independentes receberam menos compensações pela perda de rendimentos durante a pandemia do que os trabalhadores por conta de outrem.  

 

Mesmo nos países onde existe acesso a estes programas, a compensação é menor. Duke (2020b) nota que os trabalhadores independentes, especialmente os que desempenham atividades na economia gig não recebem baixa por doença, mesmo que sejam obrigados a autoisolar-se por suspeita ou existência da doença.

 

Anderson (2020) nota que em oito países da UE, incluindo a Bélgica, França e Itália, os trabalhadores independentes estão "excluídos de determinados programas da segurança social, tais como as baixas remuneradas por doença ou de desemprego”.

 

Nota: tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT


Aceda à versão original da publicação Aqui.

terça-feira, 30 de março de 2021

2021-2030 foi proclamada pelas Nações Unidas a Década do Envelhecimento Saudável

 


 


 imagem com DR


A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou recentemente 2021-2030 a Década do Envelhecimento Saudável.

 

"O anúncio da Década de Envelhecimento Saudável da ONU envia um sinal claro de que é apenas trabalhando como um só, dentro do sistema das Nações Unidas e com os governos, a sociedade civil e o setor privado, que poderemos não só adicionar anos à vida, mas também vida aos anos", disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde.

 

"Ao adotarmos uma abordagem a nível das Nações Unidas de apoio a um envelhecimento saudável, poderemos galvanizar a ação internacional para melhorar a vida dos idosos, das suas famílias e das suas comunidades, tanto durante a pandemia COVID-19, como além disso", acrescentou o Dr. Etienne Krug, Diretor do Departamento de Determinantes Sociais da Saúde da OMS.

 

A saúde é fulcral para a nossa experiência de velhice e as oportunidades que o envelhecimento traz. As iniciativas empreendidas no âmbito da Década procurarão: mudar a forma como pensamos, sentimos e agimos relativamente à idade e ao envelhecimento; facilitar a possibilidade dos idosos participarem e contribuírem para as suas comunidades e sociedade; prestar cuidados integrados e serviços de saúde primários que respondam às necessidades do indivíduo; e fornecer acesso a cuidados de longa duração para pessoas idosas que precisam dele.

 

A Resolução das Nações Unidas (75/131),que surge na sequência do recente aval da Década pela Assembleia Mundial de Saúde, manifesta a sua preocupação pelo facto de, apesar da previsibilidade do envelhecimento da população e do seu ritmo acelerado, o mundo não estar suficientemente preparado para responder aos direitos e necessidades dos idosos.

 

Reconhece que o envelhecimento da população tem impacto nos nossos sistemas de saúde, mas também em muitos outros aspetos da sociedade, incluindo os mercados laborais e financeiros e a procura de bens e serviços, como a educação, a habitação, os cuidados a longo prazo, a proteção social e a informação. Requer, portanto, uma abordagem de toda a sociedade.

 

A resolução exorta também a Organização Mundial de Saúde a liderar a implementação da Década, em colaboração com outras organizações das Nações Unidas. Governos, organizações internacionais e regionais, sociedade civil, sector privado, academia e meios de comunicação social são encorajados a apoiar ativamente os objetivos da Década.

 

"O anúncio de hoje é o culminar de muitos anos de colaboração com parceiros em todo o mundo", disse Alana Officer, que lidera a equipa de Mudança Demográfica e Envelhecimento Saudável da OMS. "Mas também representa um novo começo. Se queremos ter sucesso na concretização da mudança prevista no âmbito da Década, precisamos de novas formas de trabalhar".

 

Parceiros da OMS e da ONU estão à procura de contributos de todas as partes interessadas para ajudar a construir uma Plataforma colaborativa  onde todos os conhecimentos sobre o envelhecimento possam ser acedidos, partilhados e produzidos num só local   por qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo.

 

O que é a Década do Envelhecimento Saudável?

 

A Década do Envelhecimento Saudável das Nações Unidas (2021-2030) é uma oportunidade para reunir governos, sociedade civil, agências internacionais, profissionais, academia, meios de comunicação social e o sector privado durante dez anos de ação concertada, catalítica e colaborativa para melhorar a vida dos idosos, das suas famílias e das comunidades em que vivem.

 

As populações de todo o mundo estão a envelhecer a um ritmo mais rápido do que no passado e esta transição demográfica terá impacto em quase todos os aspetos da sociedade. O mundo uniu-se em torno da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: todos os países e todas as partes interessadas prometeram que ninguém será deixado para trás e determinado a garantir que todo o ser humano possa cumprir o seu potencial em dignidade e igualdade e num ambiente saudável.

 

É urgente uma década de ação global concertada sobre o Envelhecimento Saudável. A pandemia COVID-19 chamou a atenção para a gravidade das lacunas existentes nas políticas, sistemas e serviços. Já há mais de mil milhões de pessoas com 60 anos ou mais, com a maioria a viver em países de baixo e médio rendimento. Muitos não têm acesso sequer aos recursos básicos necessários para uma vida de sentido e de dignidade. Muitos outros enfrentam múltiplas barreiras que impedem a sua plena participação na sociedade.

 

3 de agosto de 2020: A Década do Envelhecimento Saudável foi aprovada pela 73ª Assembleia Mundial de Saúde

 

Na sequência da 146.ª recomendação da Comissão Executiva da OMS feita em fevereiro de 2020 (Decisão EB146/13), a 73.ª Assembleia Mundial de Saúde aprovou a proposta de uma Década de Envelhecimento Saudável (2020-2030) através de procedimentos de silêncio escrito.

 

Os Estados-Membros solicitaram ao Diretor-geral que transmitisse esta decisão ao Secretário-Geral das Nações Unidas para apreciação da proposta para a Década pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

 

14 de dezembro de 2020: uma década de envelhecimento saudável da ONU (2021-2030) foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas

 

A Assembleia Geral das Nações Unidas congratulou-se com a proposta da Década e decidiu proclamar 2021-2030 a Década de Envelhecimento Saudável das Nações Unidas (Resolução 75/131). A OMS liderará este trabalho em estreita colaboração com o Departamento de Assuntos Sociais e Económicos das Nações Unidas e as suas comissões regionais, o Fundo das Nações Unidas para a População, o Gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Habitat das Nações Unidas, as Mulheres das Nações Unidas, o Banco Mundial e outras organizações internacionais e regionais relevantes.

 

 

Nota: tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT

 

Saiba mais Aqui. 

 

https://www.who.int/initiatives/decade-of-healthy-ageing

 

Lesões Músculo- Esqueléticas relacioandas com o TRABALHO

 




SABIA QUE? 


As lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT) continuam a ter uma elevada prevalência na Europa e em Portugal, apesar de terem sido encetados esforços significativos para a sua prevenção.

O Inquérito Europeu sobre as Condições de Trabalho, de 2015, confirmou que cerca de 3 em cada 5 trabalhadores afirma ter uma LMERT, sendo as dores nas costas e nos membros superiores, as lesões mais frequentes.

Em Portugal, de acordo com o Inquérito ESENER, de 2019, os trabalhadores identificaram 3 fatores de risco significativos para a ocorrência de LMERT:

- 69.4% efetuam «movimentos repetitivos da mão ou do braço»;

- 63% trabalham numa «posição sentada prolongada»;

- 53% executam «elevação ou transporte de pessoas ou cargas pesadas».

As LMERT são um problema não apenas para os trabalhadores e trabalhadoras, mas também para as empresas, as economias e a sociedade em geral, sendo uma das causas mais comuns de incapacidade, baixa por doença e reforma antecipada.

Desigualdades no Trabalho e variáveis de saúde - Publicação da ETUI

 

Tradução da secção n.º 4 da publicação da ETUI - "Work, health and Covid19: a literature review"

imagem com DR


4.1 Condições de trabalho: Configurações físicas que conduzam a uma maior exposição ao Covid-19

 

Nas fases iniciais da pandemia, as medidas de segurança no trabalho basearam-se em determinados protocolos estabelecido previamente.  A UE-OSHA emitiu diretrizes para o “regresso ao trabalho" baseadas na hierarquia do controlo de risco – um conjunto de orientações sobre o controlo da propagação da doença no local de trabalho.

 

Estes incluíam o distanciamento físico entre os trabalhadores, garantindo que os trabalhadores tenham contatos físicos limitados com os clientes externos. Foram sugeridas as seguintes orientações para as definições de cuidados sobre a proteção da saúde: fornecer informações e educação sobre o Covid-19, autoisolar-se caso apresente sintomas, lavar ou limpar as mãos, praticar o distanciamento social, superfícies limpas, locais de trabalho ventilados, utilização do EPI, entre outros.

 

Para explorar a razão subjacente a certas profissões se encontram mais em risco, utilizamos estas orientações como ponto de partida, analisando por que razão é que as diferentes medidas são desafiantes para implementar (ou não são suficientemente aplicadas) em determinadas profissões.

 

Lacunas na informação

 

Desde o início da pandemia, que os trabalhadores estavam à mercê das diretrizes nacionais e dos empregadores quando se tratou de obter informações sobre normas de segurança. Inicialmente, por forma a reduzir a propagação do vírus, os países de toda a Europa entraram em diferentes graus de confinamento ao longo de 2020.

 

A implementação de medidas específicas, como o uso de máscaras faciais tornaram-se um assunto em debate, com alguns governos (incluindo a Bélgica, os Países Baixos e a Alemanha) a recusarem-se, inicialmente, a tornar obrigatório o uso de máscaras em público.

 

Para além das mensagens contraditórias, a maioria das organizações e países também não conseguiu contactar diferentes grupos demográficos. Os trabalhadores migrantes de vários setores (por exemplo, serviços domésticos, agricultura e indústria) não receberam informação adequada traduzida para a sua própria língua.

 

A falta de informação fornecida aos trabalhadores devidamente traduzida nas diferentes línguas dos trabalhadores, foi citada como uma das principais razões para ocorrer um surto pandémico numa fábrica de transformação de carne nos EUA.

 

Um artigo do Instituto de Política Migratória sobre a situação dos trabalhadores migrantes na UE durante a crise Covid-19 observou também que "os trabalhadores que não falam a língua do país de destino têm pouca informação sobre os seus direitos e sobre os recursos legal que se encontram à sua disposição".

 

Autoisolamento

 

A discussão em torno sobre “permanecer em casa quando se está doente” tem muitas dimensões – desde a viabilidade de trabalhar a partir de casa até à disponibilidade de licença médica remunerada e poder isolar-se quando está doente. Trabalhar a partir de casa é cada vez mais entendido como um privilégio disponível apenas para alguns.

 

Os trabalhadores que podem trabalhar a partir de casa têm automaticamente a opção de manter o distanciamento social e de se isolarem quando infetados ou expostos a um contacto de alto risco. Para todos os outros, como vimos nos estudos de caso, muitas vezes resume-se a uma escolha entre a continuação do emprego e os riscos para a saúde.

 

Alguns trabalhadores foram mesmo incentivados a continuar a trabalhar quando estão doentes em vez de receberem licença por doença remunerada – tornando-a uma escolha difícil para os trabalhadores em circunstâncias socioeconómicas mais baixas.

 

Medidas básicas de higiene

 

Deve ser dado ênfase ao controlo da propagação da doença através de medidas físicas e administrativas.

 

No entanto, vemos que a sua implementação é complicada em várias profissões, incluindo na produção de linhas de montagem e em fábricas. Ray (2020) salienta que lavar as mãos é, por si só, um problema, uma vez que 26% da população mundial não tem acesso a sabão e a água. Os trabalhadores agrícolas muitas vezes não têm acesso a saneamento adequado no campo, muito menos uma oportunidade para lavar regularmente as mãos.

 

Como se pode ver nos estudos de caso da Itália e da Alemanha, os trabalhadores migrantes que vivem em ambientes rurais, enfrentam condições semelhantes. Rubin (2020) salienta que os reclusos e os trabalhadores em estabelecimentos prisionais enfrentam um maior risco de infeção, uma vez que o acesso ao sabão é, por vezes, também restrito.


Nota: tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT


Aceda à versão original da publicação Aqui.

segunda-feira, 29 de março de 2021

Desigualdades no Trabalho e variáveis de saúde - Publicação da ETUI

 

Tradução da secção n.º 4 da publicação da ETUI - "Work, health and Covid19: a literature review"

imagem com DR

Foi divulgado neste Blog esta publicação recente da ETUI, em que uma das principais secções de análise respeita às Desigualdades no Trabalho e variáveis de saúde. Pela importância desta abordagem, o Departamento de SST assumiu o compromisso de proceder à sua tradução., a qual iremos disseminar faseadamente.

Segue a parte I:

O impacto do Covid-19 não foi uniforme. As condições e as circunstâncias do trabalho e do emprego – e as lacunas potenciais relacionadas com as medidas de Saúde e Segurança no Trabalho – têm impacto na disseminação do Covid-19.

 

Há dois aspetos a ter em conta:

 

(1) Determinadas profissões correm maior risco, por necessidade de estarem operacionais no pico da pandemia;

(2) Algumas profissões são de alto risco devido ao ambiente de trabalho e às condições de emprego e socioeconómicas conexas. Os dois fatores muitas vezes sobrepõem-se.

 

Em certa medida, estes fatores profissionais também determinam os níveis de exposição, infeção e consequências conexas, que são ainda mais exacerbados devido à classe, raça, estatuto de migração e posição socioeconómica (Yancy 2020; McClure et al. 2020; Patel 2020).

 

É o caso, em particular, dos "trabalhadores-chave" empregados em postos de trabalho com contextos físicos de alto risco e níveis de proteção social muito baixos. Esta secção analisa os três fatores distintos, mas interseccionais, que emergem da nossa análise:

- Condições de trabalho;

- Condições de emprego e trabalhadores;

- Caraterísticas sociodemográficas dos trabalhadores.

 

Começamos por olhar para as condições de trabalho físicas, uma vez que estas desempenham um papel significativo na exposição relacionada com o trabalho: A interação face-to-face com outras pessoas, os espaços fechados, a falta de ventilação e/ou saneamento no trabalho são alguns desses fatores.


A segunda subsecção avalia a forma como os trabalhadores dos setores mais expostos a estes contextos são também mais propensos a enfrentar outras vulnerabilidades, como as condições de emprego precárias e outros determinantes socioeconómicos. As desigualdades estruturais em direitos laborais também criam um ambiente, onde a propagação da infeção é difícil de controlar.

 

As caraterísticas sociodemográficas dos trabalhadores estão sob os holofotes na terceira subsecção, na qual estudamos a forma como um baixo estatuto socioeconómico, o género, o fluxo migratório e a etnia se cruzam com o trabalho e o emprego para se tornar determinantes da saúde e do bem-estar dos trabalhadores.

 

O estatuto profissional e as vulnerabilidades estruturais com que estes trabalhadores se deparam obrigam a escolher entre a saúde e o trabalho e a sobrevivência.


Nota: tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT


Aceda à versão original da publicação Aqui.



 

sexta-feira, 26 de março de 2021

XIII Congresso Regional Europeu da SIDTSS subordinado ao tema «Trabalho na Era Digital: que desafios? [Online]

 

imagem com DR


A Sociedade Internacional de Direito do Trabalho e da Segurança Social (SIDTSS) e a Associação Portuguesa de Direito do Trabalho (APODIT), organizam em formato online, o XIII Congresso Regional Europeu da SIDTSS subordinado ao tema «Trabalho na Era Digital: que desafios?».

 

Para mais informações:

 

Inscrições

Programa

quinta-feira, 25 de março de 2021

Acidentes de Trabalho e Problemas de Saúde Relacionados com o Trabalho - Informação estatística

 

Os resultados que a seguir se apresentam foram obtidos através do módulo ad hoc “Acidentes de Trabalho e Problemas de Saúde Relacionados com o Trabalho” do Inquérito ao Emprego no 2.º trimestre de 2020. 


É a terceira edição deste módulo ad hoc, já realizado em 2007 e 2013.

O módulo ad hoc “Acidentes de Trabalho e Problemas de Saúde Relacionados com o Trabalho” incluiu três temas:

(1)         Acidentes de trabalho ocorridos nos doze meses anteriores à entrevista;

(2)         Problemas de saúde relacionados com o trabalho sofridos nos doze meses anteriores à entrevista;

(3)         Fatores no trabalho que podem afetar o bem-estar mental ou a saúde física.

 

Aceda a esta publicação do INE Aqui.


Principais resultados – Acidentes de Trabalho:

 

- De acordo com os resultados do módulo, 165,1 milhares de pessoas, dos 15 aos 74 anos, tinham tido pelo menos um acidente de trabalho nos doze meses anteriores à entrevista, representando 3,2% da população empregada, menos 54,3 milhares de pessoas e 0,8% que em 2013.

 

- Em 2020, a ocorrência de pelo menos um acidente de trabalho continua a ser referida por mais homens (3,7%) que mulheres (2,6%), no entanto a diferença entre sexos reduziu-se em relação a 2013.

 

- Os acidentes de trabalho ocorreram principalmente em pessoas dos 35 aos 44 anos (3,5%), menos 0,6 % que em 2013 (4,0%). Foi na faixa etária dos 45 aos 54 anos que a percentagem de acidentes de trabalho mais diminuiu (de 4,6% em 2013 para 3,2% em 2020).

 

- No 2.º trimestre de 2020, ao contrário de 2013, os trabalhadores da construção não foram os que mais referiram a ocorrência de acidentes de trabalho nos doze meses anteriores à entrevista, registando-se uma diminuição do risco de acidentes nesta atividade, de 5,8% em 2013 para 4,0%.

 

- Em 2020, o risco de acidente afetava principalmente os trabalhadores da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca e os das indústrias extrativas, transformadoras e produção e distribuição de eletricidade, gás e água, com 4,3% em ambos os casos.

 

- O risco de acidente de trabalho, no 2.º trimestre de 2020, atingiu principalmente os operadores de instalações e máquinas e trabalhadores de montagem, tendo sido 5,3%, e os trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices, 4,7%.

 

Principais resultados – Problemas de saúde relacionados com o trabalho:

 

- Perto de meio milhão de pessoas dos 15 aos 74 anos (482,5 milhares) referiram ter tido algum problema de saúde causado ou agravado pelo trabalho, representando 6,9% da população empregada, menos 56,7 milhares de pessoas que em 2013.

 

- Os problemas de saúde continuam a afetar principalmente, e de forma crescente, as mulheres: 7,8%, em comparação com 5,9% no caso dos homens, e agravamento da diferença entre sexos, de 1,5 % em 2013 para 1,9 % em 2020.

 

- A existência de problemas é mais frequente a partir dos 55 anos de idade: 10,7% das pessoas dos 55 aos 64 anos e 9,4% das que tinham 65 ou mais anos.

 

- No conjunto dos problemas relacionados com o trabalho, os problemas ósseos, articulares ou musculares no seu conjunto (os que afetam principalmente as costas, o pescoço, os ombros, os braços, as mãos, as ancas, as pernas e os pés) foram identificados em 2020, como sendo os mais graves por 59,9% da população com pelo menos um problema, mais 6,0 % que em 2013.

 

- Neste conjunto salientam-se os problemas ósseos, articulares ou musculares que afetam principalmente as costas, referidos como o problema mais grave em 2020 por 25,4% da população em análise, mais frequentemente pelos homens (31,2%) que pelas mulheres (21,4%).

 

- Os problemas musculosqueléticos do pescoço, ombros, braços e mãos afetavam 19,5% da população, mais frequentes no caso das mulheres (23,7%) que no dos homens (13,3%).

 

- A maior frequência dos problemas de saúde relacionados com o trabalho foi reportada pelo grupo profissional agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta (10,1%).

 

Principais resultados - Fatores no trabalho que podem afetar o bem-estar mental ou a saúde física

 

- Do total de pessoas empregadas na semana de referência, 82,2% indicaram que estavam expostas a fatores que podiam afetar a saúde física no seu local de trabalho, mais 6,6 % que em 2013.

 

- Estes fatores continuam a afetar mais frequentemente os homens (83,5%) que as mulheres (80,8%) e de forma bastante semelhante os grupos etários até aos 55 anos.

 

- 54,0% das pessoas empregadas indicaram que estavam expostas a um fator de risco para a saúde mental no seu local de trabalho, mais 17,2 % que em 2013.

 

- Estes fatores afetavam em 2020 ligeiramente mais mulheres (54,8%) que homens (53,3%) e mais frequentemente os grupos etários dos 35 aos 54 anos.

 

- Os fatores que foram identificados com maior frequência foram a forte pressão de prazos ou sobrecarga de trabalhos (43,1%) e o contacto com pessoas problemáticas, mas não violentas (clientes, pacientes, alunos, cidadãos, etc.) (37,1%).