Hoje
celebra-se o Dia Mundial da Voz. A
data tem como objetivo alertar a população para os cuidados a ter com o
aparelho vocal e com a prevenção de doenças da laringe.
A UGT
associa-se às comemorações deste dia na plena convicção de que o uso da voz é
uma ferramenta de trabalho fundamental para milhões de trabalhadores e
trabalhadoras.
Os
trabalhadores das mais diversas áreas são confrontados com doenças provocadas
pelo uso excessivo ou inadequado do aparelho vocal, isto é, são confrontados
com doenças cuja origem está no exercício da sua atividade profissional, e por
isso mesmo são consideradas como doenças profissionais.
De
entre as profissões mais vulneráveis a adquirir doenças profissionais do foro
vocal destacam-se atores, advogados, locutores de televisão e rádio, cantores,
conferencistas, guias turísticos, operadores telefónicos, vendedores,
políticos, professores e educadores, tradutores e interpretes, entre muitos outros.
Hoje
é sabido que de entre os hábitos que são prejudiciais à voz se destacam o uso
forçado da voz, falar em ambientes secos e poluídos (com poeira, mofo e vapores
químicos), falar em ambientes muito quentes ou frios (ar condicionado), falar
demasiado e durante muito tempo.
Cabe
por isso ao movimento sindical em geral e à UGT em particular lutar
continuadamente pelos direitos da saúde dos trabalhadores e da adequação dos
locais de trabalho às mais elementares condições de segurança e saúde.
Tendo
em consideração os estudos produzidos internacionalmente a União Europeia
através da Comissão adotou uma Recomendação (2003/670/CE) a 19 de Setembro de
2003 no que concerne à adoção de uma lista Europeia das doenças profissionais.
Esta Recomendação esteve no horizonte da comissão técnica nacional que
apresentou a última revisão da Lista das doenças profissionais em Portugal e
que se encontra plasmada através do Decreto Regulamentar nº 76/2007 de 17 de
Julho.
Ora,
a Recomendação esclarece que:
« (2)
Durante o período transcorrido desde a Recomendação 90/326/CEE, o progresso
científico e técnico permitiu conhecer melhor os mecanismos de aparecimento de
certas doenças profissionais e os nexos de causalidade. Convém, por
conseguinte, introduzir numa nova recomendação, bem como na lista europeia e na
lista complementar, as alterações que daí decorrem.»
Neste
sentido a Comissão reconhece na lista complementar da Recomendação
(2003/670/CE) como doença profissional provocadas pelos agentes físicos os
“Nódulos nas cordas vocais devidos a esforços repetidos da voz por razões
profissionais”.
A
Comissão recomenda também que os Estados membros “promovam a investigação no domínio
das doenças ligadas à atividade profissional, nomeadamente as doenças que
constam do anexo II e as perturbações de natureza psicossocial ligadas ao
trabalho e reconhece que é forte a possibilidade de virem a constar já em
próxima Lista do Anexo I as doenças que se suspeita serem de origem
profissional e inseridas na Lista do Anexo II, donde se encontram os “Nódulos
nas cordas vocais devidos a esforços repetidos da voz por razões profissionais
(2.503)”.
Tendo
em consideração que estudos internacionais têm demonstrado que os Nódulos se
encontram entre as doenças profissionais por uso prolongado da voz e que a
disfonia funcional com abuso vocal prolongado pode levar ao desenvolvimento de
alterações orgânicas secundárias, como os nódulos vocais - que apesar de serem
considerados entidades patológicas individualizadas eles são entendidos como o
resultado de uma disfonia funcional precedente, a UGT entende que tal
discriminação deveria constar da Lista Nacional das Doenças Profissionais,
evitando-se deste modo o complexo e moroso procedimento da necessidade de prova
de consequência necessária e direta da atividade exercida, como manda o artigo
94º da Lei nº 98/2009, de 4 de Setembro.
A UGT
neste dia realça a necessidade da revisão da Lista Nacional, no sentido se
serem incluídos explicitamente os Nódulos vocais como uma lesão associada às
alterações funcionais da voz, salvaguardando deste modo o direito de reparação
e tratamento adequado a milhares de trabalhadores que apresentam tais lesões
pelo desempenho da sua atividade profissional, não deixando também de exortar a
investigação científica a dedicar alguma da sua atividade a esta área tão
importante para milhares de trabalhadores.
UGT,
16 de Abril de 2019
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