Quais
as implicações das inovações robóticas e inteligências artificiais ao nível da
segurança e saúde ocupacional? Este artigo descreve o actual uso de robots e
máquinas inteligentes, analisa as suas implicações para a SST e esboça
previsões futuras do uso da tecnologia robótica numa era em que os robots
poderão tornar-se assistentes e até mesmo, a longo prazo, colegas de trabalho.
Ao pensar no futuro do trabalho, é importante ponderar até que ponto os robôs poderão substituir ou
complementar e reforçar o trabalho humano. Um futuro no qual os robôs continuassem a ser
desenvolvidos acima de tudo para funções complementares traria desafios menos complexos à
sociedade, uma vez que os seres humanos não teriam de competir com robôs e autómatos e os papéis
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Análise sobre o futuro do trabalho:: robótica
tradicionais seriam, em grande parte, preservados.
No entanto, a produtividade e as pressões
económicas são suscetíveis de resultar, ao invés, numa lógica de substituição, em que indivíduos e
grupos seriam substituídos nos respetivos postos de trabalho pela robótica e a automação. Em geral,
serão necessários menos trabalhadores para empregos rotineiros ou com tarefas claramente
definíveis, pois passarão a ser preenchidos por robôs industriais e de serviço.
Uma das consequências
desta mudança técnica será um aumento relativo na procura de trabalhadores altamente qualificados
e uma redução na procura de trabalhadores menos qualificados, que tradicionalmente realizam tarefas
cognitivas e manuais de rotina. Este denominado «esvaziamento» dos trabalhadores com
qualificações intermédias pode levar, nas próximas décadas, à perda de cerca de um terço da
totalidade dos atuais postos de trabalho.
Este dilema entre a complementaridade e a substituição e o equilíbrio entre a conservação de emprego
e o desemprego provocado pela tecnologia é uma questão exigente para os decisores políticos, as
empresas e a sociedade civil em geral. As implicações mais vastas das mudanças que a robótica
introduzirá no mercado de trabalho, na economia e na sociedade levantam questões sociais e políticas
difíceis.
A discussão sobre máquinas inteligentes e o impacto da robótica e da tecnologia ubíqua na
sociedade, na economia e no emprego tem sido, até agora, bastante passiva, sendo escassas as
ideias bem estruturadas sobre o desenvolvimento de uma sociedade robotizada e automatizada.
O receio do desemprego provocado pela tecnologia é tão antigo quanto, no mínimo, os protestos dos
trabalhadores têxteis britânicos no Século XIX, os «Luditas», contra a perda dos seus postos de
trabalho devido às novas tecnologias da revolução industrial.
No entanto, os receios de que o
desenvolvimento da tecnologia possa substituir uma grande parte do trabalho humano e conduzir a um
desemprego estrutural permanente têm vindo sucessivamente a relevar-se infundados, sendo que
para numerosos economistas não passam de uma ideia inconcebível.
Com efeito, o progresso
tecnológico trouxe, em geral, um aumento da riqueza e dos postos de trabalho, pelo menos no longo
prazo, e as novas tecnologias e invenções científicas têm sido geralmente consideradas muito
positivas.
No entanto, a nova era da robótica e da inteligência artificial pode representar uma mudança
numa escala nunca antes conhecida; e, nesse cenário, o eventual impacto no emprego, na destruição
de emprego e na economia tem sido muito pouco debatido. Muitos economistas convencionais
acreditam que os mecanismos de mercado voltarão a repor o equilíbrio a longo prazo. Mas será esse,
de facto, o caso em qualquer circunstância?
Fonte: A robótica e o futuro do trabalho
A
versão portuguesa deste artigo pode ser consultada aqui.
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