Conclusões
Os cenários produzidos são
descrições de possíveis “mundos” futuros para a economia verde. Importa
reconhecer que não são projecções nem previsões, mas sim uma ferramenta
destinada a explorar o futuro e as incertezas críticas – factores que serão
especialmente importantes na construção do futuro mas cujo desenvolvimento
apresenta um rumo incerto. O valor advém não só dos próprios cenários mas
também dos conhecimentos e das discussões que promovem.
Ao longo deste trabalho, tornou-se
evidente que muitas das suposições actuais sobre futuros empregos verdes se
baseiam em resultados optimistas e cenários de ganho mútuo. Mas deveria ter-se
em conta a possibilidade de estes objectivos não serem atingidos: analisando,
por exemplo, os cenários alternativos produzidos neste projecto (e outros). Os
cenários produzidos poderiam ser igualmente aplicados a uma variedade de outras
tecnologias e aspectos relacionados com a economia verde, desde que as
suposições subjacentes permanecessem válidas. Devem ser utilizados com cautela
quando se considera a SST para empregos fora do âmbito deste projecto; poderão
ter que ser extrapolados para o efeito, embora grande parte da informação sobre
agentes impulsionadores e tecnologias possa ser aplicada a uma maior variedade
de empregos.
Tornou-se igualmente claro que os
“empregos verdes” englobam uma vasta variedade de locais de trabalho em
diferentes sectores, com diferentes condições e processos de trabalho e
diferentes grupos de trabalhadores envolvidos. Os cenários também revelaram o
impacto do contexto sócio-económico e as estratégias e políticas adoptadas ao
nível dos desenvolvimentos tecnológicos e das condições de trabalho, e como
tudo isto pode dar origem a uma variedade de problemas relacionados com a SST.
Assim, ao desenhar-se uma estratégia de prevenção para a economia verde, deve
ter-se em conta as especificidades dos diferentes tipos de empregos verdes bem
como a diversidade da mão-de-obra envolvida. Contudo, apesar da diversidade dos
empregos verdes, foram salientados alguns desafios comuns:
- Processos de trabalho
descentralizados: à medida que os locais de trabalho se tornam cada vez mais
dispersos e difíceis de alcançar, a monitorização e o reforço das boas práticas
ao nível da segurança e saúde no trabalho deverão tornar-se mais desafiantes;
- Aumento de subcontratações,
auto-emprego e micro e pequenas empresas: tais estruturas poderão ter uma menor
percepção de SST e uma cultura de SST menos desenvolvida, bem como menos
recursos disponíveis para a SST e menor acesso aos serviços de SST;
- Novas competências e necessidade de
formação adequada: existem muitas novas tecnologias verdes e processos de
trabalho que requerem conhecimentos específicos mas que não foram ainda
plenamente desenvolvidos; existem também (novas combinações de) “velhos” riscos
encontrados em situações novas que exigem igualmente novas (combinações de)
competências específicas; as oportunidades de emprego na economia verde poderão
atrair trabalhadores novos indo além das suas áreas e competências originais e
alheias a estes novos desafios;
- Escassez de competências e
polarização da mão-de-obra, pressionando os trabalhadores menos qualificados a
aceitar condições de trabalho mais precárias e empregos mais exigentes;
- Maior automatização, que poderá
melhorar a SST mas também conduzir a problemas no relacionamento entre homem e
máquina, bem como dependência excessiva da tecnologia;
- Conflitos entre os objectivos verdes
e a SST, com o risco de a SST ser menosprezada;
- E materiais novos, difíceis de
caracterizar e potencialmente perigosos que terão que ser vigiados com atenção
ao longo do seu ciclo de vida a fim de se detectar potenciais (desconhecidos,
latentes) perigos para a saúde: isto será cada vez mais desafiante uma vez que
ninguém permanece no mesmo emprego durante toda a vida, tornando assim difícil
a ligação entre a exposição no trabalho e os efeitos sobre a saúde.
No que toca à prevenção, ao nível do
local de trabalho, a avaliação de riscos permanece essencial para uma concepção
adequada de medidas de prevenção que tenham em conta a especificidade do
emprego verde em causa e os trabalhadores envolvidos. Na fase de
desenvolvimento de qualquer tecnologia, produto ou processo novo, bem a
montante da sua introdução nos locais de trabalho, é necessária uma avaliação
prévia de SST de todo o seu ciclo de vida. Logo, torna-se mais eficiente
integrar a prevenção na fase da concepção do que proceder a uma retromontagem
da SST e isto precisa de começar a ser posto em prática de imediato, a fim de
garantir empregos verdes seguros no futuro.
Para tal é necessária a cooperação
entre vários actores ao nível das políticas, da pesquisa e desenvolvimento e
dos locais de trabalho ao longo de várias disciplinas, incluindo SST e protecção
ambiental, e dos diferentes sectores onde os empregos verdes estão a surgir. Os
desenvolvedores de tecnologias, designers e arquitectos devem também ser
envolvidos no processo.
Estes cenários provaram ser uma poderosa ferramenta de
apoio a tal cooperação. Isto, juntamente com os novos conhecimentos sobre
riscos de SST novos e emergentes originados nos cenários, permite o
desenvolvimento de estratégias e políticas mais robustas.
É esta a chave para a
criação de empregos verdes que ofereçam condições de trabalho dignas, seguras e
saudáveis, apoiando assim o desenvolvimento de um crescimento inteligente,
sustentável e inclusivo da economia verde em linha com a estratégia UE 2020
(Comissão Europeia, 2010).
Tradução baseada do capitulo Conclusões retirado do Relatório da OSHA - Green jobs and occupational safety and health: Foresight on new and emerging risks
0 comentários:
Enviar um comentário