Divulgamos,
no nosso blog, um estudo que já tem uns anos – 2008 – desenvolvido pela UAL-Universidade
Autónoma de Lisboa - sobre o stresse no trabalho intitulado: STRESSE – Estratégias e
Medidas de Prevenção.
O
Objetivo deste estudo de investigação foi proceder a uma caraterização do
fenómeno do stresse em situações concretas de trabalho nas organizações. Esta
caracterização incidiu numa análise dos custos e dos fatores contextuais e de
natureza organizacional indutores do fenómeno bem como das práticas
organizacionais de prevenção e combate do mesmo.
Segue a INTRODUÇÃO do estudo:
" Nas
últimas duas décadas a expansão mundial dos mercados de produtos e capitais suscitou
transformações económicas e sociais a um ritmo acelerado em todos os países industrializados.
Entre os principais fatores que contribuíram para esta aceleração são quase
sempre referidos, pela maior parte dos autores, as melhorias das tecnologias de
produção, as mudanças políticas no comércio internacional e uma maior abertura
dos Estados ao estabelecimento de orientações e oportunidades comuns. A este
fenómeno costuma dar-se o nome de globalização.
Para
se adaptarem ao novo ambiente, as empresas começaram a procurar uma gestão do emprego
mais adequada às novas necessidades de integração num mundo cada vez mais global.
Assim, a estabilidade das políticas de trabalho que assegurava um modelo mais
ou menos previsível e seguro à sociedade começou a ser posta em causa por novas
condições de trabalho e de emprego que não tinham nada a ver com o emprego
tradicional. Começam a surgir novos quadros jurídicos mais adaptáveis às
relações entre os proprietários das empresas e os trabalhadores e inicia-se uma
nova época de novas formas de trabalho e de emprego.
Concomitantemente,
novas atividades, novos processos de produção e novos progressos tecnológicos
emergiram nos locais de trabalho e transformaram as condições de trabalho de
muitas pessoas, associando-se a essas mudanças muitos receios e incertezas,
emprego por vezes precário, novas pressões e necessidades de resposta a
mercados cada vez mais exigentes e vorazes, traduzindo-se em novas condições de
trabalho que acarretam sobrecargas de trabalho mais elevadas, intensificação
das tarefas devido à restrição de efetivos, maiores responsabilidades, novas
competências e conhecimentos especializados, emergindo novos riscos
profissionais decorrentes das inovações técnicas e das mudanças sociais e ou
organizacionais.
Os
novos riscos acumulam, em muitos casos, com perigos e riscos mais tradicionais,
e podem ser influenciados por mudanças de perceção quanto aos riscos,
designadamente aqueles que são de natureza psicossocial e influenciam diretamente
o stress ligado ao trabalho, o qual se revela com um fenómeno em crescimento.
As
mudanças operadas na vida profissional e na vida pessoal dos indivíduos criaram
problemas de equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada e de saúde
mental, levando a aumentar o stress ligado ao trabalho.
A
longo prazo, o stress relacionado com o trabalho pode criar, também, sérios
problemas de natureza física nos indivíduos, designadamente originando lesões
músculo-esqueléticas e outras formas de doença, tais como a hipertensão, as
úlceras digestivas e as doenças cardiovasculares.
Em
geral, as medidas de gestão do stress não têm sido enquadradas transversalmente
por intervenções organizacionais que privilegiem o objetivo de diminuição do
stress através de melhorias da organização do trabalho, da gestão de recursos
humanos, da formação e desenvolvimento, etc., limitando-se a serviços de
aconselhamento, sessões de informação e orientação
individualizada, mais numa ótica paliativa de natureza individual do que uma ótica
sociológica preventiva e reguladora a partir de novas condições de trabalho.
Face
ao exposto, a equipa de investigação traçou, para este estudo, o objetivo geral
de caracterizar o fenómeno do stress tal como se manifesta em situações
concretas de trabalho nas organizações. Nessa caracterização, privilegiou-se
uma análise da incidência, dos impactos e dos fatores contextuais de natureza
organizacional indutores do fenómeno, bem como das práticas organizacionais de
prevenção e gestão do mesmo num quadro empresarial.
Para
o efeito, o estudo analisa a prevalência de experiências de stress nas
organizações de trabalho e identifica os stressores organizacionais, laborais e
relacionais mais importantes, no quadro de empresas com características variadas
ao nível das regiões geográficas do continente, dos sectores de atividade e da
dimensão do quadro de pessoal.
O
estudo analisa, ainda, a incidência de experiências de stress nos grupos socioprofissionais
presentes nas organizações de trabalho ao nível de sexo, cargo e habilitações literárias,
bem como analisa globalmente os impactos individuais e organizacionais decorrentes
do stress no trabalho.
No
sentido de se elaborar um conjunto de intervenções possíveis nas empresas e
outras organizações de trabalho, o estudo identifica modalidades de organização
do trabalho redutoras do stress no trabalho, caracteriza práticas
organizacionais de prevenção e gestão do stress no trabalho e elabora estratégias
e medidas práticas suscetíveis de diminuir a incidência do stress no trabalho.
O
estudo recorre à metodologia de estudo de casos, organizando-se em termos de
uma sequência de sete etapas: definição do quadro de referência e do modelo de
análise do estudo; construção de instrumentos de recolha de informação; definição
e seleção de amostras de empresas e trabalhadores; pesquisa documental e de
terreno; análise da informação recolhida através da pesquisa documental e de
terreno; seleção e caraterização de casos de boas práticas organizacionais de
prevenção e gestão do stress no trabalho.
O
estudo divide-se em cinco partes: na primeira parte apresenta-se o referencial
teórico que orienta a pesquisa; na segunda parte apresenta-se a metodologia de
investigação; na terceira parte apresenta-se e analisa-se os resultados
recolhidos nas empresas e junto dos trabalhadores; na quarta parte
apresentam-se estudos e casos de boas práticas, bem como programas já adotados;
na quinta parte procede-se às conclusões do estudo e apresentam-se estratégias
e medidas de intervenção organizacional para a prevenção e gestão do stress ocupacional.
Finalmente,
importa referir que este Relatório Final apresenta codificadas este Relatório Final
apresenta codificadas as designações das empresas envolvidas no estudo das
empresas envolvidas no estudo devido a alguma desejar manter o anonimato.
Futuramente,
as empresas serão consultadas sobre se desejam manter, ou não, o seu anonimato
em caso de publicação do estudo.
Fonte:
Introdução deste estudo que pode ser consultado Aqui.
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