Subscribe:

Pages

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Prevenção de lesões musculoesqueléticas no setor da construção- Parte I


imagem com DR


Este documento de reflexão analisa a prevalência de lesões musculoesqueléticas (LME) no setor da construção na UE  e as tarefas que colocam os trabalhadores em risco, como o levantamento manual e as posturas incómodas.


O documento centra-se nas vibrações como fator de risco significativo, com os trabalhadores que utilizam ferramentas e máquinas a serem expostos a vibrações nas mãos e nos braços, mas também no resto do corpo.


São fornecidas informações sobre métodos normalizados para avaliar os riscos relacionados com a sobrecarga biomecânica. Além disso, são apresentados exemplos de projetos financiados pelo INAIL, o Instituto Nacional Italiano de Seguro de Acidentes de Trabalho, no sentido de ajudar as empresas de construção a reduzir os riscos de LME.


Tendo em conta a importância da temática, o Departamento de SST da UGT procedeu à tradução do seu conteúdo, sendo que iremos disseminar faseadamente esta reflexão técnica. 


A sua tradução é, pois, da inteira responsabilidade deste Departamento, sendo que a sua versão original - UE-OSHA - pode ser acedida Aqui.


Introdução

O setor da construção tem uma elevada prevalência de distúrbios  músculo-esqueléticos (DME), das quais as  causas  são  atribuíveis  aos  seguintes fatores principais: 

 

- Esforço físico significativo necessário para a realização de    operações

manuais; 

- Em resultado de lesões ocorridas anteriormente;

- Vibração devido à utilização de ferramentas portáteis e  ao  funcionamento de máquinas de  construção. 

 

O esforço físico resulta de movimentos  repetitivos  dos    membros  superiores,  manuseamento manual,  transporte,  movimentos de puxar  e empurrar  cargas e posturas  estáticas  e  inadequadas de uma forma   prolongada. 

 

Além disso, mesmo lesões ligeiras, tais como entorses musculares ou estirpes, podem aumentar o risco de DME relacionados com o trabalho no futuro (EU-OSHA, 2004). Por isso, é importante que no ambiente de trabalho  não  haja    ocorrem escorregadelas  (por exemplo,  devido  à  lama  das  escavações), superfícies desarticuladas e  mal  iluminadas. 

 

Outra causa importante dos DME é a exposição a vibrações relacionadas com a utilização de ferramentas que produzem vibrações de braço ou ao funcionamento de máquinas que produzem vibrações de corpo inteiro. A crise económica que afeta o setor contribuiu para o aumento da idade média dos veículos em uso e, consequentemente, dos riscos relacionados  com a  obsolescência,  como  o aumento da exposição  a vibrações de corpo inteiro.

 

Deve igualmente ser considerado um fator adicional relativo às pequenas empresas. Em Itália, por exemplo, a dimensão média das  empresas  do  setor da construção  ronda  os  2-3  trabalhadores.


O resultado  é  uma  capacidade  económica  limitada  para  adquirir  novas  máquinas atualizadas  com  os  mais  recentes  sistemas de segurança. 

 

Além disso, a avaliação  dos riscos biomecânicos   no    setor da construção  é  uma  tarefa  complexa devido à   variedade  de  atividades  (por exemplo,  a construção  de  edifícios  ou  estradas, engenharia de instalações),   ao  grande  número  e variedade de tarefas de risco, bem como às condições não normalizadas nos ambientes de trabalho (por exemplo, trabalho ao ar livre ou no subsolo).


As pequenas empresas podem ter dificuldade em aplicar protocolos de avaliação a essas atividades complexas  e a preparar a documentação de avaliação dos riscos exigida pelas diretivas da UE (Diretiva do Conselho  89/391/CEE; Diretiva 90/269/CEE do Conselho; Diretiva 92/57/CEE) e legislação nacional.

 

Como resultado, estes riscos podem ser  subestimados    e  não serem totalmente  compreendidos.

 

Nesta reflexão,  os  autores  apresentam  e  discutem  os  seguintes  tópicos:

 

- Provas  estatísticas dos  DME entre os trabalhadores da construção  civil, tanto na Europa    como  na  Itália;


- Tarefas que  expõem os trabalhadores  ao    risco de  DME;


- Métodos normalizados para avaliar o risco relacionado com a sobrecarga biomecânica na construção,  incluindo  uma  atenção aos riscos de vibrações;


- Exemplos de projetos  financiados  pelo    Istituto  Nazionale  per  l'Assicurazione  contro  gli  Infortuni  sul  Lavoro  (INAIL,    Instituto  Nacional  italiano  de  Seguros  contra Acidentes no  Trabalho)  para  apoiar as empresas  de construção  para  reduzir os riscos de DME. 

 

Provas  estatísticas sobre  os DME no  setor  da  construção

 

Dados europeus

 

De acordo com um estudo da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (UE-OSHA, 2019), com base nos resultados do sexto Inquérito às Condições de Trabalho (2015) - European Working Conditions Survey (EWCS) - no setor da construção, a percentagem de trabalhadores que reportam   diferentes DME no  período de 12 meses (anteriormente  ao  inquérito ) são os seguintes: 


Dor nas costas: 52 %;

DME nos  membros superiores:  54  %; 

DME nos  membros inferiores:  41%. 

 

Figura 1: Percentagem de trabalhadores com problemas de dor nas costas nos últimos 12 meses, por proporção do tempo de trabalho e em que o principal trabalho remunerado envolve posições cansativas  e dolorosas, por  grupo etário,  UE-28,  2015






Fonte: EU-OSHA, 2019 (com base em   dados Eurofound  - EWCS  2015) 

 

Figura 2: Percentagem de trabalhadores com dores nas costas, por proporção do tempo de trabalho que envolve transportar cargas pesadas, por idade, UE-28, 2015  





Fonte: EU-OSHA, 2019  (com base em   dados Eurofound  - EWCS  2015) 

 

Movimentos repetitivos da mão ou  do braço  

 

Estes resultados tornam-se particularmente significativos no setor da construção, onde as tarefas são bem definidas e são integrantes da obra. Isto significa que o mesmo trabalhador pode ser exposto a uma sobrecarga biomecânica durante o dia e durante vários dias consecutivos de trabalho, dependendo da fase de execução da obra. 

 

O estudo UE-OSHA também analisa o efeito de outros fatores que podem ser relevantes para os trabalhos de construção, como as vibrações, aspeto que será    discutido posteriormente nesta reflexão e a exposição ao frio, que expõe as estruturas corporais ao aparecimento de patologias.

 

Os fatores organizacionais são também cruciais no desenvolvimento dos DME. Entre estes, vale a pena referir que o ritmo de trabalho no  setor  da  construção    pode  ser  parcialmente  controlado  pelo  trabalhador.



0 comentários:

Enviar um comentário