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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Economia Verde e Segurança e Saúde no Trabalho: previsão de riscos novos e emergentes associados às novas tecnologias até 2020





Conclusões

Os cenários produzidos são descrições de possíveis “mundos” futuros para a economia verde. Importa reconhecer que não são projecções nem previsões, mas sim uma ferramenta destinada a explorar o futuro e as incertezas críticas – factores que serão especialmente importantes na construção do futuro mas cujo desenvolvimento apresenta um rumo incerto. O valor advém não só dos próprios cenários mas também dos conhecimentos e das discussões que promovem.

Ao longo deste trabalho, tornou-se evidente que muitas das suposições actuais sobre futuros empregos verdes se baseiam em resultados optimistas e cenários de ganho mútuo. Mas deveria ter-se em conta a possibilidade de estes objectivos não serem atingidos: analisando, por exemplo, os cenários alternativos produzidos neste projecto (e outros). Os cenários produzidos poderiam ser igualmente aplicados a uma variedade de outras tecnologias e aspectos relacionados com a economia verde, desde que as suposições subjacentes permanecessem válidas. Devem ser utilizados com cautela quando se considera a SST para empregos fora do âmbito deste projecto; poderão ter que ser extrapolados para o efeito, embora grande parte da informação sobre agentes impulsionadores e tecnologias possa ser aplicada a uma maior variedade de empregos.

Tornou-se igualmente claro que os “empregos verdes” englobam uma vasta variedade de locais de trabalho em diferentes sectores, com diferentes condições e processos de trabalho e diferentes grupos de trabalhadores envolvidos. Os cenários também revelaram o impacto do contexto sócio-económico e as estratégias e políticas adoptadas ao nível dos desenvolvimentos tecnológicos e das condições de trabalho, e como tudo isto pode dar origem a uma variedade de problemas relacionados com a SST. Assim, ao desenhar-se uma estratégia de prevenção para a economia verde, deve ter-se em conta as especificidades dos diferentes tipos de empregos verdes bem como a diversidade da mão-de-obra envolvida. Contudo, apesar da diversidade dos empregos verdes, foram salientados alguns desafios comuns:

-      Processos de trabalho descentralizados: à medida que os locais de trabalho se tornam cada vez mais dispersos e difíceis de alcançar, a monitorização e o reforço das boas práticas ao nível da segurança e saúde no trabalho deverão tornar-se mais desafiantes;

-      Aumento de subcontratações, auto-emprego e micro e pequenas empresas: tais estruturas poderão ter uma menor percepção de SST e uma cultura de SST menos desenvolvida, bem como menos recursos disponíveis para a SST e menor acesso aos serviços de SST;

-      Novas competências e necessidade de formação adequada: existem muitas novas tecnologias verdes e processos de trabalho que requerem conhecimentos específicos mas que não foram ainda plenamente desenvolvidos; existem também (novas combinações de) “velhos” riscos encontrados em situações novas que exigem igualmente novas (combinações de) competências específicas; as oportunidades de emprego na economia verde poderão atrair trabalhadores novos indo além das suas áreas e competências originais e alheias a estes novos desafios;

-      Escassez de competências e polarização da mão-de-obra, pressionando os trabalhadores menos qualificados a aceitar condições de trabalho mais precárias e empregos mais exigentes;

-      Maior automatização, que poderá melhorar a SST mas também conduzir a problemas no relacionamento entre homem e máquina, bem como dependência excessiva da tecnologia;

-      Conflitos entre os objectivos verdes e a SST, com o risco de a SST ser menosprezada;

-      E materiais novos, difíceis de caracterizar e potencialmente perigosos que terão que ser vigiados com atenção ao longo do seu ciclo de vida a fim de se detectar potenciais (desconhecidos, latentes) perigos para a saúde: isto será cada vez mais desafiante uma vez que ninguém permanece no mesmo emprego durante toda a vida, tornando assim difícil a ligação entre a exposição no trabalho e os efeitos sobre a saúde.

No que toca à prevenção, ao nível do local de trabalho, a avaliação de riscos permanece essencial para uma concepção adequada de medidas de prevenção que tenham em conta a especificidade do emprego verde em causa e os trabalhadores envolvidos. Na fase de desenvolvimento de qualquer tecnologia, produto ou processo novo, bem a montante da sua introdução nos locais de trabalho, é necessária uma avaliação prévia de SST de todo o seu ciclo de vida. Logo, torna-se mais eficiente integrar a prevenção na fase da concepção do que proceder a uma retromontagem da SST e isto precisa de começar a ser posto em prática de imediato, a fim de garantir empregos verdes seguros no futuro. 

Para tal é necessária a cooperação entre vários actores ao nível das políticas, da pesquisa e desenvolvimento e dos locais de trabalho ao longo de várias disciplinas, incluindo SST e protecção ambiental, e dos diferentes sectores onde os empregos verdes estão a surgir. Os desenvolvedores de tecnologias, designers e arquitectos devem também ser envolvidos no processo.

 Estes cenários provaram ser uma poderosa ferramenta de apoio a tal cooperação. Isto, juntamente com os novos conhecimentos sobre riscos de SST novos e emergentes originados nos cenários, permite o desenvolvimento de estratégias e políticas mais robustas. 

É esta a chave para a criação de empregos verdes que ofereçam condições de trabalho dignas, seguras e saudáveis, apoiando assim o desenvolvimento de um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo da economia verde em linha com a estratégia UE 2020 (Comissão Europeia, 2010).


Tradução baseada do capitulo Conclusões retirado do Relatório da OSHA - Green jobs and occupational safety and health: Foresight on new and emerging risks




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