Subscribe:

Pages

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

COVID-19: Voltar ao local de trabalho - Adaptação dos locais de trabalho e proteção dos trabalhadores - parte III

 

imagem com DR


Contacte o seu serviço de saúde e de segurança no trabalho, e discuta o seu plano com eles.


Preste especial atenção aos trabalhadores que se encontram em risco elevado e esteja preparado para proteger os mais vulneráveis, incluindo as pessoas mais velhas e os trabalhadores com patologias crónicas (incluindo hipertensão, problemas pulmonares ou cardíacos, diabetes ou que foram submetidos a tratamento para o cancro ou a qualquer outra imunossupressão)e trabalhadoras grávidas. Preste também atenção aos trabalhadores com familiares próximos que se encontram em risco elevado.


Pondere a possibilidade de criar apoio para os trabalhadores que possam estar a sofrer de ansiedade ou de stresse. Este apoio pode passar pelos superiores hierárquicos perguntarem aos seus trabalhadores com mais frequência como se sentem, favorecer intercâmbios ou companheirismo entre colegas, alterações na organização do trabalho e das tarefas, por um programa de assistência aos trabalhadores ou um serviço de coaching, bem como pela oferta do contacto com um serviço de saúde no trabalho. Esteja ciente de que os trabalhadores podem ter sofrido acontecimentos traumáticos, como a doença grave ou a morte de um familiar ou de um amigo, ou estar a enfrentar dificuldades financeiras ou problemas nas suas relações pessoais.


Os trabalhadores que regressam ao local de trabalho após um período de isolamento (quer como medida individual, quer como parte de um isolamento coletivo), provavelmente terão preocupações, em especial, com o risco de infeção. Estas preocupações – especialmente se tiverem ocorrido alterações no trabalho – podem muito bem resultar em stresse e em problemas de saúde mental. 


Quando estão em vigor medidas de distanciamento físico, a probabilidade de estes problemas ocorrerem não só é maior, como não estão disponíveis os mecanismos de resposta habituais, como o espaço pessoal ou a partilha de problemas com outros (ver Regressar ao trabalho após baixa por doença devido a problemas de saúde mental). Forneça aos trabalhadores informações sobre fontes de apoio e aconselhamento publicamente disponíveis. Saúde mental Europa tem informações sobre como cuidar da sua saúde mental e lidar com a ameaça da COVID-19.


Os trabalhadores podem estar preocupados com o aumento da probabilidade de infeção no local de trabalho e podem não querer voltar. É importante compreender as suas preocupações, fornecer informações sobre as medidas tomadas e o apoio de que dispõem.


Lidar com uma taxa elevada de ausência

Dependendo das taxas de infeção na sua área local e dos protocolos em vigor, muitos dos seus trabalhadores podem estar ausentes devido à COVID-19. Se, por precaução, um trabalhador se encontrar em isolamento em casa, poderá continuar o seu trabalho à distância (ver abaixo) ou, se tal não for o caso, o trabalhador não poderá trabalhar durante um período.

 

Os trabalhadores que se confirme estarem infetados pela COVID-19 poderão estar ausentes e incapazes de trabalhar por um período significativamente mais longo e aqueles que adoeçam gravemente poderão necessitar de um período de reabilitação subsequente após terem curado a infeção. Além disso, alguns trabalhadores podem estar ausentes porque têm de cuidar de um parente.

 

 A ausência de um número substancial de trabalhadores, ainda que temporária, pode causar uma pressão sobre a continuação das atividades. Embora os trabalhadores disponíveis devam ser flexíveis, é importante que não se encontrem numa situação que coloque em perigo a sua saúde ou segurança. Mantenha qualquer carga de trabalho adicional tão baixa quanto possível e certifique-se de que não dura muito tempo. 


Os superiores hierárquicos diretos dos trabalhadores desempenham um papel importante no acompanhamento da situação e em garantir que os trabalhadores não ficam sobrecarregados. Respeite as regras e os acordos relativos ao horário de trabalho e aos períodos de repouso e permita aos trabalhadores o direito de se desligarem quando estiverem fora do trabalho.


Ao adaptar o trabalho a uma mão de obra reduzida, por ex., através da implementação de novos métodos e procedimentos e da mudança de funções e responsabilidades, verifique se os trabalhadores necessitam de formação e apoio adicionais e certifique-se de que todos os trabalhadores têm competências para desempenhar a tarefa que lhes é exigida.


Forneça formação interdisciplinar aos trabalhadores para desempenharem funções essenciais de modo a que o local de trabalho possa funcionar, mesmo na ausência dos trabalhadores-chave.


Se depender de trabalhadores temporários, é importante informá-los sobre os riscos no local de trabalho e dar-lhes formação, se necessário.


Gerir os trabalhadores que trabalham a partir de casa

No âmbito das medidas de distanciamento físico adotadas na maioria dos Estados-Membros, os trabalhadores são incentivados ou obrigados a trabalhar a partir de casa se a natureza do seu trabalho o permitir. Para muitos destes trabalhadores, pode ser a primeira vez que trabalham como «teletrabalhadores» e o seu ambiente de trabalho é provavelmente deficiente em muitos aspetos, em comparação com o seu local de trabalho. O grau de adaptação do ambiente doméstico varia em função da situação do trabalhador e do tempo e dos recursos disponíveis para as adaptações.

 

Está disponível aconselhamento sobre a segurança e a saúde durante o trabalho em casa aqui, mas dirige-se em grande medida àqueles que trabalham em teletrabalho regular ou a longo prazo. Abaixo encontram-se algumas sugestões para minimizar os riscos para os trabalhadores que não conseguiram preparar adequadamente o seu local de trabalho doméstico.

 

Proceda a uma avaliação dos riscos envolvendo os trabalhadores que fazem teletrabalho e os seus representantes.


Permita que os trabalhadores levem para casa os equipamentos que utilizam no local de trabalho a título temporário (caso não o possam ir buscar, considere a possibilidade de organizar a sua entrega). Pode incluir itens como computadores, monitores, teclados, ratos, impressoras, cadeiras, apoios de pé ou lâmpadas. Mantenha um registo dos itens atribuídos a cada trabalhador para evitar confusões quando o trabalho normal for retomado.


Forneça aos teletrabalhadores orientações sobre a criação de uma estação de trabalho em casa que aplique boa ergonomia, como uma postura correta e movimentos frequentes, tanto quanto possível.


Incentive os trabalhadores a fazerem pausas regulares (a cada 30 minutos) para se levantarem, movimentarem e esticarem.


Dê apoio aos teletrabalhadores na utilização de equipamento e software informático. As ferramentas de teleconferência e videoconferência podem tornar-se essenciais para o trabalho, mas podem ser problemáticas para os trabalhadores que não estão habituados a utilizá-las.


Garanta uma boa comunicação a todos os níveis que inclua as pessoas que trabalham em casa. Isto vai desde a informação estratégica fornecida pela gestão de alto nível até às funções dos superiores hierárquicos diretos dos trabalhadores, sem esquecer a importância da interação social de rotina entre os colegas. Enquanto a primeira pode ser abordada em reuniões em linha programadas, a última pode ser incentivada através de conversas em linha ou de reuniões em «cafés virtuais».


Não subestime o risco de os trabalhadores se sentirem isolados e sob pressão, o que, na ausência de apoio, pode resultar em problemas de saúde mental. A comunicação e o apoio eficazes pelos superiores hierárquicos e pelos colegas, bem como a capacidade de manter o contacto informal com os colegas é importante. Considere a possibilidade de realizar reuniões regulares de pessoal ou de equipa em linha ou de alternar os trabalhadores que possam estar presentes no local de trabalho, se tiver sido iniciado um regresso gradual ao trabalho.


Esteja ciente de que o seu trabalhador pode ter um parceiro que também está a trabalhar em teletrabalho ou crianças que possam necessitar de cuidados, uma vez que não estão na escola, ou que precisam de estabelecer uma ligação remota para continuar o seu trabalho escolar. Outros poderão necessitar de prestar cuidados a idosos ou a doentes crónicos e a pessoas que se encontram em confinamento. Nestas circunstâncias, os superiores hierárquicos terão de ser flexíveis em termos de horas de trabalho e de produtividade do seu quadro de pessoal e terão de sensibilizar os trabalhadores da sua compreensão e flexibilidade.


Ajude os trabalhadores a estabelecer limites saudáveis entre o trabalho e o tempo livre, comunicando claramente quando se espera que estejam a trabalhar e disponíveis.


Envolver os trabalhadores

A participação dos trabalhadores e dos seus representantes na gestão da SST é fundamental para o sucesso e uma obrigação legal. Isto aplica-se igualmente às medidas tomadas nos locais de trabalho em relação à COVID-19, altura em que os acontecimentos se desenvolvem rapidamente, com um elevado nível de incerteza e de ansiedade entre os trabalhadores e a população em geral.

 

É importante que consulte atempadamente os seus trabalhadores e/ou os respetivos representantes, bem como os representantes da saúde e da segurança sobre as alterações planeadas e a forma como os procedimentos temporários irão funcionar na prática. Associar-se aos seus trabalhadores na avaliação dos riscos e no desenvolvimento de respostas é uma parte importante das boas práticas em matéria de saúde e segurança no local de trabalho. Os representantes da saúde e da segurança e os comités de saúde e de segurança estão numa posição única para ajudar a conceber medidas preventivas e garantir o sucesso da sua execução.

 

Considere também como garantir que todos os trabalhadores e prestadores de serviços têm acesso às mesmas informações.

 

Cuidar dos trabalhadores doentes

Segundo a Organização Mundial de Saúde, os sintomas mais frequentes da COVID-19 são febre, cansaço e tosse seca. Algumas pessoas ficam infetadas, mas não desenvolvem quaisquer sintomas e não se sentem mal. A maioria das pessoas (cerca de 80%) recupera da doença sem necessidade de tratamento especial. Uma pequena proporção das pessoas que contraem COVID-19 ficam gravemente doentes e desenvolvem dificuldades respiratórias. As pessoas mais velhas e os doentes com patologias clínicas subjacentes, tais como tensão arterial elevada, problemas cardíacos ou diabetes, têm uma maior probabilidade de desenvolver uma doença grave.

 

As pessoas que ficaram gravemente doentes podem necessitar de atenção especial mesmo depois de terem sido declaradas aptas para trabalhar. Existem algumas indicações de que os doentes com coronavírus podem sofrer uma redução da capacidade pulmonar após um episódio da doença. Os trabalhadores nessa situação podem necessitar de adaptar o seu trabalho e podem necessitar de ausentar-se para se submeterem a fisioterapia. Os trabalhadores que tiveram de passar algum tempo nos cuidados intensivos (CI) podem enfrentar desafios específicos. O médico do trabalhador e o serviço de saúde no trabalho, se disponível, devem aconselhar a forma e o momento do seu regresso ao trabalho:

 

Fraqueza muscular. Isto torna-se mais grave quanto mais tempo o doente estiver nos CI. A redução da capacidade muscular também se manifesta, por exemplo, em queixas respiratórias. Outro fenómeno comum, mas menos frequentemente reconhecido, é a síndrome pós-internamento em cuidados intensivos (SPICS). Isto acontece em cerca de 30 a 50% das pessoas admitidas nos CI e é comparável a uma perturbação de stresse pós-traumático.


Problemas de memória e concentração. Muitas vezes, estas queixas só se desenvolvem com o tempo. Depois de alguém começar a trabalhar, isto nem sempre é reconhecido. Os sintomas visíveis no trabalho são problemas de memória e concentração, dificuldade em desempenhar as tarefas de forma satisfatória e capacidades de resolução de problemas mais fracas. Por este motivo, é importante estar atento a esta situação se tiver conhecimento de que alguém esteve nos CI. Uma boa orientação é muito importante, pois é difícil para alguns trabalhadores voltar ao seu nível de desempenho anterior.


Muito tempo para retomar o trabalho. Os dados mostram que um quarto a um terço das pessoas que estão nos CI podem desenvolver problemas, independentemente da sua idade. Aproximadamente metade dos doentes necessitam de um ano para retomar o trabalho e até um terço poderá nunca regressar.


Os médicos da medicina do trabalho e os serviços de saúde estão numa melhor posição para prestar aconselhamento sobre como cuidar dos trabalhadores que estiveram doentes e sobre quaisquer adaptações que possa ser necessário efetuar no seu trabalho. Se não dispõe de um serviço de saúde no trabalho, é importante abordar estas questões com sensibilidade e respeitar a privacidade e a confidencialidade dos trabalhadores.

 

Esteja ciente do risco de os trabalhadores que estiveram doentes com COVID-19 poderem sofrer estigma e discriminação.


Planear e aprender para o futuro

Apesar de a vacinação contra a COVID-19 poder vir, no futuro, a terminar a pandemia, é importante elaborar ou atualizar planos de contingência de crise para eventos futuros de encerramento e arranque, conforme descrito em COVID-19: orientações para os locais de trabalho Mesmo as pequenas empresas podem fazer uma lista de verificação que as ajudará a prepararem-se caso tais situações ocorram no futuro.

 

As empresas que utilizaram o teletrabalho pela primeira vez podem considerar a sua adoção como uma prática de trabalho moderna e a longo prazo. A experiência adquirida durante a pandemia da COVID-19 pode contribuir para o desenvolvimento de uma política e procedimentos de teletrabalho ou para a revisão dos existentes.

 

Manter-se bem informado

A quantidade de informações relacionadas com a COVID-19 pode ser esmagadora e pode ser difícil diferenciar a informação fiável e exata da informação vaga e enganadora. Verifique sempre se a fonte original das informações é uma entidade de referência ou qualificada. As fontes oficiais de informação sobre a COVID-19 incluem:

 

Organização Mundial de Saúde

Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças

Comissão Europeia

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho


À medida que a crise pandémica abrandar, graças à vacinação e começar a haver um relaxamento das contramedidas, podem ser emitidas informações específicas para setores, comunidades ou grupos específicos, que podem ser atualizadas com frequência. No seu país, os ministérios da saúde e do trabalho terão informações relevantes e poderão fornecer ligações para fontes mais especializadas.

 

Setores e profissões

As pessoas com empregos que as colocam em contacto físico com outras correm o maior risco de contrair a COVID-19. Para além dos trabalhadores do setor da saúde, dos cuidados em residências ou lares e domiciliários, os trabalhadores essenciais em maior risco incluem, por ex., aqueles envolvidos no abastecimento alimentar e no retalho, na recolha de resíduos, nos serviços públicos essenciais, na polícia e na segurança, e nos transportes públicos.

 

Da mesma forma que alguns países restringiram o trabalho em alguns setores antes de outros – geralmente suspendendo primeiro a educação, o lazer e o entretenimento, e a indústria e a construção em último – o regresso ao trabalho após o relaxamento das medidas pode ser igualmente escalonado, mas em ordem inversa. Estão disponíveis orientações específicas do setor relacionadas com a COVID-19 de vários países e é apresentada uma seleção abaixo. Consulte os sítios na Internet da EU-OSHA e da sua autoridade ou instituto nacional de SST para mais exemplos.

 

Aceda à versão original Aqui.



0 comentários:

Enviar um comentário