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quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Riscos de teletrabalho para a saúde no contexto da pandemia COVID-19: Evidência da investigação e implicações políticas

 

imagem com DR


 Recentemente foi publicado um novo relatório que explora os riscos de Segurança e Saúde associados ao aumento significativo do teletrabalho provocado pela pandemia de COVID-19, quando ainda muitas pessoas continuam a trabalhar em casa.


Apresenta entrevistas aprofundadas a trabalhadores e empregadores, analisando em particular os riscos de lesões musculosqueléticas (LME) e os problemas psicossociais que afetam os teletrabalhadores.


Quais são as medidas atualmente em vigor para prevenir a gerir esses riscos? Que mais pode ser feito para proteger a saúde do número crescente de teletrabalhadores? O relatório oportuno aborda estas e outras questões. 


Encontra-se em inglês, pelo que o Departamento de SST procedeu à tradução do seu conteúdo, sendo publicado de forma faseada neste Blog.


Boa leitura!



Resumo Executivo

 

Introdução

A extensão sem precedentes do teletrabalho em resultado do surto COVID-19 levantou questões sobre o impacto desta forma de organização de trabalho a longo prazo. Embora o teletrabalho possa tornar-se mais proeminente para as empresas e os trabalhadores, os aspetos da segurança e da saúde no trabalho (SST) precisam de mais atenção. Este estudo centra-se nos aspetos do teletrabalho e da SST, abordando as seguintes questões de investigação:

 

• Qual é o estado atual do conhecimento sobre o impacto do teletrabalho na incidência de riscos psicossociais e distúrbios músculo-esqueléticos (DME)? Quais são os principais fatores que modulam estes impactos e estes foram afetados pela prática de teletrabalho alargado durante a pandemia COVID-19?

 

• Como é que a pandemia COVID-19 alterou os padrões do teletrabalho e a composição da população em teletrabalho? Em que medida estas alterações são temporárias ou permanentes? Quais são as diferenças na experiência do teletrabalho entre diferentes grupos de trabalhadores?

 

• Quais são as novas evoluções regulamentares e políticas relacionadas com a prática do teletrabalho? Qual o impacto sobre as condições de trabalho e, em particular, sobre a SST?

 

O estudo combinou a pesquisa de trabalho da literatura e de investigação de campo.

Foi realizada uma extensa revisão da literatura sobre a temática do teletrabalho. A análise da regulamentação do teletrabalho baseou-se na consulta da UE-OSHA com a sua rede nacional de pontos focais (PFN) no outono de 2020 e numa revisão de literatura adicional.

 

O trabalho de campo foi realizado em três países (Espanha, França e Itália) de fevereiro a maio de 2021 através de entrevistas semiestruturadas (48 entrevistas a trabalhadores e 18 entrevistas a empregadores).

 

Padrões de teletrabalho


A prevalência do teletrabalho nos 27 Estados-Membros da UE (UE-27) foi bastante modesta em 2019. Estava concentrado principalmente no grupo de profissionais e gestores altamente qualificados como um padrão de trabalho ocasional.


Esta situação mudou drasticamente com o surto da pandemia COVID-19, uma vez que o teletrabalho se torna a norma para todos os postos de trabalho em que tal era tecnicamente viável. No auge da pandemia (julho de 2020), quase metade dos trabalhadores trabalhavam a partir de casa, pelo menos, parte do seu tempo de trabalho, dos quais quase metade não tinha experiência anterior neste forma de trabalho.


Os dados do Inquérito à Força de Trabalho da UE de 2020 mostram um aumento substancial da prevalência de teletrabalho regular entre os trabalhadores na UE-27: de 3,2 % em 2019 para 10,8 % em 2020. A percentagem de trabalhadores que ocasionalmente trabalham a partir de casa manteve-se estável (7,9%).

 

Estima-se que cerca de um terço do emprego dependente na UE-27 poderia ser realizado remotamente. Foram conduzidas algumas investigações para explorar se, e de que forma, a mudança maciça para o trabalho a partir de casa durante a crise COVID-19 pode ter implicado mudanças sustentáveis nas práticas da organização de trabalho das empresas e na perceção dos trabalhadores, e continuará a ser uma opção para as profissões que anteriormente não tiveram acesso a este regime de trabalho:

 

• Alguns estudos sugerem que as perceções de trabalhar a partir de casa tanto dos colaboradores como dos gestores melhoraram substancialmente desde o início da pandemia, o que se traduz numa preferência generalizada por acordos de trabalho híbridos.

 

• Os principais desafios são como adaptar o controlo e a monitorização do desempenho às profissões tradicionalmente sujeitas a supervisão direta, nomeadamente empregos de média qualificação e como garantir a coordenação e transferência de conhecimentos em profissões que envolvam um elevado grau de interdependência e trabalho em equipa.

 

• Resta saber como o teletrabalho pode ser incorporado em ocupações com uma elevada procura de interação social. A este respeito, os resultados do trabalho de campo podem ser resumidos da seguinte forma:

 

• O teletrabalho forçado proporcionou uma oportunidade de aprendizagem para um grande número de empresas e trabalhadores, especialmente aqueles com experiência limitada ou nenhuma deste acordo de trabalho: estes ajustamentos exigiram um esforço considerável, mas tiveram resultados melhores do que o esperado.

• Os mecanismos de controlo e monitorização do desempenho não foram substancialmente alterados porque provaram ser eficazes, enquanto a coordenação da equipa tem sido particularmente desafiante.

• A maioria das empresas encontra-se a discutir planos para alargar o teletrabalho e a maioria dos trabalhadores expressa uma preferência por continuar com o teletrabalho regular, no futuro, ou pelo menos gostaria de ter a oportunidade de solicitar ocasionalmente trabalhar a partir de casa.

• Isto implicaria uma extensão dos acordos de trabalho híbridos, nomeadamente entre os trabalhadores de média qualificação que desempenham tarefas de processamento de informação (tais como os trabalhadores administrativos e técnicos).

• O teletrabalho "on-demand" pode tornar-se mais proeminente nos postos de trabalho que requerem elevados níveis de interação social.


Tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT


Aceda ao documento original Aqui.




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