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quarta-feira, 26 de maio de 2021

Longas jornadas de trabalho podem aumentar as mortes por doenças cardíacas e derrames, de acordo com a OIT e a OMS

 


Comunicado de Imprensa de 17 de maio de 2021

 

O número de pessoas que trabalham longos períodos de tempo, em todo o mundo, aumentou significativamente, atingindo cerca de 479 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, ou seja 9% da população mundial.

 

As longas jornadas de trabalho levaram a 745.000 mortes por doença isquemia do coração e a derrames em 2016, um aumento de 29% desde 2000, de acordo com novas estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

Numa primeira análise global da perda de vida e da saúde devido a essas duas doenças, que estão associadas aos longos períodos de trabalho, a OMS e a OIT, estimaram que, em 2016, 398.000 pessoas morreram de acidente vascular cerebral e 347.000 de doenças cardíacas atribuíveis a terem trabalhado 55 ou mais horas por semana.

 

A revisão encontrou evidências suficientes de que trabalhar pelo menos 55 horas por semana está associado a um maior risco de doença cardíaca isquemia e a acidente vascular cerebral, em comparação com trabalhar entre 35 e 40 horas por semana.

 

De 2000 a 2016, o número de mortes por doenças cardíacas devido a longas horas de trabalho aumentou 42% e as por acidente vascular cerebral em 19%.

 

“Trabalhar muitas horas pode provocar numerosos efeitos mentais, físicos e sociais. Os governos deveriam levar este assunto muito a sério."

 

Vera Paquete-Perdigão, diretora, Departamento de Governança e Tripartismo da OIT

Com isso, 72% das mortes ocorreram entre homens. Os trabalhadores de meia-idade ou mais velhos com idades entre 60 e 79 anos que trabalharam 55 horas ou mais por semana entre as idades de 45 e 74 anos foram particularmente afetados.

 

Isso é especialmente preocupante, dado que o número de pessoas que trabalham longas horas em todo o mundo aumentou, atingindo cerca de 479 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, ou seja 9 % da população mundial, uma tendência que coloca mais pessoas em risco de incapacidades relacionadas ao trabalho e à morte prematura.

 

"Trabalhar muitas horas pode provocar numerosos efeitos mentais, físicos e sociais. Os governos deveriam levar este assunto muito a sério. " Vera Paquete-Perdigão, diretora, Departamento de Governança e Tripartismo da OIT. 

 

"A pandemia da COVID-19 piorou a situação, pois os trabalhadores podem ser afetados por riscos psicossociais adicionais decorrentes da incerteza da situação de trabalho e do aumento do tempo de trabalho."

 

A disseminação do teletrabalho, as novas tecnologias de informação e comunicação e o aumento dos empregos flexíveis, temporários ou autônomos têm aumentado a tendência para trabalhar longas horas. Também levou à uma indefinição dos limites entre o tempo de trabalho e os períodos de descanso.

 

Para enfrentar este problema, o relatório afirma que governos, empregadores e trabalhadores devem implementar uma série de medidas, incluindo:

 

- Governos podem ratificar e desenvolver políticas para implementar as Normas Internacionais do Trabalho sobre tempo de trabalho, como o estabelecimento de normas sobre os limites de tempo de trabalho, os períodos de descanso diários e semanais, férias anuais remuneradas, proteção de trabalhadores noturnos e o princípio da igual de tratamento para pessoas com trabalho em meio período.

- Governos, em consulta com os parceiros sociais (organizações de trabalhadores e de empregadores), podem introduzir leis e políticas que garantam limites máximos ao tempo de trabalho e promovam a conformidade no local de trabalho para condições de trabalho decente.

- Empregadores, em colaboração com os trabalhadores, podem organizar o tempo de trabalho para evitar resultados negativos para a saúde dos trabalhadores em relação ao trabalho por turnos, trabalho noturno, trabalho de fim de semana e horários flexíveis.

 

As novas estimativas analisam o número de mortes e vidas saudáveis perdidas devido à exposição a fatores de risco ocupacionais, por exemplo, exposição a substâncias químicas e cancro, entre muitos outros.

 

 A análise detalhada das estimativas indica que as 15 convenções ativas da OIT relativas às horas de trabalho salvaram cerca de 143.000 vidas, além disso, a ratificação universal das convenções seria capaz de salvar mais 415.000 vidas em todo o mundo.

 

A análise foi possível graças às novas metodologias desenvolvidas em conjunto pela OIT e pela OMS, que permitem estimar o impacto dos fatores de risco ocupacionais na saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras. Espera-se que essas metodologias permitam mais ações de prevenção baseadas em evidências.

 

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