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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Conclusões do Webinar sobre a Prevenção do Cancro relacionado com o Trabalho

 



 

Contextualização      

                  

A UGT tem sido pioneira na discussão e na abordagem sindical da problemática do cancro relacionado com o trabalho.


A defesa da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras constitui-se como um objetivo prioritário da ação sindical, pelo que não podemos aceitar que o cancro continue a ser a primeira causa de mortalidade associada ao trabalho na UE.


Não podemos aceitar que 53% das mortes relacionadas com o trabalho na UE continuem a estar associadas à exposição a agentes cancerígenos no trabalho (informação difundida pelo Roteiro dos Agentes Cancerígenos).


Não podemos aceitar que  trabalhadores e trabalhadoras estejam expostos a agentes cancerígenos no seu trabalho e que por isso, desenvolvam um cancro de origem profissional.


Estamos cientes desta realidade que tanto sofrimento causa a inúmeros trabalhadores e trabalhadoras e suas famílias e, sabemos que temos um papel ativo a desempenhar, não só na promoção da informação, sensibilização e prevenção dos riscos inerentes à exposição a agentes cancerígenos, bem como no apoio aos trabalhadores que se encontram a passar por esta situação e àqueles que regressam ao trabalho depois de uma vivência de um cancro.


Ciente das suas responsabilidades nesta matéria, a  UGT tem vindo a desenvolver  um conjunto de ações,  a começar pela publicação, em 2018 , de um Guia Sindical sobre Cancro no Local de Trabalho: Riscos, Efeitos na Saúde e Prevenção em que pretendemos informar e sensibilizar os trabalhadores e seus representantes para os riscos associados à exposição a agentes cancerígenos no local de trabalho.


Mais recentemente, desenvolvemos uma Campanha de Prevenção do Cancro relacionado com o Trabalho, na qual foram disseminados um conjunto significativo de materiais, dos quais destacamos a concretização de um Plano de Ação Sindical para a Prevenção do Cancro relacionado com o Trabalho, bem como um conjunto significativo de propostas com vista à eliminação do Cancro relacionado com o Trabalho.


Esta Campanha culminou no desenvolvimento de um Webinar Internacional que teve lugar no dia 5 de novembro de 2020 e,  para o qual foram convidados peritos nacionais e internacionais que muito contribuíram para a discussão desta problemática.


O Departamento de SST vai publicar, brevemente, uma brochura digital que pretende ser o registo das principais informações e conclusões, bem como de algumas pistas de ação para o futuro, com vista a travar este verdadeiro flagelo que afeta a saúde e a vida de tantos trabalhadores e trabalhadoras. 


Neste âmbito – combate ao cancro relacionado com o trabalho – importa, hoje, estender ao mundo do trabalho medidas e intervenções de fundo, sobretudo ao nível da prevenção e da substituição das substâncias cancerígenas nos locais de trabalho.


Combater o risco de exposição a agentes cancerígenos nos locais de trabalho deve ser a nossa MISSÃO

 

Palavras proferidas pelo Secretário Geral da UGT, Carlos Silva, na sessão de abertura do Webinar Internacional

 

Mensagens comuns


- A exposição a agentes carcinogénicos ameaça a saúde e a vida dos trabalhadores, mas também a sua participação no trabalho e na produtividade, com efeitos adversos para as empresas e para os empregadores. Por conseguinte, a exposição profissional a agentes cancerígenos deve ser prevenida ou reduzida. Se forem tomadas medidas adequadas no local de trabalho, o peso dos cancros poderá ser significativamente reduzido.


- É prioritário serem encetados esforços para substituir as substâncias potencialmente cancerígenas que se encontram nos locais de trabalho e às quais os trabalhadores estão expostos.


- A prevenção é a chave para termos locais de trabalho seguros e saudáveis.


- Seria possível eliminar todas as mortes  relacionadas com o trabalho  causadas pela exposição a agentes cancerígenos, caso se eliminasse e  se substituísse todos os agentes cancerígenos no local de trabalho.


- Para a maioria dos agentes cancerígenos, não há exposição segura. Mesmo níveis muito baixos de exposição podem causar cancro. Em contrapartida, a minimização dos níveis de exposição reduz os riscos. Este é o principal objetivo dos VLE para carcinogéneos. Isto significa que os VLE devem ser estabelecidos a um nível claramente inferior ao valor atual. E mesmo que a exposição não exceda o VLE, as empresas deverão tentar reduzi-lo, caso não seja possível encontrar um produto que o substitua.


- Apoio generalizado do "Princípio da Precaução", o qual consagra que se houver uma possibilidade razoável de que uma substância possa causar danos, então deve haver uma presunção de que irá causar e, portanto, deve ser controlada de forma adequada.


- São necessários esforços a todos os níveis: melhor aplicação da legislação, estratégias de sensibilização para melhorar a perceção de risco de todas as partes interessadas, especificações de medidas preventivas abrangentes para todos os processos de trabalho que envolvam esses fatores de risco, melhor execução e controlo do cumprimento da legislação.

 

Reivindicações do Movimento Sindical Europeu

Reivindicação que se traduz na fixação de novos valores limite de exposição vinculativos para 50 substâncias, em 2024

 

Atualmente encontram-se incluídas 25 substâncias cancerígenas na Diretiva CMD, o que vai melhorar indiscutivelmente as condições de trabalho de milhões de trabalhadores europeus, protegendo-os da exposição a agentes cancerígenos no trabalho. O objetivo é atingir-se mais 25 substâncias, conseguindo-se cobrir assim cerca de 80% das situações de exposição nos locais de trabalho.

 

Reivindicação que se traduz na inclusão das substâncias reprotóxicas  na quarta revisão da Diretiva CMD

 

As substâncias reprotóxicas são substâncias químicas que, se inaladas, ingeridas ou se penetrarem na pele, representam uma grave ameaça à fertilidade em homens e mulheres, podendo também alterar gravemente o desenvolvimento do feto durante a gestação e após o nascimento. Essas substâncias estão amplamente presentes em ambientes de trabalho, pois são utilizadas em plastificantes, biocidas e na fabricação de, entre outras, ligas, baterias e vidro.


Embora seja difícil estimar quantos trabalhadores na UE sejam afetados pela exposição a reprotoxinas, alguns estudos têm mostrado que as vítimas são encontradas especialmente em determinados setores ocupacionais, nomeadamente, na agricultura, serviços de assistência, limpeza e manutenção, metalurgia e petroquímica, cabeleireiros e cosmetologia.


De acordo com as estimativas da CES, um mínimo de 1% da força de trabalho, em cada país da UE, encontra-se exposta a, pelo menos, uma substância tóxica para a reprodução no trabalho, o que representa mais de 2 milhões de trabalhadores na UE-28.


De referir que existem já sete Estados-Membros europeus que representam 46% da força de trabalho da UE (Áustria, Bélgica, República Checa, Finlândia, França, Alemanha e Suécia) que alargaram o âmbito da Diretiva Carcinogénicos e Mutagénicos a substâncias tóxicas para a reprodução ao transpô-la para a legislação nacional.


É chegada a hora da CE proteger eficazmente todos os trabalhadores da UE que entram em contacto com substâncias tóxicas para a reprodução e alargar o âmbito da diretiva.

 

Reivindicação que se traduz na inclusão dos medicamentos perigosos (MP) e, em particular, dos medicamentos citotóxicos, citostáticos e antineoplásicos na quarta revisão da Diretiva CMD

 

Importa proteger os trabalhadores expostos a substâncias cancerígenas ou mutagénicas resultantes da preparação, administração ou eliminação de medicamentos perigosos, designadamente medicamentos citostáticos ou citotóxicos, bem como protegê-los do trabalho que implique a exposição a substâncias cancerígenas ou mutagénicas no âmbito da limpeza, do transporte, da lavagem de roupa e da eliminação de resíduos de medicamentos perigosos ou de materiais contaminados por medicamentos perigosos, bem como no quadro dos cuidados pessoais prestados a doentes tratados com medicamentos perigosos.


Tais fármacos requerem manipulação individual para cada paciente antes de serem administrados como infusões ou injeções, o que pode levar a erros, derrames, lesões na agulha e contaminação, que representam riscos claros para a saúde dos trabalhadores afetados pelo fármaco através da absorção dérmica.


Quase 13 milhões de trabalhadores estão expostos a medicina ou a medicação citotóxica, pelo que importa proteger os trabalhadores na preparação, administração e posterior tratamento com esta medicação.

 

Alguns Caminhos a percorrer, Prioridades e Compromissos para o futuro

 

- Possibilidade de metodologia para o estabelecimento dos valores limites de exposição ser utilizada por outros países.

 

- Revisão Urgente do VLE Amianto

 

- Necessidade de um trabalho contínuo na adaptação e na atualização da legislação europeia para garantir níveis de proteção superiores.

 

- Desenvolvimento de uma Campanha de Informação, dirigida a trabalhadores e empregadores que de uma forma simples e clara expliquem a legislação sobre os agentes cancerígenos e mutagénicos.

 

- Registos Nacionais que monitorizem as exposições a agentes químicos cancerígenos

 

- Necessidade de ser  conferida mais atenção aos Grupos Vulneráveis, em particular as mulheres e os jovens.

 

- Reforçar o Controlo da Inspeção de Trabalho nas empresas que utilizam agentes cancerígenos.

 

- Desenvolvimento de Campanhas de Sensibilização e Informação sobre agentes cancerígenos, no sentido de tornar visíveis os danos causados por estes.

 

- Estabelecimento de Mecanismos para assegurar a adequada comunicação e informação sobre os riscos de exposição a agentes cancerígenos.



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