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terça-feira, 28 de julho de 2020

Agentes biológicos e prevenção de doenças relacionadas com o trabalho: uma revisão - Resumo - Parte III

 

 

Riscos emergentes


Um   dos  objetivos    desta  revisão  era recolher  informações  sobre os riscos emergentes  relacionados com  a  exposição dos  agentes biológicos  no trabalho,  os problemas de saúde  relacionados    e  como  estes  poderiam  ser  evitados.


A informação  sobre  a  prevalência  ou  incidência  da  exposição  a  agentes biológicos  e  às  doenças associadas  é  escassa. O  conceito  de riscos emergentes    abrange riscos recém-criados    ou  recentemente  identificados, riscos    crescentes  ou riscos que  se estão  a tornar  mais  amplamente  conhecidos  ou  estabelecidos.

A  definição  de  risco  emergente  foi  incluída pela primeira vez   numa previsão  da UE-OSHA  de riscos biológicos  emergentes    (EU-OSHA, 2007).

Um risco de SST é  muitas vezes  definido  como  qualquer  risco  profissional  que  seja  novo  e  crescente. Em  termos  de  agentes  biológicos  na  Europa, foram  considerados riscos emergentes  significativos as novas  bactérias desenvolvidas    através da  bioengenharia  e o aumento da exposição  a  bactérias  e  fungos  devido  ao  aumento da  recolha  e  separação  dos  resíduos  orgânicos.

 Os peritos envolvidos   nesta  revisão  alertaram  que o aumento  esperado  de postos de trabalho verdes  no  futuro  que pode  resultar   numa  maior  prevalência  de sensibilização para agentes alergénios    biomassa.

Além disso,  devido  ao enorme  fluxo  migratório  dos  últimos  anos,  o  risco de transferência  de agentes biológicos do Médio   Oriente e de  África  para a  Europa  é  considerado  um  fator   importante.

Apesar do grande  aumento  do  movimento  entre populações de  regiões    muito  diversas    (incluindo  a Ásia, Médio Oriente, África) para  a  região europeia, a investigação  sobre  a  transferência de doenças relacionadas com agentes biológicos de populações  fora  da  região    limitou-se  a  apenas  uma  publicação,  embora  sem  contexto   profissional,   indicando  e  importantes lacunas de  investigação e  de monitorização. 

As alterações climáticas   são também  consideradas  um  parâmetro   significativo no que diz respeito  aos riscos  recém-criados,     na medida em que  influencia  a  distribuição  geográfica  dos  vetores  (carrapatos,  mosquitos)  de  agentes  biológicos, facilitando   assim  a  propagação  de  doenças  que  são  novas para uma  região.

O vírus da hepatite parece  ser  um  problema  emergente  em  vários  países  industrializados, e está  principalmente  associado a  viagens a  área endémica de hepatite  E , por  exemplo,  o pessoal das companhias aéreas ou o contacto  com  suínos  (que são um dos principais  reservatórios do vírus da  hepatite  E).

Com  efeito,  a previsão de peritos da UE-OSHA  sobre os riscos biológicos  emergentes    (EU-OSHA, 2007)  indicou  que  os animais  podem  atuar como  reservatórios  de  agentes biológicos,   potencialmente  resultando em epidemias ou  zoonoses  globais, abrangendo  doenças  como  a síndrome  respiratória  aguda grave  (SARS), a gripe aviária,   os  vírus Ébola  e  Marburgo , a  cólera, o dengue,  sarampo,  meningite,  febre amarela e a tuberculose  que  podem  ser  particularmente  relevantes para os trabalhadores que desenvolvem atividades com  animais (EU-OSHA, 2007).

Isto  foi  confirmado  pela  investigação   desta  análise  que  identificou  uma  vasta  gama  de  possíveis  zoonoses.

Além disso,  pode haver uma maior disseminação  destas doenças  devido às alterações  climáticas, alterações  na  forma como os    setores  são  organizados, por  exemplo,  para  a reprodução  e  transporte  de  animais,  os  padrões de viagem  ou  as mudanças económicas  e  os  movimentos de mercadorias    e  migrações  causados    pela  globalização  da  economia.

 A  recente  epidemia de Coronavirus  é  um  exemplo  de  tal    impacto. Uma  visão geral  das    muitas  doenças  e  agentes biológicos que as  causam  está  prevista  na  revisão literária    (EU-OSHA, 2019a).

No que diz respeito às profissões relacionadas com os animais,  especialmente a agricultura animal,  a  crescente  industrialização  das  atividades  foi  reconhecida  como  um  problema  devido  ao  aumento da dimensão  das  explorações  industrializadas  e  do número  de  animais,  facilitando a    propagação  de  doenças.

 A  reprodução intensiva e as mudanças tecnológicas  na  agricultura  estão   também  a colocar os trabalhadores  em  risco  de  serem  expostos  a  poeiras orgânicas. 

 A  crescente  resistência  dos  microrganismos  aos  antibióticos  foi  outro dos riscos  mencionados  na  literatura  e  abordados  em  vários Estados-Membros. Esta  evolução coloca em  risco  os profissionais de   cuidados, bem  como os trabalhadores  do  setor   agrícola,  devido à reprodução  intensiva  e  à  utilização  generalizada de  antibióticos.

Foi  relatado  que  o  elevado  número  de animais mantidos  na  criação  pode conduzir a resistência  bacteriana  aos  antibióticos.  A alteração  dos padrões  no  comportamento humano, nomeadamente o  comportamento das viagens, também é  considerada um dos principais  intervenientes  nos riscos emergentes.

O facto  de existirem atualmente programas de vacinação  para  doenças    como a malária,  mais  frequentemente  associada aos países em   desenvolvimento, existem atualmente nos  Estados-Membros  da UE, o que sugere que  alguns  países (por exemplo,  o Reino Unido,  os  Países Baixos)  reconhecem  a  importância  desta situação.

As partes interessadas mencionaram  também   algumas  questões, para além das  identificadas  na  revisão literária, como o  ressurgimento  da  tuberculose,  ligada,  nomeadamente, à  migração  de  pessoas de fora da   EU.

O vírus  Zika  foi  um dos  que    mais causou  recentemente  preocupação, e que,  no entanto,  não  foi  proeminente  na  pesquisa  literária.   Para além   destas  questões, os especialistas e as partes interessadas  destacaram  o  ressurgimento de doenças comuns na    infância,   a  imprevisibilidade  das  reações alérgicas  e  a  importância  de  abordar a  resistência   antibiótica.


Tradução da inteira responsabilidade do Departamento de SST 


Aceda à versão original Aqui.



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