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quinta-feira, 16 de julho de 2020

Covid-19, matadouros e fábricas de transformação de carne em Espanha



 

(imagem com DR)


Matadouros e fábricas de transformação de carne tornaram-se pontos quentes de surtos de coronavírus. Os trabalhadores da indústria da carne, em todo o mundo, estão a relatar doenças generalizadas entre os seus colegas e comunidades. A atual crise sanitária desmascarou a forma como este setor é o elo mais fraco da cadeia de abastecimento alimentar.

De acordo com os dados divulgados pela EFFAT, na União Europeia, a indústria da carne emprega quase um milhão de trabalhadores. Os recentes surtos de coronavírus detetados nos matadouros espanhóis e nas fábricas de transformação, como os de Binéfar (Huesca) e  Rafelbunyol (Valência), revelam as condições de trabalho dos trabalhadores desse setor.

 A Espanha é o segundo maior produtor de carne da Europa por toneladas de carne produzida.

Condições de trabalho exploradoras, alojamento sobrelotado, até 16 horas de trabalho, baixos salários, deduções salariais ilegais e insegurança no emprego são algumas das injustiças que os trabalhadores da indústria da carne enfrentam tanto em Espanha como na Europa.

Além disso, o setor depende, em grande parte, da mão de obra migrante e transfronteiriça proveniente tanto da UE como de países terceiros. Quer sejam empregados através de práticas de subcontratação, como trabalhadores de agências temporárias, trabalhadores destacados ou obrigados a aceitar o estatuto de trabalhador independente, as condições de trabalho, de habitação  e de emprego de uma parte significativa dos trabalhadores da carne são, segundo a EFFAT, inaceitáveis.

As duas fábricas da cidade de Binefar, Litera Meat e  Fribín, reportaram que vários trabalhadores tiveram resultados positivos para a COVID-19. Juntas, as empresas empregam mais de 1.500 trabalhadores.

Na Litera Meat, os relatórios sobre o número de trabalhadores infetados pelo vírus têm sido contraditórios. Os testes serológicos iniciais resultaram em positivo para cerca de 200 trabalhadores. No entanto, os testes subsequentes efetuados pela gestão da fábrica reduziram o número de 200 para 11.

Na fábrica de Rafelbunyol, foram reportados seis casos pelas autoridades locais.  O sindicato espanhol CCOO assegurou que foi apresentada uma queixa e que será acompanhada por uma inspeção laboral. 

Javier Galarza, representante da CCOO valenciana, confirmou que o surto tinha sido detetado na realização do primeiro lote de testes. Galarza salientou ainda que durante a pandemia a empresa tinha sido informada da possível propagação do vírus, uma vez que vários trabalhadores não se sentiam bem e pediam licença por doença. Isto, segundo Galarza, indica que as medidas de distanciamento físico não foram cumpridas e, por isso, era previsível que um surto pudesse acontecer.

Finalmente, segundo Ildefonso Hernández, da Associação Espanhola de Saúde Pública (SESPAS), as empresas devem investir na prevenção, nos sistemas de transporte e garantir que sejam garantidas condições de trabalho decentes.



Nota: Tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT


Aceda à versão original Aqui.






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