A saúde mental é, na atualidade, uma
das questões que apresenta maiores desafios em matéria de Saúde no Trabalho,
pois tem um impacto significativo na saúde dos trabalhadores e trabalhadoras,
nas organizações e nas economias nacionais.
Estima-se que, dentro em breve, a
depressão será a principal causa de ausência por doença na Europa.
Para além do absentismo, as
consequências de uma má saúde mental encontram-se ligadas a inúmeros outros
efeitos negativos para as empresas, tais como, os níveis de desempenho e
produtividade reduzidos, elevada rotatividade dos trabalhadores e fortes níveis
de desmotivação no trabalho.
As previsões sugerem que 25% dos
cidadãos europeus sentirão um problema de saúde mental na sua vida e que
aproximadamente 10% dos problemas e incapacidades mentais a longo prazo podem
ser ligados a perturbações mentais e emocionais (Rede Europeia para a Promoção
da Saúde no Trabalho).
As conclusões do 5º Inquérito Europeu
sobre as Condições de Trabalho apuraram que 1 em cada 5 trabalhadores europeus
reportaram um deficiente bem-estar mental.
Utilizar o local de trabalho como
palco para promover uma boa saúde mental não só ajuda a proteger a saúde e
bem-estar mental e físico do trabalhador como também será benéfico para a
produtividade das empresas.
De acordo com o inquérito,
recentemente divulgado, «Eurobarómetro - Tomar o pulso à SST»
da UE-OSHA que visa obter
informações sobre o estado da Segurança e Saúde no Trabalho nos locais de
trabalho europeus após a pandemia, podemos aferir que:
- Mais de 4 em cada 10 trabalhadores
(44 %) referem que o seu estado de stress no trabalho aumentou em
resultado da pandemia;
- Quase metade dos inquiridos
(46 %) referiu estar exposto a uma forte pressão de tempo ou a uma
sobrecarga de trabalho;
- Um número consideravelmente
elevado de trabalhadores referiu sofrer de uma série de problemas de saúde
comummente associados ao stress: 30 % dos inquiridos referiram, pelo
menos, um problema de saúde (fadiga geral, dores de cabeça, fadiga ocular,
problemas ou dores musculares) causado ou agravado pelo trabalho;
- De acordo com 50 % dos
trabalhadores, a pandemia veio facilitar a discussão deste assunto no trabalho,
embora nem todos os trabalhadores se sintam à vontade para dizer o que sentem;
- Enquanto 59 % dos trabalhadores
afirmaram não terem problemas em falar sobre a sua saúde mental com um gestor
ou supervisor, 50 % receiam que dar a conhecer um problema de saúde mental
tenha um impacto negativo na sua carreira;
- Em termos de iniciativas e
atividades no local de trabalho para prevenir ou reduzir os riscos, 42 %
referiram que são prestadas, no local de trabalho, informações e formação sobre
bem-estar e como lidar com o stress.
- Relativamente ao aconselhamento e
apoio psicossocial, cerca de 38 % dos trabalhadores afirmaram ter estas
respostas disponíveis nos seus locais de trabalho;
- Cerca de 59 % têm também acesso
a ações de sensibilização e outras atividades de informação sobre segurança e
saúde.
Dados de Portugal
Foram inquiridos, em Portugal, 1020
trabalhadores e trabalhadoras, sendo os principais resultados, os seguintes:
1 - Quando questionados sobre a
disponibilidade de existirem iniciativas e medidas de consciencialização ou
informação sobre SST no seu local de trabalho:
- 51% dos inquiridos afirmaram existir
atividades ou outras iniciativas que proporcionam informações sobre SST;
- 24% relataram ter acesso a
aconselhamento ou apoio psicológico;
- 41% relataram ter disponíveis informações
e ações de formação sobre bem-estar e formas de lidar com o stress no trabalho;
- 30% declararam ser consultados sobre
os aspetos geradores de stress no trabalho.
2 - Quando questionados sobre a
concordância ou discordância das seguintes afirmações sobre stress e saúde
mental no seu local de trabalho:
- 40% dos inquiridos declararam que
concordam que revelar uma condição de saúde mental teria um impacto negativo
sobre a minha carreira;
- 40% afirmaram que a pandemia da
COVID-19 tornou mais fácil falar sobre problemas de stress e saúde mental no
trabalho;
- 51% responderam sentir-se confortáveis
em falar com o seu diretor ou supervisor sobre saúde mental;
- 34% afirmaram que o seu estado de
stress no trabalho aumentou como resultado da pandemia da COVID-19;
3 - Quando questionados sobre os
problemas de saúde que, nos últimos 12 meses, sofreram:
- 32% dos inquiridos responderam ter
sofrido de fadiga geral;
- 25% afirmaram ter dores de cabeça e
fadiga ocular;
- 34% relataram ter problemas ou dores
nos ossos, articulações ou músculos;
- 33% responderam ter sentido stress,
depressão ou ansiedade.
Fonte: Inquérito aos
trabalhadores Tomar o pulso à SST — Segurança e
saúde nos locais de trabalho após a pandemia, levado a cabo pela UE-OSHA.
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