Estudo sobre Assédio Moral no Local de
Trabalho
O caso do sector bancário português
Compreender o fenómeno do assédio moral no mundo do trabalho, levanta
algumas questões. Porquê e como acontece? Quem são as vítimas? Quem são os
agressores? Quais as consequências? Como a vítima se pode defender? Que proteção
legal existe?
O fenómeno do assédio moral não é novo no mundo do trabalho. No entanto,
o seu estudo é recente. A investigação sobre este fenómeno, no nosso país é,
ainda, escassa, pelo que sugerimos neste Blog, a consulta da Tese de Doutoramento
de Ana Teresa Verdasca[1]
sobre o assédio moral no setor bancário português (elaborado sob a orientação
de António Garcia Pereira).
Foi realizada uma
análise empírica, utilizando simultaneamente uma metodologia quantitativa e
qualitativa, e tendo como objetivos específicos os seguintes:
Ø
Medir o nível de incidência de assédio moral quer em termos de
auto-percepção (subjetivo) quer em termos comportamentais (objetivo);
Ø
Caraterizar a experiência de ser alvo de assédio moral,
identificar os comportamentos mais frequentes e principais estratégias
utilizadas pelas vítimas, no decorrer do processo;
Ø
Analisar a relação entre diversos fatores organizacionais e
socioeconómicos e a ocorrência de assédio moral no local de trabalho;
Apontam-se algumas Conclusões:
·
5,9%
dos inquiridos foram alvo de assédio moral frequente nos últimos 12 meses,
24,8% foram alvo de assédio ocasional e 69,3% nunca foram alvo de assédio moral;
·
23,4% dos inquiridos foram testemunha de situações de assédio
moral no seu local de trabalho;
·
42,4%
das vítimas a experiência de assédio teve uma duração superior a 3 anos;
·
A
maioria dos casos (46,7%) refere ter sido vítima juntamente com os colegas do
grupo de trabalho;
·
Uma
percentagem relativamente menor de vítimas (43,3%) refere ter sido alvo de assédio
de forma isolada;
·
Na
maioria dos casos (53,6%) as vítimas de assédio frequente referem ter sido
assediadas por agressores do sexo masculino e 39,3% por agressores de ambos os
sexos, sendo que apenas 7,1% dos alvos referem ter sido alvo de assédio por
agressores do sexo feminino;
·
Relativamente
à posição formal dos agressores, 75,8% das vítimas referem ter sido alvo de assédio
por parte de um superior hierárquico, enquanto apenas 15,2% referem, como
agressores, os colegas de trabalho;
·
No
que se refere aos comportamentos mais frequentes, as vítimas de assédio moral
de carácter severo (ou frequente) referem “frequentemente” que em
69,7% dos casos “As suas opiniões ou pontos de vista são ignorados”, em 57,6%
dos casos “O seu trabalho ou os esforços que faz para o realizar são
persistentemente criticados” e “tem uma carga de trabalho excessiva”;
·
54,5%
dos casos “O seu trabalho é excessivamente controlado”. Estas mesmas vítimas de
assédio moral frequente referem que, ocasionalmente, em 30,9% dos casos
“Tem uma carga de trabalho excessiva”, em 23,7% dos casos “O seu trabalho é
excessivamente controlado”, e em 21,6% dos casos “É-lhe sugerida a realização
de trabalhos claramente abaixo do seu nível de competência”;
·
Relativamente
às estratégias seguidas pelas vítimas de assédio moral frequente ou severo, quando
confrontadas com uma situação de assédio, temos que as estratégias mais frequentemente
utilizadas, de forma frequente, são: “Pensou em mudar de emprego” (57,6%), “Decidiu
ignorar a situação e proceder como se nada se passasse” (51,6%) e “Dedicou-se
ainda mais ao seu trabalho” (48,5%); ocasionalmente133 “Pediram ajuda aos seus
colegas de trabalho” (57,65), “Decidiram dedicar-se ainda mais ao seu trabalho”
(48,5%) e “Enfrentaram o agressor respondendo na mesma moeda” (45,5%).
Consulte
o Estudo sobre Assédio Moral no Local de Trabalho
O
caso do sector bancário português Aqui.
[1] 1Doutorada em Sociologia
Económica, membro do SOCIUS, Universidade Técnica de Lisboa
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