ENVOLVER os JOVENS TRABALHADORES na SST

 

Introdução

 

Envolver os jovens trabalhadores na Segurança e Saúde no Trabalho (SST) é uma ferramenta poderosa para ajudar a fortalecer a cultura e o desempenho da segurança no local de trabalho. Fazer com que os jovens comprem a cultura de segurança de um local de trabalho implica:

 envolvê-los na SST;

 capacitá-los; e

 dando-lhes uma voz que é ouvida.

 

Os jovens devem ter empregos seguros e saudáveis que estejam dentro das suas capacidades. Requerem formnação e supervisão adequados.

 

Têm de ser ativamente empenhados para terem em conta a cultura de segurança do seu local de trabalho e cooperarem em matéria de ST; não basta simplesmente fornecer-lhes um manual de regras de segurança. Com o necessário incentivo e apoio, e desenvolvendo os seus conhecimentos, compreensão, confiança e competência, os jovens são muito mais propensos a desempenhar o seu papel na gestão dos riscos e possíveis problemas de saúde associados aos seus empregos, e tornar-se os "campeões da saúde e segurança" de amanhã.

 

Comunicação e capacitação

 

Para além da formação e supervisão, uma abordagem em matéria de boas práticas em SST direcionada para os jovens trabalhadores inclui o seguinte:

 

 Comunicação - um diálogo bidirecional para garantir que as vozes dos jovens trabalhadores sejam ouvidas e as suas opiniões sejam tidas em conta. Só se os jovens trabalhadores sentirem que algo está a ser feito sobre as questões que levantam estarão interessados em continuar a fazer parte do processo.

 

 Capacitação — dar aos jovens trabalhadores a confiança para desafiarem trabalhadores e gestores mais experientes, mas também reconhecerem que têm responsabilidades e direitos.

 

Cada vez mais, os jovens trabalhadores terão aprendido sobre os fundamentos da prevenção de riscos na escola e na faculdade. Isto dá a um local de trabalho algo para construir e garante que os jovens estejam mais recetivos à segurança e à saúde no trabalho.

 

Prática da empresa

Os exemplos que se seguem demonstram como os jovens podem participar e desempenhar um papel importante no sistema de gestão da segurança de uma organização.

 

A saúde e a segurança fazem parte integrante da formação de aprendizes da empresa de energia E.ON. do Reino Unido. Faz parte do processo o envolvimento dos estagiários/aprendizes na gestão da SST e assegurar o seu envolvimento:

 

 Um coordenador de competências contribui para a supervisão. De três em três meses, é realizada uma revisão do progresso, durante a qual o desempenho do estagiário é avaliado, dando ao coordenador de competências a oportunidade de captar as opiniões do estagiário sobre a SST.

 Os jovens trabalhadores estão envolvidos em primeiro lugar. Por exemplo, os licenciados são designados para projetos de segurança e solicitados a fazer recomendações para a sua melhoria.

Os licenciados, quer estejam a seguir uma gestão ou uma trajetória técnica, estão envolvidos na cultura de segurança da organização.

 

 Os fóruns de comunicação incluem os boletins de segurança eletrónica dos gestores de aprendizes e as mensagens de texto — uma combinação de medidas complementares.

 Um exemplo de um método usado para capacitar aprendizes são os fóruns de aprendizes, que incluem grupos de trabalho sobre equipamento e ferramentas de proteção individual. Aqui, os aprendizes mais experientes transmitem os seus conhecimentos e conselhos aos seus novos pares. Além disso, os representantes de fóruns de aprendizes são convidados a participar numa conferência nacional para representantes da E.ON para a saúde e segurança dos trabalhadores.

 

 Por exemplo, os aprendizes observaram que os óculos de segurança não estavam a ser usados porque não "pareciam fixes". Foi fornecido um novo modelo que foi mais aceite.

 

A experiência dos programas de formação sugere que envolver os jovens na resolução de problemas de SST no seu local de trabalho é mais significativo para eles e ajuda-os a aprender de uma forma mais eficaz. Pode também enriquecer os processos de deteção de riscos e gestão de riscos dos empregadores.

 

Um fornecedor de energia alemão, rWE Westfalen-Weser-Ems, envolve os seus aprendizes do segundo ano com o ensino dos primeiros anos. Com o apoio do seu supervisor ou do departamento de segurança, baseiam-se nas suas próprias experiências de acidentes e quase falhas para preparar uma aula de SST para os seus novos pares. Esta abordagem simples e rentável também fornece ao empregador um contributo adicional para a avaliação e gestão de riscos.

 

Outras formas de ouvir as suas vozes e de acolher as suas ideias incluem uma política de portas abertas, uma linha de ajuda confidencial e um formulário de informação confidencial. Os jovens trabalhadores são encorajados a trabalhar nos fóruns dos trabalhadores da empresa, e a revista de empregados é usada para divulgar as contribuições dos colaboradores.

 

Os jovens trabalhadores podem ter ideias mais relevantes do que outros trabalhadores para envolver os jovens na SST. Por exemplo, na Bélgica, a empresa siderúrgica Arcelor recrutou pessoal através de uma agência de emprego, a Manpower. Os potenciais colaboradores tiveram primeiro de completar alguma formação em saúde e segurança e passar num teste na agência de emprego.

 

No entanto, a taxa de insucesso deste teste foi elevada e observou-se que os novos funcionários tinham retido pouca informação quando começaram no local de trabalho.

 

Em resposta, foi solicitado aos jovens trabalhadores da seguradora mútua AXA que desenvolvessem uma ferramenta interativa de formação de potenciais trabalhadores na agência de emprego. Após a implementação da nova formação e teste de pré-recrutamento, os novos colaboradores estavam mais conscientes das questões relativas à  segurança.

 

O valor colocado nas ideias dos jovens trabalhadores foi demonstrado numa iniciativa de formação profissional holandesa no setor agrícola, envolvendo os conselheiros da SST Stigas. Na sequência da formação sobre prevenção de problemas músculo-esqueléticos, foi pedido aos estudantes de uma faculdade agrícola que propunha uma solução para um problema da vida real durante a sua colocação de trabalho.

 

 As soluções eram muitas vezes simples; por exemplo, os alunos numa colocação de trabalho num projeto de jardinagem paisagística sugeriram a colocação do caminho do jardim no início do projeto, para que os carrinhos de mão pudessem ser empurrados mais facilmente através do local. Esta solução sem custos foi adotada pelo empregador.

 

Para ajudar a identificar e lidar com problemas, os aprendizes da empresa de construção do Reino Unido Sheldon têm discussões regulares de um para um com o gestor de recursos humanos, gestor de formação ou gestor de saúde e segurança.

 

A empresa Sheldon está ciente de que as pessoas têm personalidades e caraterísticas diferentes; alguns são tímidos, enquanto outros estão cheios de confiança, e as pessoas podem 'clicar' mais com um gestor do que com outro, por isso os três gestores estão disponíveis para conversar. Embora estes sejam exemplos de grandes empresas, este tipo de abordagens poderia ser adotado por organizações de qualquer dimensão.

 

O papel dos representantes dos trabalhadores

 

Alguns locais de trabalho são obrigados a ter representantes dos trabalhadores. Os regulamentos nacionais estabelecem os requisitos precisos. Uma boa cultura de segurança envolve uma cooperação ativa com representantes dos trabalhadores (segurança) e sindicatos, onde existem.

 

Quando há um sindicato, os jovens trabalhadores devem ser encorajados a aderir. Os representantes da segurança dos trabalhadores e os sindicatos devem ser convidados a contribuir para o programa de formação. Devem ser consultados sobre questões de SST relativas aos jovens trabalhadores, por exemplo, aquando da realização de avaliações de risco.

 

Um dos papéis do representante da segurança dos trabalhadores é fornecer um canal de comunicação entre o empregador e os trabalhadores. Para que isto seja eficaz, é necessário que os jovens trabalhadores participem.

 

Por exemplo: os representantes da segurança dos trabalhadores devem falar com os jovens trabalhadores, encorajá-los a seguir os procedimentos de segurança e ajudá-los a sentirem-se confiantes em levantar questões de OSH.

 

 O representante para a segurança dos trabalhadores poderia organizar uma discussão específica para os jovens trabalhadores ou realizar com eles um exercício de mapeamento de perigos e riscos.

Nota: tradução da responsabilidade do Departamento de SST

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