Recentemente a UE- OSHA publicou um documento
de reflexão que aborda a SST e as relações laborais, incluindo a negociação
coletiva e o diálogo social.
Este documento revê a literatura relacionada e apresenta uma abordagem metodológica e concetual para medir a qualidade das relações laborais em matéria de SST.
Pela pertinência da temática que a todos diz respeito, principalmente aos representantes dos trabalhadores, procedemos à tradução desta reflexão.
Introdução
A Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (UE-OSHA) está a desenvolver o Sistema de Informação SST da UE que aborda diferentes aspetos da Segurança e da Saúde no Trabalho (SST) em todos os Estados-Membros da UE, mais a Islândia, a Noruega e a Suíça. Trata-se de uma atividade estratégica e de longo prazo para a UE-OSHA, baseada na colaboração e no consenso com as principais partes interessadas: a Direção-geral do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão, os Pontos de Contacto Nacionais, os fornecedores de dados e as instituições da UE detentoras de dados, bem como os fornecedores de dados e as instituições de detenção de dados a nível nacional.
O Barómetro SST da UE, que é um dos dois componentes do Sistema de Informação da UE, sendo o outro o relatório periódico "SST na UE", está disponível em linha, e aborda atualmente 14 grandes temas relacionados com a SST.
Uma
das tarefas para a melhoria do barómetro passa pelo reforço da secção do
diálogo social. Este tema contém quatro indicadores quantitativos, baseados no
Inquérito Europeu às Empresas sobre Riscos Novos e Emergentes (ESENER), que
mostram a presença (em %) de formas institucionais de representação dos
trabalhadores na SST numa empresa:
consultor conjunto; fórum de emprego ou similar; representação sindical; representante para a saúde e segurança; e comissão de saúde e segurança.
Além disso, o barómetro apresenta perfis de países que contêm informações qualitativas sobre o diálogo social e um instrumento de visualização de dados (DVT) que fornece uma descrição qualitativa dos sistemas de diálogo social dos Estados-Membros da UE.
Para
melhorar o Barómetro sobre o diálogo social, a UE-OSHA encomendou ao centro de
investigação social aplicado Notus que executasse as seguintes tarefas:
1.
Uma breve revisão da literatura sobre o diálogo social e a SST;
2.
Uma revisão das fontes existentes para a construção de indicadores
quantitativos sobre o diálogo social e a SST;
3.
Identificação e avaliação dos indicadores quantitativos existentes e potenciais
sobre o diálogo social e da SST em relação aos critérios de qualidade;
4.
Avaliação das vantagens e desvantagens da construção de um indicador
quantitativo sobre o diálogo social e a SST.
Este
artigo resume os resultados dessas tarefas.
Em primeiro lugar, o documento define os principais conceitos, nomeadamente a SST e as relações laborais, incluindo a negociação coletiva e o diálogo social. A segunda secção fornece uma breve revisão literária sobre as relações laborais e a SST.
A
terceira secção apresenta uma abordagem conceptual para a definição da
qualidade das relações industriais no domínio da SST. Com base neste quadro, a
quarta secção identifica e avalia os indicadores quantitativos existentes e
potenciais destinados a medir a qualidade das relações industriais no domínio
da SST, bem como outros indicadores que possam fornecer informações contextuais
valiosas.
Por
último, a última secção avalia os objetivos e vantagens e desvantagens de
diferentes instrumentos analíticos para trabalhar com esses indicadores,
nomeadamente a construção de um painel de instrumentos e um indicador composto,
e a exploração de outras análises estatísticas.
1.
Principais conceitos
1.1
Segurança e saúde no trabalho
A Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (EU-OSHA) define a segurança e a saúde no trabalho (SST) como uma atividade interdisciplinar que se ocupa da prevenção dos riscos profissionais inerentes a cada atividade de trabalho. O principal objetivo é promover e manter o mais alto grau de segurança e saúde no trabalho, criando assim condições para evitar a ocorrência de acidentes de trabalho e doenças, incluindo problemas físicos e mentais.
Por
conseguinte, a SST não se refere apenas à prevenção de acidentes de trabalho ou
doenças profissionais; é também o resultado de tomar medidas para identificar
as suas causas (riscos existentes no local de trabalho), bem como a
implementação de medidas de controlo preventivas adequadas da SST.
Os
empregadores têm a responsabilidade de garantir a segurança e a saúde dos seus trabalhadores,
evitando assim a sua exposição aos riscos profissionais, aos acidentes e
doenças profissionais. Para atingir este objetivo, os empregadores têm de
implementar medidas de segurança e saúde baseadas na avaliação dos riscos e na
legislação.
Na
UE, esta obrigação foi estabelecida pela Diretiva 89/391/CEE do Conselho, de 12
de junho de 1989, relativa à introdução de medidas destinadas a incentivar a
melhoria da segurança e da saúde dos trabalhadores no trabalho (também
conhecida como Diretiva-Quadro SST 89/391/CEE)3 A consecução deste objetivo
exige igualmente o empenhamento dos trabalhadores e dos seus representantes nos
princípios de SST.
Com
o passar do tempo, a compreensão da SST evoluiu, passando de um foco estreito
na segurança e nos riscos físicos para a adoção de uma abordagem mais ampla que
tenha em conta os riscos psicossociais e engloba o bem-estar físico, social e
mental dos trabalhadores, ou seja, a pessoa "inteira" (Organização
Internacional do Trabalho [OIT], 1996).
Os
riscos físicos podem surgir de muitos perigos diferentes (por exemplo,
exposição a substâncias perigosas ou agentes físicos, ou levantamentos pesados
e movimentos repetitivos). Os riscos psicossociais podem decorrer da forma como
o trabalho é concebido, organizado e gerido, bem como do contexto económico e
social do trabalho, e podem resultar num aumento dos níveis de stress que podem
conduzir a uma grave deterioração da saúde mental e física (EU-OSHA, 2007).
Além
disso, é cada vez mais reconhecido que os riscos físicos e psicossociais estão
interligados. Um caso em questão é a compreensão evolutiva das causas e
prevenção das perturbações músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT).
Historicamente,
os esforços para reduzir o risco de LMERT no local de trabalho têm-se centrado
em fatores físicos. No entanto, a relação entre as LMERT e os fatores
psicossociais, tais como cargas de trabalho excessivas ou a falta de apoio de
colegas ou gestores, parece ser crucial.
Os
riscos psicossociais podem exacerbar as LMERT e as LMERT podem ser associados a
fatores psicossociais (EU-OSHA, 2021).
Nota: tradução da responsabilidade do Departamento de SST
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