Os trabalhadores da empresa Amazon
no Reino Unido enfrentam sérios riscos de “doença física e mental”, sustenta
uma reportagem da BBC.
Um repórter da televisão britânica
candidatou-se a um dos lugares da Amazon nos armazéns da empresa em Swansea,
segunda cidade do País de Gales.
O repórter trabalhou em turnos noturnos de dez horas e meia, vendo-se obrigado
a levantar encomendas num armazém que comporta uma área superior a 74 mil
metros quadrados.
Mas a sua câmara oculta não registou
apenas as exigências físicas da função. Cada tarefa que designada vinha
acompanhada das condições que deveria cumprir, mais concretamente dos limites impostos
para a sua conclusão.
Uma ordem indicava-lhe que objeto deveria ir buscar e transportar no seu trolley; mas a mesma voz mecânica determinava os segundos que tinha para cumprir a tarefa e iniciava uma contagem decrescente.
Se o tempo fosse ultrapassado, o scanner que tinha consigo apitava: “Somos máquinas, somos robots, pegamos no scanner e andamos com ele, mas mais valia que estivesse incorporado no nosso corpo”, sublinhou Adam Littler.
Os procedimentos não terminavam aí. Os dados eram depois analisados por um
supervisor que podia determinar a instauração de um inquérito disciplinar
sempre que o trabalhador não cumprisse os mínimos estabelecidos.
Estes aspetos das funções do repórter da BBC foram depois mostrados a Michael Marmot,
médico especialista em saúde do trabalho e uma referência na área do stress
laboral.
O médico, que já esteve em Portugal para uma conferência sobre estas matérias,
considera que as condições de trabalho que pôde testemunhar a partir das
filmagens clandestinas no armazém da Amazon em Swansea “são tudo o que há de
mau”, podendo levar a graves problemas mentais dos trabalhadores.
“As características deste tipo de trabalho, o que vemos é um elevado risco de
doença mental e de doença a nível físico”, afirmou Michael Marmot, sublinhando
essa “prioridade colocada na eficiência a expensas da saúde e do bem-estar dos
trabalhadores”.
Apesar desta análise, a Amazon sustenta que a sua principal preocupação é o bem-estar dos seus colaboradores.
Apesar desta análise, a Amazon sustenta que a sua principal preocupação é o bem-estar dos seus colaboradores.
No entanto, logo a nível legal, um especialista ouvido pela BBC defende que os
turnos feitos durante a noite que sejam particularmente exigentes não podem
comportar mais do que oito horas em cada 24. A empresa alega que cumpre os limites
da legislação laboral.
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