O número de
queixas por assédio moral no local de trabalho têm vindo a crescer nos últimos
anos, apesar de as vítimas "terem mais medo" de denunciar essas
situações em tempo de crise, foi hoje revelado em Coimbra.
"A crise tem
influenciado as situações de assédio moral", disse à agência Lusa a diretora
do Centro Local do Mondego da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT),
Maria de Lurdes Padrão.
Corroborando as visões
de outros especialistas que intervieram no seminário "Assédio moral -
Caminhos estreitos", na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra,
aquela responsável afirmou que a atual crise "tem servido para muita
coisa" nos ambientes de trabalho.
A situação social e
económica do país poderá justificar, na sua opinião, um certo aumento das
participações por assédio moral, por parte das vítimas e dos sindicatos.
No entanto, "não é
possível" confirmar se essa tendência traduz um aumento real das situações
verificadas ou, sobretudo, um acréscimo das denúncias efetuadas, uma vez que a
questão do assédio moral está hoje mais divulgada na sociedade.
Em simultâneo, "o
medo de denunciar as situações é muito maior" em tempo de crise,
"porque o posto de trabalho vai sendo um bem cada vez mais raro",
disse à Lusa Maria de Lurdes Padrão.
A recolha da prova é
"uma das maiores dificuldades" das ações inspetivas desencadeadas por
denúncia de assédio moral.
"Estes fenómenos
são sistemáticos e têm subjacente uma determinada intencionalidade e um determinado
efeito", referiu a inspetora de trabalho, indicando que "muitas
vezes" é mais difícil demonstrar a intencionalidade do assediador.
Na recolha da prova, as
dificuldades agravam-se com uma frequente "falta de solidariedade dos
colegas" do trabalhador assediado, segundo Maria de Lurdes Padrão.
O assédio moral visa
"desgastar e humilhar o trabalhador" e criar condições para o
prejudicar ou excluir mesmo das empresas ou instituições, salientou.
No trabalho,
verificam-se também situações de assédio moral entre pares, que são menos
assumidas pelas vítimas.
"É um fenómeno
muito complexo. As vítimas, muitas vezes, sofrem no silêncio", disse, por
seu turno, Fernando Moreira, docente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde
de Coimbra e um dos organizadores do seminário, cujo tema foi proposto pelos
alunos das cadeiras de Saúde Ocupacional e Segurança no Trabalho.
Fonte:
Jornal Sol
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