Seguindo
o conselho da Agência Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), a
Comissão Europeia tomou a decisão de proibir dois pesticidas: clorpirifós e
clorpirifos-metilo, dois compostos usados como
ingredientes de vários
inseticidas.
A
multinacional Corteva é a principal produtora mundial de clorpirifós, um
produto que está no mercado desde 1966. Atualmente é usado em cerca de 80
países. A decisão da sua proibição foi confirmada pela maioria de votos dos
Estados-Membros da UE em 6 de dezembro de 2019.
Segundo
informações no “Le Monde “, um grupo de países opôs-se à proibição de
clorpirifos-metil (Espanha, Portugal, Itália, Grécia e Polônia), contudo não
conseguiram bloquear a decisão.
As
duas substâncias tinham autorização de utilização concedida desde 2006. Mesmo
em 2006, já existiam estudos que destacavam os riscos do clorpirifós. Em
particular, um estudo realizado por uma equipa de investigação da Universidade
de Columbia, nos EUA, enfatizou que a exposição pré-natal ao clorpirifós
poderia causar deficiências graves no desenvolvimento do feto.
O
impacto dessa substância no desenvolvimento do cérebro de um bebé durante a
gravidez, foi confirmado em vários estudos científicos. Destaca-se o estudo
publicado em 2012, em que foi estabelecida uma ligação entre a elevada exposição
no útero a esta substância e a ocorrência de anomalias cerebrais significativas
nos bebés.
Os efeitos incluem resultados cognitivos bem
abaixo da média, défices de atenção e resultados de QI mais fracos. Outros
estudos destacam o papel desempenhado por essa substância na ocorrência de
autismo nas crianças nascidas em regiões agrícolas.
O
clorpirifós é objeto de um forte debate nos EUA. Embora a Agência Federal de
Proteção Ambiental (EPA) tenha anunciado em 2016 que seria banido, a chegada ao
poder de Donald Trump bloqueou esta decisão, forçando a EPA a renovar autorização
do pesticida em julho de 2019.
Amplamente
criticada, essa decisão alimentou o conflito entre a administração federal e a
Califórnia sobre riscos químicos. Em maio de 2019, a Califórnia tomou a decisão
de proibir os clorpirifós.
Segundo
Laurent Vogel, investigador da ETUI, “embora tarde, essa é uma decisão
bem-vinda. Oito países da UE já haviam decidido proibir o clorpirifós no seu
território (Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Letônia, Lituânia, Eslovénia
e Suécia), mostrando que a existência de políticas mais ambiciosas em matéria de
proteção da saúde e do meio ambiente de certos Estados-Membros podem promover a
tomada de decisão. Isso poderia servir como um precedente para o glifosato e
outros pesticidas que são particularmente perigosos.”
Nota:
Tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT
Aceda
à versão original Aqui.
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