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Este documento de reflexão analisa a prevalência de lesões musculoesqueléticas (LME) no setor da construção na UE e as tarefas que colocam os trabalhadores em risco, como o levantamento manual e as posturas incómodas.
O documento centra-se nas vibrações como fator de risco significativo, com os trabalhadores que utilizam ferramentas e máquinas a serem expostos a vibrações nas mãos e nos braços, mas também no resto do corpo.
São fornecidas informações sobre métodos normalizados para avaliar os riscos relacionados com a sobrecarga biomecânica. Além disso, são apresentados exemplos de projetos financiados pelo INAIL, o Instituto Nacional Italiano de Seguro de Acidentes de Trabalho, no sentido de ajudar as empresas de construção a reduzir os riscos de LME.
Tendo em conta a importância da temática, o Departamento de SST da UGT procedeu à tradução do seu conteúdo, sendo que iremos disseminar faseadamente esta reflexão técnica.
A sua tradução é, pois, da inteira responsabilidade deste Departamento, sendo que a sua versão original - UE-OSHA - pode ser acedida Aqui.
Introdução
O setor da construção tem uma elevada prevalência de distúrbios músculo-esqueléticos (DME), das quais as causas são atribuíveis aos seguintes fatores principais:
- Esforço físico significativo necessário para a realização
de operações
manuais;
- Em resultado de lesões ocorridas anteriormente;
- Vibração devido à utilização de ferramentas portáteis e ao
funcionamento de máquinas de
construção.
O esforço físico resulta de movimentos repetitivos
dos membros superiores,
manuseamento manual,
transporte, movimentos de
puxar e empurrar cargas e posturas estáticas
e inadequadas de uma forma prolongada.
Além disso, mesmo lesões ligeiras, tais como entorses
musculares ou estirpes, podem aumentar o risco de DME relacionados com o
trabalho no futuro (EU-OSHA, 2004). Por isso, é importante que no ambiente de
trabalho não haja
ocorrem escorregadelas (por
exemplo, devido à
lama das escavações), superfícies desarticuladas
e mal
iluminadas.
Outra causa importante dos DME é a exposição a vibrações
relacionadas com a utilização de ferramentas que produzem vibrações de braço ou
ao funcionamento de máquinas que produzem vibrações de corpo inteiro. A crise
económica que afeta o setor contribuiu para o aumento da idade média dos
veículos em uso e, consequentemente, dos riscos relacionados com a
obsolescência, como o aumento da exposição a vibrações de corpo inteiro.
Deve igualmente ser considerado um fator adicional
relativo às pequenas empresas. Em Itália, por exemplo, a dimensão média das empresas
do setor da construção ronda
os 2-3 trabalhadores.
O resultado é uma
capacidade económica limitada
para adquirir novas
máquinas atualizadas com os
mais recentes sistemas de segurança.
Além
disso, a avaliação dos riscos
biomecânicos no setor da construção é
uma tarefa complexa devido à variedade
de atividades (por exemplo,
a construção de
edifícios ou estradas, engenharia de instalações), ao
grande número e variedade de tarefas de risco, bem como às
condições não normalizadas nos ambientes de trabalho (por exemplo, trabalho ao
ar livre ou no subsolo).
As pequenas empresas podem ter dificuldade em aplicar
protocolos de avaliação a essas atividades complexas e a preparar a documentação de avaliação dos
riscos exigida pelas diretivas da UE (Diretiva do Conselho 89/391/CEE; Diretiva 90/269/CEE do Conselho;
Diretiva 92/57/CEE) e legislação nacional.
Como resultado, estes riscos podem ser subestimados e
não serem totalmente
compreendidos.
Nesta reflexão, os autores
apresentam e discutem
os seguintes tópicos:
- Provas estatísticas dos DME entre os trabalhadores da construção civil, tanto na Europa como na Itália;
- Tarefas que expõem os trabalhadores ao risco de DME;
- Métodos normalizados para avaliar o risco relacionado com a sobrecarga biomecânica na construção, incluindo uma atenção aos riscos de vibrações;
- Exemplos de projetos financiados pelo Istituto Nazionale per l'Assicurazione contro gli Infortuni sul Lavoro (INAIL, Instituto Nacional italiano de Seguros contra Acidentes no Trabalho) para apoiar as empresas de construção para reduzir os riscos de DME.
Provas estatísticas sobre os DME no
setor da construção
Dados europeus
De acordo com um estudo da Agência Europeia para a
Segurança e Saúde no Trabalho (UE-OSHA, 2019), com base nos resultados do sexto
Inquérito às Condições de Trabalho (2015) - European Working Conditions Survey
(EWCS) - no setor da construção, a percentagem de trabalhadores que reportam diferentes DME no período de 12 meses (anteriormente ao
inquérito ) são os seguintes:
Dor nas costas: 52 %;
DME nos membros superiores: 54 %;
DME nos membros inferiores: 41%.
Figura 1: Percentagem de trabalhadores com problemas
de dor nas costas nos últimos 12 meses, por proporção do tempo de trabalho e em
que o principal trabalho remunerado envolve posições cansativas e dolorosas, por grupo etário,
UE-28, 2015
Fonte: EU-OSHA, 2019
(com base em dados Eurofound - EWCS
2015)
Figura
2: Percentagem de trabalhadores com dores nas costas, por proporção do tempo de
trabalho que envolve transportar cargas pesadas, por idade, UE-28, 2015
Fonte:
EU-OSHA, 2019 (com base em dados Eurofound - EWCS
2015)
Movimentos repetitivos da
mão
ou do braço
Estes
resultados tornam-se particularmente significativos no setor da construção,
onde as tarefas são bem definidas e são integrantes da obra. Isto significa que
o mesmo trabalhador pode ser exposto a uma sobrecarga biomecânica durante o dia
e durante vários dias consecutivos de trabalho, dependendo da fase de execução da
obra.
O
estudo UE-OSHA também analisa o efeito de outros fatores que podem ser
relevantes para os trabalhos de construção, como as vibrações, aspeto que será discutido posteriormente nesta reflexão e a
exposição ao frio, que expõe as estruturas corporais ao aparecimento de
patologias.
Os
fatores organizacionais são também cruciais no desenvolvimento dos DME. Entre
estes, vale a pena referir que o ritmo de trabalho no setor
da construção só
pode ser parcialmente
controlado pelo trabalhador.
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