(imagem com DR)
No passado mês de setembro de 2020, o Ministério do Emprego
francês publicou os resultados da vertente psicossocial do seu inquérito
"SUMER" realizado em 2016-2017. Inicialmente criado em 1994, o
objetivo deste inquérito regular é acompanhar o desenvolvimento dos riscos
profissionais e avaliar os efeitos das políticas de prevenção.
O inquérito de 2016-2017 baseou-se num questionário que permitia
aos médicos do trabalho entrevistar mais de 33.000 colaboradores de forma
detalhada. Os resultados deste quarto inquérito revelam níveis preocupantes de
stresse relacionado com o trabalho.
O setor dos hospitais públicos ocupa a primeira posição na lista
de empregos de alto risco, com 35% dos trabalhadores que sofrem de stresse
relacionado com o trabalho.
Olhando para além deste conceito académico, precisamos de
compreender que o ambiente hospitalar se carateriza por elevadas cargas de
trabalho e por pessoal que tem poucas hipóteses de tomar as suas próprias
decisões – dois fatores de risco psicossociais.
Esta distinção explica porque é que os gestores hospitalares são
os menos expostos (16%), com a sua intensidade de trabalho compensada pela
margem de manobra que têm para fazer face a estas exigências. Quando os
trabalhadores se veem restringidos por procedimentos rigorosos ou prazos
apertados, as cargas de trabalho tornam-se uma fonte de stresse, como parece
ser o caso do pessoal hospitalar de primeira linha.
Uma análise mais detalhada revela que a taxa de exposição das
mulheres que trabalham neste sector é de cerca de 40%, contra 29% entre os
homens – uma tendência replicada no sector privado e na função pública.
O inquérito analisa também mais seis fatores de risco, com o
sector dos hospitais públicos a sair-se mal. Os funcionários do hospital
lideram as tabelas na denúncia de comportamentos hostis e desprezadores, falta
de reconhecimento e agressão verbal, física ou sexual. Com exceção do último
fator, desta vez são os homens os mais expostos.
Estes fatores de risco não são de forma alguma triviais. Gerando
stresse, têm grandes efeitos na saúde dos trabalhadores. Numerosos estudos
epidemiológicos têm demonstrado que o stresse relacionado com o trabalho pode
levar a problemas cardiovasculares, distúrbios músculo-esqueléticos e a depressão.
Como salientou o sindicato francês de enfermagem SNPI, no
passado mês de julho, "deve ser-se louco para querer trabalhar num
hospital, mal remunerado, com falta de pessoal e com péssimas condições de
trabalho em alguns locais". De facto, segundo o SNPI, 30% dos jovens
enfermeiros deixam a profissão no prazo de cinco anos após a sua formação.
Estes resultados mostram que a crise de saúde do covid-19 está a
desenrolar-se num contexto hospitalar desfavorável suscetível de exacerbar os
problemas existentes.
Tradução da responsabilidade do Departamento de SST
Aceda à versão original Aqui.
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