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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Riscos psicossociais: hospitais muito expostos em França

 

 


(imagem com DR)

 

No passado mês de setembro de 2020, o Ministério do Emprego francês publicou os resultados da vertente psicossocial do seu inquérito "SUMER" realizado em 2016-2017. Inicialmente criado em 1994, o objetivo deste inquérito regular é acompanhar o desenvolvimento dos riscos profissionais e avaliar os efeitos das políticas de prevenção.

O inquérito de 2016-2017 baseou-se num questionário que permitia aos médicos do trabalho entrevistar mais de 33.000 colaboradores de forma detalhada. Os resultados deste quarto inquérito revelam níveis preocupantes de stresse relacionado com o trabalho.

O setor dos hospitais públicos ocupa a primeira posição na lista de empregos de alto risco, com 35% dos trabalhadores que sofrem de stresse relacionado com o trabalho.

Olhando para além deste conceito académico, precisamos de compreender que o ambiente hospitalar se carateriza por elevadas cargas de trabalho e por pessoal que tem poucas hipóteses de tomar as suas próprias decisões – dois fatores de risco psicossociais.

Esta distinção explica porque é que os gestores hospitalares são os menos expostos (16%), com a sua intensidade de trabalho compensada pela margem de manobra que têm para fazer face a estas exigências. Quando os trabalhadores se veem restringidos por procedimentos rigorosos ou prazos apertados, as cargas de trabalho tornam-se uma fonte de stresse, como parece ser o caso do pessoal hospitalar de primeira linha.

Uma análise mais detalhada revela que a taxa de exposição das mulheres que trabalham neste sector é de cerca de 40%, contra 29% entre os homens – uma tendência replicada no sector privado e na função pública.

O inquérito analisa também mais seis fatores de risco, com o sector dos hospitais públicos a sair-se mal. Os funcionários do hospital lideram as tabelas na denúncia de comportamentos hostis e desprezadores, falta de reconhecimento e agressão verbal, física ou sexual. Com exceção do último fator, desta vez são os homens os mais expostos.

Estes fatores de risco não são de forma alguma triviais. Gerando stresse, têm grandes efeitos na saúde dos trabalhadores. Numerosos estudos epidemiológicos têm demonstrado que o stresse relacionado com o trabalho pode levar a problemas cardiovasculares, distúrbios músculo-esqueléticos e a depressão.

Como salientou o sindicato francês de enfermagem SNPI, no passado mês de julho, "deve ser-se louco para querer trabalhar num hospital, mal remunerado, com falta de pessoal e com péssimas condições de trabalho em alguns locais". De facto, segundo o SNPI, 30% dos jovens enfermeiros deixam a profissão no prazo de cinco anos após a sua formação.

Estes resultados mostram que a crise de saúde do covid-19 está a desenrolar-se num contexto hospitalar desfavorável suscetível de exacerbar os problemas existentes.

 

Tradução da responsabilidade do Departamento de SST


Aceda à versão original Aqui.


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