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sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Quantos trabalhadores perderam a vida por causa do Mundial no Qatar? Os números da vergonha…da vergonha do Mundo…

 


O Mundial de Futebol no Qatar encontra-se a decorrer com o peso de quantas vidas às suas costas? Quantos trabalhadores morreram, durante a última década, na preparação deste evento mundial?


Existem várias estimativas sobre quantos trabalhadores morreram nos estaleiros de obras do campeonato no Qatar, contudo é difícil apurar o número real.


Quais os números?


Segundo uma investigação do jornal britânico The Guardian, entre 2011 e 2019, mais de 6500 trabalhadores provenientes da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka perderam a vida no Qatar, desde o início dos trabalhos de construção, número que será significativamente maior uma vez que estes números não incluem as mortes de trabalhadores provenientes das Filipinas e do Quénia, bem como dos trabalhadores falecidos no ano de 2020.


A Amnistia Internacional divulgou que, segundo dados oficiais do Qatar, 15.021 trabalhadores migrantes perderam a vida entre 2010 e 2019, número global que inclui pessoas de todas as idades e ocupações, não referindo claramente que estes trabalhadores faleceram em virtude da falta de condições de trabalho nas obras do Mundial.


A verdade é que os dados oficiais não indicam quantos trabalhadores morreram na preparação para o Campeonato do Mundo. 


São números escandalosos…e possivelmente nunca saberemos ao certo quantas vidas se perderam, até porque muitos destes trabalhadores eram ilegais e, portanto, nem sequer constam das estatísticas oficiais, além de que, de acordo com a Amnistia Internacional, uma boa parte das certidões de óbito refere “causa natural”.


Segundo informações divulgadas na comunicação social, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou um relatório recente sobre acidentes e mortes de trabalhadores no Qatar, informando que ocorreram 50 mortes em 2020, mais de 500 feridos graves e 37.600 sofreram ferimentos leves, ou moderados. A maioria dos trabalhadores são migrantes provenientes do Bangladesh, da Índia e do Nepal.


Esta organização vem questionar, ainda, os números acima referidos, por considerá-los “exagerados”, justificando a necessidade de serem apurados dados rigorosos que permitam esclarecer quantas vidas se perderam em virtude da falta de condições de trabalho no Qatar.


E os trabalhadores e respetivas famílias?


Indiscutível é que, por detrás das estatísticas e dos números não oficiais, estão inúmeras histórias de famílias devastadas que ficaram sem o seu principal ganha-pão, e que sequer têm o direito a conhecer as reais circunstâncias da morte dos seus entes queridos.

 

Quantos filhos ficaram sem pai? Quantas mães e mulheres sem filhos e maridos? Quantos trabalhadores morreram de ataque cardíaco como consequência da exposição a temperaturas extremas? Quantos trabalhadores faleceram devido a insuficiência respiratória, extenuados por trabalharem 12 horas, sem pausas, sem direito a bebidas frascas e a uma alimentação reparadora?


Os outros trabalhadores, aqueles que conseguiram sobreviver a esta verdadeira carnificina, têm histórias de abuso e de exploração para relatar, com trabalhadores expostos a mão-de-obra forçada, salários não remunerados, horários de trabalho excessivos, expostos a 45 graus de temperatura, alojamentos com péssimas condições.

 

Para terminar, importa questionar quem assume responsabilidades na compensação dos danos causados às famílias das vítimas de acidentes mortais e aos trabalhadores que sobreviveram.


Quem assume a responsabilidade pela indemnização não apenas das famílias dos trabalhadores que morreram na construção dos estádios, mas também os que ficaram feridos, os que regressaram aos seus países de origem com salários em atraso ou foram vítimas de abuso dos empregadores. 

 

Onde estão os direitos dos trabalhadores? Onde estão os direitos humanos?

 

Parece-nos que este campeonato não deve resumir-se a um evento desportivo mundial de grande dimensão, mas antes, deveriam ser encetados esforços para marcar a necessidade de uma mudança em relação ao respeito pelos DIREITOS HUMANOS.

 


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