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terça-feira, 15 de junho de 2021

Principais resultados do Estudo sobre os Riscos Psicossociais e o Burnout no Setor Financeiro

 


A nova economia do mercado globalizado tem modificado as práticas organizacionais no mundo do trabalho.


O aumento da competitividade, a reestruturação produtiva e a redução da força de trabalho têm contribuído para uma variedade de condições de trabalho potencialmente negativas para a Saúde e Segurança dos trabalhadores e trabalhadoras.

 

O setor financeiro foi um dos mais atingidos pelas mudanças imputadas pela globalização e, recentemente, também pela crise económica sentida desde 2007, resultando num aumento das pressões de tempo, exigências de trabalho excessivas e aumento de casos de violência e assédio, com forte impacto na saúde física, mental e no bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras do setor.

 

O crescimento dos riscos psicossociais e, em particular do burnout no setor financeiro, torna urgente a implementação de medidas que previnam o aumento destes riscos e reduzam a gravidade do seu impacto, ao nível do stresse e do esgotamento severo nestes profissionais.

 

Ciente da amplitude destes fenómenos, a UGT e os sindicatos associados do setor, encetaram esforços para a realização de um estudo sobre esta problemática, de molde a aferir quais as causas e as consequências deste flagelo para a vida dos trabalhadores e trabalhadoras deste setor, bem como definir estratégias para defender os trabalhadores que se encontram em risco, nomeadamente ao nível da definição de boas práticas negociais.

 

Os questionários utilizados para o presente Estudo foram o Copenhagen Psychosocial Questionnaire, a versão média (COPSOQ II) aferida para a população portuguesa que avalia 29 subdimensões de fatores psicossociais e o Oldenburg Burnout Inventory (OLBI) que avalia o burnout e é constituído por 2 subescalas que avaliam a exaustão e o distanciamento.

 

A amostra foi constituída por 2460 trabalhadores de todo o país (1256 do sexo feminino e 1204 do sexo masculino), dos quais:


- 1964 não chefias;

- 423 chefias;

- 73 quadros diretivos.

 

Os resultados obtidos com o OLBI confirmam que estes profissionais apresentam níveis de burnout (burnout dos participantes = 3,29) superiores à média da população portuguesa.

 

Os trabalhadores e as trabalhadoras do setor bancário apresentam níveis de exaustão física, cognitiva e emocional elevados (3,4), claramente superiores à média da população portuguesa (2,8), que se traduzem em comportamentos de distanciamento (3,18), resultado claramente superior à média nacional (2,56).

 

Quando comparamos as categorias profissionais, são os profissionais que não têm funções de chefia que apresentam níveis mais elevados de burnout:

 

- Resultado burnout não chefias=3,32;

- Resultado burnout chefia=3,25;

- Resultado burnout função diretiva=2,92.

 

Na comparação entre sexos, verifica-se que são as mulheres as que apresentam níveis mais elevados de burnout:

 

- Resultado burnout mulheres=3,35;

- Resultado burnout homens=3,24).

 

Relativamente aos resultados do COPSOQ II, sublinham-se as seguintes conclusões (elencagem necessariamente não exaustiva):

 

-  60,5% dos profissionais do setor bancário atribuem um significado positivo ao seu trabalho;

- 57,4% sentem que a sua atual atividade profissional é promotora de oportunidades de desenvolvimento e de aquisição de novas competências;

- 65,4% dos profissionais reconhecem claramente a natureza do trabalho proposto, os objetivos a alcançar e as expetativas relativamente ao desempenho;

- 96,8% dos participantes consideram que não há violência física nem psicológica na sua atividade profissional;

- 66,4% apresentam de risco elevado no que se refere a ritmos de trabalho;

- 71,7% apresentam risco elevado no que se refere a exigências cognitivas;

- 70,1% apresentam risco elevado no que se refere a exigências emocionais);

- 50,9% apresentam risco elevado no que se refere ao conflito trabalho/família).

 

Os dados obtidos relativamente à saúde e ao bem-estar destes profissionais revelam resultados preocupantes ao nível do stresse, nomeadamente:

 

- 43,3% de risco elevado na subescala stresse;

- 36,1% de risco elevado na subescala problemas em dormir;

- 3% de risco elevado na subescala sintomas depressivos;

- 47,3% de risco elevado na subescala burnout.

 

Os resultados deste estudo demonstram a necessidade genérica de revisão das condições em que estes profissionais exercem a sua atividade profissional (exigências quantitativas, de ritmo, emocionais e cognitivas) e que se traduzem numa sobrecarga mental, emocional e física.

 

Nota: Será publicado um artigo extenso sobre os resultados deste estudo no próximo número da Revista “O bancário”.



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