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quarta-feira, 30 de abril de 2025

SST em Números | Fatores de risco de CANCRO profissional na Europa

 



A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (UE-OSHA) realizou um inquérito aos trabalhadores - Inquérito sobre a exposição dos trabalhadores aos fatores de risco de cancro na Europa - em seis Estados-Membros da UE: Alemanha, Irlanda, Espanha, França, Hungria e Finlândia.


O inquérito estima a exposição provável dos trabalhadores durante a última semana de trabalho a 24 fatores de risco de cancro profissional conhecidos, incluindo produtos químicos industriais, substâncias e misturas geradas por processos e fatores de risco físico.

 

Seguem as conclusões iniciais deste inquérito.

 

1 - Exposições mais comuns

As exposições profissionais mais frequentes avaliadas entre os 24 fatores de risco de cancro considerados no inquérito foram as seguintes: radiação solar ultravioleta, emissões de gases de escape dos motores diesel, benzeno, poeira de sílica cristalina respirável e formaldeído, seguidas de compostos de crómio hexavalente, chumbo e seus compostos inorgânicos, e poeira de madeira.


São evidenciados os seguintes resultados:

 

A poeira de sílica, as emissões de gases de escape dos motores diesel e as poeiras de madeira destacam-se com percentagens mais elevadas de trabalhadores, provavelmente, expostos a estes fatores de risco a um nível elevado, com 4,5%, 4% e 3% respetivamente.

A maioria dos trabalhadores não estava exposta a nenhum dos 24 fatores de risco de cancro considerados no inquérito (52,6 %) durante a última semana de trabalho, enquanto 21,2 % foram considerados expostos a um deles, 12.7% foram expostos a dois fatores de risco, 6.9% a três fatores de risco, 3.1% a quatro fatores, 1.5% a cinco e 1,9 % a mais de cinco fatores de risco.

Entre os trabalhadores expostos a um fator de risco de cancro, 14 % trabalhavam em atividades transformadoras, 14 % no comércio por grosso e a retalho e 13 % em atividades relacionadas com a saúde humana e a ação social.

O inquérito evidencia resultados sobre a ocorrência de exposições múltiplas a fatores de risco de cancro no trabalho, com uma exposição combinada - tanto a substâncias químicas como a fatores de risco físicos - que podem justificar medidas de prevenção muito diferentes ao nível do local de trabalho.

As Exposições combinadas prováveis mais frequentes são as seguintes:

 

11% dos trabalhadores foram expostos simultaneamente a gases de escape de motores diesel e a radiação solar UV;

5.9% a benzeno e a gases de escape de motores diesel;

5.8% a benzeno e a radiação solar UV;

4.1% à sílica cristalina e a radiação solar UV;

4.0% a gases de escape de motores diesel, benzeno e radiação solar UV;

2.6% à sílica cristalina, a gases de escape de motores diesel e solar UV;

2.5% ao formaldeído e benzeno.

 

2 - Circunstâncias de exposição


O inquérito fornece informações sobre os grupos de trabalhadores expostos, mas também sobre as diferentes circunstâncias de exposição a cada fator de risco de cancro durante a última semana de trabalho.

Para cinco das exposições profissionais mais frequentes avaliadas no inquérito, fornecem-se a seguir alguns pormenores sobre a população e as circunstâncias de exposição:

 

20,8 % dos trabalhadores foram considerados expostos à radiação solar UV (incluindo a exposição ocular), que é a exposição mais comum entre os inquiridos do inquérito. A exposição foi repartida por todos os tipos de atividades, em particular entre os trabalhadores ao ar livre, como os trabalhadores da construção civil, os trabalhadores agrícolas, os condutores e os trabalhadores dos transportes e dos serviços de proteção.


Um em cada cinco trabalhadores foi considerado exposto a emissões de gases de escape dos motores diesel, 19.9% foi exposto a um nível baixo ou médio e apenas e 2% foram expostos num nível elevado.  A maioria dos trabalhadores dos postos de abastecimento de gasolina e gasóleo, os trabalhadores de minas e pedreiras, os trabalhadores da construção e manutenção rodoviárias, bem como os condutores e os trabalhadores dos transportes estiveram provavelmente expostos a este fator de risco de cancro (de 76 % a 99 % de cada categoria de trabalho).


13 % dos trabalhadores foram considerados expostos ao benzeno. Muitos dos trabalhadores dos postos de abastecimento e estações de serviço (98 %), dos trabalhadores da construção e manutenção de estradas (68 %) e dos bombeiros (51 %) estavam provavelmente expostos a este fator de risco de cancro.  As principais circunstâncias que resultaram numa exposição provável ao benzeno foram o abastecimento de veículos com gasolina como parte do trabalho, a realização de trabalhos de manutenção em veículos que utilizam gasolina, seguidos de trabalho na proximidade de veículos movidos a gasolina com o motor ligado.


8,4 % dos trabalhadores foram considerados expostos a poeiras contendo sílica cristalina respirável (SCR). Entre todos os trabalhadores provavelmente expostos à SCR, mais de dois em cada cinco eram trabalhadores do setor da construção.Mais de 90 % dos trabalhadores de minas e pedreiras e dos trabalhadores da construção e manutenção de estradas estiveram provavelmente expostos à sílica durante a última semana de trabalho, bem como 79 % dos trabalhadores da indústria cerâmica.


Considerou-se que 6,4 % dos trabalhadores estavam expostos ao formaldeído. Mais de dois em cada cinco trabalhadores das seguintes categorias profissionais estavam provavelmente expostos ao formaldeído: trabalhadores da indústria de estofos (62 %); floristas (50,7 %); bombeiros e trabalhadores que fabricam/reparam calçado ou artigos de couro acabado (ambos 45,3 %); e trabalhadores da indústria da borracha, artigos de borracha, artigos de plástico ou resina (42,5 %). As principais circunstâncias que resultaram numa exposição provável ao formaldeído foram a utilização de colas de madeira epoxídicas de duas partes ou de resina de plástico e o trabalho com lenha, cartão de partículas, espuma marinha ou fibra de média densidade (MDF).

 

3 – Exposição, profissões e condições de trabalho


Tendo em conta a exposição em comparação com a ausência de exposição, os trabalhadores de um local de trabalho de micro ou pequena dimensão (com menos de 50 trabalhadores) tiveram 1,3 vezes mais probabilidades de estarem expostos a um ou mais fatores de risco de cancro do que os trabalhadores em locais de trabalho de média ou grande dimensão.

As categorias profissionais com o maior número médio de exposição por trabalhador (3 ou mais fatores de risco de cancro) foram:

Os trabalhadores da construção de estradas, com 92.2% expostos à sílica cristalina, 78.2% aos gases de escape de motores diesel, 75.4% à radiação UV e 68.4% ao benzeno.

Os bombeiros e os mineiros/pedreiros, com 57.7% expostos à radiação UV, 51.8% aos gases de escape de motores diesel, 51.3% ao benzeno e 45.7% expostos ao gás butano.

Os trabalhadores das minas/construção, com 98.5% expostos aos gases de escape de motor a diesel, 98.2% expostos à sílica, 55.9% expostos à radiação ultravioleta e 13.5% ao benzeno.

 


Fonte:



Inquérito sobre a exposição dos trabalhadores a fatores de risco de cancro: Descrição e principais conclusões (2025)

 

terça-feira, 29 de abril de 2025

AI e digitalização estão a transformar a Segurança e a Saúde no Trabalho .

 


O novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) explora como a inteligência artificial (IA), a digitalização, a robótica e a automação estão remodelando a segurança e a saúde no trabalho (SST) nos locais de trabalho em todo o mundo.

 

O relatório, intitulado Revolucionar a saúde e a segurança: o papel da IA e da digitalização no trabalho (Revolutionizing Health and Safety: The Role of AI and Digitalization at Work), destaca como essas tecnologias emergentes estão melhorando a saúde e o bem-estar dos trabalhadores e das trabalhadoras, ao mesmo tempo em que ressalta a necessidade de políticas proativas para lidar com novos riscos.

 

Ao realizar tarefas perigosas, auxiliar em cirurgias e otimizar a logística, os robôs ajudam a reduzir riscos e aumentar a eficiência. Sistemas com tecnologia de IA aprimoram o monitoramento da segurança e da saúde e otimizam tarefas e operações, aliviando a carga de trabalho e impulsionando a inovação – mesmo em setores tradicionalmente de baixa tecnologia. No entanto, o relatório enfatiza a necessidade de políticas proativas para garantir que essas tecnologias sejam implementadas de forma segura e equitativa.

 

“A digitalização oferece imensas oportunidades para aprimorar a segurança no local de trabalho. Robôs podem substituir trabalhadores em chamados “empregos 3D’ perigosos, que podem ser sujos, perigosos e degradantes. A automação pode reduzir tarefas repetitivas, como em linhas de produção de fábricas ou em atividades administrativas, permitindo que os trabalhadores e as trabalhadoras assumam tarefas mais desafiadoras”, disse Manal Azzi, líder da Equipe de Política de SST da OIT. “Mas, para que possamos nos beneficiar plenamente dessas tecnologias, precisamos garantir que elas sejam implementadas sem incorrer em novos riscos.”

 

O impacto da tecnologia na segurança e na saúde

 

O relatório destaca que a robótica e a automação avançadas, o uso de realidade virtual e estendida, bem como novas ferramentas, como dispositivos vestíveis inteligentes, aqueles projetados para serem usados no corpo do usuário, que fornecem detecção de riscos em tempo real ou sensores ambientais que monitoram a qualidade do ar, estão transformando a segurança e a saúde, prevenindo acidentes e reduzindo exposições perigosas. Além disso, a digitalização está levando ao surgimento de arranjos de trabalho híbridos e remotos, que criam flexibilidade e melhoram a saúde mental.

 

No entanto, esses avanços também podem trazer novos riscos. Embora os robôs efetivamente assumam tarefas perigosas, os trabalhadores e as trabalhadoras que mantêm, consertam ou colaboram com essas máquinas podem enfrentar novos perigos. Comportamentos robóticos imprevisíveis, falhas no sistema ou ameaças cibernéticas podem comprometer a segurança. Riscos ergonômicos podem surgir da interação entre humanos e robôs, bem como do uso de dispositivos vestíveis e exoesqueletos que não apresentam ajuste, usabilidade ou conforto adequados.

 

O estudo destaca que a dependência excessiva de IA e automação pode reduzir a supervisão humana, o que, por sua vez, aumentaria os riscos de SST, enquanto cargas de trabalho orientadas por algoritmos e a conexão contínua podem contribuir para o estresse, o esgotamento e problemas de saúde mental.

 

O relatório também expõe riscos de segurança e saúde enfrentados pelos trabalhadores em toda a cadeia de suprimentos digital, desde aqueles em processos de extração até aqueles que alimentam a IA, bem como trabalhadores e trabalhadoras que manuseiam lixo eletrônico.

 

Resposta política global e o papel da OIT

O relatório destaca a existência de lacunas regulatórias na gestão dos riscos de SST associados à digitalização e defende políticas globais, regionais e nacionais mais fortes. As convenções de SST da OIT (n.º 155 e n.º 187) fornecem uma base para garantir o direito a um local de trabalho seguro e saudável na era digital.

 

Garantir que a digitalização impulsione a segurança e a saúde no trabalho

Em todo o mundo, políticas e regulamentações incluem cada vez mais novas medidas que abrangem a segurança robótica e a interação entre humanos e robôs, o direito de se desconectar, uma gestão mais transparente do trabalho por algoritmos, o trabalho remoto e a segurança no trabalho por meio de plataformas digitais. 


O envolvimento das trabalhadoras e dos trabalhadores é essencial em todas as fases da introdução destas tecnologias. As iniciativas de formação e sensibilização são fundamentais para garantir a utilização segura das novas tecnologias. Será necessário aprofundar a investigação para compreender melhor os impactos, a longo prazo, da transformação digital na segurança e saúde no trabalho.

 


Aceda ao Relatório Aqui ( Não disponibilizado em língua portuguesa)


Fonte: Conteúdo retirado do site da OIT





Novo filme do NAPO - Está exposto ao stress tecnológico no trabalho como o Napo?

 


imagem com DR

 

No novo filme do Napo, ele sofre de stress tecnológico no trabalho. Sente-se ultrapassado pelas novas tecnologias, ansioso por estar constantemente conectado e exausto pela quantidade de informação que recebe.

Isso também já lhe aconteceu? Para ajudar a prevenir esta situação, o Napo destaca medidas para que os locais de trabalho adotem a digitalização sem comprometer a saúde dos trabalhadores.

Diga sim à digitalização, mas não ao stress tecnológico.

Veja o filme mais recente Napo em… stress tecnológico.

Pode também consultar Napo in...Robôs no trabalho e o sítio Web da campanha «Trabalho seguro e saudável na era digital»

 

Fonte: UE-OSHA

Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho 2025: Relatório global


Revolucionar a segurança e saúde no trabalho: O papel da IA e da digitalização


A digitalização e a automatização estão a transformar milhões de postos de trabalho em todo o mundo, criando oportunidades para melhorar a segurança e a saúde no trabalho. A automatização e os sistemas de monitorização inteligentes podem reduzir os riscos de exposição, prevenir lesões e melhorar as condições de trabalho. No entanto, estes avanços também trazem novos riscos potenciais que exigem respostas políticas proativas e adaptativas.

O relatório aborda as implicações em matéria de SST das seguintes tecnologias e processos:

  •  Automatização e robótica avançada 
  • Ferramentas inteligentes de SST e sistemas de monitorização 
  • Realidade expandida e virtual 
  • Gestão por algoritmos do trabalho
  • Alterar as modalidades de trabalho através da digitalização
  • A digitalização está a transformar a segurança e a saúde no trabalho 

O relatório aborda políticas internacionais, regionais e nacionais que se debruçam sobre a governação da SST em locais de trabalho digitalizados, com destaque para as lacunas regulamentares e respostas políticas. O documento também aborda a avaliação de riscos, a participação dos trabalhadores e estratégias de prevenção, na integração segura de ferramentas digitais nos locais de trabalho.

Este documento inclui a análise de políticas, práticas e exemplos de casos reais e pode ser utilizado por governos, empregadores e trabalhadores e constitui-se como um recurso para se orientarem no mundo digital que envolve a segurança e saúde no trabalho.


( ainda não disponível em português)

Comunicado da OIT - Por um futuro de trabalho mais inteligente, seguro e saudável

 

No Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, o diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, pede que a tecnologia seja usada para criar locais de trabalho mais seguros e saudáveis, garantindo ao mesmo tempo que a inovação proteja os direitos e o bem-estar dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Hoje é Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho.

Cada trabalhador e Trabalhadora, em todos os lugares, tem direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável.

Trata-se de um direito fundamental. 

E, no entanto, milhões de trabalhadores e trabalhadoras ao redor do mundo continuam morrendo, se machucando ou adoecendo por causa do trabalho.

Muitas pessoas perdem a vida tentando ganhar a vida.

Precisamos mudar isso. 

O uso da tecnologia para o bem pode nos ajudar a fazer avanços importantes.

A inteligência artificial e as tecnologias digitais podem ajudar a transformar o local de trabalho em um espaço mais seguro e saudável.

Robótica, automação e IA podem operar em ambientes perigosos e assumir as tarefas mais perigosas, como trabalhar em temperaturas extremas, manusear materiais tóxicos ou navegar em zonas de desastre.

Também podem aliviar o esforço físico, apoiando trabalhadores de cuidados em hospitais, auxiliando no levantamento de peso na construção civil e reduzindo o trabalho repetitivo em fábricas.

Sensores inteligentes e monitoramento digital podem detectar riscos antes que acidentes aconteçam, verificando a qualidade do ar, a fadiga ou alertando sobre movimentos e comportamentos inseguros.

Mas a inovação também pode trazer riscos significativos.

O aumento da vigilância no local de trabalho e da gestão algorítmica pode ameaçar os direitos, a dignidade e o bem-estar dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Novas tecnologias também podem introduzir novos riscos que ainda não são totalmente compreendidos.

Temos uma responsabilidade.

A responsabilidade de entender os riscos de segurança e saúde associados à inovação tecnológica.

Temos a responsabilidade de garantir que a tecnologia seja usada para o bem.

É por isso que a transição digital deve ser centrada nas pessoas. 

Ela deve tornar o local de trabalho mais seguro, saudável, sustentável e inclusivo.


Neste Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, eu faço um apelo aos governos, empregadores, trabalhadores e inovadores para que construam um futuro de trabalho que não seja apenas mais inteligente, mas também mais seguro e saudável.
 

Saiba mais Aqui.

https://www.ilo.org/pt-pt/resource/statement/por-um-futuro-de-trabalho-mais-inteligente-seguro-e-saudavel?fbclid=IwY2xjawJ9mcVleHRuA2FlbQIxMQABHthcWD-mCAbAWXTurUX40FdjVkEhwLzuO1R8SP2L95RMnYeoYfsf4fWLCz_L_aem_Nh4vwqqeNZujq7AXdsWdkg

 

Comunicado da CES - Comunicado 28 de abril 2025 – Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores


Epidemia de stresse no local de trabalho mata 10 000 pessoas por ano

 

 

A epidemia de stresse no local de trabalho na Europa está a ser responsável pela morte de cerca de 10 000 pessoas por ano, de acordo com uma recente análise que mostra a necessidade urgente de uma diretiva da UE sobre os riscos psicossociais no trabalho.

Registam-se anualmente 6 190 mortes por doença coronária atribuíveis a riscos psicossociais no trabalho na UE-27 e no Reino Unido. Outras 4.843 pessoas perdem a vida por suicídio causado por depressão relacionada com o trabalho. Isto significa que os riscos psicossociais representam um perigo maior para os trabalhadores do que os acidentes físicos, que mataram 3 286 pessoas na UE em 2022.

As mulheres trabalhadoras são afetadas de uma forma desproporcionada aos riscos psicossociais, entre os quais de destacam os horários de trabalho longos, a precariedade laboral e o assédio moral no local de trabalho. Existe também um desequilíbrio geográfico, sendo as mortes associadas ao stresse no local de trabalho são mais prevalentes na Europa Central, Oriental e do Sudeste.

 

Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores

Os números baseiam-se numa investigação do Instituto Sindical Europeu (ETUI) apresentada no Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores (28 de abril), que sublinha que estas mortes são evitáveis e que combatê-las pouparia às empresas e aos governos dezenas de milhares de milhões por ano.

 

É por isso que a Confederação Europeia dos Sindicatos (CES) volta hoje a apelar à Comissão Europeia para que apresente urgentemente uma diretiva sobre riscos psicossociais como parte de um pacote de empregos de qualidade. Deve estabelecer obrigações vinculativas para os empregadores no sentido de identificarem os riscos psicossociais através de avaliações de riscos adequadas, com a participação dos trabalhadores e dos sindicatos. 

 

Os dados da UE  mostram que a obrigação legal motiva nove em cada dez empresas europeias a tomar medidas em matéria de Saúde e Segurança no Trabalho, mas atualmente não existe legislação da UE dedicada aos riscos psicossociais no trabalho. A carta de missão de Roxana Mînzatu, a Comissária responsável pelos direitos sociais, afirma que «deve trabalhar no sentido de melhorar a abordagem da Europa em matéria de saúde e segurança no trabalho, garantindo locais de trabalho mais saudáveis e a saúde mental no trabalho».


Abordando a questão numa conferência conjunta CES-ETUI em Bruxelas, na segunda-feira, a Secretária-Geral da CES, Esther Lynch, disse:

"Hoje, é um apelo a uma ação decisiva e transformadora. Se a UE está verdadeiramente empenhada na construção de um futuro de emprego justo, inclusivo e sustentável, então o Pacote de Empregos de Qualidade deve incluir uma diretiva sólida sobre a prevenção dos riscos psicossociais relacionados com o trabalho.

"O mundo do trabalho está a mudar de forma rápida, profunda e permanente. A digitalização, a IA, a robótica, o trabalho em plataformas, a transição verde, estão a remodelar a forma como trabalhamos e vivemos. Mas, embora essas transformações ofereçam novas oportunidades, elas também trazem novos perigos. O principal deles são os crescentes riscos psicossociais enfrentados pelos trabalhadores: stresse, esgotamento, ansiedade, assédio, isolamento e exaustão emocional. Não se trata de questões marginais. São sistémicos e estão a aumentar.

«Há muito que a UE é um organismo de normalização mundial em matéria de direitos dos trabalhadores. Liderámos o caminho em matéria de segurança física. Agora temos de liderar o caminho em matéria de segurança mental.»

 

O Secretário Confederal da CES, Giulio Romani, afirmou:

 "O mundo do trabalho está a mudar rapidamente e as leis que protegem a saúde das pessoas no trabalho devem acompanhar o ritmo. O enorme aumento do teletrabalho e da digitalização, desde a pandemia de Covid-19, esbateu ainda mais as fronteiras entre o trabalho e a vida pessoal, levando a jornadas de trabalho mais longas e a uma cultura de permanência que prejudicou gravemente a saúde dos trabalhadores.

«Se mais de 10 000 pessoas morressem no trabalho por ano devido a riscos físicos, a Comissão estaria, com razão, a tomar medidas urgentes para tornar os locais de trabalho mais seguros. Não podem ficar de braços cruzados porque as pessoas estão a perder a vida devido a riscos psicossociais. 

 

"No Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores, os sindicatos recordam os mortos e lutam pelos vivos. Hoje, isso significa garantir que temos leis que protegem a saúde mental e física das pessoas."

 

Fontes para as estimativas ETUI de mortes causadas por doenças cardiovasculares e depressão atribuíveis a exposições psicossociais no trabalho na União Europeia:

 

Doença coronária

Atribuível a quatro exposições psicossociais no trabalho (EPT) para o ano de 2015 em 28 países europeus. Número anual de mortes devido a doenças coronárias atribuíveis a EPT em 2015: 6 190 mortes (5 092 homens, 1 098 mulheres). Isto significa que foram perdidos 201 359 anos de vida em 2015 (166 331 homens, 35 028 mulheres), com base na idade no momento da morte e na esperança média de vida. Quatro EPT relevantes: tensão no trabalho, desequilíbrio esforço-recompensa, precariedade laboral, longas horas de trabalho.

 Fonte: Sultan-Taïeb H et al (2022) European journal of public health 2022; 32:586-592

 

Depressão

Atribuível a 5 exposições psicossociais ao trabalho (EPT) para o ano de 2015 em 28 países europeus. Número anual de mortes por depressão (casos de suicídio relacionados com depressão) atribuíveis a EPT em 2015: 4 843 mortes (3 931 homens, 912 mulheres). Isto significa que foram perdidos 211 689 anos de vida em 2015 (172 885 homens, 38 805 mulheres), com base na idade no momento da morte e na esperança média de vida. Os casos de depressão atribuíveis à EPP são mais elevados entre as mulheres do que entre os homens, mas há um maior número de anos de vida perdidos devido a uma maior prevalência de suicídio entre os homens do que entre as mulheres. Cinco EPT relevantes: tensão no trabalho, desequilíbrio esforço-recompensa, precariedade laboral, longas horas de trabalho e assédio moral no local de trabalho.

Fonte: Sultan-Taïeb H et al (2022). Revista Europeia de Saúde Pública 2022;32:586-592.

 

 

A CES é a voz dos trabalhadores e representa 45 milhões de membros de 93 organizações sindicais de 41 países europeus, mais 10 federações sindicais europeias.


segunda-feira, 28 de abril de 2025

Comunicado da CSI - 28 de abril de 2025

 


Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores 2025: Proteger os direitos dos trabalhadores na era da digitalização e da inteligência artificial

 

 

A CSI está a aproveitar o Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores deste ano, 28 de abril, para apelar a uma ação urgente para salvaguardar as vidas e os direitos dos trabalhadores na era da digitalização e da inteligência artificial (IA).

 

A IA está a transformar o mundo do trabalho a uma velocidade sem precedentes. Mas por trás da promessa de inovação está uma realidade mais sombria: gestão algorítmica, vigilância constante, metas de produtividade impossíveis e condições de trabalho perigosas.

 

A tecnologia não está a ser utilizada para melhorar as condições de trabalho e a segurança, mas para as explora, pondo em risco vidas e saúde.

 

  • A gestão orientada por IA já está a intensificar a pressão sobre 427 milhões de trabalhadores em todo o mundo.
  • 80% dos grandes empregadores usam IA para acompanhar a produtividade individual dos trabalhadores.
  • Os trabalhadores estão a enfrentar esgotamento, lesões e stress insuportável devido a uma monitorização contínua, metas irrealistas e zero informações sobre a forma como a tecnologia é utilizada.

 

"Muitas vezes, a inteligência artificial está a ser implementada não como uma ferramenta para o progresso, mas como uma arma contra os trabalhadores", afirmou o Secretário-geral da ITUC, Luc Triangle.

 

"De armazéns a hospitais, de serviços de entrega com bicicletas a laboratórios de dados, os trabalhadores estão sob pressão como nunca vista. A implantação de novas tecnologias deve respeitar as normas de quaisquer outras mudanças no local de trabalho: os trabalhadores têm o direito de ser consultados e incluídos. Este direito básico, democrático e no local de trabalho garantirá que a utilização da IA seja concebida com segurança, equidade e dignidade no seu cerne. Os trabalhadores e os seus sindicatos devem ter um lugar à mesa para benefício de todos."

 

A implantação de novas tecnologias, como a IA, sem uma consulta adequada aos trabalhadores e aos seus sindicatos já está a causar sérios problemas em todo o mundo:

 

  • Nas Filipinas, o estafeta Jasper Dalman, de 19 anos, morreu enquanto trabalhava para a Foodpanda. O seu sindicato, RIDERS-SENTRO, ganhou o reconhecimento ao direito de seguro depois que sua morte destacou as consequências mortais da exploração algorítmica que estabeleceu metas de produtividade impossíveis.
  • Na Turquia, moderadores de conteúdo do TikTok ao serviço da Telus foram despedidos depois de se organizarem contra as cargas de trabalho desumanas geridas por IA e ao conteúdo indutor de traumas.
  • Nos EUA, enfermeiros que trabalham através de plataformas enfrentam aplicações de turnos controlados por IA que ignoram as proteções dos trabalhadores e que criam condições perigosas para eles e para os seus pacientes.

 

A CSI defende:

 

 

Neste 28 de abril, recordamos os mortos – e lutamos pelos vivos. 

A tecnologia deve trabalhar a nosso favor, não contra nós.

 

O novo relatório da CSI intitulado “ Artificial intelligence and digitalisation: A matter of life and death for workers” (Inteligência artificial e digitalização: uma questão de vida ou morte para os trabalhadores”, identifica os danos físicos e psicossociais no trabalho quando estas tecnologias são introduzidas sem consultar os trabalhadores.


Consulte os materiais da Campanha.

 


Comunicado amavelmente cedido pela CSI, cuja tradução é da responsabilidade do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho da UGT

 

CSI: 28 de abril 2025 - Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais


 

ETUI: 28 de abril de 2025 - Dia da Internacional em Memória dos Trabalhadores Vítimas de Acidente de Trabalho e Doenças Profissionais


 

Apelo à Ação sobre Riscos Psicossociais no Trabalho

 

no Dia da Internacional em Memória dos Trabalhadores

 


Atualmente, todos conhecem pelo menos uma pessoa próxima que enfrenta riscos psicossociais relacionados ao trabalho. O impacto desses riscos na saúde dos trabalhadores — como o burnout , a depressão, a ansiedade, as doenças cardiovasculares e as lesões musculoesqueléticas — tornou-se um grave problema de saúde pública. Longe de serem casos isolados, essas condições refletem uma crise crescente nos locais de trabalho modernos da Europa.

Os dados revelam uma história gritante. Segundo a EU-OSHA, quase um terço dos trabalhadores na UE sofrem de stresse, ansiedade e depressão causados ​​ou agravados pelo trabalho, e mais de um quarto dos trabalhadores afirma que sua saúde mental foi afetada pelo trabalho.

A Eurofound, por sua vez, constatou que o burnout afeta quase um em cada cinco trabalhadores,  chegando a 33% em alguns países.

Em resposta a estas crescentes evidências, o Instituto Sindical Europeu (ETUI), em cooperação com a Confederação Europeia de Sindicatos (CES), organiza uma conferência de alto nível em Bruxelas, no dia 28 de abril de 2025, para assinalar o Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores.

O tema deste ano, "Dos dados à diretiva: enfrentar os riscos psicossociais relacionados com o trabalho na UE" , visa transformar anos de investigação em ações concretas, instando a Comissão Europeia a introduzir uma diretiva sobre a prevenção de riscos psicossociais (PRP) no trabalho.

 

Uma lacuna persistente na proteção

Embora os riscos psicossociais relacionados ao trabalho sejam reconhecidos nas estratégias de Saúde e Segurança no Trabalho da UE há quase 30 anos, eles continuam a ser um domínio da SST amplamente sub-regulamentado a nível da UE.

Durante mais de duas décadas, o ETUI liderou o esforço da pesquisa e de lobby, construindo uma base sólida de evidências e pressionando por um reconhecimento político. Desde o primeiro apelo à pesquisa dedicada aos riscos psicossociais relacionados ao trabalho, em 2006, até as reuniões anuais da Rede de Peritos em PRP, o instituto tem trabalhado incansavelmente para criar impulso e unificar as vozes sindicais em toda a Europa.

Os projetos plurianuais do ETUI têm demonstrado consistentemente como fatores psicossociais mal geridos — como carga de trabalho, intensidade do trabalho, insegurança no emprego, baixa autonomia e apoio deficiente — estão ligados a graves problemas de saúde física e mental.

Mais recentemente, o instituto examinou como novas formas de trabalho — teletrabalho , trabalho em plataforma , trabalho no metaverso — criaram formas novas e frequentemente mais complexas de riscos psicossociais. Um relatório de 2024 apresentou uma visão geral das implicações da IA ​​na indústria 4.0 na saúde e segurança dos trabalhadores e apelou a uma abordagem centrada no ser humano na introdução de novas tecnologias no local de trabalho.

Como as novas tecnologias e inovações no mundo do trabalho estão agora a ser introduzidas diariamente e são mal regulamentadas, muitos trabalhadores enfrentam riscos acrescidos de isolamento social, vigilância digital, cyberbullying, discriminação e insegurança laboral intensificada. Estes desafios exigem uma legislação da UE atualizada e robusta que garanta que todos os trabalhadores — independentemente de como, onde ou em que termos trabalham — estejam igualmente protegidos contra danos psicossociais.

 

Impacto desproporcional em setores vulneráveis

Um projeto de pesquisa do ETUI de 2021 revelou os efeitos devastadores da PSR nos setores de saúde e cuidados de longa duração, já devastados por anos de austeridade. Apesar dos esforços de linha de frente durante a pandemia, os trabalhadores (a maioria mulheres) continuam a suportar cargas de trabalho esmagadoras, exaustão emocional e más condições de trabalho.

relatório de acompanhamento de 2023 constatou que as mulheres, os trabalhadores mais jovens e aqueles com menor nível de escolaridade são desproporcionalmente afetados pelas más condições psicossociais de trabalho e por problemas de saúde mental. Essas descobertas apontam para desigualdades generalizadas na exposição e nos resultados — desigualdades que não podem ser abordadas sem uma ação legislativa coordenada.

 

O custo da inação

Um dos momentos centrais da conferência é a apresentação de um estudo histórico dos professores Stavroula Leka e Aditya Jain. O seu trabalho produziu uma taxonomia abrangente de fontes e resultados de riscos psicossociais, incluindo a identificação de vínculos com condições crónicas de saúde, como doenças cardiovasculares e distúrbios musculoesqueléticos (DMEs), burnout, ansiedade e depressão, bem como efeitos organizacionais, como o absenteísmo, o presenteísmo e saídas prematuras do mercado de trabalho.

O evento marcará o lançamento oficial de um relatório de um projeto plurianual que detalha os custos sociais e económicos de doenças atribuíveis a riscos psicossociais relacionados ao trabalho. A primeira parte do estudo, publicada em 2023 , revelou que a PRP relacionados com o trabalho constituíram contribuintes significativos (calculados como "frações atribuíveis", AFs) para casos de depressão na UE28: tensão no trabalho (16%), insegurança no trabalho (9%), assédio moral (9%) e desequilíbrio esforço-recompensa (6%).

Enquanto isso, os AFs de doenças cardiovasculares relacionadas com os RPS variaram de 1% a 11%. Além disso, as estimativas mostraram que, somente em 2015, mais de 10.000 mortes na UE estavam associadas a doenças cardiovasculares e depressão causadas pela exposição a riscos psicossociais no trabalho. 

segunda parte do estudo, publicada este ano, constata que o ónus económico dessa situação de saúde é impressionante: a doença arterial coronariana relacionada aos RPS custa à UE-28 cerca de 11,8 a 14,2 bilhões de euro, enquanto o custo da depressão variou de 44,7 a 103,1 bilhões de euros. Notavelmente, mais de 87% dos custos da depressão — entre 38,9 e 89,7 bilhões de euros — foram suportados pelos empregadores, principalmente devido ao absenteísmo e às faltas por doença.

 

Abordagens nacionais fragmentadas

Embora muitos Estados-Membros da UE tenham introduzido legislação nacional que aborda aspetos da RPS, existe uma variação significativa no âmbito e na aplicação da mesma. As diferenças entre os Estados-Membros da UE podem ser explicadas pelo grau de reconhecimento do problema dos riscos psicossociais e pela quantidade de recursos que dedicam a lidar com ele. A maioria dos países possui algumas leis que abrangem a vertente da saúde mental na segurança no trabalho, mas nenhuma aborda integralmente todos os aspetos. 

Esta mistura de regras significa que os trabalhadores em toda a UE não beneficiam do mesmo nível de proteção.

 

Rumo a uma diretiva vinculativa da UE

A conclusão da pesquisa é clara: diretrizes voluntárias e políticas nacionais fragmentadas não são mais suficientes. Uma diretiva vinculativa da UE sobre riscos psicossociais é urgentemente necessária para garantir o direito de todos os trabalhadores a um local de trabalho seguro e saudável, independentemente do setor, tipo de contrato ou localização.

 

Ao celebrarmos o Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores, esta mensagem é mais urgente do que nunca. Prevenir os riscos psicossociais não é apenas uma questão económica ou política — é uma questão de dignidade, justiça e direitos humanos fundamentais.

 

Os Trabalhadores não são descartáveis.

 

A Saúde Mental não é opcional.

 

A hora de AGIR É AGORA.

 

Tradução realizada por IA

Revisão assegurada pelo Departamento SST

 

Aceda à versão original Aqui.

https://www.etui.org/news/call-action-psycho-social-risks-workers-memorial-day