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quarta-feira, 2 de julho de 2025

Comunicado CES | Novas tragédias provocadas pelo calor exigem TEMPERATURAS MÁXIMAS DE TRABALHO

 


Imagem com DR


No decorrer da investigação sobre a morte de mais um trabalhador da limpeza durante uma vaga de calor, os sindicatos voltam a apelar à Comissão Europeia para que apresente uma diretiva sobre as temperaturas máximas de trabalho.

Uma mulher de 51 anos colapsou em casa depois de completar o seu turno como empregada de limpeza em Barcelona. Ela é uma das, pelo menos, cinco pessoas que perderem a vida depois de trabalharem sob temperaturas elevadas em Espanha, este verão. 

Tragédias similares ocorreram, nos últimos verões, em Itália, França e Grécia. O mais recente incidente faz eco da morte de um trabalhador de limpeza de ruas em Madrid durante uma onda de calor em 2022, e mostra, novamente, que mortes relacionadas com o calor podem ocorrer mesmo após a exposição, reforçando a necessidade de proteções mais fortes e de uma recolha de dados mais precisos para evitar a subnotificação.

 

Aumento de 42% nas mortes

A UE registou um aumento de 42% no número de mortes, no local de trabalho, relacionadas com a exposição ao calor desde 2000, de acordo com, números apresentados pela Organização Internacional do Trabalho – o aumento mais acentuado de mortes relacionadas com o calor no trabalho.

 Alguns estudos evidenciam que quando as temperaturas ultrapassam os 30°C, o risco de acidentes de trabalho aumenta entre 5 a 7 % e, quando as temperaturas ultrapassam os 38 °C, os acidentes são 10 % a 15 % mais prováveis.

A exposição ao calor também tem riscos para a saúde a longo prazo, aumentando a probabilidade de surgirem doenças cardiovasculares, respiratórias e outras, como a doença renal crónica ou infertilidade.

Mas, apesar do risco acrescido, poucos países conseguiram implementar legislação para manter os trabalhadores seguros durante as vagas de calor e muito poucos estão a recolher dados sobre mortes ou lesões relacionadas com o calor no trabalho. 

É por isso que a Confederação Europeia dos Sindicatos (CES) apela à Comissão Europeia para que apresente uma diretiva que preveja: 

• Temperaturas máximas de trabalho obrigatórias, tendo em conta as condições de trabalho específicas do setor, como a natureza e a intensidade do trabalho, as atividades interiores e exteriores. 

• A obrigação de os empregadores trabalharem com os sindicatos para conceber e aplicar políticas de local de trabalho mais seguras através de acordos de negociação coletiva.

• Avaliações obrigatórias do risco de calor para os empregadores, integrando indicadores avançados que consideram, por exemplo, temperatura, humidade e sombra/exposição à luz solar e fluxo de ar.

• Educação e formação para empregadores, trabalhadores e supervisores sobre o reconhecimento dos sintomas de stresse térmico e a implementação de medidas de primeiros socorros.

• O direito a exames médicos específicos e regulares e a monitorização da saúde, que são necessários para evitar a subnotificação do stresse térmico relacionado com o trabalho, da radiação UV e de outras doenças.

 

A Secretária-Geral da CES, Esther Lynch, declarou:

“Mais um verão traz outra tragédia. Quantos trabalhadores precisam de morrer durante as vagas de calor antes de termos na prática algumas regras de bom senso?”.

“Esta é uma questão que afeta países em toda a Europa, e é por isso que a responsabilidade de apresentar uma solução é logicamente da Comissão Europeia.”

“É claro para todos que o clima está a mudar e precisamos urgentemente que a nossa legislação acompanhe essas alterações climáticas, se quisermos evitar inúmeras outras mortes, que são evitáveis, a cada verão.”

O Secretário Confederal da CES, Giulio Romani, afirmou: 

“Como qualquer outro risco para a saúde e a segurança das pessoas, o aumento das temperaturas não precisa de ser uma sentença de morte para os trabalhadores, se implementarmos medidas sensatas para manter as pessoas seguras.”

“Com base numa diretiva forte, os empregadores devem trabalhar com os sindicatos para garantir que existe um plano sobre como trabalhar em segurança durante as ondas de calor, seja através de pausas adicionais para a água, vestuário de proteção ou acesso à sombra.”

“A Comissão Europeia emitiu orientações dirigidas aos empregadores no sentido de os orientarem para fornecerem estas medidas, mas muitas vezes os trabalhadores em maior risco são os trabalhadores migrantes ou sazonais que enfrentam condições precárias. Manter as pessoas seguras tem de ser através da adoção de legislação e não apenas um conselho.”

 

 

Observações:

Resolução da CES sobre o conteúdo de uma diretiva relativa à prevenção dos riscos de calor no trabalho

 

Fonte: CES

Nota: Tradução da responsabilidade do Departamento de SST

 


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