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quarta-feira, 20 de agosto de 2025

FACTOS E NÚMEROS - Sinistralidade Laboral 2025

 

Atualização de Dados sobre Sinistralidade Laboral 2025 – ACT

 

Número de inquéritos de ​​acidentes de trabalho mortais​

 

Os dados apresentados referem-se a acidentes de trabalho objeto de inquérito no âmbito da ação inspetiva levada a cabo pela ACT

 

Número de inquéritos de ​​acidentes de trabalho mortais​

 

 

Por Estado

 

2024

 

2025

Concluído

124

 

9

Em verificação

12

14

Total

136

23

 

Número de inquéritos de ​​acidentes de trabalho graves

 

 

Por Estado

 

2024

 

2025

Concluído

448

 

28

Em verificação

117

53

Total

565

81

 

Fonte: ACT

Esta informação poderá ser consultada na página eletrónica da ACT, carregando aqui.


https://portal.act.gov.pt/Pages/acidentes-trabalho-inqueritos.aspx

 


Nota: informação atualizada a 2 de maio de 2025

 

 

 

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Breve reflexão sobre a exposição dos trabalhadores ao calor estremo

 


Imagem com DR

Estamos em pleno verão e, nunca é demais reforçar que a exposição ao calor extremo constitui uma ameaça crescente à saúde dos trabalhadores e trabalhadoras que pode levar à desidratação, exaustão pelo calor e, em casos graves, insolação e morte.

Para os trabalhadores que desenvolvem o seu trabalho ao ar livre e, mesmo para aqueles, que trabalham em ambientes internos com condições de ventilação deficientes, o stress térmico representa um sério risco ocupacional.

É certo que o calor não só prejudica a saúde, como também prejudica a produtividade, reduz a concentração e aumenta a probabilidade de acidentes de trabalho. Segundo dados da UE, os acidentes de trabalho tendem a aumentar durante eventos de temperaturas extremas.

De ressaltar que a  Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) lançou uma nova ferramenta interativa online de Avaliação de Riscos (OiRA) para combater os riscos de exposição ao calor e ao frio .

Esta ferramenta foi projetada para ajudar as empresas a avaliar e gerir os riscos associados ao trabalho em temperaturas extremas e na aplicação de medidas eficazes, tais como a adaptação dos horários de trabalho, a garantia de equipamentos de proteção individual adequados, a criação de programas de aclimatação e a formação dos trabalhadores para o reconhecimento de sinais de stress relacionado com o calor ou o frio.

Todos estamos cientes que as alterações climáticas produzem efeitos nefastos no que concerne à Segurança e Saúde no Trabalho.

O aumento de ocorrências meteorológicas extremas resulta em condições de trabalho mais perigosas e inseguras para os trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo.

Estas mudanças nos padrões climáticos, incluem eventos cada vez mais frequentes de fenómenos climáticos extremos que podem acentuar os impactos da exposição a riscos profissionais, tais como o stresse térmico, a radiação UV, a poluição do ar, acidentes industriais graves, aumento de doenças transmitidas por vetores e aumento da exposição a produtos químicos.

Com efeito, as mudanças nos padrões climáticos estão indubitavelmente a afetar a segurança do trabalho e a saúde dos trabalhadores e, continuarão a ter efeitos prejudiciais sobre a saúde humana e condições de trabalho.

O Relatório da OIT “ Ensuring safety and health at work in a changing climate” (2024), releva fundamental que a “…inclusão de um ambiente de trabalho seguro e saudável como princípio fundamental e direito no trabalho significa que abordar os impactos perigosos das alterações climáticas no local de trabalho é agora uma prioridade absoluta.”

Sublinha, ainda, que são necessárias políticas específicas a nível nacional, a par de medidas preventivas eficazes no local de trabalho para proteger os trabalhadores dos graves impactos das alterações climáticas.

A OIT calcula que mais de 2,4 bilhões de trabalhadores estão, provavelmente, expostos ao calor excessivo em algum momento do seu trabalho.

A proporção de trabalhadores expostos aumentou de 65,5% para 70,9 % desde 2000. Além disso, o Relatório estima que 18.970 vidas e 2,09 milhões de anos de vida são perdidos por incapacidades, todos os anos, devido a 22,87 milhões de lesões ocupacionais atribuíveis ao calor excessivo.

Sem esquecer as 26,2 milhões de pessoas, em todo o mundo, que vivem com doença renal crónica associada ao stress térmico no local de trabalho (dados de 2020).

Contudo, segundo o Relatório, o impacto das mudanças climáticas sobre os trabalhadores vai muito além da exposição ao calor excessivo, originando uma série de outros riscos graves para a saúde, o que exige uma resposta célere e robusta.

A UGT pugna como necessária uma intervenção legislativa que proteja os trabalhadores e as trabalhadoras cuja atividade se desenvolve em espaços exteriores e que limite a prestação de trabalho em condições climáticas extremas, especialmente a altas temperaturas, para garantir a saúde e segurança dos trabalhadores.

No nosso entender urge avançar-se com a interditação da prestação de trabalho que envolva a exposição do trabalhador aos agentes climáticos extremos, nomeadamente a temperaturas iguais ou superiores a 35ºC, à semelhança das práticas já implantadas por outros países.

Reiteramos que somos, assim, favoráveis à alteração da legislação para limitar a prestação do trabalho em condições climáticas extremas, tendo em conta que é fundamental:

-A legislação precisa acompanhar a realidade das alterações climáticas extremas para proteger os trabalhadores;

-Definição de limites e critérios objetivos (como temperatura máxima ou mínima para suspensão do trabalho), não ficando esta decisão sob o critério dos empregadores;

- Ampliação da cobertura legal – Setores como a construção civil, agricultura e serviços externos são altamente impactados pelo clima, não havendo regulamentação para essas atividades.


Departamento de SST

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

4.ª edição “Está-se Bem em Segurança e Saúde no Trabalho: Participa | Inova | Entrega-Te”


Encontra-se a decorrer a 4.ª edição do concurso Está-se Bem em Segurança e Saúde no Trabalho: Participa | Inova | Entrega-Te.


A ACT, enquanto ponto focal da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA), a Associação Nacional de Escolas Profissionais e o Instituto de Soldadura e Qualidade, promovem o concurso "Está-se Bem em Segurança e Saúde no Trabalho: Participa – Inova – Entrega-Te", no âmbito do projeto OSHVET - Safety and Health at Work Vocational Education and Training, da EU-OSHA. 

 

O concurso destina-se ao ensino e formação profissional e tem como objetivo sensibilizar e consciencializar para a importância da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) na promoção do bem-estar na vida ativa. 

 

Neste âmbito, o concurso desafia alunos/formandos e/ou formadores/professores de todas as áreas de formação profissional, a demonstrem as suas competências, conhecimentos e atitudes em matéria de SST, através de um trabalho inovador em formato de vídeo.

 

As candidaturas estão abertas até 30 de novembro de 2025 e devem ser submetidas através do formulário disponível em: https://forms.gle/FAJSWGFpWRp7vHj67

 

Consulte aqui o regulamento do concurso.

 

 Fonte: ACT


sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Artigo da ETUI: Prevenção para um melhor ensino: a ergonomia ao serviço da educação

 


Embora as perturbações músculo-esqueléticas (LME) sejam menos prevalentes na profissão docente do que na indústria ou na construção civil, o seu impacto na interação professor-aluno e no bem-estar dos professores está longe de ser negligenciável. Numerosos estudos confirmam que um professor com boa saúde cria um ambiente de aprendizagem mais eficaz e sustentável.

De acordo com o Inquérito Europeu sobre as Condições de Trabalho (IECT) de 2015, a prevalência de lesões músculo-esqueléticas (LME) entre os professores varia consideravelmente de país para país. Esta variação deve-se às diferenças na organização do trabalho, nas práticas pedagógicas, nos níveis de apoio profissional e nas políticas de prevenção entre os sistemas educativos nacionais.

 

Embora variem, as condições que afetam a saúde física dos professores centram-se em vários locais de dor recorrentes. Quase metade dos professores inquiridos (47%), por exemplo, referem dores no pescoço, que se devem principalmente à postura de cabeça para a frente adotada na marcação do trabalho dos alunos ou no uso prolongado de tecnologias de informação.

 

Uma percentagem idêntica de professores sofre de dor lombar, uma condição frequentemente associada ao trabalho em pé durante longos períodos e às flexões repetitivas do tronco associadas à profissão docente.

 

As dores no ombro e no joelho completam este quadro preocupante, afetando 44% e 35% dos professores inquiridos, respetivamente.

 

Condicionalismos físicos específicos a analisar

 

Uma análise ergonómica do trabalho dos professores evidencia desafios específicos de cada disciplina. Existem diferenças significativas entre os tipos de queixa a que são propensos os professores de matemática ou inglês, os professores de educação física e os educadores de infância e as suas causas.

 

Os professores de educação física, por exemplo, constituem um grupo especialmente vulnerável. As suas lesões músculo-esqueléticas afetam principalmente os joelhos e as costas e são frequentemente agravadas por lesões desportivas antigas e sobrecarga física no trabalho.

 

A estas causas podem acrescentar-se o manuseamento de aparelhos e demonstrações de exercícios físicos, por vezes em instalações inadequadas ou fora de portas. Nas creches, a situação não é menos preocupante, mas a natureza das estirpes é diferente.

 

Lá, os professores são confrontados com o uso de mobiliário baixo e interações frequentes com crianças pequenas, por exemplo, ao remover ou colocar casacos, chapéus, lenços e sacolas. Estas atividades colocam uma forte pressão nas costas e nos joelhos.

 

De qualquer forma, a idade não é uma aliada e uma vida profissional mais longa agrava as questões ergonómicas. Os professores que se aproximam da reforma, independentemente da disciplina e faixa etária em que lecionam, mostram maior suscetibilidade às lesões musculoesqueléticas, com riscos acrescidos de dores no pulso, nas mãos, nos joelhos e nos tornozelos.

 

Impacto na qualidade do ensino

O presenteísmo dos professores – professores fisicamente presentes, mas doentes – é um fator fundamental para a qualidade do ensino. Esse professor será menos confiável. A fadiga e a dor física crónica reduzem a capacidade dos professores para prender a atenção dos alunos, interagir dinamicamente e estabelecer um bom ambiente de aprendizagem nas aulas.

 

Presenteísmo — um fator-chave na qualidade do ensino.

 

Por outro lado, os professores com melhor saúde são mais propensos a adotar uma postura mais dinâmica em sala de aula, o que melhora sua linguagem corporal e sua capacidade de chamar a atenção dos alunos. Existem diferenças significativas entre os tipos de queixa a que os professores de inglês e os educadores de infância estão sujeitos.

 

O bem-estar dos professores está ligado ao desempenho dos alunos, promovendo uma educação ininterrupta e reduzindo o sofrimento psicológico dos alunos, como indica um estudo realizado em Inglaterra, em 2019.

 

Além disso, os professores também podem servir de modelo. Aqueles que adotam boas práticas de saúde e prevenção incentivam indiretamente os seus alunos a fazer o mesmo.

 

A Rede Europeia de Educação e Formação em Segurança e Saúde no Trabalho (ENETOSH) deu prioridade à prevenção de lesões musculoesqueléticas nas escolas nos últimos anos, no âmbito de uma campanha, que decorreu de 2020 a 2022, intitulada Locais de trabalho saudáveis – aliviar a carga.

 

Mente sana corpo sano

 

Na verdade, não faltam soluções específicas, seja adaptando espaços de trabalho, instalando móveis ajustáveis, colocando tapetes anti fadiga ou providenciando áreas de descanso.

 

Embora os professores de educação física possuam conhecimentos teóricos sobre a prevenção das perturbações músculo-esqueléticas, a sua aplicação prática deixa margem para melhorias. Uma formação mais focalizada permitiria a esses professores desempenhar um papel ativo na prevenção de tais perturbações. A extensão desses programas a toda a profissão docente constituiria um grande avanço.

 

Os cursos de formação podem incluir técnicas especiais de gestão postural para cada disciplina, fortalecimento muscular direcionado para limitar a fadiga e aliviar a dor, bem como estratégias de recuperação entre aulas para evitar o acúmulo de tensão.

 

No entanto, a sensibilização parece estar a aumentar a nível nacional e noutros países europeus através de novos instrumentos legislativos. Em maio de 2024, por exemplo, a Bélgica reforçou o seu quadro regulamentar, alinhando-o com os da França e da Chéquia; cada posto docente é agora objeto de um relatório especial de avaliação individual.

 

Por último, um acompanhamento regular garante que podem ser feitos ajustamentos com base no retorno de informação no terreno. As organizações sindicais têm um papel fundamental a desempenhar em todo este esforço.

 

Podem, ainda, ser negociados acordos coletivos que incorporem medidas de prevenção e envolver-se ativamente no diálogo social europeu, a fim de promover as melhores práticas, bem como cooperar com redes especializadas, como a ENETOSH e a EU-OSHA, com vista a inspirar-se em experiências bem-sucedidas realizadas noutros países.

 

 

Tradução assegurada pelo Departamento de SST

 

Versão original Aqui.

https://www.etui.org/publications/healthy-teachers-better-schools

 

 

 

 

 

 

 

 

chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.etui.org/sites/default/files/2025-06/HM30_Prevention%20for%20better%20teaching%20ergonomics%20at%20the%20service%20of%20education_2025.pdf

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Artigo da ETUI: Amianto nas escolas: Um flagelo invisível para professores e alunos

 

Todos os dias, centenas de milhares de alunos e professores em toda a Europa frequentam escolas que podem estar contaminadas com amianto. No entanto, este risco de exposição passiva que tem um impacto grave na saúde continua a ser substancialmente minimizado. Para fazer face a esta ameaça invisível, é necessária uma ação urgente para identificar as escolas afetadas e programar obras para remover o amianto dos seus edifícios.

 

Um número significativo de edifícios em toda a União Europeia (UE) ainda contém materiais à base de amianto. Amplamente utilizados pelo setor da construção para isolar, incendiar e insonorizar edifícios, especialmente entre as décadas de 1950 e 1990, estes materiais começaram desde então a ser proibidos devido à sua composição perigosa.

 

Devemos ter presente que qualquer pessoa que respire fibras de amianto corre o risco de desenvolver doenças crónicas, como mesotelioma, cancro do pulmão e asbestose. Não existe um nível de exposição abaixo do qual este agente cancerígeno não apresente efeitos adversos.

 

Cada exposição individual, por mínima que seja, acarreta um risco de desenvolver cancro. Quanto maior a exposição, maior o risco. As doenças relacionadas com o amianto tendem a desenvolver-se ao longo de várias décadas, matando ainda cerca de 90 000 pessoas por ano na UE.

 

Estas vítimas foram expostas principalmente no exercício das suas funções e 78% dos cancros profissionais reconhecidos nos Estados-Membros estão relacionados com o amianto. A nível comunitário, a proibição do amianto remonta a 2005. Isto significa que todos os edifícios erguidos antes dessa data (ou antes da data da proibição nacional) são suscetíveis de conter amianto. Dado que milhões destes edifícios ainda estão de pé na Europa, as necessárias medidas de remoção de amianto e a subsequente demolição ou renovação dos edifícios continuarão a decorrer décadas mais tarde.

 

Existem quatro vagas de exposição ao amianto na Europa: a primeira vaga é constituída por mineiros e trabalhadores da indústria do amianto; a segunda vaga é composta por carpinteiros, canalizadores e trabalhadores da indústria do amianto; a segunda vaga é composta por carpinteiros, canalizadores, eletricistas e mecânicos que trabalharam com materiais contendo amianto; o terceiro eletricistas e mecânicos que trabalharam com materiais contendo amianto; a terceira vaga inclui trabalhadores envolvidos em reparações, renovações e remoção de amianto; e a onda inclui trabalhadores envolvidos em reparos, reformas e remoção de amianto; e a quarta vaga envolve indivíduos expostos em edifícios onde trabalham ou vivem.

 

Devido à quarta onda envolve indivíduos expostos em edifícios onde trabalham ou vivem. Devido ao longo período de latência das doenças relacionadas com o amianto, estas ondas sobrepõem-se, dificultando o longo período de latência das doenças relacionadas com o amianto, estas ondas sobrepõem-se, tornando difícil estimar o número de mortes associadas a cada vaga.

 

Exposição passiva e cumulativa

 

Os trabalhadores da construção civil não são as únicas pessoas expostas ao amianto. Com o tempo, os materiais à base de amianto podem ser danificados ou degradados, libertando para o ar fibras microscópicas que podem depois ser inaladas por qualquer alma desavisada.

 

Esta exposição «passiva» pode afetar milhões de pessoas em toda a Europa. O pessoal docente e de apoio nas escolas ou mesmo o pessoal clínico nos hospitais estão particularmente expostos porque trabalham frequentemente em edifícios antigos contaminados com amianto e, ao longo das suas carreiras, foram expostos passiva e cumulativamente a estas fibras mortais.

 

Infelizmente, uma vez que ainda não existe um inventário ou um sistema a nível da UE para a recolha de dados sobre edifícios que contenham amianto, é difícil determinar a extensão do problema com alguma precisão. No entanto, alguns países apresentaram números estimados para os seus edifícios escolares.

 

Em França, cerca de 80% das escolas construídas antes de 1997 (ano em que o amianto foi proibido) podem ainda conter amianto. De acordo com o Comité Sindical Europeu para a Educação (CES), uma em cada três escolas na Alemanha ainda é considerada contaminada com amianto, enquanto cerca de 50 000 trabalhadores da educação e 360 000 estudantes em cerca de 3 000 estabelecimentos de ensino em Itália estão preocupados com a presença de amianto nas suas escolas; além disso, no Reino Unido, mais de 400 professores morreram de mesotelioma desde 1980, tendo sido registadas cerca de 300 mortes relacionadas com o amianto desde 2001.

 

Legislação a avançar lentamente

O risco do amianto voltou à agenda europeia em 2021, na sequência da adoção pelo Parlamento Europeu de uma resolução com recomendações à Comissão sobre a proteção dos trabalhadores contra o amianto. Esta resolução conduziu à revisão da Diretiva Amianto no Trabalho, que define as medidas a tomar pelas entidades patronais para prevenir as doenças relacionadas com o trabalho imputáveis a este agente cancerígeno.

 

Adotada em 1983, a Diretiva Amianto no Trabalho foi alterada em 2003 e permaneceu inalterada durante 20 anos, antes de ser finalmente atualizada em 2023. Para além da introdução de um valor-limite de exposição profissional vinculativo (OELV) mais baixo e de medidas preventivas ainda mais rigorosas aplicáveis às pessoas que trabalham na construção e na remoção de amianto, a principal melhoria do texto é o reconhecimento da questão da exposição passiva.

 

Não devemos ignorar o facto de esta legislação ter sido concebida no início da década de 1980 para abordar situações em que os trabalhadores manuseavam materiais à base de amianto. Só depois de se ter apercebido de que estava a ser identificado um número crescente de vítimas do amianto em profissões que, teoricamente, não tinham qualquer ligação direta com o amianto é que surgiram provas que sustentam a possibilidade de exposição associada à deterioração gradual dos materiais existentes.

 

Identificação e remoção

Hoje, o âmbito de aplicação da diretiva foi clarificado, passando a abranger todas as pessoas expostas ao amianto no trabalho, incluindo as sujeitas a exposição passiva. O número total de trabalhadores expostos ao amianto na UE, independentemente da situação de exposição, poderá ser superior a 7 milhões (ver quadro 1).

 

A Comissão Europeia está também a preparar-se para atualizar as orientações existentes, com vista a ajudar os empregadores a cumprir as suas obrigações ao abrigo da Diretiva Amianto no Trabalho. Um capítulo fundamental deste documento de orientação, que será publicado no outono de 2025, abordará as medidas preventivas a aplicar em caso de exposição passiva ao amianto no local de trabalho.

 

Vários peritos partilham a previsão de que, na sequência dos trabalhadores que extraíram amianto e daqueles que fabricaram, instalaram ou repararam materiais à base de amianto, a próxima vaga de vítimas do amianto na UE será predominantemente constituída por aqueles que, muitas vezes sem o seu conhecimento, estão expostos passivamente à deterioração do amianto nos edifícios onde vivem ou trabalham.

 

Por conseguinte, é mais do que tempo de estes trabalhadores se consciencializarem dos riscos que enfrentam e exercerem pressão sobre os seus empregadores para que garantam o cumprimento da legislação europeia e a aplicação de medidas adequadas para evitar essas mortes evitáveis.

 

● Os trabalhadores da construção civil não são as únicas pessoas expostas ao amianto. as únicas pessoas expostas ao amianto.

 

Infelizmente, ainda não existe um inventário ou sistema a nível da UE para a recolha de dados sobre edifícios que contenham amianto.

 

Quadro 1 Estimativa da mão de obra total da UE exposta ao amianto por situação de exposição


Situação de exposição

Número estimado de expostos

Edificação e construção

3,800,000-6,000,000

Edifícios e construções — exposição passiva em edifícios

200,000-1,000,000

Potencialmente milhões

Exposição ao amianto em embarcações, comboios, aeronaves, veículos e outros meios de transporte

5,000-25,000

Gestão de resíduos

50,000-200,000

Indústrias extrativas — amianto natural

5,000-20,000

Escavação de túneis

500-5,000

Construção e manutenção de estradas

10,000-50,000

Amostragem e análise

10,000-25,000

Total (arredondado)

4,100,000-7,300,000

 Tradução assegurada pelo Departamento de SST

Versão original Aqui


quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Dados europeus sobre riscos novos e emergentes

 



 

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) revelou as principais conclusões do seu quarto Inquérito Europeu às Empresas sobre Riscos Novos e Emergentes (ESENER 2024), realizado em 2024. Este inquérito exaustivo abrangeu 41 458 estabelecimentos de diversos setores, cada um empregando pelo menos cinco pessoas, e abrange 30 países, incluindo a UE-27, a Islândia, a Noruega e a Suíça. 

 

Na generalidade, os resultados revelam uma estagnação preocupante nos esforços para mitigar os riscos psicossociais relacionados com o trabalho e os perigos da rápida digitalização, refletindo as tendências observadas em 2019, bem como um declínio preocupante na participação dos trabalhadores.

 

Os riscos psicossociais relacionados com o trabalho mantêm-se, em grande medida, inalterados

 

Os números mostram que os riscos psicossociais relacionados com o trabalho permanecem praticamente inalterados desde 2019. Sobre a questão dos clientes difíceis, doentes, alunos, etc., 56% dos inquiridos confirmaram ter passado por isso em 2024 contra 59% em 2019; na pressão de tempo, 43% em 2024 contra 45% em 2019; horários de trabalho longos/irregulares: aproximadamente 18% vs 21%; comunicação deficiente: 19% vs 18%; precariedade laboral: 11% vs 10%.

 

No entanto, existem variações por país na prevalência destes riscos. Por exemplo, nos países nórdicos, a pressão do tempo foi referida como um dos principais fatores de risco (Suécia, 64%; Finlândia, 71%.).

 

Embora mais estabelecimentos relatem dispor de informações suficientes para incorporar os riscos psicossociais nas suas avaliações, passando de 60% em 2019 para 64 % em 2024, a relutância em discutir abertamente as questões psicossociais continua a impedir o progresso, a par da falta de sensibilização e de apoio especializado.

 

Surpreendentemente, um quarto dos estabelecimentos inquiridos (25%) referiu não ter fatores de risco psicossociais. Destes, as percentagens mais elevadas encontram-se em Itália (47%) e na Lituânia (44%), enquanto as mais baixas se registam na Finlândia (12%), Chipre, Bélgica e Alemanha (14%).

 

Curiosamente, os estabelecimentos que reportam riscos psicossociais relacionados com o trabalho estão a integrar lentamente o apoio à saúde mental no local de trabalho, com 21% dos estabelecimentos a utilizarem os serviços de um psicólogo – contra 19% em 2019. Este número varia drasticamente de país para país, com a Finlândia a liderar com 73 %, seguida da Bélgica (48 %) e da Dinamarca (47 %).

 

Notavelmente, apenas 46% dos estabelecimentos têm procedimentos para lidar com ameaças, abusos ou agressões, contra 51% em 2019. No entanto, há sinais de melhoria: 39% têm agora planos de ação para lidar com o stress (contra 33%) e 55% têm protocolos para lidar com bullying ou assédio (contra 45%).

 

Digitalização: uma faca de dois gumes

Não é de estranhar que o trabalho a partir de casa tenha quase duplicado desde os tempos pré-pandemia, agora com 23% em comparação com 13% em 2019.

 

Além disso, a inclusão de avaliações de risco em teletrabalho aumentou significativamente, passando de 31% em 2019 para 48% em 2024.

 

Talvez seja por isso que a longa permanência na posição de sentado emergiu como o fator de risco físico mais prevalente, afetando 64% dos estabelecimentos em 2024 – um ligeiro aumento em relação aos 61% de 2019.

 

Apesar da rápida adoção de tecnologias digitais, apenas 43 % dos locais de trabalho incluem avaliações de riscos relacionadas com a sua utilização e apenas 42 % ministram formação neste domínio. Isto é preocupante, dado que mais de 80% da força de trabalho utiliza vários dispositivos digitais.

 

 O inquérito revela que 35% dos estabelecimentos que utilizam tecnologias digitais consultaram os trabalhadores sobre potenciais impactos na saúde e segurança – um aumento significativo em relação aos 24% de 2019.

 

Os riscos mais frequentemente comunicados associados à digitalização incluem a longa permanência na posição de sentado (54 %) e os movimentos repetitivos (47 %), a par de desafios psicossociais como o aumento da intensidade do trabalho (34 %) e a sobrecarga de informação (32 %).

 

A imagem país por país é muito diversificada. Na Finlândia, as taxas mais elevadas de riscos profissionais associados à digitalização são o trabalho sozinho e o isolamento dos colegas (43 %), juntamente com a falta de capacidade para trabalhar com tecnologias digitais (46 %), ao passo que, na Alemanha, 54 % dos locais de trabalho referem um aumento da intensidade do trabalho e da sobrecarga de informação.

 

Participação dos trabalhadores: tendência decrescente

Registou-se um declínio preocupante da participação dos trabalhadores na conceção e implementação de medidas de mitigação dos riscos psicossociais, baixando de 61% em 2019 para 55% em 2024.

 

Esta tendência reflete uma questão mais vasta, uma vez que quase um terço dos estabelecimentos não dispõe de qualquer forma de representação dos trabalhadores, um número que atinge um pico na Grécia (73%), Portugal (65%) e Letónia (65%).

 

Devido à natureza dos riscos psicossociais, seria de esperar que as medidas neste domínio implicassem a participação direta dos trabalhadores e um grau especialmente elevado de colaboração de todos os intervenientes no local de trabalho, mas as conclusões não sugerem isso.

 

Além disso, o cumprimento das obrigações legais continua a ser a principal motivação para a gestão da segurança e saúde no trabalho (SST), comunicada por 87% dos estabelecimentos.

 

No entanto, embora quase 80 % citem a prevenção de sanções por parte dos inspetores do trabalho como uma razão para a gestão da SST, a percentagem de estabelecimentos sujeitos a inspeções de trabalho diminuiu, descendo de 43,2 % em 2019 para 40 % em 2024, com as quedas mais significativas na Grécia e na Irlanda.

 

Estes resultados evidenciam uma tendência preocupante no que diz respeito à aplicação da legislação necessária para garantir locais de trabalho saudáveis e seguros para todos os trabalhadores europeus.

 

Fonte: ETUI/ Tradução da responsabilidade do Dep. SST

 

Consulte aqui o relatório completo do ESENER 2024.