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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Comunicado da CE: Melhorar a proteção dos trabalhadores com novos limites de exposição química

 




Comunicado da CES

 

Trabalhadores expostos a maior risco de cancro devido à desregulamentação química

 

Os trabalhadores das fábricas, os agricultores e os cabeleireiros estão entre os trabalhadores com maior risco de exposição a produtos químicos perigosos, ao abrigo das novas propostas de desregulamentação, apresentadas recentemente pela Comissão Europeia.

A Comissão Europeia publicou hoje o Pacote de Produtos Químicos como parte da legislação ‘Omnibus’, que se destina a enfraquecer a legislação democraticamente acordada.

Inclui propostas destinadas a facilitar às empresas a utilização de substâncias cancerígenas, mutagénicas ou tóxicas para a reprodução (CMR) na produção de produtos cosméticos e fertilizantes. (Ver notas para mais informações).

As propostas colocam os trabalhadores que fabricam ou usam regularmente esses produtos com maior risco de cancro ou infertilidade. Esta decisão surge numa altura em que o próprio plano de segurança no trabalho da Comissão Europeia  salienta que «o cancro é a principal causa de morte relacionada com o trabalho na UE. Estima-se que os agentes cancerígenos contribuam para cerca de 100 000 mortes por cancro no local de trabalho todos os anos.»

Giulio Romani, Secretário Confederal da Confederação Europeia dos Sindicatos, declarou:

“O plano da Comissão para enfraquecer as regras relativas à utilização de produtos químicos perigosos coloca os trabalhadores e o público numa situação de risco acrescido de cancro ou infertilidade.”

“Esta decisão é incrivelmente imprudente numa altura em que a própria Comissão afirma que o cancro é a principal causa de mortes relacionadas com o trabalho, na Europa.”

"A Comissão está a fazê-lo através de uma lei antidemocrática 'omnibus' clandestina por influência do lobby empresarial que está a usar a 'competitividade' como desculpa para pressionar a desregulamentação, ao estilo Trump na Europa.”

“A segurança dos trabalhadores e do público em geral não deveria ser sacrificada em prol do lucro das empresas. A Europa nunca poderá ganhar uma corrida global de nivelamento por baixo em que a Comissão está a entrar e tornar a Europa mais doente e mais perigosa não ajudará concerteza.”

“As histórias de sucesso da Europa devem indicar que o caminho para as empresas competitivas reside num investimento elevado, numa força de trabalho altamente qualificada e numa reputação de alta qualidade.”

 

Notas:

Regulamento relativo aos produtos cosméticos (Regulamento (CE) n.º 1223/2009):

 

O texto atual prevê que as substâncias CMR (classificadas nas categorias 1 e 2) sejam proibidas para utilização em cosméticos e produtos de higiene pessoal, a menos que seja apresentado um pedido de derrogação e sejam cumpridos os critérios de derrogação.

Propõe-se agora limitar a proibição de substâncias CMR em cosméticos "apenas se forem classificadas com base na exposição cutânea", mas não quando forem consideradas nocivas com base em provas de ingestão ou exposição por inalação.

Além disso, a conformidade com o regulamento relativo à segurança dos alimentos deixará de ter de ser provada para efeitos de beneficiar de uma derrogação e as substâncias naturais complexas com uma classificação harmonizada como CMR não conduzirão a uma proibição.

As alterações propostas afetarão os trabalhadores, os consumidores e o ambiente, uma vez que será muito mais fácil para a indústria utilizar as substâncias CMR em produtos de higiene pessoal.

Os trabalhadores com possíveis riscos acrescidos de CMR serão tanto os trabalhadores que fabricam cosméticos como os trabalhadores do sector da beleza possivelmente expostos 8h/dia (cabeleireiros, salão de unhas, etc.).

 

Regulamento relativo aos produtos fertilizantes (Regulamento (UE) 2019/1009):

 

As atuais regras de registo de todas as substâncias utilizadas em produtos fertilizantes da UE, independentemente dos seus volumes, exigem a apresentação de dados correspondentes ao registo de 10-100 t/ano ao abrigo do REACH.  Propõe-se agora deixar de ir além dos requisitos do REACH e seguir, em vez disso, as gradações de volume padrão do REACH (quanto maior o volume, mais dados devem ser fornecidos).

Os requisitos em matéria de dados serão inferiores para o registo de adubos em pequenos volumes de produção. Uma vez que os adubos contêm por vezes substâncias perigosas, como o cádmio, que é cancerígeno, os riscos de CMR podem ser acrescidos, tanto para os trabalhadores que fabricam fertilizantes como para os agricultores que os utilizam.

 

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