“ De salientar, que o cancro é hoje a “primeira causa de
morte relacionada com o trabalho na União Europeia”. O cancro profissional mata
10 pessoas em cada hora; existem pelo menos 32 milhões de trabalhadores
expostos a substâncias cancerígenas; estima-se que no ano 2012 tenha sido
diagnosticado cancro em 91.500 a 150.500 trabalhadores que estiveram expostos a
substâncias cancerígenas no trabalho; estima-se, para o mesmo ano, que
entre 57.700 a 106.500 trabalhadores tenham morrido de cancro profissional devido
a exposição a substâncias cancerígenas presentes no local de trabalho.”
“ Utilizados
como matéria-prima, reagentes ou ainda enquanto produtos de fabrico,
subprodutos ou resíduos, é frequente considerar-se que os “agentes químicos e,
consequentemente, os riscos a eles associados, são exclusivos de indústrias
químicas e afins, tais como a indústria farmacêutica ou a do petróleo.
Contudo, a utilização de agentes químicos (e.g. produtos de limpeza,
pesticidas, colas, tintas, entre outros produtos) é transversal a todos os
setores económicos, incluindo a agricultura, o comércio e os serviços, e
abrange um elevado número de trabalhadores.
Constata-se
que “das 110 mil substâncias químicas sintéticas que são produzidas em
quantidades industriais, apenas estão disponíveis dados adequados de avaliação
de riscos para cerca de 6 mil e só se encontram definidos limites de exposição
profissional para 500- 600 produtos químicos perigosos”.
Verifica-se ainda que o grupo mais numeroso de
fatores de risco profissional (3) da lista nacional de doenças profissionais
são de natureza química, alguns dos quais com ação cancerígena, mutagénica e/ou
tóxica para a reprodução (CMR). Não obstante os benefícios da utilização dos
agentes químicos, reconhece-se que o incremento da produção e da utilização
destes agentes nos mais diversos setores económicos e a disseminação da sua
aplicação poderão potenciar efeitos adversos acrescidos na saúde humana (dadas
as suas características físico-químicas e/ou toxicológicas), representando o
contexto ocupacional uma situação problemática que carece de especial atenção
quanto à vigilância da saúde dos trabalhadores expostos.
A eficácia da vigilância da saúde exige a
implementação de um adequado processo de avaliação e gestão do risco
profissional que tenha em conta o binómio “homemtrabalho”, isto é, que se tenha
em consideração não só as propriedades da(s) substância(s) química(s) e as
condições de trabalho e de exposição profissional, mas também as características
individuais do trabalhador."
Fonte: prefácio do Guia
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