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As lesões (LME) ou distúrbios músculo-esqueléticos são um dos problemas de saúde mais frequentemente relatados pelos trabalhadores e são responsáveis por uma proporção considerável de baixas por doença.
O artigo define os princípios das boas práticas para um regresso ao trabalho bem-sucedido e é ilustrado com exemplos de boas práticas.
REGRESSO AO TRABALHO APÓS LICENÇA POR
DOENÇA RELACIONADA COM LME NO CONTEXTO DOS RISCOS PSICOSSOCIAIS NO TRABALHO
Distúrbios
Músculo-esqueléticos e fatores de risco psicossociais — uma introdução ao tema
Regressar e continuar a trabalhar com distúrbios músculo-esqueléticos (DME’s) é um tema crucial em todos os países europeus (com um grau de variabilidade entre países), porque os DME’s são um dos problemas de saúde mais frequentemente relatados em todo o mundo (OMS) 2019).
O Inquérito Europeu sobre as Condições de Trabalho (IECT; ver Eurofound, 2015) afirmou que, em 2015, cerca de 50 % de todos os trabalhadores europeus reportaram um ou mais problemas músculo-esqueléticos, sendo a dor nas costas o problema mais comum, seguido de problemas nos membros superiores (pescoço e ombros) e problemas nos membros inferiores (ancas, joelhos, tornozelos).
Entre
os problemas de saúde relacionados com o trabalho, os DME’s relacionados com o
trabalho são os mais proeminentes: no Inquérito das Condições de Trabalho de
2013, 60 % de todos os inquiridos identificaram problemas músculo-esqueléticos
como os problemas de saúde mais graves (Eurostat, 2013).
Perde-se
anualmente uma grande parte dos dias úteis por causa dos DME; em 2015, por
exemplo, 53 % dos trabalhadores com DMEs reportaram que estavam de baixa no ano
anterior (EU-OSHA, 2019). A prevalência de DMEs tem permanecido constantemente
elevada nos últimos anos, embora tenha havido grandes esforços para reduzir os
riscos destas lesões.
A
prevalência e o impacto das condições músculo-esqueléticas aumentem ainda mais
a nível global. Diversos fatores podem contribuir para os DMEs, tais como, fatores
físicos, organizacionais, psicossociais, sociodemográficos e individuais
(EU-OSHA, 2019).
Os
riscos psicossociais, especialmente em combinação com riscos físicos, podem
causar ou agravar os DMEs. Na prevenção destes disturbios as condições
ergonómicas melhoraram muito, mas não a organização do trabalho ou o ambiente
de trabalho psicossocial. Neste artigo, discutimos os DMEs com ênfase no
contexto dos fatores de risco psicossociais no trabalho e focamo-nos em
particular no regresso ao trabalho com DMEs.
1 - O que são DMEs e o que são DMEs relacionados com o trabalho?
DME
é um termo genérico usado para descrever a dor e o desconforto nos músculos do
corpo. As condições músculo-esqueléticas são um grupo diversificado de
condições que afetam o sistema músculo-esquelético e o sistema locomotor, ou
seja, músculos, ossos, articulações e tecidos associados, como tendões e
ligamentos, conforme listado na Classificação Internacional das Doenças
(M00-M99).
Compreendem
mais de 150 diagnósticos. As condições músculo-esqueléticas são tipicamente
caraterizadas pela dor (muitas vezes persistente) e limitações na mobilidade,
destreza e capacidade funcional, reduzindo a capacidade das pessoas de
trabalhar e participar em papéis sociais com impactos associados no bem-estar
mental. A um nível mais amplo, afetam a prosperidade das comunidades (OMS,
2019).
Alguns
DMes aparecem repentinamente (por exemplo, após um trauma agudo resultante de
um acidente); a maioria deles, no entanto, desenvolvem-se gradualmente como
resultado de uma exposição longa ou repetida (são cumulativos). Os MSDs podem
ter uma duração curta ou ao longo da vida (crónica).
2 - Factos e números sobre os DMEs e os impactos negativos
Resumindo
os dados de várias fontes, os DMes relacionados com o trabalho são
questões-chave em todos os Estados-Membros da UE. Ao longo dos anos, as taxas
de incidência e de prevalência mantiveram-se elevadas a nível da UE.
Os
DME têm consequências negativas em diferentes "níveis": a micro-nível
para cada trabalhador e para as empresas e a nível macro para o sistema público
de saúde, para a economia e para a sociedade em geral. Os DMEs podem ter
impactos a curto e a longo prazo; afetam a saúde do indivíduo, a qualidade de
vida, a qualidade de trabalho, a produtividade e o estatuto económico, bem como
a economia nacional.
Para
as inspeções laborais, as companhias de seguros, os peritos e empresas de
segurança e saúde no trabalho (SST), as incidências e as taxas de prevalência
das doenças profissionais (doenças legalmente certificadas como doenças
profissionais) são dados-chave de indicadores para intervenções legalmente
exigidas e compensações potenciais para os trabalhadores.
No
entanto, a nível da UE, os dados não podem ser muito bem comparados. Em alguns
países, os DMEs constituem uma elevada proporção de doenças profissionais
(Eumusc, 2011), noutros a percentagem é muito menor, porque menos DMes são
reconhecidos como doenças profissionais.
DMEs
e ausência do trabalho.
Mais de metade dos trabalhadores com DMEs
reportaram ter tirado férias de trabalho num período de 12 meses (EU-OSHA,
2019a). Na UE, 26 % dos trabalhadores com DME crónicos e outros problemas de
saúde reportam mais de 8 dias de ausência por ano (mas apenas 7 % dos
trabalhadores sem problemas básicos de saúde) (Eurostat, 2014).
As longas ausências de trabalho põem em perigo a empregabilidade a longo prazo de uma pessoa. As elevadas taxas de baixa por doença resultam num aumento dos custos devido aos pagamentos diretos ou indiretos de licença por doença.
Presenteeismo
A percentagem de trabalhadores com DMEs que reportam ter trabalhado entre 4 e 20 dias úteis enquanto estavam doentes é muito maior do que a dos trabalhadores com outros problemas de saúde (Eurofound, 2015). O presenteeismo pode levar à insatisfação com o trabalho, o conflito e as elevadas taxas de baixa por doença.
Reforma
antecipada.
Um terço dos trabalhadores com DMEs (combinado com outros problemas de saúde) pensam que não poderão manter-se no seu trabalho até aos 60 anos (Eurofound, 2015). O risco de invalidez e reforma antecipada é maior nas pessoas que sofrem de DMes.
Impacto na economia nacional.
Estima-se
que 1-2 % do produto interno bruto se perca em resultado dos DMEs (Bevan,
2015). Os DME incorrem em custos adicionais para a medicina e tratamento,
reabilitação, indemnizações, invalidez e pensões de reforma antecipadas, e
assim por diante. Assim, a prevenção dos DME e o apoio a um bom processo de
regresso ao trabalho são essenciais não só do ponto de vista humano e ético,
mas também por razões económicas!
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