(imagem com DR)
Intervenções organizacionais
As intervenções organizacionais englobam
um vasto leque de medidas relacionadas com a organização do trabalho. Uma vez
que os DME relacionados com o trabalho são causados não só por fatores de risco
físico, mas também por fatores de trabalho psicossociais e
organizacionais, tais como, as elevadas exigências de
trabalho, a baixa latitude de decisão, o apoio a um colega de trabalho ou
supervisor baixo ou um desequilíbrio de esforço-recompensa, as intervenções
organizacionais não se destinam apenas a reduzir a carga física, mas também a
melhorar o ambiente de trabalho psicossocial.
A organização do trabalho refere-se à
forma como o trabalho é concebido e realizado e inclui a distribuição de
tarefas de trabalho, design de trabalho, processos de trabalho, ritmo de
trabalho, estilo
de gestão, tempo de
trabalho, etc.
O ambiente de trabalho psicossocial é o
resultado de uma interação entre as condições de trabalho e as perceções destas
condições por parte do trabalhador (por exemplo, intensidade das exigências
laborais, latitude das decisões, apoio de colegas de trabalho ou supervisores,
reconhecimento dos esforços dos trabalhadores,
trabalho
emocionalmente exigente, exigências
cognitivas, sexual
no local de trabalho
e outros assédios no
local de trabalho.
Exemplos de intervenções organizacionais
incluem a alteração dos níveis de pessoal, a adaptação das frequências do ciclo
de trabalho, alterações na frequência/duração das pausas, a adaptação das
tarefas de trabalho, por exemplo, utilizando soluções como enriquecimento de emprego,
alargamento do emprego ou rotação de emprego.
Para melhorar ainda mais os aspetos do
ambiente de trabalho psicossocial,
tais como a latitude da decisão, a voz dos trabalhadores, as
exigências de emprego, etc., têm de ser integrados em
abordagens
organizacionais.
Intervenções orientadas para as pessoas
Podem distinguir-se duas categorias
principais de intervenções orientadas para as pessoas: educação/ formação e formação
física/ exercícios.
A
educação compreende as
clássicas "formações sobre as costas ou pescoço" e outros programas
de orientação e formação ergonómicos.
Este tipo de intervenções centra-se na
sensibilização dos trabalhadores e na tentativa de alterar o seu comportamento
de trabalho.
§
A formação
sobre as costas ou pescoço treinam as pessoas na adoção de boas posturas de
trabalho, na utilização de técnicas corretas de elevação/manuseamento e em
exercícios de reforço.
§
Existem
programas de formação (em empresa) que dão formação e orientação sobre métodos
e práticas de trabalho adequados com o objetivo de reduzir a pressão física nos
trabalhadores. Estas formações podem centrar-se no manuseamento
manual, incluindo
a formação em técnicas de elevação/manuseamento, ou focar-se na formação em
grupo e aconselhamento sobre o tema da ergonomia em ambiente de escritório.
§
A
educação na prevenção dos DME relacionados com o trabalho também pode incluir a
divulgação de informação escrita, por exemplo através de brochuras ou folhetos
sobre temas relacionados com a ergonomia.
Os exercícios físicos (formação física), por exemplo
incentivados através de programas de promoção da saúde
no local de trabalho,
visam aumentar a capacidade física do trabalhador e, assim, reduzir a
discrepância entre a carga de trabalho e a capacidade do trabalhador.
Existem evidências claras da investigação
de que os programas de exercício físico (intensivo) reduzem a ocorrência de lombalgias.
Em particular, os exercícios de fortalecimento muscular parecem
desempenhar um papel importante. Também nos programas
de exercício para reduzir as perturbações do membro superior relacionados com o
trabalho mostram resultados benéficos.
O efeito preventivo primário das
estratégias educativas (escolas de costas ou pescoço e outros programas de
formação) sobre a lombalgia relacionada com o trabalho e outros DME é menos
evidente - se estas forem utilizadas como a única medida preventiva.
Abordagem participativa
Uma abordagem participativa da ergonomia, também denominada “ergonomia participativa” baseia-se em envolver ativamente os
trabalhadores no planeamento e no controlo de uma quantidade significativa das
suas próprias
atividades de
trabalho, e na implementação de conhecimentos, procedimentos e mudanças
ergonómicas com a intenção de melhorar as condições de trabalho, a segurança, a
produtividade, a qualidade e o conforto.
Existem provas de que as intervenções de ergonomia
participativa (EP) podem reduzir os DME relacionados com o trabalho.
Embora cada intervenção da EP seja
diferente (não existe «o melhor caminho»), podem ser identificados seis
elementos de sucesso para a execução das intervenções da EP no local de
trabalho:
§
Participação
ativa dos trabalhadores ao longo do programa (identificação inicial de riscos,
análise de riscos, soluções e medidas, revisão das medidas de controlo);
§
Recursos
adequados comprometidos com o programa e a utilização de instrumentos adequados
para identificar e analisar riscos;
§
Acompanhados
por uma equipa que reúne as pessoas-chave (trabalhadores, supervisores e (internos ou externos)
especialistas ergonómicos que compreendem as suas responsabilidades (identificação de
problemas, desenvolvimento de soluções e implementação de mudanças) e tomam
decisões de forma consultiva;
§
Boa
comunicação entre os membros da equipa, a gestão e a equipa, e entre a equipa e
os indivíduos no local de trabalho;
§
Formação
em princípios ergonómicos, bem como trabalho de equipa e resolução de problemas
para que a equipa funcione bem para identificar e fazer as mudanças
necessárias;
§
Documentação
das alterações propostas e implementadas, acompanhamento de todo o programa e
adaptação com base nas lições aprendidas.
Custo-eficácia das intervenções
Para além do conhecimento sobre a
eficácia das intervenções para combater os DME no local de trabalho, a
informação sobre as suas implicações
financeiras é de grande importância para a tomada de
decisões de gestão da SST nas organizações.
Uma revisão sistemática das intervenções
ergonómicas no local de trabalho que contenham análises económicas tentou
encontrar provas dos méritos financeiros do investimento em intervenções
ergonómicas.
Apenas poucos (16) estudos de intervenção
que foram publicados que incluíam uma análise custo-benefício. A revisão
conclui que existem fortes indícios de benefícios financeiros resultantes de
intervenções de prevenção de DME no setor da indústria transformadora e
armazenagem (principalmente intervenções participativas, técnicas), evidência
moderada no setor dos serviços administrativos e de apoio (investimento em
equipamentos de escritório e formação ergonómica para trabalhadores de
escritórios) e setor dos cuidados de saúde (ergonomia participativa e
introdução de elevadores mecânicos de doentes), e provas limitadas no setor dos
transportes (programas de formação em prevenção de lesões).
Nota: Tradução da responsabilidade do departamento de SST da UGT.
Pode aceder à versão original Aqui.
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