(imagem com DR)
Artigo OSHwiki - Estratégias para combater distúrbios músculo-esqueléticos no trabalho - parte III
Regresso ao trabalho
Do ponto de vista da prevenção terciária,
podem ser tomadas medidas de apoio à reintegração (regresso ao
trabalho) dos trabalhadores ausentes do trabalho devido a um DME. É necessária
uma abordagem multidisciplinar e coordenada que pode incluir medidas de
avaliação e adaptação (ergonómica) do processo de trabalho ou do local de
trabalho, bem como apoio individual, formação e educação psicomental.
Abordagem integrada
As conclusões de várias revisões
sistemáticas indicam que as abordagens ergonómicas bem-sucedidas não se referem
a programas de intervenção únicos (execução específica de medidas técnicas,
organizativas ou de formação).
Em contrapartida, existem mais provas da
eficácia das estratégias integradas de execução, que incluem uma combinação de
medidas preventivas (intervenções multidisciplinares). Não existem, por
exemplo, elementos de prova claros para o impacto positivo de medidas
preventivas como os ajustamentos dos postos de trabalho (técnicos), pausas para
descanso (organizacional) ou a formação ergonómica (comportamental) nos DME
relacionados com o trabalho.
Por outro lado, quando estas intervenções
específicas são incluídas numa abordagem combinada, tornam-se mais eficazes. O
mesmo se aplica ao trabalho de escritório, em que a formação ergonómica e a
orientação em ajustes adequados do posto de trabalho e a adoção de posturas
adequadas de trabalho se revelaram eficazes, especialmente quando estão
disponíveis equipamentos e móveis de escritório de boa qualidade e ajustáveis.
Distinguem-se as seguintes
características-chave de programas ergonómicos bem-sucedidos e eficazes:
§
Ser
apoiado por uma política organizacional;
§
Disponibilizar
a tecnologia adequada aos trabalhadores que lhes permita realizar o trabalho de
forma saudável e segura;
§
Ser
implementado através de formações
ergonómicas amplas e
adaptadas (abrangendo mais do que formações sobre como utilizar adequadamente
uma ferramenta ou técnica).
As estratégias de prevenção que combatem
os DME devem basear-se numa abordagem abrangente e consideradas como parte de
um compromisso a longo prazo com a segurança dos trabalhadores e o sucesso da
empresa. É dado ênfase à grande importância de
uma cultura
organizacional orientada para a prevenção, uma vez que existem evidências
acrescidas do impacto dos fatores de risco psicossociais
no desenvolvimento dos DME.
- Um compromisso de gestão claro demonstrado através da
atribuição de tempo e recursos adequados às atividades de prevenção dos DME;
- Uma
estratégia organizativa proactiva para gerir a saúde e a segurança da mão de
obra e a vontade do empregador de implementar estratégias inovadoras na
organização do trabalho e no desenvolvimento do pessoal;
- Um forte ênfase na comunicação e no acompanhamento;
- Formação
abrangente e intervenções ergonómicas adaptadas às necessidades e fáceis de
integrar nas práticas de trabalho atuais dos trabalhadores e nos procedimentos
da organização;
- O
desenvolvimento de qualidades
de liderança de gestores (linhas);
- Uma abordagem
participativa que permita o envolvimento ativo dos
trabalhadores na segurança e saúde no trabalho.
Esta abordagem integrada significa
igualmente que as estratégias de prevenção dos DME devem fazer parte dos
principais processos de gestão. A introdução da
ergonomia e da prevenção dos DME num sistema
de gestão das organizações pode contribuir para o seu
êxito.
Prevenção na prática
O inquérito
ESENER analisa a forma como os locais de trabalho
europeus gerem os riscos de segurança e de saúde na prática. O inquérito é organizado
pela UE-OSHA e é realizado de 5 em 5 anos. O ESENER 2019 é a terceira vaga de
inquérito, entrevistando mais de 45.000 estabelecimentos que empregam pelo
menos cinco pessoas em todos os setores de atividade em 33 países.
Com base nos resultados, pode concluir-se
que a maioria dos locais de trabalho europeus toma medidas para prevenir os DME
relacionados com o trabalho. Quase todos os locais de trabalho nestes setores
fornecem este tipo de equipamento (mais de 85%).
As intervenções organizacionais, como a
rotatividade de postos de trabalho ou o incentivo a pausas regulares, são menos
difundidas. As grandes empresas relatam mais frequentemente que tomaram medidas
para combater os DME do que as empresas de menor dimensão.
No relatório da UE-OSHA pode encontrar
mais pormenores sobre
a prevalência, os custos e a demografia dos DME
ou através da ferramenta de visualização de dados ESENER.
Conclusão
À medida que os DME relacionados com o
trabalho surgem de múltiplos fatores de risco de natureza biomecânica,
biocomecânica, psicossocial e organizacional, é necessária uma abordagem
preventiva integrada e holística.
Há que tomar estratégias preventivas a
três níveis:
- Prevenção primária com foco combinado
no processo de avaliação dos riscos e na aplicação de medidas técnicas,
organizacionais e orientadas para as pessoas;
- Prevenção secundária dirigida à
identificação e intervenção precoces;
- Prevenção terciária com o objetivo de
estimular e facilitar o processo (multidisciplinar) de regresso ao trabalho dos
trabalhadores que estão ausentes do trabalho devido a um problema de DME.
Esta abordagem integrada pode ser bem sucedida
se estiver incorporada num ambiente participativo e numa forte cultura corporativa orientada para a prevenção.
Nota: Tradução da responsabilidade do departamento de SST da UGT.
Pode aceder à versão original Aqui.
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