(imagem com DR)
Matadouros e fábricas de
transformação de carne tornaram-se pontos quentes de surtos de coronavírus. Os
trabalhadores da indústria da carne, em todo o mundo, estão a relatar doenças
generalizadas entre os seus colegas e comunidades. A atual crise sanitária
desmascarou a forma como este setor é o elo mais fraco da cadeia de
abastecimento alimentar.
De acordo com os dados
divulgados pela EFFAT, na União Europeia, a indústria da carne emprega quase um
milhão de trabalhadores. Os recentes surtos de coronavírus detetados nos
matadouros espanhóis e nas fábricas de transformação, como os de Binéfar (Huesca)
e Rafelbunyol (Valência), revelam as
condições de trabalho dos trabalhadores desse setor.
A Espanha é o segundo maior produtor de carne
da Europa por toneladas de carne produzida.
Condições de trabalho
exploradoras, alojamento sobrelotado, até 16 horas de trabalho, baixos
salários, deduções salariais ilegais e insegurança no emprego são algumas das
injustiças que os trabalhadores da indústria da carne enfrentam tanto em
Espanha como na Europa.
Além disso, o setor depende,
em grande parte, da mão de obra migrante e transfronteiriça proveniente tanto
da UE como de países terceiros. Quer sejam empregados através de práticas de
subcontratação, como trabalhadores de agências temporárias, trabalhadores
destacados ou obrigados a aceitar o estatuto de trabalhador independente, as
condições de trabalho, de habitação e de
emprego de uma parte significativa dos trabalhadores da carne são, segundo a
EFFAT, inaceitáveis.
As duas fábricas da cidade
de Binefar, Litera Meat e Fribín, reportaram
que vários trabalhadores tiveram resultados positivos para a COVID-19. Juntas,
as empresas empregam mais de 1.500 trabalhadores.
Na Litera Meat, os
relatórios sobre o número de trabalhadores infetados pelo vírus têm sido contraditórios.
Os testes serológicos iniciais resultaram em positivo para cerca de 200
trabalhadores. No entanto, os testes subsequentes efetuados pela gestão da
fábrica reduziram o número de 200 para 11.
Na fábrica de Rafelbunyol, foram
reportados seis casos pelas autoridades locais. O sindicato espanhol CCOO assegurou que foi
apresentada uma queixa e que será acompanhada por uma inspeção laboral.
Javier Galarza,
representante da CCOO valenciana, confirmou que o surto tinha sido detetado na
realização do primeiro lote de testes. Galarza salientou ainda que durante a
pandemia a empresa tinha sido informada da possível propagação do vírus, uma
vez que vários trabalhadores não se sentiam bem e pediam licença por doença.
Isto, segundo Galarza, indica que as medidas de distanciamento físico não foram
cumpridas e, por isso, era previsível que um surto pudesse acontecer.
Finalmente, segundo
Ildefonso Hernández, da Associação Espanhola de Saúde Pública (SESPAS), as
empresas devem investir na prevenção, nos sistemas de transporte e garantir que
sejam garantidas condições de trabalho decentes.
Nota: Tradução da responsabilidade
do Departamento de SST da UGT
Aceda à versão original Aqui.
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