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quarta-feira, 22 de março de 2023

Relatório da CSI sobre a RATIFICAÇÃO da Convenção n.º 190 da OIT - parte III

 

Diálogo social e negociação coletiva


Inquérito da CSI: 91% dos sindicatos inquiridos estão envolvidos no diálogo social para alinhar a C190 com a legislação e com as políticas nacionais.

67% dos sindicatos inquiridos negociaram políticas no local de trabalho e Acordos Coletivos de Trabalho  (ACT) alinhados com a C190 e a R206.

 

O inquérito da CSI revela um nível impressionante de envolvimento dos sindicatos na concretização do quadro e das definições contidas no diálogo social e na R206 através de negociações tripartidas com governos e empregadores e negociações bipartidas a nível nacional, setorial e no local de trabalho com os empregadores.

 

Lobbying e discussões com os governos sobre a ratificação e implementação da C190

Inquérito da CSI: 62% dos sindicatos inquiridos realizaram atividades dirigidas aos governos.

 

Outra importante atividade da campanha para a ratificação envolveu o lobbying e as discussões com os governos sobre a importância da ratificação e implementação da C190. De acordo com o inquérito da CSI, 62% dos sindicatos realizaram esta atividade. 


Os sindicatos encontraram múltiplas formas de pressionar e de sensibilizar os governos, nomeadamente através da construção de alianças, relativamente à importância da C190.

"A aliança nacional, composta por muitos sindicatos e organizações da sociedade civil, ajudou de facto a construir a nossa força coletiva como trabalhadores e estamos agora a pressionar o governo para ratificar a C190.  Embora o governo apoie a ratificação, os empregadores continuam a opor-se a ela. Estamos a apresentar os argumentos, a realizar reuniões, a fazer campanha e a dialogar com os empregadores, para que a C190 se torne uma realidade das trabalhadoras."

Ema Liliefna, KSBSI, Indonésia.

 

Construção de alianças e parcerias

Inquérito da CSI: 56% dos sindicatos inquiridos fizeram campanha pela ratificação da C190 através de alianças com outras partes interessadas.

 

A colaboração, sem precedentes, em torno da campanha para a ratificação da C190 decorreu entre a CSI e as Federações Sindicais Globais, traduzindo-se na organização de webinars globais e na publicação de um conjunto abrangente de ferramentas de formação para a ratificação da C190.


Foram criadas parcerias entre sindicatos (centrais sindicais e sindicatos setoriais) e foram estabelecidas, em muitos países, coligações de sindicatos e de organizações representativas dos direitos humanos e de grupos de mulheres.


Por exemplo, foram formadas alianças nos EUA (AFL-CIO) com organizações de direitos humanos e da sociedade civil; em África, uma forte aliança de mulheres dirigentes sindicais tem prestado apoio e partilhado experiências para pressionar os governos a ratificar a C190;  a Nagkaisa Labour Coalition of Unions, nas Filipinas, trabalhou em estreita colaboração com a Women’s March  e outras ONGs; o CNUS na República Dominicana criou uma aliança entre os sindicatos e a sociedade civil; e as Confederações KSBSI e KSPSI, na Indonésia, criaram a aliança “Acabar com o assédio e a violência no mundo laboral - END GBV in the world of work"; no Reino Unido, a TUC fez parte de uma aliança com as organizações anti violência e de direitos humanos das mulheres sob a bandeira #AssimNãoPodeContinuar - ThisIsNotWorking.


Na Bulgária, a National Civic Initiative to Ratify C190 ajudou a elevar o apoio público para a ratificação da C190, levando a um amplo lobbying dos empregadores e do governo. Em maio de 2022, foi incluída para apreciação na comissão governamental do trabalho e das políticas sociais.


A CSI-AP (CSI – Ásia e Pacífico) formou uma coligação, em 2021, com a Action Aid International, a CARE International e a International Women's Rights Action Watch-Asia Pacific, a fim de construir um círculo eleitoral mais amplo para a campanha e impulsionar a ratificação da C190 em toda a região da Ásia-Pacífico.


A coligação pretende pressionar o governo para ratificar a C190; realizar eventos, webinars e sensibilização; partilha de recursos e materiais de informação; formação dos trabalhadores para a proteção da violência e assédio no local de trabalho.


Foram estabelecidas algumas alianças com as partes interessadas do governo e dos empregadores.  Alguns exemplos incluem a Gender Platform formed in Bangladesh, composta por organizações de direitos humanos, ONGs internacionais, sindicatos, empregadores e agências governamentais, e que desempenhou um papel muito visível na sensibilização para o impacto do COVID-19 nas mulheres trabalhadoras, na necessidade de introduzir legislação sobre a prevenção do assédio sexual e na ratificação da C190.


Na Turquia, juntamente com um modelo CBA, foi criada pela confederação HAK-İŞ uma plataforma de diálogo social, juntamente com a OIT, UN Women, UNFPA, sindicatos, empregadores e organizações de mulheres.  


Globalmente, a CSI trabalhou em estreita colaboração com a Human Rights Watch, Action Aid, Care International e o Center for Women in Global Leadership, entre outras organizações, e apoiou as suas organizações filiadas para o estabelecimento de alianças com a sociedade civil, ao nível nacional e regional. A CSI também se associou à campanha global para 16 dias de Ativismo a partir de 2019.


As lições retiradas destas alianças permitiram a partilha de recursos e de conhecimentos especializados, construíram uma voz coletiva e uma força visível em torno de objetivos comuns e alcançaram um nível de crítica do envolvimento (social) dos media. Isto acrescentou uma força significativa na base do valor e da importância crítica para tornar a C190 uma realidade.

"A National Civil Initiative está a ter um impacto real na pressão do governo para a ratificação da C190, estamos otimistas de que em breve ratificaremos este primeiro instrumento jurídico para combater a violência e o assédio no mundo do trabalho e criar os mecanismos eficazes de prevenção e de proteção que são necessários."

Ekaterina Yordanova, Presidente da FTTUB, Bulgária

 

"O nosso modelo CBA ajudou as nossas filiadas a negociar cláusulas sobre violência e assédio baseadas na C190 e na R206 na contratação coletiva e estamos a apoiar a liderança das mulheres para que possam participar em papéis de negociação coletiva e de tomada de decisão, tendo em conta que as mulheres entendem a necessidade de acabar com a violência baseada no género, bem como com a violência doméstica."

Fulya Pinar Ozcan, HAK-İŞ, Turquia

 

 Recolha de dados e voz dos trabalhadores

Inquérito CSI: Um terço das campanhas sindicais colocaram o foco na recolha de provas, dados e histórias das experiências das mulheres vítimas de violência e assédio baseados no género.

 

Uma parte importante das campanhas sindicais, refletida durante as negociações dos trabalhadores para a C190 na Conferência da OIT, em 2018 e 2019, é garantir uma base de evidência sobre a extensão, causas e riscos de violência e assédio: através da investigação, da recolha de dados e da documentação dos trabalhadores que vivam experiências de violência e de assédio no trabalho. As lições aprendidas com as atividades sindicais empenhadas na construção de uma base de provas mostraram ser de grande valor quando se negoceia e se pressiona os governos e os empregadores.


Em alguns casos, a recolha de dados foi o ponto de partida para as campanhas sindicais. Exemplos disso incluem a investigação participativa em 2019 e 2020 realizada com trabalhadores do vestuário, no Camboja e na Indonésia, e apoiada pelo US-based Solidarity Center, com provas inovadoras sobre a violência e assédio baseado no género. A investigação participativa está a ajudar os sindicatos a construir as competências e a capacidade das trabalhadoras para assumirem cargos de liderança e para realizarem campanhas sindicais.


Alguns sindicatos associaram-se a instituições académicas para realizar investigação, por exemplo, os inquéritos nacionais sobre o assédio (sexual) e sobre a violência doméstica por parte do CLC Canadá (2022), esta última realizada em parceria com especialistas académicos da Universidade de Londres (Ontário, Canadá). Os sindicatos disponibilizaram espaços para as trabalhadoras falarem sobre as suas experiências de violência e assédio no trabalho, o que forneceu fortes evidências para pressionar os empregadores e governo para a ratificação da C190.

 

Este Relatório está disponível no site institucional da UGT Aqui. 



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