Segundo a OIT, apesar de serem responsáveis por
seis vezes mais mortes que os acidentes de trabalho, as doenças profissionais
mantêm-se em larga medida ocultas.
De acordo com o Inquérito às Condições de Trabalho
em Portugal Continental – dados de 2017 - apenas seis entidades empregadoras
registaram, nos 2 anos anteriores, casos de doenças profissionais participadas.
Nestas entidades empregadoras registaram-se 16
casos que envolveram mais mulheres (9) do que homens (7). Por outro lado, foi
mencionada a existência de seis situações de doenças profissionais reconhecidas
pelo Departamento de Proteção contra os Riscos Profissionais (DPRP).
Todas elas dizem respeito a trabalhadores do sexo
masculino. Ainda considerando as entidades empregadoras que registaram doenças
profissionais, em metade destas tais situações foram investigadas.
Refira-se, contudo que, relativamente às doenças
profissionais, apenas duas entidades responderam a essa questão, sendo o
pessoal da entidade empregadora e o serviço externo as entidades/pessoas
referidas por cada uma delas como responsáveis por essa investigação.
Os dados estatísticos relativos às doenças profissionais são fornecidos pelo DPRP do Instituto de Segurança Social, I.P.
Os
dados que a seguir se apresentam reportam-se ao ano de 2019, e foram publicados
no Relatório de Atividades da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) referente
a este ano:
1 -
Número de participações obrigatórias e requerimentos iniciais, 2015/2019
No
que se refere ao número de participações obrigatórias e requerimentos iniciais,
obteve-se em 2019, respetivamente, 14.444 e 14.231.
2 -
Evolução das doenças profissionais certificadas, 2015/2019
Quando
comparados os dados do número de doenças profissionais certificadas entre 2015
e 2019, verifica-se que o maior número de doenças profissionais certificadas
ocorreu em 2019, com 5.470 doenças certificadas.
Verifica-se
que em 2019 houve um crescimento de doenças profissionais certificadas,
comparativamente com o ano de 2018.
Em
2017 e 2018, foram efetivamente os anos em que foram registadas um menor número
de doenças profissionais certificadas, com respetivamente 3.096 e 3.641 doenças
certificadas pelo DPRP.
Em 2019
houve o reconhecimento 5.740 de doenças profissionais (mais 77% do que as
reconhecidas em 2018).
3 -
Evolução das doenças profissionais por género e ano de certificação, 2015/2019
Verifica-se
que, desde o ano de 2015, o género feminino tem liderado os números das doenças
profissionais certificadas, com diferenças bastante significativas, quando
comparadas com o género masculino.
No
último ano – 2019 - o número de doenças profissionais certificadas, o género
feminino teve um aumento de mais 1.774 casos, sendo este o aumento mais
significativo, nos últimos cinco anos.
Entre
2016 e 2018 o número de doenças profissionais certificadas diminuiu, quer no
género feminino, quer no género masculino, embora em 2019 se tenha assistido a
uma subida dos números em ambos os géneros, com 3991 casos nas mulheres e 1479
nos homens.
4 -
Número total de doenças profissionais por natureza da incapacidade e género,
2019
Em
2019 houve o reconhecimento 5.740 de doenças profissionais (mais 77% do que as
reconhecidas em 2018). No que se refere à sua distribuição por género,
denota-se ainda que a maioria do total das doenças profissionais foram
reconhecidas em trabalhadores do género feminino, com 3.991 casos reconhecidos.
5 – Número
de doenças profissionais por natureza da incapacidade, por escalão etário e ano
de certificação, 2019
Quanto
ao número de doenças profissionais certificadas, por natureza da incapacidade e
por escalão etário, poder-se-á concluir que em 2019 o maior número de doenças
profissionais certificado, foi com incapacidade (3.933), mais 1.833 doenças
profissionais certificadas em 2019, comparativamente com 2018.
Relativamente
às doenças profissionais certificadas sem incapacidade, estas também registaram
um aumento em 2019, quando comparado com o ano transato, mais 541 doenças
profissionais certificadas sem incapacidade.
Quanto
ao escalão etário, os trabalhadores mais afetados por doenças profissionais,
podemos dizer que se encontram no escalão entre os 50 e 54 anos, quer nas
doenças profissionais certificadas sem ou com incapacidade, de seguida o
escalão dos 55 aos 59 anos e dos 45 aos 49 anos de idade.
O
escalão etário onde se deteta um menor número de doenças profissionais
certificadas sem incapacidade é entre os 65 e os 69 anos e entre os 20 e os 24 anos.
Já as doenças profissionais com incapacidade, regista-se em menor número, de
acordo com a tabela acima, nos 70 ou mais anos e entre os 20 e os 24 anos de
idade.
Comparativamente
com o ano de 2018 ao nível dos escalões etários, a tendência mantém-se quanto
aos escalões que registam maior e menor número de doenças profissionais
certificadas, sem e com incapacidade.
6 -
Doenças profissionais por diagnóstico em 2019
Verifica-se
que em todos estes escalões, é o género feminino que evidencia os valores mais
elevados quanto à certificação de doenças profissionais sem ou com
incapacidade.
Assim,
é o género feminino que contrai o maior número de doenças profissionais
certificadas sem ou com incapacidade, na faixa etária entre os 50 e os 54 anos
de idade.
As
afeções músculo-esqueléticas corresponderam em 2019 ao diagnóstico mais
frequente como doença profissional, com um peso de 85,32% (4.667 casos) sobre o
valor global, seguindo-se as perturbações neurológicas (430 casos - 7,86%),
perturbações de audição (198 casos - 3,62%) e perturbações pulmonares (107
casos - 1,96%).
7 -
Evolução de Doenças Profissionais certificadas, por fator de risco (com e sem
incapacidade)
Quando
se analisam as doenças profissionais certificadas por fator de risco
verifica-se que as doenças provocadas por agentes físicos têm, desde 2015 um
destaque bastante significativo.
Seguindo-se
como fator de riscos as doenças do aparelho respiratório, que em 2019 veio
inverter a tendência de subida registada até este ano, com 83 casos quando
comparado com o ano transato (142).
Verifica-se
que, no ano de 2019, à exceção das doenças provocadas por doenças infeciosas e
parasitárias, todos os restantes fatores de risco cresceram, nomeadamente as
doenças provocadas por agentes físicos e outros agentes causadores de doenças
não incluídos na lista em vigor, tiveram uma subida significativa de novos
casos de doenças profissionais certificadas.
Relativamente
às doenças profissionais certificadas provocadas por agentes físicos, de 2018
para 2019 registaram-se mais 2.422 certificações no último ano.
Fonte:
Relatório
de Atividades da Autoridade para as Condições de Trabalho, 2019
Inquérito
às Condições de Trabalho em Portugal (Entidades Empregadoras), 2017
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