(imagem com DR)
Crenças de saúde
As
crenças de saúde influenciam a forma como pensamos sobre a saúde, e a
somatização é a manifestação de sintomas físicos decorrentes da angústia
psicológica. A má saúde que é percecionada tem sido associada a um aumento da
prevalência de DME’s. Os indivíduos podem trazer crenças de saúde positivas ou
negativas para o trabalho, mas crenças negativas podem ser associadas com
sintomas.
Fatores psicossociais
Há
um reconhecimento crescente de que os fatores psicossociais também têm impacto
na prevalência de DME’s. Várias hipóteses têm sido evidenciadas, incluindo o
aumento da alta carga de trabalho mental e da tensão muscular, a exposição ao
stresse não havendo possibilidade de recuperação causando alterações no sistema
imunitário ou inflamatório.
A
análise identificou que a redução da exposição ao burnout pode ter o potencial
de reduzir a dor músculo-esquelética. A fadiga também pode ser um fator, sendo
que os indivíduos com DME’s relatam ter menos sono.
Outros
fatores psicossociais, incluindo o fraco apoio social, os baixos níveis de
controlo do trabalho e os conflitos entre a vida profissional e a vida
profissional, foram todos associados aos DME’s. A gestão de riscos
psicossociais pode reduzir os problemas músculo-esqueléticos. Existe a
preocupação de que isso não esteja a acontecer de forma generalizada, em parte
porque muitos empregadores desconhecem esta ligação e, em parte, porque os
riscos psicossociais não são classificados como um risco específico (sendo
agregados à diretiva-quadro sem diferenciação entre os outros riscos no local
de trabalho).
Diferenças socioeconómicas
As
diferenças socioeconómicas que se verificam entre os Estados-Membros e as
diferenças nacionais nos métodos de reportar os DME’s têm também um forte impacto
na sua prevalência. O aumento da notificação pode dever-se às campanhas de
sensibilização para a necessidade de reportar estes problemas de saúde.
No
entanto, a análise também mostrou que o relato das dores nas costas aumentou em
países onde existem níveis mais elevados de proteção social e de inclusão
social. Foi sugerido que isso se devia à disponibilização dos mecanismos de
proteção dos rendimentos e de apoio.
Lacunas nas práticas de avaliação e prevenção
de riscos
Embora
as disposições relativas à prevenção dos DME’s estejam previstas nas diretivas
relativas à movimentação manual de cargas e à utilização de equipamento dotado de
visor, estas não cobrem todos os riscos de DME’s.
Existe
um grande número de ferramentas que se encontram disponíveis para a avaliação
dos riscos, mas poucas foram cuidadosamente avaliadas.
Por
que ainda temos um grande número de pessoas a reportar DME’s? O nosso foco na
etiologia em vez da epidemiologia pode estar a atrasar a investigação, pois
precisamos de desenvolver e reportar estudos de intervenção. Não sabemos
quantas organizações estão a implementar alterações no local de trabalho ou
quão eficazes estas intervenções são.
Assim,
o planeamento, a conceção e a implementação da investigação e da intervenção,
num prazo razoável, têm de ser o caminho a seguir. A revisão identificou
igualmente barreiras e facilitadores à implementação de estratégias de
prevenção dos DME’s.
Recentemente,
a avaliação do impacto da legislação de SST e da sua aplicação revelou que
existe uma grande lacuna tanto na investigação relativamente aos riscos músculo-esquelética
como aos riscos psicológicos/psicossociais.
Há
uma necessidade clara de avaliar os riscos músculo-esqueléticos e psicossociais
de uma forma conjunta, e a investigação desenvolvida na Austrália mostra como
isso poderia ser alcançado.
Estão
disponíveis vários documentos de orientação em que a prevenção dos DME’s deve
ser encarada como um compromisso a longo prazo como parte da gestão geral da SST
e deve envolver a participação dos trabalhadores.
A
falta de conhecimento pode ser um obstáculo à prevenção, pelo que a formação e
a sensibilização também são essenciais. A necessidade de pensar sobre os riscos
psicossociais como parte da prevenção também foi salientada. Precisamos de um
quadro mais amplo que envolva o regulador, as organizações (empregadores e
trabalhadores) e os investigadores.
Em relação às nossas novas formas de
trabalhar, foram dadas mais orientações sobre o trabalho sedentário para
aumentar as oportunidades de mudança durante o trabalho.
Subsiste
uma grande área de investigação sobre automação e robótica que temos de
considerar em relação à interface entre o ser humano e a máquina.
Discussão e conclusões
Esta
revisão exploratória analisou várias hipóteses sobre a razão pela qual ainda
existe uma elevada prevalência de DME’s. A revisão investigou as mudanças verificadas
nos setores de atividade e as alterações na forma como as pessoas trabalham em
resultado das mudanças tecnológicas e de processos. O que é claro é que a
exposição aos riscos de DME não está a diminuir.
Embora
exista o potencial de reduzir a exposição, há poucas provas de que isso
aconteça nos locais de trabalho e a exposição pode, na verdade, ser reduzida
pela baixa do trabalho.
Existe
certamente a exigência de uma melhor compreensão da interface entre o ser
humano, o local de trabalho e o equipamento de trabalho nas novas tecnologias.
Continua
a ser necessário uma promoção da saúde no local de trabalho para melhorar o
nível de saúde que trazemos para o trabalho. A nossa compreensão das crenças de
saúde pode dar-nos a oportunidade de partilhar conhecimentos precisos sobre os DME’s
e a sua ocorrência, prognóstico e prevenção para nos ajudar a compreender as
questões.
As
mudanças demográficas e uma mão de obra cada vez mais envelhecida criam um
grupo de trabalhadores mais em risco; surpreendentemente, os trabalhadores mais
jovens também parecem estar a começar a trabalhar com DME’s.
O
reconhecimento de fatores psicossociais e a sua influência na prevalência de DME’s
não foi de forma alguma ligado ao processo de avaliação de riscos. A
investigação da Austrália faz recomendações sobre a forma de o fazer, mas isso
ainda não foi avaliado. Há uma necessidade clara de tomar novas abordagens para
prevenir os DME’s, incluindo a conceção de estudos de intervenção no local de
trabalho que tomem uma abordagem mais holística que abranja os riscos físicos e
psicossociais.
Além
disso, educar o público sobre os DME’s é
essencial para aumentar a consciência e o conhecimento do seu impacto e ajudar
a trazer mudanças.
Esta
revisão exploratória identificou uma necessidade clara de fazer o seguinte:
§Compreender
as diferenças entre países e, onde os países reduziram a prevalência dos DME’s,
descobrir o que funciona e porquê.
§
Adaptar os instrumentos de avaliação dos riscos e as medidas de redução de
riscos para poder avaliar tanto os DME como os riscos psicossociais numa única
avaliação.
§ Aumentar a consciencialização e compreensão
da relevância do trabalho dos DME’s e da sua identificação, prognóstico e
prevenção na força de trabalho.
§
Realizar estudos de intervenção para ajudar a identificar o que é eficaz e,
igualmente importante, o que não funciona.
§
Garantir que as atividades de promoção da saúde no local de trabalho se centrem
na prevenção de DME, bem como nos comportamentos de saúde que afetam estas
lesões.
§
Identificar as práticas atuais para melhorar a prevenção do impacto no DME
causado pela integração digital dos compromissos de vida profissional e
plataforma de trabalho de um indivíduo.
§
Atualizar a legislação para abranger as novas tecnologias, incluindo a análise
da aplicação da legislação em vigor para determinar:
- A
legislação cobre os riscos corretos?
- Os
empregadores estão a avaliar adequadamente estes riscos?
- Os
empregadores estão a implementar controlos adequados?
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