- Resumo Executivo -
Existem limitações
às provas de investigação disponíveis em fatores de risco psicossociais e LMEs.
Embora alguns fatores de risco psicossociais, tais como o
assédio psicológico ou sexual e a violência, possam ter consequências
facilmente percetíveis, as evidências atuais da investigação não permitem, em
geral, que fatores de risco psicossociais específicos sejam associados a LMEs específicas.
Isto não é incomum, na medida em que considerações semelhantes aplicam-se a
fatores de risco físico, uma vez que, raramente é possível isolar a extensão da
contribuição para o risco global de qualquer fator de risco físico individual.
Existem evidências que sugerem que a adoção de uma atenção
indevida a um fator específico (como o peso das cargas a manusear) é menos
suscetível de ser eficaz na redução do risco de LMEs (ou das suas consequências
no caso das lesões crónicas) do que a abordagem holística acima defendida.
Assim, devem ser avaliados todos os fatores de risco psicossociais e tomadas as
medidas para reduzir os mais prevalentes, sem procurar relacionar estes com os riscos
específicos de LMEs.
Devem ser
desenvolvidas intervenções no local de trabalho para fazer face ao risco
acrescido de LMEs devido a riscos psicossociais.
Até à data, embora existam orientações da literatura sobre o
que deve incluir qualquer intervenção no local de trabalho, não foram
encontrados relatórios e avaliações formais sobre a eficácia na prática de tais
intervenções.
Embora existam relatos de intervenções dirigidas às LMEs,
estas concentraram-se, em grande parte, nos fatores de risco físicos. Da mesma
forma, foram identificadas intervenções que abordam riscos psicossociais,
embora o foco destas tenha sido a prevenção de consequências psicológicas
adversas.
É claro pela literatura que quaisquer
intervenções no local de trabalho que abordam riscos psicossociais e LMEs
precisam de adotar uma abordagem holística, refletindo a causalidade
multifatorial dessas LMEs. Qualquer abordagem deste tipo deve abordar os fatores
de risco psicossociais e os físicos. Existem provas que apoiam a adoção de uma
abordagem participativa em qualquer intervenção, com todos os níveis de
mão-de-obra empenhados na necessidade de ação e a contribuir positivamente para
essa ação em todas as fases.
Um documento recente da Agência
Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (UE-OSHA, 2021) concluiu que uma
abordagem participativa melhora a identificação dos riscos mais relevantes e
ajuda a mão-de-obra/os trabalhadores na avaliação dos riscos e na procura de
soluções.
Especialmente quando a intenção da
intervenção é a reabilitação e não (ou bem como) a prevenção primária, deve ser
também direcionada alguma atenção para fatores individuais. Isto deve visar o aumento
da resiliência física e psicológica do trabalhador, refletindo novamente uma
abordagem holística.
No entanto, embora o indivíduo seja
importante, qualquer estratégia de intervenção deve evitar a adoção de uma
atenção indevida aos trabalhadores individuais. Tal como acontece com qualquer
risco no local de trabalho, a eliminação ou redução de qualquer risco na fonte
é, para além de uma obrigação legal, uma opção mais suscetível de proporcionar
um resultado bem-sucedido.
A experiência demonstrou que as
intervenções que procuram apenas aumentar a resiliência sem abordar os fatores
de risco no local de trabalho são menos suscetíveis de serem bem-sucedidas.
É
necessária uma estratégia de intervenção sistemática para identificar e reduzir
riscos.
Na conceção e implementação de
qualquer estratégia de intervenção, a primeira prioridade é ganhar o
compromisso positivo daqueles a todos os níveis da organização, desde os
trabalhadores até aos supervisores, gestores intermédios e gestores seniores.
Embora as intervenções físicas possam
muitas vezes ser facilmente adotadas ao nível do local de trabalho, abordar
fatores de risco psicossociais frequentemente implica mudança organizacional,
exigindo reconhecimento e compromisso a todos os níveis.
Refletindo a abordagem holística da
prevenção, qualquer estratégia de intervenção necessita do envolvimento e
participação de todos os níveis dentro da força de trabalho. A participação
deve ser um processo ativo, com consulta e discussão em todas as fases do ciclo
de prevenção de riscos. Como acima referido, as intervenções bem-sucedidas são
mais suscetíveis de surgir através de um envolvimento ativo do que através de
uma imposição "passiva" de mudança sem essa consulta e discussão.
A participação deve continuar ao longo
do processo, envolvendo todos os níveis da mão-de-obra, não só na identificação
dos riscos, mas também na conceção e, em seguida, na implementação ativa de
soluções adequadas.
Tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT
Aceda à versão original Aqui.
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