Imagem com DR
Tem
sido realizada muita pesquisa sobre lesões musculoesqueléticas (LME), mas a
maioria dos relatórios focam-se nos adultos. Esta análise abrangente foca-se na
pesquisa em crianças e jovens - antes e depois de integrarem o mercado de
trabalho.
Como muitas LME começam na infância, é importante identificar de que forma podem ser prevenidos numa fase precoce. Muitos fatores influenciam o desenvolvimento de LME, incluindo fatores físicos (por ex: obesidade, falta de sono, longos períodos na posição sentada), fatores socioeconómicos e fatores individuais (por ex: género, idade).
Esta análise examina a forma como estes fatores afetam
as LME em crianças e jovens, de que forma podem ser prevenidas e como uma boa
saúde musculoesquelética pode tornar-se uma parte importante da educação.
Este resumo foi objeto de tradução, sendo divulgado neste Blog faseadamente. Segue a 1.ª parte.
Distúrbios
músculo-esqueléticos entre crianças e jovens: prevalência, fatores de risco e
medidas preventivas
Resumo executivo
Principais conclusões
Esta revisão literária
centra-se na temática da incidência dos distúrbios músculo-esqueléticos (DME)
entre as crianças e os jovens, conferindo especial atenção aos jovens
trabalhadores.
O objetivo desta revisão é
identificar a prevalência e os principais fatores de risco para os DME, bem
como as principais medidas preventivas ou estratégias de intervenção. Em muitos
casos, os problemas de DME começam na infância, quando as posturas inadequadas
são combinadas com uma insuficiente atividade desportiva (Rodríguez-Oviedo et
al. 2018).
Sofrer de uma dor músculo-esquelética
na infância ou na adolescência aumenta o risco de tê-la como adulto (Kovacs et
al. 2011), possivelmente através do desenvolvimento de comportamentos e
atitudes relacionadas com os eventos anteriores ao surgimento de dor (Michaleff
et al. 2014).
A já elevada prevalência de DMEs
entre crianças (Calvo-Muñoz et al. 2013, Kamper et al. 2016b) levanta a questão
dos jovens trabalhadores que entram no local de trabalho já com problemas
músculo-esqueléticos pré-existente, os quais têm o potencial de serem
exacerbados ainda mais pelo trabalho.
Se os DMEs em crianças
puderem ser evitados, a entrada num ciclo de episódios recorrentes pode ser
retardada e a prevalência destas lesões em idade adulta pode ser diminuída
(Hill e Keating 2015). Este relatório mostra a importância de adotar uma
abordagem ao "longo da vida" para estudar as condições
músculo-esqueléticas e a saúde músculo-esquelética.
Tal abordagem tem o
potencial de atingir uma melhor compreensão de como e por que as condições
músculo-esqueléticas ocorrem ao longo da vida e como a saúde músculo-esquelética
pode ser promovida. A sua adoção "melhora a prevenção para todos os
trabalhadores (jovens e mais velhos) e reduz os danos para a saúde dos
trabalhadores, limitando a saída precoce do trabalho e melhorando a
sustentabilidade do trabalho em empregos com elevadas exigências físicas"
(Belin et al. 2016).
Neste contexto, há que
considerar o impacto vitalício da dor músculo-esquelética. Constatámos que a
prevalência dos DMEs já era bastante elevada em estudantes e jovens (7 a 26,5
anos), com 30 % em média a sofrer de uma lesão. No entanto, os aprendizes e
jovens trabalhadores ou os estudantes (dos 15 aos 32 anos) apresentam uma
prevalência média ligeiramente superior de DMS na ordem dos 34 %.
Existem várias razões para
as elevadas taxas de prevalência das lesões em crianças e jovens. Os DMEs podem
ser causados por fatores de risco adquiridos, individuais ou congénitos. A
maioria dos fatores de risco adquiridos, isto é, os fatores de risco físicos,
psicológicos, socioeconómicos e ambientais, são em grande parte evitáveis.
Foi sugerido que se
associasse a um maior risco destas lesões em crianças e adolescentes
determinados fatores, tais como:
- Desnutrição e excesso de
peso;
- Níveis muito baixos e
muito elevados de atividade física, atividades de lazer ou sono fraco;
- Consumo de tabaco e
álcool;
- Posturas incorretas causadas
por posturas incorretas prolongadas, utilização excessiva de dispositivos
eletrónicos, peso de mochilas ou de instrumentos;
- Lesões desportivas;
- Problemas de saúde mental;
- Estatuto social.
No entanto, os estudos
atuais mostram resultados inconsistentes, e atualmente nenhuma evidência apoia
a associação da maioria destes fatores com um maior risco de DMEs em crianças e
jovens. Isto poderia certamente ser atribuído às limitações de alguns dos
estudos existentes.
Os fatores de risco
relacionados com o trabalho para os jovens trabalhadores incluem:
- Cargas de trabalho físico;
- Posições de trabalho não
naturais e em esforço a longo prazo;
- Trabalho repetitivo;
- Trabalho sob pressão;
- Bullying e insegurança no
trabalho;
- Desafios profissionais e
condições climáticas extremas.
Existe uma falta de estudos
sobre jovens trabalhadores em profissões com elevada exposição ao ruído, vibrações,
calor ou frio, e a fatores de trabalho fisicamente exigentes, como trabalhar em
posições inadequadas, cargas pesadas e trabalho repetitivo.
No entanto, diversos estudos
que analisam setores e profissões específicos (por exemplo, músicos
profissionais e trabalhadores no setor da saúde) consideraram que os jovens trabalhadores
correm um risco elevado de desenvolver estas lesões.
As intervenções
estabelecidas para prevenir ou reduzir os DME envolvem questões, tais como a educação
e formação, exercícios físicos, terapia manipulativa e medidas ergonómicas. Em
geral, nas crianças e nos jovens a educação é eficaz no aumento do
conhecimento, numa maior sensibilidade e na consciencialização em relação ao
desconforto e à dor músculo-esquelética.
No entanto, o aumento do
conhecimento não conduz necessariamente a um comportamento mais adequado. Os
exercícios físicos prometem intervenções para prevenir ou reduzir o desconforto
músculo-esquelético. O equipamento ergonómico combinado com o exercício físico
também mostrou um efeito positivo na prevenção ou na redução de DMEs. A terapia
manipuladora parece ser eficaz em crianças ou jovens com dor longa ou crónica.
Em resumo, independentemente
da evidência científica sobre a contribuição de certos fatores para o risco de
desenvolvimento de DMEs, a prevalência entre crianças, adolescentes e
trabalhadores é bastante elevada. É urgente promover precocemente a saúde músculo-esquelética
nas crianças e nos jovens. Manter a adesão a longo prazo a uma combinação de
educação, formação física e medidas ergonómicas promete os melhores resultados
na prevenção ou redução sustentável destas lesões para a vida (laboral).
Tradução da responsabilidade do departamento de SST
Aceda à versão original Aqui.
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