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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Resumo executivo - Lesões musculoesqueléticas entre crianças e jovens: prevalência, fatores de risco, medidas de prevenção - parte I

 


Imagem com DR


Tem sido realizada muita pesquisa sobre lesões musculoesqueléticas (LME), mas a maioria dos relatórios focam-se nos adultos. Esta análise abrangente foca-se na pesquisa em crianças e jovens - antes e depois de integrarem o mercado de trabalho.


Como muitas LME começam na infância, é importante identificar de que forma podem ser prevenidos numa fase precoce. Muitos fatores influenciam o desenvolvimento de LME, incluindo fatores físicos (por ex: obesidade, falta de sono, longos períodos na posição sentada), fatores socioeconómicos e fatores individuais (por ex: género, idade). 


Esta análise examina a forma como estes fatores afetam as LME em crianças e jovens, de que forma podem ser prevenidas e como uma boa saúde musculoesquelética pode tornar-se uma parte importante da educação.


Este resumo foi objeto de tradução, sendo divulgado neste Blog faseadamente. Segue a 1.ª parte.


Distúrbios músculo-esqueléticos entre crianças e jovens: prevalência, fatores de risco e medidas preventivas

 

 

Resumo executivo

 

Principais conclusões

 

Esta revisão literária centra-se na temática da incidência dos distúrbios músculo-esqueléticos (DME) entre as crianças e os jovens, conferindo especial atenção aos jovens trabalhadores.

 

O objetivo desta revisão é identificar a prevalência e os principais fatores de risco para os DME, bem como as principais medidas preventivas ou estratégias de intervenção. Em muitos casos, os problemas de DME começam na infância, quando as posturas inadequadas são combinadas com uma insuficiente atividade desportiva (Rodríguez-Oviedo et al. 2018).

 

Sofrer de uma dor músculo-esquelética na infância ou na adolescência aumenta o risco de tê-la como adulto (Kovacs et al. 2011), possivelmente através do desenvolvimento de comportamentos e atitudes relacionadas com os eventos anteriores ao surgimento de dor (Michaleff et al. 2014).

 

A já elevada prevalência de DMEs entre crianças (Calvo-Muñoz et al. 2013, Kamper et al. 2016b) levanta a questão dos jovens trabalhadores que entram no local de trabalho já com problemas músculo-esqueléticos pré-existente, os quais têm o potencial de serem exacerbados ainda mais pelo trabalho.

 

Se os DMEs em crianças puderem ser evitados, a entrada num ciclo de episódios recorrentes pode ser retardada e a prevalência destas lesões em idade adulta pode ser diminuída (Hill e Keating 2015). Este relatório mostra a importância de adotar uma abordagem ao "longo da vida" para estudar as condições músculo-esqueléticas e a saúde músculo-esquelética.

 

Tal abordagem tem o potencial de atingir uma melhor compreensão de como e por que as condições músculo-esqueléticas ocorrem ao longo da vida e como a saúde músculo-esquelética pode ser promovida. A sua adoção "melhora a prevenção para todos os trabalhadores (jovens e mais velhos) e reduz os danos para a saúde dos trabalhadores, limitando a saída precoce do trabalho e melhorando a sustentabilidade do trabalho em empregos com elevadas exigências físicas" (Belin et al. 2016).

 

Neste contexto, há que considerar o impacto vitalício da dor músculo-esquelética. Constatámos que a prevalência dos DMEs já era bastante elevada em estudantes e jovens (7 a 26,5 anos), com 30 % em média a sofrer de uma lesão. No entanto, os aprendizes e jovens trabalhadores ou os estudantes (dos 15 aos 32 anos) apresentam uma prevalência média ligeiramente superior de DMS na ordem dos 34 %.

 

Existem várias razões para as elevadas taxas de prevalência das lesões em crianças e jovens. Os DMEs podem ser causados por fatores de risco adquiridos, individuais ou congénitos. A maioria dos fatores de risco adquiridos, isto é, os fatores de risco físicos, psicológicos, socioeconómicos e ambientais, são em grande parte evitáveis.

 

Foi sugerido que se associasse a um maior risco destas lesões em crianças e adolescentes determinados fatores, tais como:

 

- Desnutrição e excesso de peso;

- Níveis muito baixos e muito elevados de atividade física, atividades de lazer ou sono fraco;

- Consumo de tabaco e álcool;

- Posturas incorretas causadas por posturas incorretas prolongadas, utilização excessiva de dispositivos eletrónicos, peso de mochilas ou de instrumentos;

- Lesões desportivas;

- Problemas de saúde mental;

- Estatuto social.

 

No entanto, os estudos atuais mostram resultados inconsistentes, e atualmente nenhuma evidência apoia a associação da maioria destes fatores com um maior risco de DMEs em crianças e jovens. Isto poderia certamente ser atribuído às limitações de alguns dos estudos existentes.

 

Os fatores de risco relacionados com o trabalho para os jovens trabalhadores incluem:

 

- Cargas de trabalho físico;

- Posições de trabalho não naturais e em esforço a longo prazo;

- Trabalho repetitivo;

- Trabalho sob pressão;

- Bullying e insegurança no trabalho;

- Desafios profissionais e condições climáticas extremas.

 

Existe uma falta de estudos sobre jovens trabalhadores em profissões com elevada exposição ao ruído, vibrações, calor ou frio, e a fatores de trabalho fisicamente exigentes, como trabalhar em posições inadequadas, cargas pesadas e trabalho repetitivo.

 

No entanto, diversos estudos que analisam setores e profissões específicos (por exemplo, músicos profissionais e trabalhadores no setor da saúde) consideraram que os jovens trabalhadores correm um risco elevado de desenvolver estas lesões.

 

As intervenções estabelecidas para prevenir ou reduzir os DME envolvem questões, tais como a educação e formação, exercícios físicos, terapia manipulativa e medidas ergonómicas. Em geral, nas crianças e nos jovens a educação é eficaz no aumento do conhecimento, numa maior sensibilidade e na consciencialização em relação ao desconforto e à dor músculo-esquelética.

 

No entanto, o aumento do conhecimento não conduz necessariamente a um comportamento mais adequado. Os exercícios físicos prometem intervenções para prevenir ou reduzir o desconforto músculo-esquelético. O equipamento ergonómico combinado com o exercício físico também mostrou um efeito positivo na prevenção ou na redução de DMEs. A terapia manipuladora parece ser eficaz em crianças ou jovens com dor longa ou crónica.

 

Em resumo, independentemente da evidência científica sobre a contribuição de certos fatores para o risco de desenvolvimento de DMEs, a prevalência entre crianças, adolescentes e trabalhadores é bastante elevada. É urgente promover precocemente a saúde músculo-esquelética nas crianças e nos jovens. Manter a adesão a longo prazo a uma combinação de educação, formação física e medidas ergonómicas promete os melhores resultados na prevenção ou redução sustentável destas lesões para a vida (laboral).


Tradução da responsabilidade do departamento de SST


Aceda à versão original Aqui.




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