As condições de trabalho e a Segurança e
Saúde no Trabalho (SST) dos trabalhadores e trabalhadoras LGBTI ainda não são
suficientemente investigadas, possivelmente porque a situação das pessoas LGBTI
no trabalho apenas recentemente se tornou objeto de investigação social.
A exposição contínua dos trabalhadores e
trabalhadoras LGBTI à discriminação, ao assédio, à violência e a outros riscos
psicossociais, no local de trabalho, leva-os a recorrer a várias estratégias
para reduzir ou gerir o risco de vitimização, incluindo a ocultação (parcial ou
total) da sua identidade para assim minimizarem a sua visibilidade. Isto
contribui para manter as pessoas LGBTI como um grupo oculto e de difícil acesso
que não é fácil de analisar.
A discriminação e outras experiências
negativas das pessoas LGBTI, no local de trabalho, que resultam em riscos
acrescidos para a SST e em impactos negativos na saúde mental e física dos
trabalhadores e trabalhadoras LGBTI, têm que ser encarados como uma preocupação
a ser urgentemente abordada.
Tal necessidade deve-se à constatação de
padrões sistemáticos de exclusão e discriminação, à exposição desproporcionada
a um conjunto de riscos psicossociais no local de trabalho e à segregação
profissional em determinados setores ou empregos específicos.
Um projeto recente da UE-OSHA (reuniu dados
de diversos estudos) que visa contribuir para colmatar a lacuna existente na
investigação sobre as condições de trabalho/SST dos trabalhadores LGBTI
permite-nos retirar importantes conclusões, nomeadamente:
- Os trabalhadores LGBTI têm 7% menos
probabilidade de serem empregados do que os trabalhadores não LGBTI;
- Mais de metade de todos os inquiridos LGBT
e 7 em cada 10 inquiridos transgénero mencionaram que a sua experiência de
assédio ou discriminação no local de trabalho teve um efeito negativo na sua
saúde mental;
- Os indivíduos LGBT são 2 a 3 vezes mais
propensos do que a população em geral a mencionar problemas psicológicos ou
emocionais a longo prazo, com a prevalência de tentativas de suicídio,
pensamentos suicidas, depressão e perturbações de ansiedade;
- 1 em cada 7 inquiridos LGBTI (15%)
considera a sua saúde geral má ou muito má;
- A taxa é mais elevada entre os inquiridos
transexuais (26%) e intersexuais (25%) e mais baixa entre os trabalhadores homossexuais
(12%) e as trabalhadoras lésbicas (13%);
- 1 em cada 5 (20 %) inquiridos LGBTI
afirmou sentir-se desanimado ou deprimido mais de metade do tempo durante este
período;
- Cada 1 em 5 inquiridos LGBTI (20%)
sentiu-se discriminado no trabalho nos 12 meses que antecederam o inquérito;
- Esta percentagem é mais elevada entre os
inquiridos transexuais (32%) e intersexuais (30%);
- A média da UE-27 demostra diferenças
importantes entre os Estados-Membros: 3 em cada 10 inquiridos LGBTI, na
Lituânia, sentiram-se discriminados no trabalho (30%), 28 % na Bulgária, Chipre
e Grécia, sendo a proporção mais baixa verificada na Eslovénia (11 %), na
Dinamarca e no Luxemburgo (ambas 12 %);
- O bullying no local de trabalho é sentido
por 6 % dos trabalhadores heterossexuais, contra 14 % dos trabalhadores
homossexuais, 17 % das trabalhadoras lésbicas e 19 % dos trabalhadores
bissexuais;
- 39 % dos inquiridos LGBTI foram assediados
ou intimidados por um colega, 29 % por um gestor e 14 % por um cliente ou
paciente;
- 90 % dos trabalhadores transgénero sofreram
assédio ou maus-tratos no trabalho ou sentiram-se forçados a tomar medidas para
esconder a sua identidade de género, sendo que 45% deles sofreu uma promoção
negada por ser transgénero, e 22% disse ter perdido um emprego por ser
transgénero;
- Uma parte substantiva dos trabalhadores é
alvo de condutas ou comentários negativos no trabalho por ser LGBTI, sendo que
4 em cada 10 (43%) tiveram tal experiência;
- Quase 1 em cada 10 (8%) diz que o
experimentam com frequência ou sempre, sendo que a prevalência é mais elevada
entre os trabalhadores intersexuais e transsexuais, dos quais 21 % e quase 14
%, respetivamente, experimentam comentários ou condutas negativas com
frequência ou sempre.
Fonte: Dados retirados do artigo OSHWiki da
UE-OSHA – “Occupational
safety and health of LGBTI workers”
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