COvid-19
Nota de informação da CES
segurança e saúde no trabalho
15 ABRIL 2020
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A CES fez chegar às suas organizações associadas, no passado dia 15 de abril, esta nota de informação sobre o COVID 19, sendo que a pertinência do seu conteúdo, tornou necessária a sua tradução.
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
O movimento sindical está na
vanguarda da batalha contra o coronavírus e milhões de trabalhadores estão a
passar por problemas de segurança e saúde devido ao surto. A epidemia demonstrou
muito claramente a importância de proteger os trabalhadores de doenças.
No âmbito do inquérito às
organizações que são membros da CES, recebemos relatórios sobre uma série de
problemas relacionados com a saúde e segurança dos trabalhadores devido ao
surto de COVID-19, como sendo, a falta de Equipamento de Proteção Individual
(EPI) no setor da saúde, a não aplicabilidade de distanciamento social no setor
da construção e do retalho e o incumprimento das regras de segurança e saúde no
setor dos transportes.
Testemunhámos igualmente que o
diálogo social pode desempenhar um papel eficaz na identificação de um conjunto
de medidas, tanto a nível nacional, como a nível do local de trabalho.
Detalhamos seguidamente exemplos que foram adotados, quer em consequência do
diálogo social, quer da ação governamental.
Uma advertência de prudência. Esta
nota informativa refere-se a uma situação dinâmica que está sujeita a mudanças.
Pedimos, por isso, gentilmente aos nossos associados que nos forneçam mais
informações sobre as medidas relacionadas com o COVID 19 que foram introduzidas
no seu país, de modo a podermos atualizar esta nota informativa.
·
Áustria. Os parceiros
sociais do setor da construção e do retalho assinaram acordos com medidas de
proteção suplementares em matéria de segurança e saúde no trabalho, à luz da
propagação do coronavírus. No setor da construção, o acordo inclui disposições
higiénicas melhoradas e medidas de organização relativas à separação das zonas
de trabalho e de lazer e distâncias mínimas de separação. Foram
igualmente acordadas medidas especiais de proteção para os trabalhadores
pertencentes a grupos de risco.
No setor retalhista, o acordo inclui principalmente as
restrições de horário de abertura para as lojas e um conjunto de recomendações
para que os empregadores forneçam medidas de proteção adicionais, como a
utilização de painéis de acrílico para fornecer "proteção
respiratória" aos operadores de caixa, fornecimento de luvas e
desinfetantes a todos os trabalhadores, pagamento com cartão e o estabelecimento
de um número máximo de clientes nas lojas.
·
Bélgica. Uma ordem
ministerial sobre medidas de emergência para limitar a propagação do
coronavírus impõe uma cascata de medidas às empresas. As empresas que desejem
garantir a continuidade das suas atividades devem aplicar o distanciamento
social (a uma distância de 1,5 metros) de forma operacional e eficaz. Esta
regra aplica-se igualmente aos transportes que são organizados pelo empregador.
Se as autoridades considerarem que as medidas de distanciamento social não são
respeitadas, é aplicada, como primeiro passo, uma coima pesada à empresa. O
Grupo dos 10 (um dos fóruns mais importantes para o diálogo social na Bélgica, onde
os órgãos sociais dos sindicatos e das organizações patronais se reúnam)
salientou que (1) devem ser respeitadas as normas sanitárias e o distanciamento
social, (2) o teletrabalho deve ser organizado sempre que possível, (3) devem
ser envidados todos os esforços para respeitar estas regras em setores/empresas
essenciais (tal como definido pela ordem ministerial) e (4) essas regras, e em
particular o distanciamento social, devem ser respeitadas nos chamados
setores/empresas não essenciais.
·
Dinamarca. Todos os
empregadores devem organizar o teletrabalho, sempre que tal seja possível,
tanto no setor público como no setor privado. Não são permitidos encontros com
mais de 10 pessoas, o que se aplica também aos locais de trabalho. Deve ser
observada em todo o lado uma distância social de 2 metros. A inspeção do
trabalho utilizou a cláusula de força maior para permitir que as pessoas tenham
menos tempo de descanso para lidar com a reorganização que pode incorrer nas
medidas preventivas. Os parceiros sociais emitiram duas declarações conjuntas apelando
à adoção dos acordos coletivos existentes como base para as mudanças na
organização do trabalho, considerando também as disposições relativas à
segurança e à saúde no trabalho.
·
Irlanda. O governo
anunciou que todos os cidadãos devem permanecer em casa por duas semanas, por
enquanto, a partir de 29 de março, exceto quem consta de uma lista de
trabalhadores específicos dos serviços essenciais. Os sindicatos encontram-se
em diálogo com o Governo para esclarecer quaisquer ambiguidades que possam
surgir em relação a esta lista "essencial". Foram introduzidas
medidas pedidas pelos sindicatos para assegurar o distanciamento social nos
transportes públicos. O governo assumiu o compromisso de que a Autoridade de
Saúde e Segurança (HSA, o serviço de inspeção irlandesa) realizará inspeções e
poderá encerrar locais de trabalho, incluindo estaleiros de construção, caso
não se cumpram as normas.
O HSA, no entanto, ainda não recuperou dos cortes implementados
durante anos de austeridade e há preocupações sobre a sua capacidade – com um
número limitado de inspetores e de recursos – para responder de forma rápida e
adequada a quaisquer infrações.
· Espanha. Vários institutos
do Ministério do Trabalho e da Economia Social, juntamente com as confederações
sindicais UGT e CCOO, associações profissionais na área da saúde e organizações
de serviços de prevenção externos acordaram num "procedimento de ação para
os serviços de prevenção de risco profissional contra a exposição ao novo
coronavírus (SARS-COV-2)". As recomendações abrangem aspetos da natureza
das atividades profissionais que podem ser realizadas e a avaliação do risco de
exposição, bem como considerações específicas sobre a utilização e destruição
de equipamento de proteção individual, organização do trabalho (incluindo o distanciamento
social) e higiene no local de trabalho. Foram estabelecidas medidas específicas
de segurança e saúde no trabalho para os profissionais de saúde, bem como dois
protocolos relacionados com os trabalhadores, que se encontrem em contacto casual
ou em contacto frequente com as pessoas infetadas.
·
Itália. No dia 14 de
março, as três principais confederações sindicais de Itália (CGIL, CISL e UIL),
o Ministério dos Transportes e as organizações patronais chegaram a acordo para
um Protocolo de Contenção do COVID-19 no setor dos transportes e da logística.
O protocolo inclui várias disposições extraordinárias relativas à segurança e
saúde no trabalho, em domínios da prevenção, como o saneamento, o regime de
trabalho para garantir a distância mínima de um metro (entre colegas de
trabalho e com os clientes), a garantia de equipamento de proteção individual
(PPE), a suspensão da venda a bordo e o controlo de bilhetes pelo pessoal do
transporte rodoviário e ferroviário, garantindo medidas de carga e descarga de
mercadorias sem contacto, entre outros. No que respeita à situação específica
dos trabalhadores da saúde, foi assinado em Itália um acordo com o Governo
sobre a distribuição de EPI e a verificação da sua qualidade e o aumento dos
testes a todos os profissionais de saúde que se encontram expostos ao contágio.
·
Eslovénia. As medidas de
contenção de autoisolamento foram adotadas a partir de 8 de março, juntamente
com o respeito de 2 metros entre pessoas em todos os espaços públicos, locais
de trabalho incluídos. O sindicato SDTS (membro da confederação ZSSS) negociou
com os seus homólogos patronais os termos para a redução do horário de
funcionamento das lojas de alimentação. No setor da indústria transformadora,
por iniciativa dos sindicatos, foi implementada uma iniciativa conjunta -
especialistas em segurança e saúde no trabalho e inspeção do trabalho - para avaliar a
necessidade de encerrar alguns locais de trabalho se não for possível a adoção
de medidas preventivas.
·
Suécia. A Autoridade Sueca do Ambiente do Trabalho está a
monitorizar a avaliação dos riscos levada a cabo pelos empregadores para conter
a propagação do vírus. Algumas empresas têm apenas metade do seu pessoal ao
serviço para evitar a propagação do vírus. Além disso, o teletrabalho é
incentivado aos trabalhadores que o possam fazer.
O Governo decidiu também suspender temporariamente o dia
de qualificação para o subsídio de doença. O pagamento por doença é pago desde
o primeiro dia que o trabalhador se encontre em casa. O objetivo desta mudança
é incentivar as pessoas a ficarem em casa, mesmo quando têm sintomas leves.
·
Turquia. As licenças
administrativas são prontamente asseguradas para quem tem mais de 65 anos, para
grávidas e para quem tem doenças crónicas. Assim, o maior grupo de risco pode
estar em autoisolamento sem qualquer preocupação em relação ao trabalho. O
Governo apoia e assegura o trabalho remoto flexível nos locais de trabalho
públicos.
·
A nível europeu, os
parceiros sociais do setor da produção alimentar (EFFAT e FoodDrinkEurope)
desenvolveram orientações para apoiar os seus membros na resolução do surto COVID-19.
As orientações incluem recomendações sobre informação aos colaboradores,
práticas de higiene, revisão das organizações de trabalho, gestão da doença dos
trabalhadores, transporte e entrega de alimentos, e viagens de e para o
trabalho.
Nota :
Tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT
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