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segunda-feira, 13 de abril de 2020

Teletrabalho em confinamento: prevenção de comportamentos sedentários



TELETRABALHO PARA A FUNÇÃO PÚBLICA A PARTIR DE SEGUNDA-FEIRA ...
 (imagem com DR)

Um recente dossier temático publicado pelo INRS dedica especial atenção ao teletrabalho em período de confinamento, e a necessária prevenção de comportamentos sedentários.

Como sabemos, em tempos de confinamento, como o que atualmente vivemos, o teletrabalho pode aumentar o tempo gasto em comportamentos sedentários e, por conseguinte, exigir a aplicação de medidas preventivas adequadas.
É fundamental limitar o tempo gasto na posição sentada e introduzir tempos regulares de atividade física, mesmo que devido ao confinamento, sejam moderados.
Por considerarmos esta temática da maior importância para os trabalhadores, apesar de não representar um risco grave para a saúde e segurança, importa ter em conta os riscos inerentes a este sedentarismo. Por esta razão procedemos à tradução do seu conteúdo.

Neste momento sem precedentes da crise de saúde, as empresas estão a reorganizar-se para continuar toda ou parte da sua atividade. Para muitos trabalhadores, o teletrabalho tornou-se a norma para conciliar a contenção e a continuação da atividade profissional. Nestas condições excecionais, a introdução do teletrabalho pode conduzir a uma redução do nível de atividade física dos trabalhadores em causa, bem como a uma maior exposição ao comportamento sedentário, exigindo assim uma vigilância especial.

Comportamento sedentário: Definição e Riscos

O comportamento sedentário carateriza-se por uma postura sentada (ou alongada), com um gasto energético muito baixo (1,5 vezes o do descanso). Numa situação profissional, o comportamento sedentário pode ser observado, por exemplo, quando sentado durante um longo período de tempo durante o trabalho com equipamento dotado de visor, ou durante uma reunião, em que o trabalhador está confortavelmente sentado num assento.

No entanto, existem fortes ligações entre o comportamento sedentário prolongado e vários efeitos para a saúde: mortalidade por todas as causas e especialmente a cardiovascular (por ataque cardíaco, acidente vascular cerebral...), distúrbios metabólicos como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, insuficiência cardíaca...), cancros (cólon, pulmão, útero...), problemas de saúde mental (depressão...) ou obesidade.

Embora estes problemas de saúde exijam um período relativamente longo de exposição, as perturbações fisiológicas podem ser observadas logo nas primeiras semanas associadas aos níveis reduzidos de atividade física. Foi salientado que um aumento significativo do tempo de permanência na posição sentado, ao longo de um dia (mais 15%) poderia induzir a distúrbios metabólicos, tais como uma mudança na atividade da insulina do nosso organismo.

Da mesma forma, a redução do número de passos diários de 10.000 para 1.500 pode, após duas semanas, induzir a distúrbios metabólicos (menor sensibilidade à insulina, aumento do colesterol LDL...), cardio-respiratório ou mesmo, levar a um aumento da massa gorda e do aumento de peso.

Num período de confinamento, a obrigação de permanecer em casa associada ao teletrabalho pode resultar num nível limitado de atividade física e pode aumentar o tempo gasto em comportamentos sedentários, situação já difundida para muitos trabalhadores que trabalham diariamente em frente a um computador.

No sector privado, em circunstâncias normais, mais de 4 em cada 10 postos de trabalho seriam compatíveis com o teletrabalho. Numa situação atual de confinamento, a atividade profissional de muitos trabalhadores ocorre em casa, no teletrabalho, provavelmente nas mesmas proporções.

Apesar de uma atividade que parece semelhante à normalmente realizada dentro da empresa, existem diferenças entre a atividade realizada no local de trabalho habitual e a atividade realizada em casa, especialmente quando o teletrabalho não é previsto, mas imposto pelo confinamento.

Assim, esta nova forma de trabalho pode levar os trabalhadores a estarem mais expostos a comportamentos sedentários. Há várias razões para isto:

- Horário de trabalho: é muitas vezes mais difícil definir horários regulares quando se está em teletrabalho. Por exemplo, não há limites para o horário de funcionamento da empresa ou para o intervalo para o almoço. Os horários de trabalho, nem sempre em consonância com os dos colegas (também no teletrabalho), podem levar a manter-se ligados durante um período de tempo mais longo.

Finalmente, foi identificado que o teletrabalho pode levar à hiperconexão. Assim, a quantidade de tempo gasto sentado em frente ao ecrã do computador pode tornar-se maior do que o habitual.

- Organização do trabalho: No local de trabalho, a participação numa reunião de equipa requer, geralmente, a mudança para uma sala apropriada (e, assim, quebrar temporariamente a postura sentada prolongada).

No teletrabalho, as reuniões são canceladas ou assumem a forma de videoconferência ou telefonemas, pelo que não requerem a mudança da cadeira, do sofá ou até mesmo da cama. Os intercâmbios formais ou informais entre os colegas são também uma oportunidade para combater o comportamento sedentário, realizando alguns passos.

 A pausa da manhã e/ou da tarde também pode ser uma oportunidade para dar alguns passos e adotar uma postura de pé por alguns minutos, por exemplo, durante o café. Esta rutura pode ser um ritual instalado dentro de uma equipa ou iniciado por um funcionário que vai "treinar" os seus colegas.

No entanto, sozinho em casa, esta estimulação pode desaparecer. Além disso, numa situação de contenção, as atividades são reorientadas para tudo o que possa ser alcançado a partir do computador ou do telemóvel. As trocas de comunicação são eletrónicas e, por conseguinte, não exigem a necessidade de as pessoas alterarem a sua postura.

- Posto de trabalho: Em muitas empresas em que o trabalho é maioritariamente com equipamentos dotados de visor na posição sentada, foram implementadas medidas para prevenir comportamentos sedentários, pelo que é possível que os postos de trabalho estejam equipados com mesas com diferentes alturas (para alternar a postura sentada e de pé) ou escritórios dinâmicos (com pedal, por exemplo).

Em casa, os móveis ao redor do posto de trabalho - computador - geralmente resumem-se a uma cadeira, poltrona ou sofá, juntamente com uma mesa, mesa de jantar ou mesa de café. A postura sentada é a dominante sem hipótese de alterar.

Além disso, em muitas empresas, as impressoras são ferramentas coletivas que se encontram centralizadas num espaço específico, obrigando o trabalhador a levantar-se e a caminhar para recolher os seus documentos. Em casa, temos o hábito de instalar este equipamento perto do computador, exigindo apenas que se estenda o braço para recuperar o documento.

Viagens: Os trabalhadores viajam no âmbito do seu trabalho. Em termos de atividade física, estas viagens podem ser ativas (caminhadas, ciclismo...) ou mais passivas (carro, comboio...). No entanto, continuam a exigir alguns passos, o que já não acontece no contexto do trabalho que é realizado em casa. O mesmo acontece durante as pausas para o almoço. A caminhada diária que é realizada todos os dias até ao refeitório da empresa ou ao restaurante do bairro será reduzida à realização dos poucos metros que separam a cozinha do espaço dedicado ao trabalho (se não o mesmo local).

Estes exemplos ilustram o facto de que a situação de contenção e teletrabalho imposta pelo atual contexto de saúde poder aumentar consideravelmente o comportamento sedentário.

Este aumento do comportamento sedentário está associado a uma redução do nível de atividade física durante o confinamento. As medidas de contenção impõem que, além de passar longas horas em posição sentada, também limitam a prática da atividade física.

Não nos mexermos o suficiente! Por último, a contenção pode também ser um veículo para a expressão de comportamentos de risco e viciantes (consumo de álcool, tabaco, etc.), que podem agravar problemas de saúde relacionados com comportamentos sedentários.

A comida também deve ser considerada. A presença permanente em casa, e perto da cozinha, bem como o isolamento social ou a ansiedade pode levar, as pessoas, a comerem de uma forma irregular (petiscos), calorias altas e não dietéticas (doces, bolos, amidos...), o que aliado ao gasto energético ser muito reduzido, pode originar problemas graves de saúde, a começar pelo aumento de peso.

Ações preventivas de adaptação às circunstâncias do teletrabalho
As circunstâncias excecionais de contenção que estamos atualmente a viver exigem, por conseguinte, a implementação de estratégias de prevenção para mitigar os efeitos do comportamento sedentário relacionado com o teletrabalho.

O principal objetivo é limitar o tempo total gasto em posição sentada e quebrar períodos de sessão prolongados, introduzindo regularmente tempos de atividade física moderados como parte da sua atividade profissional. "A sua missão, se a aceitar, é, portanto, limitar, durante este período de confinamento, a sua postura sentada às 7:00 da manhã por dia no total e não ficar sentada mais de 30 minutos seguidos.”».

Para isso, recomenda-se, durante a sua atividade de trabalho:

 - Tarefas alternativas para limitar o tempo que passa sentado em frente a um ecrã, com certas tarefas que podem ser executadas em pé ou mesmo a pé. Por exemplo, é possível alternar o tempo de trabalho num computador com tempo de reunião por telefone para se levantar e andar.  Largue o computador de vez em quando!

- Implementar um layout que permite alternar as posturas. Evite trabalhar sempre sentado, é importante que vá alternado as suas posturas. Por exemplo, é possível aproveitar o mobiliário e o equipamento disponíveis na sua casa para elevar o ecrã durante a videoconferência de forma a torná-los de pé.  Mude as posturas!

- Fazer pausas para quebrar a postura sentada. Prefira pausas ativas, curtas, mas regulares. Levante-se, deixe o seu posto de trabalho brevemente (pelo menos 2 minutos), mova-se e estique-se.  Não aproveite a oportunidade para se sentar noutro lugar!

Para além das recomendações especificamente destinadas à prevenção do comportamento sedentário, é igualmente aconselhável durante este período específico de confinamento:

_ Organize o seu dia de trabalho definindo horários e planificando a sua pausa para o almoço. Evite petiscar e comer durante o horário de trabalho.  Planeie uma verdadeira pausa para o almoço, se possível nos mesmos momentos que os adotados em tempos e horários normais. Planeie o seu dia!

- Planear, no final do seu dia de trabalho, uma atividade dinâmica sem ecrãs (exercícios físicos, jogos com crianças, etc.) Esta atividade permite-lhe fechar o seu dia de trabalho e ter uma atividade física em vez dos efeitos nocivos relacionados com os ecrãs (comportamento sedentário, fadiga visual, exposição à luz azul, ...) induzido por certas atividades de relaxamento (televisão, tablet, smartphone, videojogos, ...).  Limite o tempo com os ecrãs!
Além disso, é também importante manter a atividade física regular durante este período de contenção.
Recomenda-se uma prática mínima de atividade física dinâmica de 30 minutos por dia para adultos. É também aconselhável realizar uma variedade de atividades várias vezes por semana que fortalecem os músculos e melhoram a flexibilidade e o equilíbrio.


Se estas recomendações forem dirigidas diretamente aos trabalhadores em situações excecionais de teletrabalho, recorda-se que o empregador e a administração local devem assegurar que as condições de trabalho no domicílio garantam a saúde e a segurança dos seus trabalhadores durante este período de confinamento.

Em especial, o empregador deve ter o cuidado de informar os trabalhadores sobre a forma como o teletrabalho é realizado nestas circunstâncias excecionais.

Deve igualmente adaptar a organização do trabalho de modo a torná-la compatível com estas condições excecionais. Em particular deve estar atenta à gestão dos horários, bem como ao ritmo de trabalho e ao ritmo de trabalho dos trabalhadores.

Terá também de assegurar que o direito de desligar os teletrabalhadores seja respeitado a fim de evitar a hiperligação, causando frequentemente tempo excessivo sentado em frente ao computador.

Nota: Tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT

Aceda à versão original Aqui.


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