O surto do Covid-19 mostrou-nos o quão vulneráveis somos
a uma epidemia, e o quão devastadores podem ser os seus efeitos: na vida, na
saúde, na sociedade, na nossa economia.
Demonstrou muito claramente a importância de se proteger
os trabalhadores (e todas as pessoas) das doenças, especialmente no local de trabalho.
Demonstrou igualmente a importância de se investir em bons
cuidados de saúde públicos, em boas condições para os profissionais de saúde e para
outros trabalhadores da linha da frente e a necessidade de se assegurarem
subsídios por doenças adequados e outras disposições de protecção dos salários
e dos empregos para todos.
Para o Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores
Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais – 28 de abril – homenageamos todos aqueles que morreram com o
vírus Covid 19.
Recordamos os profissionais de saúde e de todos os outros
trabalhadores que morreram devido ao vírus Covid 19, por exposição no trabalho.
Ninguém deve morrer devido ao trabalho!
Enfermeiros, paramédicos, médicos e outros que trabalham
em instalações de cuidados de saúde, incluindo nas limpezas, estão expostos a
múltiplos riscos profissionais - biológicos (por exemplo vírus) químicos (por
exemplo, a partir das muitas substâncias cancerígenas utilizadas em ambiente médico)
físicos (por exemplo, ruído da maquinaria, radiação, escorregadelas e quedas) e
riscos ergonómicos (por exemplo de elevação pesada) psicológicos (por exemplo,
da intensidade e emoção do trabalho e do trabalho por turnos) e fármacos
perigosos.
Muitos outros trabalhadores também estão muito expostos a
doenças. Por exemplo, os trabalhadores do apoio social, da recolha de lixo, o
pessoal docente, dos transportes, do comércio, da construção, dos centros de contacto
e os trabalhadores de fast-food, bem como os estafetas e trabalhadores de entregas,
estão entre aqueles que têm elevada exposição a doenças.
Muitos destes trabalhadores também trabalham fisicamente
perto de outros: arriscam-se a propagar, bem como a ser contaminados com doenças.
Alguns trabalhadores destacados e precários vivem e viajam em contacto com
outros trabalhadores. Muitos encontram-se também em condições de trabalho
precárias, são mal remunerados e não lhes é permitido tirar licença por doença
– quer porque não têm direito a subsídio de doença, quer porque não se podem dar
ao luxo de o fazer: colocando-se a si próprios e a outros em risco, quando
obrigados a trabalhar quando estão doentes.
É essencial que toda a legislação e acordos existentes em
matéria de saúde e segurança para estes trabalhadores, e na verdade para todos
os trabalhadores, sejam plena e corretamente implementados, envolvendo os parceiros
sociais. Também é essencial rever se as proteções existentes são adequadas para
lidar com riscos, como o corona vírus. É evidente que muitos trabalhadores,
incluindo os do sector da saúde, não dispuseram, por exemplo, de equipamento de
proteção individual adequado. É necessário reforçar o investimento em equipamentos
de saúde e de segurança e no diálogo no local de trabalho, bem como o debate
sobre a aplicação das medidas de saúde e segurança.
Os serviços de saúde foram levados, pelo vírus Covid 19,
ao limite absoluto. A capacidade dos serviços públicos de saúde fazerem face à crise
do coronavírus não foi favorecida pela escassez de pessoal e pela inadequação
de instalações e de orçamentos. A OCDE sublinhou a importância da despesa e do
investimento na saúde pública, no seu recente relatório sobre as respostas ao
vírus. Os sindicatos reivindicam um maior investimento nos cuidados de saúde
públicos, não só durante, mas também após a crise, de forma a reforçar a
capacidade dos nossos serviços de saúde para lidarem com esta e outras
emergências.
A crise do coronavírus resultou em medidas temporárias
para alargar os regimes de protecção de subsídios por doença e dos rendimentos
aos trabalhadores que normalmente não têm direito a assistência por doença e a outras
proteções, nomeadamente os trabalhadores independentes e de plataformas digitais.
Isto mostra que há um problema de mais longo prazo que
deverá ser corrigido: todos os trabalhadores devem ter assistência por doença,
subsídio de desemprego e outros benefícios de proteção salarial. E proteções
adequadas para a sua Saúde e Segurança na vida profissional.
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