Tradução da secção n.º 4 da publicação da ETUI - "Work, health and Covid‑19: a literature review"
imagem com DR4.1
Condições de trabalho: Configurações físicas que conduzam a uma maior exposição
ao Covid-19
Nas
fases iniciais da pandemia, as medidas de segurança no trabalho basearam-se em
determinados protocolos estabelecido previamente. A UE-OSHA emitiu diretrizes para o “regresso
ao trabalho" baseadas na hierarquia do controlo de risco – um conjunto de
orientações sobre o controlo da propagação da doença no local de trabalho.
Estes
incluíam o distanciamento físico entre os trabalhadores, garantindo que os
trabalhadores tenham contatos físicos limitados com os clientes externos. Foram
sugeridas as seguintes orientações para as definições de cuidados sobre a
proteção da saúde: fornecer informações e educação sobre o Covid-19, autoisolar-se
caso apresente sintomas, lavar ou limpar as mãos, praticar o distanciamento
social, superfícies limpas, locais de trabalho ventilados, utilização do EPI,
entre outros.
Para
explorar a razão subjacente a certas profissões se encontram mais em risco,
utilizamos estas orientações como ponto de partida, analisando por que razão é
que as diferentes medidas são desafiantes para implementar (ou não são
suficientemente aplicadas) em determinadas profissões.
Lacunas
na informação
Desde
o início da pandemia, que os trabalhadores estavam à mercê das diretrizes
nacionais e dos empregadores quando se tratou de obter informações sobre normas
de segurança. Inicialmente, por forma a reduzir a propagação do vírus, os
países de toda a Europa entraram em diferentes graus de confinamento ao longo
de 2020.
A
implementação de medidas específicas, como o uso de máscaras faciais
tornaram-se um assunto em debate, com alguns governos (incluindo a Bélgica, os
Países Baixos e a Alemanha) a recusarem-se, inicialmente, a tornar obrigatório
o uso de máscaras em público.
Para
além das mensagens contraditórias, a maioria das organizações e países também
não conseguiu contactar diferentes grupos demográficos. Os trabalhadores
migrantes de vários setores (por exemplo, serviços domésticos, agricultura e
indústria) não receberam informação adequada traduzida para a sua própria língua.
A
falta de informação fornecida aos trabalhadores devidamente traduzida nas diferentes
línguas dos trabalhadores, foi citada como uma das principais razões para ocorrer
um surto pandémico numa fábrica de transformação de carne nos EUA.
Um
artigo do Instituto de Política Migratória sobre a situação dos trabalhadores
migrantes na UE durante a crise Covid-19 observou também que "os
trabalhadores que não falam a língua do país de destino têm pouca informação
sobre os seus direitos e sobre os recursos legal que se encontram à sua disposição".
Autoisolamento
A
discussão em torno sobre “permanecer em casa quando se está doente” tem muitas
dimensões – desde a viabilidade de trabalhar a partir de casa até à
disponibilidade de licença médica remunerada e poder isolar-se quando está
doente. Trabalhar a partir de casa é cada vez mais entendido como um privilégio
disponível apenas para alguns.
Os trabalhadores
que podem trabalhar a partir de casa têm automaticamente a opção de manter o
distanciamento social e de se isolarem quando infetados ou expostos a um
contacto de alto risco. Para todos os outros, como vimos nos estudos de caso,
muitas vezes resume-se a uma escolha entre a continuação do emprego e os riscos
para a saúde.
Alguns
trabalhadores foram mesmo incentivados a continuar a trabalhar quando estão
doentes em vez de receberem licença por doença remunerada – tornando-a uma
escolha difícil para os trabalhadores em circunstâncias socioeconómicas mais baixas.
Medidas
básicas de higiene
Deve
ser dado ênfase ao controlo da propagação da doença através de medidas físicas
e administrativas.
No
entanto, vemos que a sua implementação é complicada em várias profissões,
incluindo na produção de linhas de montagem e em fábricas. Ray (2020) salienta
que lavar as mãos é, por si só, um problema, uma vez que 26% da população
mundial não tem acesso a sabão e a água. Os trabalhadores agrícolas muitas
vezes não têm acesso a saneamento adequado no campo, muito menos uma
oportunidade para lavar regularmente as mãos.
Como
se pode ver nos estudos de caso da Itália e da Alemanha, os trabalhadores
migrantes que vivem em ambientes rurais, enfrentam condições semelhantes. Rubin
(2020) salienta que os reclusos e os trabalhadores em estabelecimentos
prisionais enfrentam um maior risco de infeção, uma vez que o acesso ao sabão é,
por vezes, também restrito.
Nota: tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT
Aceda à versão original da publicação Aqui.
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