No âmbito
da Campanha sobre prevenção do cancro relacionado com o trabalho que teve a sua
evidência maior no desenvolvimento do Webinar Internacional realizado a 5 de
novembro, o Departamento de SST, ciente que a nível nacional não se tem
produzido muita informação sobre a temática do cancro relacionado com o trabalho,
principalmente com enfoque sindical, procedeu à tradução deste Guia da TUC ( O
Trades Union Congress é um sindicato nacional central, uma federação de
sindicatos do Reino Unido, que representam a maior parte dos sindicatos).
Pela
pertinência da temática e bem assim, indiscutível qualidade da publicação,
vamos publicar no nosso blog faseadamente a tradução realizada.
parte I
O que é o Cancro?
O cancro não é uma doença única com um
único tipo de tratamento. Existem mais de 200 tipos diferentes de cancro que
afetam diferentes partes do corpo. Os cancros ocorrem quando as células novas
começam a crescer de uma forma descontrolada, desenvolvendo-se um nódulo ou um
tumor. Estes tumores podem ser benignos ou malignos. Se for benigno, as células
não se espalham para outras partes do corpo, mas se for maligno, o tumor pode
disseminar-se para além da área original. “Cancro” é o nome dado a um tumor
maligno. Se o tumor não for tratado, ele pode espalhar-se para os tecidos
circundantes.
Às vezes, as células separam-se do
cancro original e espalham-se para outros órgãos do corpo através da corrente
sanguínea ou do sistema linfático. Quando as células cancerosas atingem uma
área nova, elas dividem-se e formam um novo tumor.
Os
cancros podem desenvolver-se devido a uma ampla gama de razões. Estas incluem a
exposição à radiação - tanto de materiais radioativos como do sol - infeções
por determinados vírus, defeitos genéticos, enfraquecimento do sistema
imunológico, idade, má alimentação e exposição a agentes químicos cancerígenos.
Estas substâncias cancerígenas danificam as células e tornam-nas mais propensas
a degenerar em cancerígenas. Existe um número significativo de produtos
químicos que podem ser encontrados nos locais de trabalho, incluindo o fumo de
tabaco, as fibras de amianto, a exaustão de diesel e radiações.
Embora
alguns tipos de cancros pareçam desenvolver-se sem razão aparente, a maioria é
resultado da exposição a agentes cancerígenos, a problemas associados ao estilo
de vida, a defeitos genéticos, à idade ou a uma combinação destes diversos
fatores. Os agentes cancerígenos danificam as células e tornam-nas mais
propensas a tornarem-se cancerígenas.
Este
folheto trata principalmente de cancros causados por exposições resultantes do
trabalho.
Números
do Cancro
Cerca
de um quarto de milhão de pessoas são diagnosticadas com cancro, a cada ano,
sendo estimado que este número suba para quase 300.000 até 2020. As estimativas
de quantos cancros são causadas pelo trabalho variam consideravelmente. Isto
porque, se os trabalhadores desenvolveram cancro do pulmão, por exemplo, é
impossível dizer se eles o desenvolveram porque foram expostos a agentes
cancerígenos no trabalho, como o amianto, ou se foram expostos ao gás radónio
na sua casa, ou se existe alguma outra causa para o surgimento desse problema
de saúde.
No
entanto, é possível estimar números com base nos níveis de determinados tipos
de cancro entre pessoas que trabalham com determinados produtos químicos ou que
estão expostos a outros agentes cancerígenos.
Estima-se
que 23% dos trabalhadores na Europa estão expostos a algum tipo de agente
cancerígeno. Um trabalho de investigação realizado há 15 anos estimou que, no
Reino Unido, as taxas de exposição dos trabalhadores eram as seguintes:
•
Radiação Solar - 1,3 milhões
•
Sílica Cristalina - 600.000
•
Rádon - 600.000
•
Partículas de diesel - 470.000
• Pó
de madeira - 430.000
•
Benzeno - 300.000
•
Dibromoetano - 280.000
•
Compostos de chumbo - 250.000
•
Cromo V1 - 130.000
O
HSE estimou que há cerca de 13.500 novos casos de cancro causados pelo trabalho
todos os anos, com mais de 8.000 mortes registadas. Esta é, provavelmente, uma
subestimativa do número real, porque há muitas ligações entre o trabalho e o
cancro que ainda são apenas suspeitas, mas ainda não comprovadas. Os números do
HSE listam apenas aqueles onde existe uma ligação provável.
Outra
razão para a falta de dados precisos sobre o cancro no local de trabalho é que
é quase impossível afirmar que o cancro num indivíduo é causado pela exposição
a um produto químico específico, vírus ou um tipo de radiação. Mesmo que a
ligação possa ser demostrada, como a ligação entre o cancro de pele e a
exposição excessiva ao sol, provar que a sua causa é de origem ocupacional é,
novamente, muito difícil, pois o trabalhador pode também ter estado exposto ao
sol, por exemplo no seu período de férias. Os números também não incluem as
mortes causadas pelo álcool e pelo tabaco nos trabalhadores que consomem devido
a pressões no trabalho.
O
TUC estima que o nível real, provavelmente, será bem mais de 20.000 casos por
ano, com 15.000-18.000 mortes.
O
importante não é se o número de mortes é de 8.000 ou de 18.000. O importante é
garantir que todos os cancros ocupacionais sejam evitáveis.
Há
um grande número de indivíduos que desenvolvem cancros que são tratáveis, mas
que podem afetar seriamente a sua qualidade de vida.
As
taxas de sobrevivência dos cancros variam consideravelmente. Alguns, como o
mesotelioma (cancro do pulmão causado pela exposição ao amianto), são sempre
fatais. A maioria, no entanto, é tratável, e alguns deles são geralmente
bem-sucedidos no tratamento.
Nota: tradução da responsabilidade do Departamento de SST da UGT
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