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terça-feira, 17 de novembro de 2020

Artigo OSHwiki - Cancro relacionado com o trabalho - parte 6

 

 

A EU-OSHA publicou um interessante artigo OSHwiki sobre a temática do cancro relacionado com o trabalho, um assunto que tem sido objeto de particular atenção e preocupação por parte da UGT. Recentemente desenvolvemos um webinar dedicado a esta temática, para qual foram convidados peritos nesta área e que nos trouxeram um forte contributo para a discussão deste tema.


Tendo em conta a pertinência desta temática e encontrando-se esta publicação em inglês, o Departamento de SST da UGT procedeu à sua tradução. Esta é mais uma publicação traduzida e disseminada neste Blog como forma de contribuirmos para a divulgação de materiais concebidos no âmbito das diversas temáticas sobre a prevenção de riscos  profissionais.


Pode aceder à versão original Aqui.


(parte 6)



Abordagens à avaliação do cancro profissional por ocupação

 

Foi realizado um estudo exaustivo nos países nórdicos - Estudo Nórdico sobre Cancro Ocupacional (NOCCA). Baseia-se no acompanhamento de toda a população ativa, tendo por referência um ou mais recenseamentos na Dinamarca, na Finlândia, na Islândia, na Noruega e na Suécia.

 

O objetivo era identificar as ocupações e os fatores etiológicos associados aos riscos de cancro. Foram observadas algumas associações, por exemplo, a incidência do cancro dos lábios nos trabalhadores ao ar livre.

 

Este estudo NOCCA identificou novas descobertas que merecem uma maior atenção, como sendo a incidência do cancro da língua e da zona genital (vagina) nas trabalhadoras que trabalham nas atividades e processos químicos, a incidência do cancro da pele (melanoma e não-melanoma) e  do cancro da mama (entre homens e mulheres) e o cancro do ovário nos trabalhadores que desenvolvem atividade com impressoras, a incidência do cancro da trompa de falópio entre as cabeleireiras, o cancro do pénis nos condutores e o cancro da tiroide nas mulheres que trabalham na agricultura.

 

Em Itália, o projeto OCCAM (Occupational Cancer Monitoring) foi conduzido em colaboração entre o Instituto Nacional italiano de Segurança e Prevenção no Local de Trabalho ISPESL (Istituto Superiore per la Prevenzione e la Sicurezza sul Lavoro) e o Instituto Nacional de Cancro italiano em Milão (Istituto Nazionale per lo studio e la cura dei tumori).

 O objetivo é investigar os riscos de cancro no trabalho tendo em conta a área geográfica (província, região) e o setor industrial.

 

Numa apresentação de 2009, takkala e Schneider da UE-OSHA observaram que existem cerca de 167.000 mortes por ano na UE-27 que são atribuíveis ao trabalho. O valor baseia-se na investigação finlandesa e na UE-OSHA e nas estimativas da OIT. Inclui acidentes e violência (5%) e cancro (57%), com uma grande proporção atribuível ao amianto.

 

Discussão

 

As informações sobre a extensão da exposição a agentes cancerígenos, a fatores e às condições na Europa estão seriamente ultrapassadas. O esforço mais abrangente até agora tem sido o projeto CAREX, tal como acima apresentado. Existem registos nacionais sobre a exposição a agentes cancerígenos em alguns países.

 

Não cobrem todos os agentes cancerígenos relevantes, e é muito provável que exista subnotificação. As exposições ocasionais, irregulares e as baixas tendem a ser particularmente subnotificadas nestes registos oficiais. Os trabalhadores com tarefas de curto prazo podem ficar de fora das rotinas de reporte.

 

Do ponto de vista da prevenção dos cancros profissionais, é essencial o conhecimento dos níveis de exposição em diferentes profissões, empregos e tarefas. Existem alguns estudos de revisão sobre profissões específicas, por exemplo, os cabeleireiros.

 

No entanto, o longo período de latência entre a exposição e a manifestação do cancro dificulta a determinação de:

 a) uma ligação clara entre a exposição a um determinado fator e o cancro relacionado, e

b) o reconhecimento de um cancro específico como atribuível à exposição profissional.

 

Isto aplica-se especialmente quando os fatores cancerígenos são misturados, dado que os trabalhadores não estão geralmente expostos a apenas um fator, mas sim a diversos fatores, por exemplo, combinações de fatores e condições químicas e/ou biológicos, físicos e de organização do trabalho.

 

Os sistemas de informação devem incorporar estimativas dos níveis de exposição, a fim de melhor servir a vigilância dos riscos, a avaliação quantitativa dos riscos e dos encargos e definir prioridades de prevenção. Outras melhorias úteis:

 

§  a inclusão da dimensão do tempo

§  melhor utilização dos dados de medição da exposição nas estimativas

§  extensão a todos os Estados-Membros da UE

§  inclusão de estimativas específicas do género e específicas da ocupação

§  inclusão de informações de incerteza para as estimativas.

 

Várias destas melhorias foram adotadas em sistemas de informação de exposição, tais como no WOODEX, TICAREX, Matgéné, FINJEM e CAREX Canadá. O modelo mais desenvolvido neste momento é provavelmente o CAREX Canadá, que tem a maioria destas funcionalidades, e divulga informações sobre exposições e riscos através de uma aplicação web informativa, fácil de usar e gratuita.

 

A reavaliação das estimativas mais relevantes (por exemplo, as que indicam uma elevada exposição e as das grandes indústrias ou profissões) pode provavelmente aumentar a validade dos resultados. Vale também a pena notar que uma grande parte das estimativas no CAREX e noutras matrizes de exposição se baseia em "julgamento periciais". Os dados empíricos sobre o nível de prevalência e exposição só são utilizados se forem facilmente disponíveis.

 

As possibilidades proporcionadas por abordagens como a NOCCA e a OCCAM para analisar os riscos de cancro por ocupação baseadas em registos de cancro e históricos de casos e por exposição profissional devem ser plenamente utilizadas.




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